ENTRE CAMINHOS E SEGREDOS [38] ~ Domingo leve!

Dormimos juntos, os três, na minha cama. Como eu já disse, ela era grande o suficiente para nós, e parecia o início de uma amizade sólida, daquele tipo que dura para a vida toda. No fim, nada mais aconteceu entre mim e o Felipe naquela noite. O que rolou antes foi só um momento de atração passageira, algo leve e descomplicado. A amizade, porém, parecia que ia ficar.

Acordamos lá pelas 12h. Abri os olhos e vi que João Pedro já estava acordado, mexendo no celular, enquanto Felipe ainda dormia.

— Bom dia… que horas são? — perguntei, a voz ainda meio arrastada.

— Meio-dia, já! Aqui ninguém almoça, não? — respondeu João Pedro, com um sorriso debochado.

— Vixe… nem sei. Vou dar um jeito de acordar o Felipe aqui.

João Pedro riu e brincou:

— Eu jurando que ia rolar um showzinho ao vivo de vocês, uma performance digna de um filme proibidão… Mas os dois caíram no sono.

— Ah, safado! — provoquei. — Se é isso que você quer, posso acordar o Felipe de uma maneira especial, só pra ver se ele tá a fim.

Nesse momento, Felipe se mexeu, rindo, e falou com os olhos meio fechados:

— Opa, me acordar como?

Ele se espreguiçou, abrindo os olhos devagar, e João Pedro continuou com a provocação:

— Ih, parece que vai ter bis do show, hein?

Eu dei risada, jogando um travesseiro em João Pedro e disse:

– Ia te acordar com isso aqui duro na sua boca – falei e tirei o lençol mostrando meu pau duro, com aquela ereção matinal que a maioria dos homens acordam.

– Nossa, posso voltar as dormir então e você me acorda? – Disse o Felipe

– Claro, será um prazer.

Então o Felipe fechou os olhos fingido que estava dormindo, e eu me levantei pelado com o pau duro, o João Pedro, deixou o celular de lado, e ficou observando a cena, me posicionei com o meu pau perto do rosto do Felipe e disse:

– Acorda dorminhoco, hora de tomar leitinho!

Ele abriu os olhos, me olhou e deu um sorriso e colocou meu pau em sua boca, e começou a chupar sem nenhum pudor, e sem nenhuma vergonha do Joao Pedro, que assistia tudo massageando seu pau sobre a cueca.

– Isso chupa gostoso, essa seu boquinha é uma delicia, posso gozar dentro?

– Claro – ele tira o pau do boca e responde –

– Bota teu pau aqui tambem JP pro Felipe chupar – falei olhando pra traz e olhando João Pedro massageando seu pau.

– Não, relaxe, não dou valor ficar com amigo não, mas pode continuar ai o showzinho, estou adorando.

– Temos um voyeur aqui – disse o Felipe

O Felipe continuou me chupando, e não demorou muito e gozei em sua boca, perguntei se ele gostava de acordar assim e ele disse que adorava.

Após o "showzinho" improvisado que demos para João Pedro, me veio uma ideia brincalhona:

— E aí, que tal um banho coletivo pra acordar de vez? — falei com um sorriso.

Felipe riu, levantando rápido da cama.

— Ah, já tô dentro! Só me chamar que eu vou! — disse ele, já pegando a toalha.

João Pedro deu de ombros, sorrindo com o mesmo humor descomplicado.

— Tá bom, tá bom, vocês venceram. Mas não vão se apaixonar, hein? — ele provocou, piscando.

Fomos para o banheiro rindo, e logo todos estávamos debaixo do chuveiro. A água estava morna e relaxante, o que nos fez esquecer um pouco a ressaca. Sem pudor, era um clima de total descontração. João Pedro enfiou a cabeça debaixo da água e deu um grito exagerado, como se estivesse num comercial de shampoo.

— Tá achando que é propaganda de cabelo agora? — zoei, rindo.

Ele só deu risada e fingiu jogar os "cabelos", imitando uma cena de novela.

Felipe aproveitou para cutucar:

— Ó, João, já que tá todo trabalhado no shampoo, vai lavando as costas aí, amigo.

João Pedro se virou com um olhar dramático.

— Tá querendo serviço de spa, é? Tá achando que aqui tem massagem, moço?

Felipe fez cara de ofendido.

— Ué, não foi você que disse que o showzinho ia começar? Tô só cumprindo minha parte!

A gente não se aguentava de rir. Eu estava debaixo do chuveiro, esfregando o rosto para despertar, e comentei:

— Sério, galera, se alguém entrasse agora ia pensar que isso aqui é um reality show, tipo: “Três amigos e um chuveiro”.

João Pedro balançou a cabeça, rindo.

— Podia até rolar, né? O público ia pirar.

Felipe continuou zoando, passando a mão no cabelo como se fosse um top model:

— Olha aí, pessoal! Vai ter estreia de filme... e vocês nem sabem!

Ele olhou pra mim, brincando, e deu um empurrãozinho de leve. No fim, saímos todos do banho com a cara limpa e o bom humor renovado, prontos para encarar o resto domingo.

— A gente vai almoçar ou não? Tá todo mundo faminto aqui! – Disse o Felipe

— Vou ver se minha mãe preparou algo — respondi — Se não tiver, a gente pede ou sai pra comer.

João Pedro deu de ombros, concordando:

— Demorou, vamos nessa.

Fui até a cozinha e encontrei um bilhete da minha mãe em cima da mesa. Ela avisava que passaria o domingo fora e recomendava que eu pedisse comida ou fosse comer fora. Era como se tivesse lido meus pensamentos. Voltei para o quarto e contei a eles:

— Galera, minha mãe saiu. Nada de comida pronta em casa.

Felipe e João Pedro logo sugeriram a gente almoçar em um restaurante na praia que eles conheciam e que ficava ali perto.

— Vamos, então! — respondi, animado para conhecer o lugar novo.

Nos ajeitamos, colocamos umas roupas leves e partimos para a tal praia. O restaurante era uma barraca elegante, com mesas bem arrumadas e vista direta para o mar. Pedimos água de coco logo de cara, pra dar um jeito na ressaca, e João Pedro sugeriu dividir um peixe para os três, o que foi uma ótima ideia.

Enquanto esperávamos, fiquei pensando em como estava me sentindo bem com a companhia deles. Comentei com os dois sobre isso:

— Sabe, foi um domingo leve demais. Mesmo com os nossos “rolês” aí... tô gostando de construir essa amizade com vocês, sem pressão, tudo natural.

Felipe riu e assentiu:

— Ah, eu também. Foi bom, mas deu pra ver que a vibe é outra, né? A gente é tipo... irmãos bagunceiros agora.

João Pedro só deu uma risada e completou, provocando:

— Que tipo de irmãos é esse que se chupam?

Rimos juntos, e enquanto o garçom trazia nosso prato, eu refleti em silêncio sobre como essa amizade era diferente. Com o Caio, eu sabia que sempre rolava uma química sexual intensa, uma atração que a gente não tentava disfarçar. Com Felipe, foi diferente. Foi um fogo intenso e momentâneo, mas que passou assim que rolou, e agora era pura amizade.

Depois do almoço, que foi incrível, deixamos Felipe em casa porque ele estava exausto e quase cochilando. Ele ainda soltou uma piada:

— Se cuidem aí, hein, casal! Sei que vocês vão aprontar, já que agora vão ficar sozinhos…

João Pedro respondeu no mesmo tom de brincadeira:

— Claro! Virar a noite e começar a semana... você sabe bem o que vai rolar.

Quando voltamos ao meu apartamento, João Pedro subiu comigo. Passamos o resto da tarde e início da noite jogando conversa fora:

Sentados na sala, ainda aproveitando a tarde preguiçosa, João Pedro olhava para mim, curioso, e então eu comecei, com um sorriso meio maroto:

— Deixa eu te contar uma coisa... minha vida parece uma novela! Sério, é cada trama que você não acredita.

João Pedro riu, arregalando os olhos de curiosidade.

— Ih, solta essa, quero saber tudo!

— Eu nasci lá em Minas e fui criado numa fazenda. Passei a infância inteira por lá, tipo, até a adolescência mesmo. Mas aí, quando o dono da fazenda morreu, tudo virou de ponta-cabeça. Precisei voltar pro Altoe, foi então que comecei a descobrir umas verdades... sobre meu pai, por exemplo.

João Pedro inclinou a cabeça, interessado.

— Que verdades? E o que tem seu pai?

— Pois é, depois que cheguei no Alto , descobri que meu ex... era meu primo! Sim, o Bernardo... era meu primo. E isso só descobri depois de saber quem era meu pai de verdade. Bizarro, né?

João Pedro me olhou, boquiaberto, absorvendo o choque.

— Pera aí. Então seu pai e o pai do Bernardo... são irmãos?

Eu assenti, dando um suspiro.

— Exatamente. Mas a parte mais louca é que nem tenho contato com o meu pai até hoje. Só sei que ele é quem tá bancando minha faculdade. Mas é meio complicado...

João Pedro deu um sorriso de leve, tentando processar.

— Tá, então quem é seu pai afinal?

Fiquei meio sem jeito, mas respondi:

— Silas Carneiro.

João Pedro arregalou os olhos, incrédulo.

— Dr. Silas Carneiro? O nefrologista? Você tá de brincadeira!

Eu dei um sorriso e confirmei:

— Ele mesmo. Você conhece?

— Claro que conheço! Ele é uma lenda por aqui, um dos melhores. Cara, quando o pessoal souber que você é filho dele... sério, todo mundo vai ficar te idolatrando!

Revirei os olhos, já antevendo o tipo de reação que aquilo poderia gerar.

— Nem me fala isso. Não quero ninguém se aproximando de mim por interesse. Prefiro ficar no anonimato mesmo.

João Pedro continuava pasmo.

— Rafa, você tem noção de quem ele é? Ele é um dos donos do Hospital São Vicente e ainda tem duas clínicas grandes de nefrologia aqui na cidade! Ele poderia te abrir várias portas na carreira, sabe?

Fiquei pensativo, mastigando aquelas palavras antes de responder.

— Então, eu sei disso, mas não é o que eu quero. A reputação é dele, sabe? É mérito dele. Quero conquistar as coisas por mim mesmo, sem influência do meu pai. Quero ter minhas próprias conquistas, minha própria trajetória, entende? Sem pegar atalhos.

João Pedro assentiu, respeitoso.

— Claro, super entendo. Admirável, viu? Quer que eu mantenha segredo sobre isso?

— Sim, por favor. E acho que nem pro Felipe vou comentar por enquanto.

João Pedro sorriu, com uma expressão de cumplicidade.

— Segredo entre a gente então.

Depois que terminei de contar sobre a minha "vida de novela", virei para o João Pedro e disse:

— Agora me conta um pouco de você, quero saber a história da sua vida também.

Ele sorriu, meio sem jeito, e deu de ombros.

— Minha vida nem tem drama como a sua, mas, bom, sou filho único. Minha faculdade estou pagando com o FIES, cobriu uns 75%, e o resto é uma tia minha que paga. Ela nunca teve filhos, me considera como se fosse um, sabe? Meus pais não têm a mesma condição que o seu pai, mas sempre deram um jeito.

Fiquei impressionado com a simplicidade e o orgulho na voz dele.

— Nossa, e você sempre quis ser médico?

— Sempre. Desde pequeno, eu já sonhava com isso. Mas acho que além de gostar, também sinto que é uma forma de ajudar meus pais. Minha mãe é professora estadual, e meu pai tem um comércio pequeno. A gente nunca teve muito luxo, mas sempre tivemos uma vida bem digna. E essa minha tia, que é irmã da minha mãe, sempre me ajudou. Ela meio que me deu suporte pra seguir em frente.

Sorri, admirando a determinação dele.

— Que massa, João! Dá pra ver o quanto você valoriza sua família e sua história. E é bonito ver que você pensa tanto neles.

Ele deu um sorriso tímido, mas continuou:

— Pois é, família sempre foi tudo pra mim. E olha, eles sabem que sou gay e sempre aceitaram numa boa. Meus pais conheceram meus dois últimos namorados, e minha mãe ainda fala com o último até hoje, acredita?

— Nossa, isso é raro! E por que terminaram? Se a sua mãe ainda fala com ele, devia ser gente boa, né?

— Ah, até era... mas descobri que ele me traiu. Ele tentou pedir desculpas e tudo, mas não dava, sabe? Acabou que terminei. Depois disso, decidi que ficaria sozinho, sem enrolação.

Fiz um sinal de solidariedade e disse:

— Parece que estamos na mesma vibe. Tipo, adorei a ficada com o Felipe, mas pra mim foi só isso. Foi divertido, mas eu quero aproveitar essa nova fase, ficar com quem quiser sem peso. E ontem na balada... foi libertador! Fiquei com vários, sem culpa, e me senti bem de verdade.

Ele riu, animado.

— Sei bem como é isso. E você tá certíssimo, Rafa. Tem que aproveitar mesmo!

A conversa seguiu de forma descontraída, e a gente se abriu ainda mais. Era estranho como parecia que já nos conhecíamos há tanto tempo. Eu sabia que, de alguma forma, o João Pedro ia se tornar um dos meus melhores amigos.

Entre risadas e confidências, ele me contou histórias da infância, das confusões que já arrumou na faculdade, e me falou até dos sonhos que ele tem para o futuro. Eu também me abri mais, mas ainda com um pé atrás em certas coisas para não assustá-lo.

— Você é um cara legal, Rafa. Tô feliz de já estar construindo essa amizade contigo, de verdade — disse ele no final, já levantando para ir embora.

— Eu que agradeço, João. Pode contar comigo pra qualquer coisa, de verdade.

Nos despedimos com um abraço, e depois de ele sair, fiquei pensando em como foi bom esse domingo. Eu não estava só fazendo amigos novos; estava começando uma nova fase de vida. E, enquanto pegava no sono, já me preparava para a semana que estava por vir.


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Comentários


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daniel13 Comentou em 31/10/2024

Que bom vida que segue. Já que Rafa não consegue ficar só com um companheiro que viva solteiro mesmo e curta a vida.

foto perfil usuario sigilofortaleza26

sigilofortaleza26 Comentou em 31/10/2024

Que massa! mas seria massa ele confrontar o Bernardo. rsrsrs




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Ficha do conto

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Nome do conto:
ENTRE CAMINHOS E SEGREDOS [38] ~ Domingo leve!

Codigo do conto:
222036

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
31/10/2024

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