Destemidos: 2º temporada/Capítulo I

Início de julho. Guilherme, Rafaela e Gabi estavam contentes após receber suas notas finais.
— Não acredito que passamos em tudo – disse Gabi.
— Pois é. O negócio agora é comemorar. Qual sua média geral Gui? – perguntou Rafa.
— Fiquei com 7,9 e vocês?
— Porra, que inveja, eu fiquei com 6,7 de Coeficiente de rendimento. O que você fez pra ter esse notão? – perguntou Gabi.
— Ah, eu estudei.
— Nerd – disse Gabi – e você Rafa?
— 7,0, mas não quero mais saber de faculdade ou nota. Deixa eu encontrar meu boy, aliás a gente poderia aproveitar as férias de inverno pra viajar. O que vocês acham?
— Bom, eu tenho que ver – disse Gui – meu pai pediu pra eu e minha mãe irmos à Curitiba visitar meus avós.
— E vai deixar o Ric sozinho aqui em Vitória? – perguntou Gabi.
Guilherme não respondeu nada.
Os três encontraram Marcelo no estacionamento.
— Oi amor, então passou em tudo? – quis saber Rafa.
— Não, levei pau em álgebra.
— Fica assim não gato, no próximo semestre você passa.
Mais tarde em casa, Gui estava deitado lendo O símbolo perdido de Dan Brown quando de repente seu smartphone tocou. Era Ricardo.
— E aí baby. Como foi o dia? – perguntou Gui.
— Nada demais e você? Passou em tudo?
— Passei sim.
— Então meu lindo, já falou com seus pais sobre nós?
— Ainda não. Por quê?
— Ah, tô afim de conhecê-los. Vê se fala logo da gente pra eles. Ou você tá com vergonha de mim?
— Vergonha de quê?
— Ah, sei lá. Talvez de dizer que eu sou um playboy sem emprego que depende de mesada do pai.
— Você sabe que eu aceitei namorar você sabendo de toda a sua vida, qualidades e defeitos. Além disso, minha mãe já te conhece e gostou de você.
— Nada. Ela só falou isso porque ficou envergonhada ao saber que eu perdi minha mãe bem cedo na vida – disse Ric aos risos.
— hahaha. Palhaço. Qual sua comida preferida?
— Hum, depende, acho que tailandesa. Por quê?
— Ric, tô falando comida de comer em casa com a família, não é comida de restaurante.
— Eu curto lasanha de presunto e queijo, mas por quê?
— Apareça aqui em casa lá pras 20 horas e você vai descobrir.
— Oba, vou conhecer o sogrinho hoje.
— Tchau Ric.
— Tchau, meu lindo.
Guilherme desligou o smartphone e correu pra cozinha, descendo as escadas de dois em dois degraus.
— Mãe.
— Fala filho.
— Você pode preparar aquela sua lasanha hoje à noite?
— Acho que sim, mas você tá com vontade?
— Vou trazer um amigo aqui e queria um jantar mais classudo sabe, com você e o papai junto de preferência.
— Poxa filho, se você quer um jantar classudo eu posso preparar algo mais chique como por exemplo...
— Faz lasanha que tá ótimo mãe – disse Gui cortando sua mãe.
— Tá, mas eu já conheço esse amigo?
— Já. É o Ric.
— Sabia. Mas se for o que eu tô pensando, é uma ocasião super especial filho.
— E o que você tá pensando? – perguntou sorrindo.
— Nada, deixa comigo.
— Olha o que você tá aprontando em D. Lúcia.
— Ei família – disse o pai de Guilherme entrando em casa.
— Oi meu bem – disse a mãe de Gui – vai tomar banho que o Gui convidou um amigo pra jantar aqui em casa.
— É Gui? Beleza, já estou indo.
Ricardo chegou às 20 horas em ponto e tocou o interfone.
— Oi – disse Gui.
— Oi , sou eu – respondeu Ric.
— Entra – respondeu Guilherme após abrir o portão.
Guilherme abriu a porta da sala em seguida para que Ric entrasse.
— Oi. Mãe, pai, esse é o Ricardo. Ric minha mãe que você já conheceu e o meu pai, Marcos.
— Boa noite. É um prazer conhece-los. Ah, eu trouxe esse vinho para o jantar.
— Obrigado, é muito atencioso da sua parte Ricardo, e o prazer é todo meu. Aliás, até que enfim eu conheci o cara que leva meu filho pra sair quase todas as noites – disse Marcos.
— Pai – disse Gui em tom repreensivo – que isso, o Ric vai achar que você é algum general da ditadura?
— Imagina, seu pai apenas se preocupa com você. É por isso que eu pedi ao Guilherme que marcasse esse jantar. Pra vocês conhecerem o cara que sai com o filho de vocês – disse Ric.
— Bom, eu já te conhecia e confesso que simpatizei de cara com você Ricardo – disse a mãe de Gui.
— Obrigado D. Lúcia.
— Então vamos jantar que estou morrendo de fome – disse o pai de Guilherme.
Todos sentaram à mesa e Marcos falou:
— Você e Guilherme tem saído bastante pra dois caras que são apenas amigos, não é mesmo?! – Gui fuzilava o pai com os olhos, morto de vergonha.
— Pois é – disse Ric – acredito que o Guilherme seja reservado também com os pais dele. Eu e o Gui nos aproximamos bastante desde que nos conhecemos e nesse tempo eu aprendi a ser uma pessoa bem melhor com ele.
— É, meu filho tem esse poder de fazer pessoas se tornarem melhores e de enxergar sempre o melhor nelas, mas você deve ser mesmo muito especial para que o Guime o trouxesse aqui essa noite – completou Marcos sorrindo para Ricardo.
Guilherme sentia vontade de se enfiar embaixo da mesa. Não sabia se sentia mais vergonha pelo pai falar tudo aquilo ou pelo pai lhe chamar de Guime na frente de Ricardo. “Tomara que ele se esqueça do apelido”, repetia sem parar na sua cabeça.
— Além disso, você cumpriu o que prometeu Ricardo – disse D. Lúcia – você trouxe o Gui inteiro pra casa após aquela viagem.
— Sim, eu cuidei bem dele – respondeu Ric, olhando com ternura para Guilherme.
Marcos olhou de Ricardo para Guilherme e falou:
— Bom, levando em conta a maneira com que você olha para o meu filho, eu penso que vocês dois já não são mais apenas amigos. Estou certo?
— Na verdade, foi por isso que eu marquei o jantar pai – disse Gui – o Ricardo e eu já não somos mais apenas amigos, como você supôs corretamente, então o Ric me convenceu a marcar esse encontro.
— Eu e sua mãe já suspeitávamos, mas fico feliz. O Ricardo parece ser um homem atencioso e responsável – respondeu Marcos, sorrindo para Guilherme.
— Aproveitando a conversa, seu Marcos e D. Lúcia, eu também pedi que o Gui marcasse o jantar para lhes pedir formalmente autorização para namorar seu filho – falou Ric com um olhar sério para o pai de Gui.
— Sua atitude é muito serena Ricardo – falou o pai de Gui – mas você não precisa pedir autorização. Sabe, nesses 22 anos de vida do Guilherme, eu aprendi que o meu filho é como um leão. No início, pensei que poderia domá-lo como um fazendeiro faz com seu cavalo e todo pai quer fazer com seu filho, mas depois descobri que ele puxou a mãe, é impossível domar esses dois. Então o máximo que posso dizer é que eu aprovo o namoro.
— Depois das comparações estranhas do meu marido, eu digo que não só autorizo, como também aprovo. Vocês ficam lindos juntos.
— Obrigado aos dois, isso é importante pra mim – disse Ric.
Depois do jantar, os quatro tomaram chá.
— Eu vou lavar a louça – disse a mãe de Guilherme.
— E eu vou ver o jornal das dez. Por que você não vai mostrar seu quarto ao Ricardo, filho?
— Vem Ric.
Os dois entraram no quarto e Gui fechou a porta.
— Que vergonha. Meu pai é palhaço, não liga não Ric.
— Nada. Ele apenas se preocupa com você. Quem dera meu pai se preocupasse assim comigo, Guime...
— Porra, não me chama assim, eu detesto – disse Gui sorrindo.
— Ah, mas de “meu leãozinho” eu não abro mão. Quer dizer que ninguém consegue te domar, então? – disse Ric com um olhar safado.
— Pois é, eu acho que não posso ser domado. O último que tentou foi parar no Canadá.
— Como assim?
— Nada, esquece.
Guilherme beijou Ricardo. Era um beijo quente que fez com que Ric logo ficasse de pau duro.
— Melhor parar, olha só como eu tô – falou colocando a mão de Gui sobre o volume em sua calça – Além disso, também quero te falar algo. Eu ia falar lá embaixo, mas pela sua cara, eu fiquei com medo de você sair correndo de tanta vergonha.
Ric se ajoelhou em frente ao Gui, retirou uma caixinha preta do bolso e a abriu:
— Guilherme, meu leãozinho, que namorar comigo?
— Achei que você já tivesse me pedido isso?
— Sim, mas sem aliança não vale.
Guilherme sorriu e estendeu a mão direita para Ricardo, que colocou um aliança de ouro branco no dedo anular do garoto.
— Eu te amo Ricardo – disse Gui colocando uma aliança no dedo de Ricardo.
— Eu amo você, meu leãozinho – falou Ric abraçando Guilherme.

Esta história é fictícia, assim como seus personagens.