Há alguns anos, Charles Dihing, repórter investigativo do New York Times, escreveu um livro que é um best seller: O poder do Hábito, porque fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Ele resume tudo baseado no que chama loop do hábito resumindo nossas ações em deixa (estimulo), rotina (repetição) e recompensa. Outro pensador americano e consultor de grandes corporações, Stephen R. Covey, já havia escrito antes “Os sete hábitos das pessoas altamente eficientes”. Covey também define o sucesso e fracasso como meros hábitos e repetições de comportamentos.
Sexualmente também nos comportamos assim. Vivemos em constantes loopings e repetições. Nos sentimos solitários ou não sentimos prazer (deixa) então saímos em busca (rotina) e então encontramos o prazer (recompensa). O ponto em questão nesse caso é que há muito mais do que hábito envolvido, há instinto, há vontade, há comportamento, há medo, há muitas outras coisas.
Recentemente conheci um casal no site. Pessoas educadas, interessantes e de um alto nível social e cultural. Estavam vivendo a pouco em São Paulo e estavam em busca de algo que fortalecesse o seu relacionamento. Primeiro conheci a esposa, ela disse que já haviam praticado ménage masculino em outra oportunidade e que isso por um tempo havia estimulado os dois. O problema foi que o terceiro elemento na relação não entendeu que tratava-se de uma mera e deliciosa trepada que por força do hábito se repetiu algumas vezes. O pobre menino acabou se apaixonando pela pessoa errada.
No momento seguinte foi a vez de conhecer o marido. Ele aparentava ser uma pessoa bem resolvida, tinha uma amante. Era um equilibrista emocional, tentava equilibrar os pratos entre dois relacionamentos. O primeiro de um casamento de mais de vinte anos e outro de uma paixão avassaladora que teimava em pulsar forte no coração, no cérebro e principalmente no pau.
A mulher tentava desesperadamente regatar a paixão juvenil. Aquela que os havia unido a décadas atrás num bar, numa boate e num quarto de hotel. O marido deixava claro que o seu desejo era empurrar a mulher para os braços do primeiro que aceitasse. Ela estava resoluta e jamais o deixaria partir assim, pelo contrário sequer cogitava a possibilidade de sair com um homem sozinha.
Para resolver o paradoxo nada melhor que romper com tudo. E o caminho mais obvio para isso é assumir o papel do liberal, do livre, do independente e porque não ser um pouco libertino. Afinal, o que seria do mundo se não fosse a libertinagem.
Ele me perguntou qual o caminho para resolver isso. Procurei ser mais simples direto possível. Chame as duas para jantar, as apresente e diga que ama ambas. Tomem um vinho e do restaurante dirijam-se ao motel mais próximo. Incrédulo ele me olhou profundamente e disse que isso jamais seria possível. Elas não aceitariam, seria o inferno na terra. Como se houvesse outro inferno que este aqui e agora.
Imagine, continuei, se elas se entenderem na cama. Você terá duas mulheres sua disposição, isso não pode ser um inferno. Para mim é o paraíso. Duas mulheres chupando o seu pau, brigando para ver quem chupa mais gostoso. Duas bucetas e dois cuzinhos que podem serem fudidos lado a lado. Uma chupando a outra e o seu pau enquanto você mete na outra. Na hora de gozar duas boquinhas brigando para receber a sua porra. Não há mais esposa ou amante apenas duas mulheres buscando prazer e o feliz macho delas provendo sexo ao extremo.
O liberal que há pouco havia me encontrado para me aprova e me liberar para comer a sua mulher, olhou-me como se eu fosse um lunático ou um ser de outro planeta. Esse olhar foi revelador.
O liberal, o libertino. Não era tão liberal assim. Ao colocar as duas frente a frente tinha medo de perder ambas. Acabar com equilíbrio que lhe mantinha no poder diante de uma disputa velada entre duas mulheres. Parece que o meu amigo nunca leu Mikail Bakumim: “Só serei verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que me cercam, homens e mulheres, forem igualmente livres, de modo que quanto mais numerosos forem os homens livres que me rodeiam e quanto mais profunda e maior for a sua liberdade, tanto mais vasta, mais profunda e maior será a minha liberdade.”
É muito fácil falar em liberdade e se posicionar como liberal mantendo a porta, a gaiola e as pernas das mulheres amadas fechadas sob sua tutela. Quando se auto intitular liberal é necessário realizar um break true, uma parada da verdade. Pois ser liberal não é simplesmente dividir o parceiro e a parceira com outro ou outra é encarar a verdade com o respeito que ela merece e isso está além do sexo, vai pelo caminho da revolução interior, da revolução social e principalmente da revolução comportamental.
Fazer amor e amar deveriam ser hábitos mas não são, alguns nem sabem o que é. Perventendo a frase de Luther Blissett “Os escravos do século XXI não precisam ser caçados, transportados e leiloados através de complexas e problemáticas redes comerciais de corpos humanos. Existe um monte deles formando filas e implorando por uma oportunidade de trocar suas vidas por um salário ou relacionamento de miséria. O “desenvolvimento” capitalista alcançou um tal nível de sofisticação e crueldade que a maioria das pessoas no mundo tem de competir para serem exploradas, prostituídas ou escravizadas.”
Por isso, quando me perguntam e me colocam questões como essa respondo simplesmente que sexo está além de tudo, mas quando feito da forma certa e com amor é simplesmente revolucionário e libertador. Pena que ainda estamos distantes desse nível de evolução. Quero deixar claro que não sou alienígena e adoro meter com duas, três ou mais mulheres. Quanto mais buracos para meter mais revolucionário me sinto.