Foi em um dia qualquer em outubro de 2019, precisei fazer umas coisas para minha chefe em SP num determinado conselho na região central de SP. Enquanto espero minha senha ser chamada, noto que um engravatado, dentro de uma sala envidraçada, me olha repetidamente. Tenho a vaga impressão de que o conheço, mas não consigo lembrar. Minha senha é chamada, resolvo minhas coisas e vou embora. Quando passo pela sala envidraçada, noto que o tal engravatado não esta mais, sigo para os elevadores. No hall um cheiro de café, delicioso, enche o lugar. Resolvo tomar um. Peço um café, uma água com gás, pego as coisas e vou para uma mesinha alta. Eu ali, distraída, mexendo meu café, quando ouço uma voz grossa, máscula, meio que a minha frente.
- Boa tarde ! Você me tirar uma dúvida ?
Paro o que estou fazendo, olho em direção daquela voz, ao mesmo tempo em que “dou uma geral na pessoa”. Certamente mais de 50 anos, aparentemente em forma, alto, olhos castanhos, cabelo muito curto, tipo militar. Na segunda avaliação, o terno, escuro, não identifico o tecido, mas parece ser caro, aliás o terno parece ser caro, de alfaiataria. Finalmente, olho para ele :
- Sim, claro, se puder !
- Quando vi você na recepção achei que te conhecia ...
- Também tive a mesma impressão, pode ser sim, mas não sei de onde !
- Pois é ! A propósito meu nome é Antônio.
Estende a mão e nos comprimentamos.
- Sou LLL ... Lê.
Acabo dando meu nome de sapinho, pois não estava montada e nem muito feminina, embora meu jeito ...
- Desculpe a curiosidade, você precisa de alguma aqui da administração ?
- Não, na verdade, não é para mim, mas para outra pessoa e ja esta resolvido, precisava apenas entregar uns documentos da minha chefe ...
- Sua chefe ...
Esse foi o gancho para esticarmos a conversa. Resultado, no fim acabamos trocando telefones. Nos despedimos, vou para o metro e quase às 17 horas chego de volta no trabalho.
Óbvio, que o encontro ainda esta na minha mente e o elegantérrimo Antônio também. De onde o conheço, ainda não consigo lembrar.
Termino minhas coisas, vou para a academia, depois para casa, janta, banho, quase 23 horas. No meu quarto, me dedico aos meus cremes, quando o telefone toca. Não sei se fico surpresa, é Antônio.
Inicialmente, confesso que acho a conversa meio aborrecida, até que ele diz :
- Creio que lembrei de onde conheço você ! Por acaso, você não estava numa festa de casamento uns meses atrás, com o Lucas S ?
- Puxaaaa ! É verdade ! Você estava ...
- Sim ...
Com isso a conversa toma novo fôlego e conversamos por quase uma hora ainda.
- Esta tarde, melhor desligarmos ! Se incomoda se te ligar amanhã, durante o dia ?
- Não, fica a vontade. Mas não posso usar o celular quando estou no trabalho.
- E a que horas pode ?
- Ahhhh, até umas 13:00 horas e depois das 18:30 ...
- Tah ótimo ! Boa noite !
- Xau ! Boa noite !
Depois, na cama, pensava na conversa e me toquei de uma coisa, muitas vezes durante ela, me referi a mim mesma no feminino, várias vezes, não sei se ele percebeu isso. Bom, se percebeu, não falou nada, no fim dei de ombros. Pego no sono.
Antônio, acaba me ligando no dia seguinte, quando estava estacionando na academia. No meio da conversa, ele me faz alguns elogíos agradáveis, muito agradáveis que indicam que esta interessado em mim. Conversamos uns minutos, nada de muito sério e ele desliga.
O aparente interesse dele em mim, acende meu interesse por ele, ja que tem muitas características que me agradam e muito. Termino minhas séries, dispenso a esteira, meu tornozelo dói um pouco. Vou para casa, janta, banho. Como é meio cedo, resolvo arriscar e ligo para ele.
- Oie ! Tah ocupado pode falar ?
- Para você nunca vou estar ocupado, tudo bem com você, Menino Lindo ?
Aquilo me provoca um calafrio, um frisson de prazer como dizem.
- Nossa OBRIGADA, você também é um gato.
- Opa ! Agradeço. Um tremendo elogio vindo de alguem como você.
A conversa vai tomando um rumo interessante e outra vez dura quase uma hora e quando desligamos, tenho um convite para jantar no dia seguinte, que foi aceito. Embora a conversa não tenha sido “muito apimentada” , nas entrelinhas havia bastante coisa, o que acaba me deixando excitada. Demoro um bocado pra dormir, um tanto por excitação, outro tanto por ter ficado ansiosa.
Dia seguinte, pouco depois de sair da faculdade, Antônio me liga. Diz ele que não sabia se iria conseguir me ligar depois e queria combinar como fazer. Como moramos bem longe um do outro, sugiro que ele me pegue num certo lugar, onde posso deixar meu carro seguro e essas coisas. Desligamos, almoço e vou para o trabalho. Desde o momento em que desligamos, me preocupo com meu look da noite. Quando chego em casa, já tenho mais ou menos o que eu quero. O problema básico é que em momento algum de nossas conversas, mencionei meu gosto por me montar, de ser “mulher”. Mas esse lance de não me montar, acaba tendo um lado prático em casa.
Tenho uma espécie de acordo com minha irmã, não me montar quando o cunhado esta em casa, como nesse dia ele estava e eu ia sair sem me montar, tudo se ajeita.
Escolho uma calça de linho leve, estilo social, com corte levemente feminino, uma camisa levemente acetinada, para ser usada fora da calça. A ideia é que ela “disfarce” meu bumbum, que o corte da calça realça um pouco a mais. Um sapato mais fino, de saltinho discreto, vou usar com uma sapatilha cor da pele, finalmente uma tanguinha sexy. Tomo meu banho.
Termino de me arrumar, descubro que a calça esta marcada pela calcinha, mas como a camisa vai esconder o detalhe, não me preocupo mais com isso. Coloco a camisa, os sapatos, uma olhada no espelho, resta um último detalhe, os cabelos. Acabo fazendo um coquinho samurai. Outra olhada no espelho, embora o resultado me agrade, acabo achando que estou um pouco mais andrógina que o normal. Mas pensando bem, isso não é mal.
Pego meu carro e vou ao encontro dele, corazãozinho levemente acelerado.
(segue 02)
Reencontro inesperado, telefonemas trocados e compromisso marcado para a noite. Ficou a tarde toda planejando o "look", hein? Amanhã vou ler a continuação