O trânsito péssimo me faz chegar ligeiramente atrasada. No instante em que entro com o carro no estacionamento, vejo Antônio em pé num quiosque, parece que toma uma água. Estaciono o carro, pego meu tiquete e ele vem em minha direção. Um calafrio percorre meu corpo. Nos comprimentamos discretamente, ele indica onde esta o carro e vamos em direção a ele. Ele abre minha porta, me ajeito e logo saimos !
- Você é mesmo uma surpresa, Menino Lindo, nunca conheci alguém tão andrógino como você. Espero que não me entenda mal, no estacionamento quando te vi fechando o carro e indo para o caixa, achei que fosse uma moça, depois um rapaz e quando entrou no carro, parecia novamente uma menina ! SURPREENDENTE !
- Porquê ia ficar BRAVA ? Sempre acontece comigo, espero que isso não te deixe aborrecido, sei lá !
- Não, não me deixa; ao contrário, acho interessante ...
Fala isso e coloca a mão no meu joelho, tenho a impressão que faz isso com um pouquinho de força a mais e que deixa a mão ali, também, um pouquinho a mais. Outro tanto de conversa e chegamos a um restaurante. Estamos na região da Av. Paulista e esse é tipo um restaurante badalado, que tem uma leve pegada GLS. Confesso, acho isso um gesto simpático. O manobrista vem pegar o carro e seguimos para dentro.
A hostess nos recebe, anota o nome dele na lista, avisa que há uma espera de uns 40 minutos. Isso é São Paulo numa sexta a noite. Vamos para o bar, ele me pergunta o que quero, caiprinha, ele pede um uisque de uma certa marca, cara. Mas o jeito que faz isso, nada tem de ostentação, parece bem natural nele. Ficamos na pontinha do balcão conversando coisas banais. Finalmente, a hostess nos chama, o maitre nos leva a uma mesa num cantinho quase isolado. Uma dádiva, penso eu. Anota as bebidas, caipirinha e uisque, entrega os menus. Começo a olhar o dito e fico meio perdida. Ele percebe.
- Não se preocupe, Menino Lindo, peça o que quiser, o que te agradar. Afinal, estamos aqui para nos divertir, certo ?
- Verdade !
Espero ter usado meu melhor sorriso. Minutos depois o garçon volta, anota os pedidos, um peixe com legumes para mim, para ele um filet au poivre. A conversa segue sobre generalidades, nada muito pessoal.
- Olhando você agora, não consigo acreditar na minha sorte, achava que nunca mais iria ver você depois daquele casamento, não mesmo !
- Nossa ! Te impressionei tanto assim ? Por que ? Conta !
Ele ri, me olha de forma divertida.
- Não tem muito o que contar, além de ser um menino muito bonito, ter um jeito que me fascina, estou descobrindo que é uma pessoa bastante interessante ...
NOTA : Nesta parte, vou me obrigar a cortar a rasgação de seda ! Mas me deixou nas nuvens. Risos !
Nisso chegam os pratos, a conversa diminui bastante, pelo jeito a fome é maior, embora a maior parte do tempo ele não tire seus olhos de mim. Termino meu prato pouco depois dele.
- Sobremesa ?
- Se você quiser ...
Um garçom entrega o menu de sobremesas, retira os pratos. Crepe com sorvete para ambos. Num certo momento, fico com as duas mãos sobre a mesa, de forma muito discreta ele coloca a dele sobre elas. Quando faz isso parece que tomo um choque elétrico.
- Você tem mãos bonitas, delicadas. Combinam muito com você !
- BRIGADA ... As suas também combinam com você, grandonas !
Eu sei, coisa mais idiota para falar, mas além de ter ficado toda vermelha, quando falei isso, não consegui falar nada melhor.
Nisso chegam as sobremesas, depois o café (para ele) e finalmente a conta.
O manobrista traz o carro, seguimos pela Av Paulista em direção a Pinheiros, numa das travessas, ele para o carro de repente, solta meu cinto e me puxa conta seu corpo. Segura meu queixo e me dá um tremendo beijo. Nos primeiros instantes fico absolutamente quieta pela surpresa. Mas não demora ele, deliciosamente, engole minha lingua. Retribuo tão logo consigo. São dois ou três beijos molhados e quentes que trocamos ali parados, mas o lugar não é la muito seguro, ele volta a afivelar meu cinto e volta para o trânsito. A certa altura começo a achar que ou ele conhece um caminho alternativo ou errou o caminho, pois faz algum tempo que passamos a rua para onde estava meu carro.
A tal avenida quase acabando, ele toma o rumo da marginal, segundos depois imbica o carro na entrada de um motel. Que burra eu, perdido uma ova, nem errou o caminho. Antes de abaixar seu vidro, ele me olha, olhos em chamas.
- E ai ?
Dou aquela resposta clássica :
- Você quem sabe ...
Enquanto ele conversa com a recepcionista, o mundo parece em câmera lenta, com todos os sons lá longe. Ele engata o carro, o portão se abre. Quando chegamos no apartamento é que me toco de que não me pediram documentos, embora curiosa deixo isso de lado.
Ele entra na garagem, em modo acelerado, desce do carro, fecha a garagem, abre minha porta. Ele do lado de fora, outra vez me puxa contra ele. Como o carro é alto, isso faz com que ele fique mais ou menos na mesma altura que eu e acabe ficando entre minhas pernas.
A gente se agarra e se beija. Minha reação meio óbvia, apalpar seu pau. Quando consigo, fico meio “preocupada” parece ser enorme, ou pelo menos bem grosso. A brincadeira para por ali, quando uma voz do alto da escada grita “Tahhhh pronto ! “
- Pega tuas coisas ! Vem !
Mal tenho tempo de pegar minha mochila no banco de trás e ele me arrasta escada acima. Mal ele tranca a porta e me agarra para um outro beijo, seu telefone toca. Ele segura meu queixo, me olha ainda com fogo nos olhos :
- Desculpa Menino Lindo, infelizmente tenho que atender isso, não posso evitar !
Dou um selinho em seus lábios, ao mesmo tempo faço um carinho em seu rosto.
Pego minhas coisas e vou para o banheiro, até que o telefonema foi bem vindo.
(segue 03)
Que chique!!! Um jantar romântico seguido pela velha tática do homem mudar o caminho e embicar o carro na frente do motel... Parece infalível mesmo. E a entrada sem mostrar documento e o telefonema misterioso? Vou descobrir lendo a continuação amanhã
Delícia de conto