As vezes, quando estou entediada no trabalho ou em casa, acabo entrando nessas salas de bate-papo da net; ou só para conversar ou quem sabe realmente conhecer gente nova. Numa dessas conheci Paulo ou Paulão, engenheiro, suposto quarentão, alto, atlético e outras características tipícas de salas de BP. Como a conversa na sala engrenou legal, acabamos passando para o Skype. Por algum tempo conversavamos quase todo dia e depois de uma troca de fotos e algumas conversas por vídeo, comecei a ficar curiosa em conhece-lo ao vivo, já que a gente estava se dando superbem nessas conversas.
Finalmente, graças a algumas coincidências e sorte, surgiu a oportunidade. Resultado acabamos marcando um café de um shopping da região da av Paulista, na parte da tarde. Minha médica era ali perto e era prático para ele. Até a desculpa para não ir trabalhar era perfeita.
No dia marcado, uma terça ou quarta, ansiosa, escolhi um lookzinho bem básico, scarpin, jeans skinny lavado, camisa slim branquinha de manga comprida e lá fui eu. O motivo de ter marcado nesse shopping era prático e econômico, o estacionamento do consultório é pago e não tem desconto, o preço dos estacionamentos em volta um assalto; assim quando ia com meu peugeotzinho, deixava ele no tal shopping e ia a pé para o consultório, tipo umas três quadras de distância. Motivo ? O período muito mais barato e ainda podia dar umas voltinhas.
Graças à minha ansiedade, acabei chegando bem cedo no consultório, que mesmo tendo hora marcada, sempre atrasava. Minha consulta era as 13:30 e fui atendida pouco depois das 14 horas e antes das 15:00 estava livre.
Ahhh, essa médica era/é minha endocrinologista e estava acostumada comigo no modo feminino; por hora, basta saber que tenho uns detalhes hormonais.
Tinha quase uma hora até encontrar com Paulo, umas voltas pelo shopping, comprei umas bijoux “baratinhas” e decidi ir para o tal café, me sentei numa mesinha de onde podia ver o movimento no corredor. Terminado o cafézinho, fico brincando com o celular, quando ele toca. É Paulo.
- Você esta de camisa branca, ao lado de uma mesa com três senhoras, certo ?
- Sim ! (desliga o telefone)
Por um tempo, tento acha-lo no meio do povo, quando me viro, ele estava exatamente atrás de mim. Fico agradavelmente surpresa, é muito mais bonito e bem mais encorpado (forte) do que imaginava, defeito aparente, mais baixo que eu, embora estivesse de salto alto. Ele abre um sorriso fantástico. Fico em pé, nos comprimentamos com beijinhos no rosto. Mal nos sentamos, a menina vem tirar o pedido dele. Ele me olha e sem perguntar pede mais dois cafés.
- Nossa, caramba ... caramba ...
- O quê ?? Não gostou de mim ?
- Nossa ! Não fala uma idiotice dessas, você superou toda e qualquer expectativa minha, muito melhor, muito ... muito mesmo ! Mas é mais alta que eu pensava ...
- Também me surpreendi, você é muito gatinho, amei ... Ah, deve ser o salto !
A gente se olha, começamos a rir, ele puxa a cadeira para que eu me sente de novo. Pontinhos para ele. A conversa vai fluindo, parece que a gente se conhece a anos. Mais dois cafés, sinto que vou ficar pilhada. Uma hora se passa num piscar de olhos e resolvemos ir embora. Paulo decide me acompanhar e se prontifica a pagar meu estacionamento, digo que não precisa, pois tenho aquela coisinha que libera pedágio e estacionamento - tipo “presente” da minha irmã, já que o carro era dela. Ele me acompanha mesmo assim.
Assim que saimos do elevador, ele me segura pelo cotovelo, bem cavalheiro mesmo, parece que levo uma descarga elétrica. E assim vamos até meu carro. Destranco a porta, mas ele a abre. E quando me preparo para entrar no carro, acontece. Ainda fico pensando como foi que rolou o beijo; não sei se fui eu que o beijei, se foi ele quem me beijou ou se fomos nos dois, mas o fato é que a gente se beijou gostoso ali no estacionamento. E quando ele foi me beijar de novo, me puxando contra ele, quase derreto de tesão. Sabem quando a pessoa te abraça apertado e deixa passar um monte de sensações ? Pois é foi isso. E eu :
- Uau ! Isso foi muito bom, mesmo ! Nossa ... demais ...
Volto a beija-lo, dessa vez segurando seu rosto entre as mãos e o beijo com muita vontade mesmo. Consequência das longas conversas ? Não sei. Calafrios elétricos correm meu corpo. Ele ainda me abraça apertado, mas disfarçadamente segura meu bumbum. Quando o beijo acaba, outra coisa acontece. Me afasto um pouco dele, encostando na carro, ao que ele apoia as mãos na lateral do carro, eu entre seus braços. Seguro a lapela do seu terno e olho bem seus olhos esverdeados :
- Você ...
Respiro fundo e falo de uma so vez :
- Você quer me comer ?
Seus olhos parecem se apagar uns instantes para se iluminarem completamente a seguir.
- Sério ? Sério mesmo ? Não brinca ! É sério ...
Estou quase paralisada com o que acabei de dizer, minha voz falha, mas respondo :
- É sério, sério mesmo ! Quer ????
- Caralho menina, quero isso desde que a gente se viu a primeira vez no Skype e quando vi você no café, quis mais ainda !
A gente se beija, mas rapidinho, um segurança começava a zanzar ali por perto.
- Mas acho que tem um problema, viu a hora ? Pra qualquer lugar que a gente tente ir vai estar um inferno de trânsito ...
- Verdade, mas eu já ia ficar no trânsito mesmo ... até minha casa, ia demorar maior tempão mesmo ...
- Espera, lembrei de uma coisa ... Tem um lugar aqui perto, não é muito chique, mas é legalzinho, quer ir ?
- Quero ! Confio em você.
Ele faz um carinho no meu rosto, sorriso e os olhos quase iluminam o lugar. Outra coisa inédita :
- Quer ir no meu carro ? A gente já esta aqui mesmo ... Dirige ? (entrego as chaves)
- Você existe ? Existe mesmo ?
(segue 02)