Do inferninho ao paraíso

Muitas luzes, barulho e fumaça de cigarro.
Descendo pelo movimentado centro ele procura por um novo inferninho, algum que não tenham visto a cara dele que não conheçam seu gosto por whisky com guaraná.
Metade da rua já descida e nenhuma novidade, os seguranças e porteiros tentam chamar a atenção um gritando como as boates são melhores que as outras, algumas nas garotas nas esquinas fazem sinais sutis que ele conhece, nada disso o convence é atrai o suficiente pra atender o apelo.
Quase com a busca perdida aparece o que ele buscava, um American bar novo, mais discreto, ainda sem aquela mistura de cheiros da noite.
Duas dançarinas no pole dão seu show, uns poucos espectadores cercam o palco encantados, do lado esquerdo uma mesa com alguns rapazes jovens, parecem bêbados mas não do tipo que causam problemas, mesmo assim dois seguranças estão próximos o suficiente prontos pra agir.
Perto do bar umas três garotas que não vão mais trabalhar essa noite nem por muito dinheiro, próximo a porta um figurão no que seria um assento VIP monopoliza 4 meninas, champagne na mesa e no balde, elas riem, ele também, pode ser um gordo careca de meia idade mas nesse instante ele é o homem mais lindo do mundo pra elas.
Quase desistindo ele vê a sua escolhida, loira, corpo proporcional a altura, cabelos estilo chanel mas encaracolados, de longe o rebolado e lindo ele já a imagina nua, ela se aproxima.
O papo é o de sempre, "seu nome? de onde você vem? me paga um drink? e então gostou da casa?", por alguma razão porém não é tedioso como na grande maioria das vezes, ele responde a tudo e suavemente sugere outros assuntos, ela se surpreende, a maioria troca duas palavras e já sobe mas esse é mais interessante.
Depois de uma longa conversa amigável eles vão ao quarto, uma cama, um espelho e um pequeno box que mal cabe uma pessoa. Ele se banha e logo se dirige acama ela ainda de lingerie, diz que a música é uma de suas favoritas e começa a dançar ele observa excitado movimentos leves e sensuais aos poucos ela se despe e se põe nua ao lado dele.
Ela o masturba e beija com vontade o encaixe do beijo é bom e suave, ambos se entendem por ele a química é forte, estão conectados por mais que um bom papo e o preço do programa.
As bocas se desgrudam e buscam ambos os sexos e aos encontrarem sensações gostosas demais pra descrever percorrem ambos os corpos. Não se contam os minutos, logo a gerência chama, ele pede que ela responda que vai dobrar e por mais meia hora serão apenas um do outro, em alguns minutos ela experimenta na língua dele o gozo, o primeiro gozo genuíno em meses, não precisou fingir como de costume.
Ela retribui, aumenta a pressão da chupada e ele quase pedindo clemência solicita que ela pare. Habilmente ela põe a camisinha e o senta em seu colo, abraçados de frente pro outro movem violentamente seus quadris, não é mais amorzinho é foda, das mais gostosas.
Simultaneamente o gozo vem e por um tempo só se curtem se beijando.
Ele novamente se banha e ela em conflito decide perguntar: "me espera? troco de roupa e a gente sai daqui pra minha casa".
Ela não lembra dos conselhos das mais experientes, do medo do desconhecido. Basta saber que ele gostou dela.
Numa hesitação ele diz:" sua casa não, tem um motel aqui perto e o café da manhã é bom". Ela sorri, ele sai do quarto ainda duvidando "e se for golpe? E se não for? Será que? Não, vou embora. Mas ela é tão gostosa..."
Ele espera como combinaram na esquina duas quadras pra baixo, o frio da madrugada corta a pele e queima os pulmões, já abriu dois chicletes, vício que substituiu o cigarro que ele nunca gostou de verdade, ao virar pro outro lado um calafrio sobe a espinha e duas mãos frias cobrem seus olhos, são mãos femininas e perfumadas, o coração dele acelerou ele se vira, é ela. O beijo é mais longo e mais gostoso que os de dentro do inferninho, ela agradece ele por ter esperado e sem perder tempo logo estão no quarto nus e continuando o que tinha começado há pouco.
E lá ficaram até não ter mais forças pra nada a não ser voltarem pra suas vidas, com promessa de novo encontro.