Mal casei, virei puta

Final da década de 90, Sandro e eu estávamos completando o ensino médio e resolvemos morar juntos, contra a vontade de nossas famílias. Teimamos e, de cara, enfrentamos muita dificuldade. Era uma crise danada na época, não havia emprego, não tínhamos casa própria, logo nos endividamos...


Nós dois fazíamos bicos numa lanchonete, onde a Cristina nos achou. Ela veio três vezes seguidas e chamava a atenção, tanto pelo porte elegante, o corpo bonito, quanto pelas roupas caras, destoando daquele ambiente simples. Falsa loira, tinha por volta dos 40 anos, com uma silhueta impecável, realçada pelos conjuntinhos de saia e blazer que usava sobre lingeries rendadas. O decote generoso, sempre destacando os seios turbinados.

No terceiro dia, sempre exigindo ser atendida por mim, Cristina pediu que eu sentasse à sua mesa, pois tinha uma proposta a fazer. Foi franca e direta:

– Eu sou dona de uma agência de acompanhantes e estou procurando uma moça com seu perfil. Quero te propor um negócio que vai mudar completamente tua vida.

Quando entendi o que ela queria, me ofendi:

– Sou pobre, mas não preciso me prostituir! – falei entredentes, cheia de dignidade. Ela apenas sorriu com indulgência e se explicou calmamente.

– Não quero ofender você... – olhou para no nome no meu avental – Ana, é isso? – confirmei e Cristina continuou – É só uma proposta que eu gostaria que alguém tivesse feito a mim quando tinha sua idade. Você pode aceitar, ou não. Não se trata de rodar bolsinha na esquina pra conseguir pagar a conta de luz. Eu trabalho em outro nível. Acompanhantes para pessoas que querem discrição e podem pagar por isso. Quanto você ganha aqui por mês? Cem reais? Cento e cinquenta? Pois digo que você pode ganhar mil em um único encontro.

Aquela mulher, misto de socialite e puta, com toda sua classe mesclada com certa vulgaridade sensual, sabia ser persuasiva, eu diria até sedutora. Saí dali em silêncio, passei o resto do dia remoendo a conversa. À noite, após nos escondermos de cobradores e recebermos mais uma notificação de despejo, criei coragem e contei ao Sandro sobre a proposta. Assim como eu, começou com indignação, mas, depois, embora não admitisse, foi ficando balançado. Evitei discutir, mas de tempo em tempo, lembrava de como o dinheiro seria bem vindo na nossa situação. Chegou a um ponto em que falei:

– Ou é isso, ou seremos obrigados a nos separar e voltarmos humilhados para nossas famílias.

Uma semana depois, Cristina retornou à lanchonete e eu pedi que Sandro fosse conversar com ela. Depois de alguns minutos, ele me disse:

– Você é quem sabe. Eu não me oponho, se for uma vez só.

***

O motorista me deixou em frente ao restaurante. Entrei com o coração aos pulos, ainda desacostumada ao vestido justo que Cristina havia providenciado. Conduzida pelo maitre, passei entre as mesas, sentindo os olhares de homens e mulheres. No canto mais reservado, Cláudia já me aguardava. Ela era ainda mais linda do que na foto que eu havia visto.

Uma semana antes, após aceitar a proposta, Cristina e eu discutimos quem seria meu cliente. Estava insegura, com medo mesmo. Nenhuma das opções me tranquilizava. Só havia conhecido um homem na vida e nossa vida sexual era bem modesta, pois nenhum de nós tinha experiência. Depois de alguns minutos de papo, ela me olhou nos olhos e perguntou:

– E com mulher?

Pra mim, foi um choque.

– Com mulher o quê???

– Você nunca ficou?

– Claro que não!

– Nunca teve vontade ou curiosidade? Seja sincera... nada de preconceito ou vergonha entre nós...

Me obriguei a refletir honestamente. Lembrar de algumas experiências... meninas no chuveiro do colégio... uma noite em que dividi a cama com uma prima no sítio dos meus tios... sensações proibidas que sempre reprimi... Me peguei excitada só de pensar nisso. Cristina me olhou sorrindo, como se lesse minha mente.

Foi assim que decidimos por Cláudia. Eu já a conhecia das colunas sociais. Ex-modelo, atual mulher de um deputado vinte anos mais velho. Aos trinta e poucos, mantinha a beleza e a vitalidade que deixava os homens de boca aberta ao vê-la. O que nunca imaginei é que ela preferisse mulheres.

Simpatizamos de cara uma com a outra. “O santo bateu”, como dizem. Jantando juntas, pensando que, em pouco tempo, estaria na cama com ela, senti que ficava molhada. Pelo jeito que ela me olhava, percebi que ocorria o mesmo. Nem terminamos o jantar, entramos num táxi e fomos para o hotel que Cristina já tinha reservado.

Inexperiente e nervosa, deixei a Cláudia toda a iniciativa e ela pareceu gostar disso. Tocou de leve meu rosto, cada vez mais perto do seu... o hálito morno me deixou arrepiada... seus dedos na minha nuca, a outra mão na cintura... o beijo começou devagar, mero roçar de lábios... risadas contidas, então a união... as línguas úmidas, o corpo dela no meu, suas mãos mais assanhadas...

– É sua primeira vez com mulher, mesmo? – perguntou, me colocando deitada na cama.

– Sim – respondi tremendo de tesão, enquanto ela se livrava do vestido em pé na minha frente, me permitindo admirar toda perfeição do seu corpo, emoldurada numa lingerie preta.

Como uma pantera, veio por cima de mim, tirando minha roupa e percorrendo meu corpo com sua boca quente. Quando chegou na calcinha, fechei as pernas instintivamente, embora desejasse seu toque mais que tudo. Com um sorrisinho malicioso, ela afastou meus joelhos e desceu sua língua pela minha coxa até a virilha. Afastou a calcinha e senti sua lambida experiente... eu quase gozei naquele primeiro toque. Jamais pensei que sexo pudesse ser tão bom... nos momentos seguintes, perdi controle sobre meu corpo, que se contorcia ao sabor de sua boca na minha buceta.

Após meus orgasmos seguidos, adormecemos juntas por instantes. Acordei com Cláudia sobre mim... o cheiro de fêmea, de sexo, dominava o quarto. Acordei-a com beijinhos... eu não sabia se conseguiria, mas queria muito retribuir o prazer que ela havia me dado. Senti o gosto de cada centímetro sua pele... pescoço, axilas, seios... o sexo molhado de tesão... como era delicioso aquele sabor... chupá-la, acariciá-la... que coisa maravilhosa... acabamos exaustas e suadas, mas ainda juntinhas até a manhã seguinte. No banho, ainda nos tocamos e tivemos novos orgasmos.

Saí daquele quarto completamente transformada. Queria muito mais do que havia tido até então, na cama e fora dela.


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Comentários


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docmaster Comentou em 27/11/2020

Muito bem escrito e cheio de tesão. Votado.

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aventura.ctba Comentou em 27/11/2020

Votado e louca para ler a continuação, bjinhos Ângela

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kzadojfora Comentou em 27/11/2020

Muito bom, gostoso de se ler.

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alegomes Comentou em 27/11/2020

Muito bem escrito, mistura de arte do tesão e a arte da escrita, parabéns!

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lucasemarcia Comentou em 26/11/2020

Que delicia !




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Ficha do conto

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melflor

Nome do conto:
Mal casei, virei puta

Codigo do conto:
168328

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
26/11/2020

Quant.de Votos:
37

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