Num dos eventos, fui apresentado a Ana, uma jovem freira Carmelita. A Ordem dos Carmelitas, também conhecida como Ordem do Carmo, é uma ordem religiosa católica que surgiu no final do século XI, na região do Monte Carmelo, em Israel. A palavra "Carmelo" significa "jardim" e a ordem foi inspirada pelo profeta Elias, que se estabeleceu numa gruta no Monte Carmelo, seguindo uma vida eremítica de oração e silêncio.
A Ordem do Carmo foi oficialmente reconhecida pelo Papa Honório III em 1226. No século XVI, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz conduziram uma reforma significativa na ordem, resultando na criação dos Carmelitas Descalços, um ramo que enfatiza uma vida de maior austeridade e contemplação. Sim exatamente isso, Ana estava lá participando do evento devido a um pedido especial da Madre Superiora do seu convento e encontra-se tão surpresa quanto eu com a riqueza e o luxo daquele pequeno estado independente.
Ao falar do projeto que desenvolvia, os olhos da jovem freira brilhavam. Era fascinante ouvi-la falar com tanta paixão. Como tenho hábito de olhar as pessoas nos olhos, fitei-a firmemente. Deixando-a visivelmente desconfortável pela forma que olhava. Ela tinha razão, eu me sentia como a própria serpente prestes a seduzir Eva a comer a maçã e descobrir o mundo do bem e do mal, levando toda a humanidade junto nesta jornada. Ela poderia me chamar de demônio, tentar me exorcizar, não sei bem como isso funciona, pois não teria o menor efeito sobre mim.
De uma coisa eu tinha certeza, ela era “cheia de graça”, “graciosa”. Sua túnica longa e simples de cor marrom, cobria o corpo até os tornozelos, representando a humildade e a simplicidade. O escapulário, uma peça retangular de tecido cobria seus os ombros, caindo na frente e nas costas. O capuz cobria a cabeça e os ombros, simbolizando a vida de oração e contemplação. Uma corda como cinto para amarrava a túnica na cintura, simboliza a obediência e a disciplina.
Ao se aproximar de mim, Ana me indagou: “Você nunca viu uma freira carmelita antes? Me olhava como se quisesse ver a minha alma”. Não e Sim, respondi. Não porque nunca tinha visto uma freira tão linda e determinada, embora conhecesse a ordem Carmelita e sim, porque realmente queria saber e ver a sua alma. Minha resposta deixou a pobre irmã desnorteada, visivelmente desconfortável. Creio que porque estar reclusa por algum tempo, tinha pouco contatos com homens. “Ver a minha alma é uma coisa que somente Deus pode fazer”, falou. Nada disso, Deus pode ver o seu coração a sua alma algumas pessoas podem enxergar e algumas são capazes de não somente ver, mas também ler. Diante da resposta, Ana pediu licença e saiu em rápida caminhada silenciosa.
No dia seguinte, um dia que teríamos a manhã e a tarde livre, estou tomando café tranquilamente quando sou surpreendido com a presença da jovem freira, perguntando se poderia de juntar a mim. O que foi aceito com um sorriso largo. Como sou um homem magro, cabelos negros, longos, aparência latina, muitas vezes sou confundido com indígenas ou indianos. E foi justamente isso que chamou atenção de Ana. Então expliquei que certamente havia sangue indígena nas minhas veias, também espanhol, português, árabe, judeu, dentre outras.
Aproveitando a oportunidade, lhe convivei para conhecermos um pouco mais de Roma. Me disse que seria um prazer, mas iria trocar de roupa, se disfarçar, quebrar o protocolo e evitar cobranças desnecessárias. A esperei na recepção do hotel e não a reconheci vestindo uma calça jeans justa, uma camiseta branca, um lenço na cabeça e um par de tênis. Aquela túnica escondia um belíssimo exemplar de uma bela ninfeta italiana digna de ser retratada por Da Vinci ou Michelângelo. Minha hipnose foi quebrada, somente quando escutei: “Vamos, estou pronta”. Mama mia, Dio Santo.
Meus pensamentos foram longe. Humildade, simplicidade, contemplação, obediência e a disciplina, todos os símbolos contidos na sua vestimenta religiosa me remetiam à bondade, a dominação, humilhação, castigo. Imaginei aquela deliciosa mulher orando sem calcinha, de joelhos, coma buceta escorrendo e cuzinho piscando. Em minha mente queria usar a corda que antes trazia amarrada na cintura para algemar suas mãos e empinar o seu rabo para fodê-lo como certamente o próprio Satanás faria. Estar ao lado daquela mulher, naquele momento, era torturante. Ela me olhava, falava amenidades, curiosidades sobre os lugares que visitávamos, sorria e eu mergulhado no desejo.
Passamos o dia como um casal de amigos, de namorados, passeando, tirando fotos, comendo, tomando sorvete. Rimos muito e nos conhecemos um pouco mais. Ao nos despedirmos no final da tarde, antes do evento que reencontraríamos a noite com toda a formalidade requerida, confesso que não queria abandoná-la. Sabia que me pensamento voltariam assim que a visse novamente coberta pelo seu sacro manto.
Parabéns pelo conto erudito.... Me deu muito prazer.... Ortografia impecável. Abraços Marcelo Thadeu
Muito gostosa essa fantasia....