Os lençóis faziam meu corpo coçar, peguei no sono rapidamente.
Acordei, Marcelo não estava ali, estava sozinho no quarto, olhei no celular, eram três e meia da manhã.
Me levantei e sai do quarto, desci.
O restaurante estava praticamente vazio, Marcelo não estava ali, também não estava no banheiro.
Andei pelo estacionamento até o caminhão.
Ele não estava na cabine, dei a volta no caminhão, Marcelo estava em pé encostado na parte de trás do caminhão fumando um cigarro, olhando pra estrada, parecia estar pensando.
- Você fuma? - perguntei, ele se assustou e deixou o cigarro cair.
- Não...é, só de vez em quando pra relaxar.
Eu sorri.
- Você devia estar dormindo - falei - vai dirigir o dia todo, precisa descansar.
- Faz muito tempo que não tenho uma noite interação de sono, já me acostumei a dormir pouco.
Me encostei no caminhão ao lado dele.
- Ta pensado em quê? - perguntei.
Ele ficou em silêncio por um tempo e falou:
- Em você.
Ficamos os dois olhando pra estrada, sem olhar um para o outro.
Voltei a perguntar.
- Pensando exatamente o que sobre mim?
Ele riu e revirou os olhos.
- Muita coisa.
- Então me fala - eu disse.
Ele hesitou um pouco, parecia não quere falar mas então se abriu.
- É que eu realmente quero te ajudar sabe? Ajudar sua família, é difícil achar um garoto como você, que cuida da família.
Não falei nada e ele continuou.
- Queria realmente conseguir um emprego pra você, um emprego que você conseguisse ficar perto de casa, da sua família.
- Não liga pra isso Marcelo, você já criou um emprego pra mim onde nem existia.
Nós dois rimos.
- Verdade, mas...quando se é caminhoneiro, ainda mais por um longo tempo como eu, você vê muita coisa, muita maldade, muita gente ruim, e então fica fácil reconhecer quem é bom e quem é mau, e eu consegui ver bondade e força de vontade em você, não queria ver alguém como você vivendo essa vida.
- Não se preocupa, eu sei me cuidar!
Ele olhou pra mim, segurou meu braço e me fez ficar de frente pra ele.
- Por via das dúvidas, eu também vou cuidar de você! - ele disse olhando em meus olhos.
Cheguei mais perto dele, enlacei meus braços em volta do corpo rígido de Marcelo e coloquei minha cabeça em seu peito, ele me abraçou apertado, e eu realmente me senti seguro em seus braços.
Ele beijou minha cabeça, ficamos abraçados por um tempo.
Olhei nos olhos dele.
- Obrigado - sussurrei.
Ele olhou em meus olhos, abaixou a cabeça lentamente em minha direção e encostou seus lábios nos meus.
Ele me beijou calmamente, e eu correspondi, sentia sua barba encostando em meu rosto e me fazendo cócegas, sua língua invadia minha boca de uma forma terna e carinhosa.
Podia dizer que era o melhor beijo da minha vida, seus lábios macios regiam aquele beijo molhado, e suas mãos calejadas seguravam com força minha cintura.
Minhas mãos corriam de suas costas largas, para seu peitoral, depois pra barba, e então eu acariciava seu pescoço e sua nuca.
Não queria que esse beijo acabasse, nunca, mas Marcelo afastou seus lábios calmamente e ficou me olhando, passando seus dedos por meu rosto e por meus lábios.
Seu olhar pra mim exalava carinho.
- Infelizmente já ta na hora de ir - ele falou baixinho.
- Ta bom.
Nos soltamos.
- Acho melhor comprarmos algumas coisas, aí tomamos café da manhã na estrada, pode ser?
- Pode sim - respondi.
- Pode me esperar no caminhão, já volto - ele disse me entregando a chave.
Entrei no caminhão, e Marcelo entrou no Restaurante que também funcionava como padaria.
Fiquei o observando.
Ele saiu da Padaria e entrou na pequena lojinha de conveniência ao lado, não demorou muita lá e saiu carregando um garrafa térmica e um esopor, ele entrou novamente na padaria e depois voltou ao caminhão.
- Comprei bastante coisa - ele disse animado - uns sanduíches, pães, biscoito recheado, você gosta né?
- Gosto - falei rindo.
- Comprei esse esopor pra guardar, e a moça da padaria encheu a garrafa de café pra gente - ele sacudiu a garrafa no ar.
- Então podemos ir? - perguntei
- Com certeza.
Depois de um tempo na estrada, quase amanhecendo puxei um assunto que claramente não agradou Marcelo.
- Quando entrei lá no dormitório ontem a noite a moça da recepção disse que eu era "a puta de hoje", o que ela quis dizer? - perguntei.
- Aah Otávio, você sabe. É que... A gente fica tempo demais na estrada, os homens tem necessidades - ele riu
- Então, você leva muitas mulheres pra esses dormitórios na estrada?
- Todo mundo leva, e nem sempre são mulheres, se é que você me entende.
Ele piscou pra mim.
- E agora que eu to viajando com você muda alguma coisa?
Nós dois rimos.
- Acho que sim, agora você pode fazer o papel delas!
Ele deu um sorriso safado e meu corpo se arrepiou.
Com certeza eu poderia fazer esse papel
mdss me imaginando la na cena aaaaaaaaaa
Aí tinha feito um escândalo com aquela Vadia.