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Acordei cedo com o sol cruzando a enorme janela do quarto e atingindo meus olhos, Heitor não estava mais na cama e eu estava encolhido em meio aos lençóis.
Me levantei, estava totalmente pelado, em cima de uma cadeira no canto do quarto haviam roupas limpas, Heitor devia ter deixado ali pra mim. Tomei um banho, vesti os shorts e a camiseta.
Desci as escadas e ele estava sentado a mesa na sala de jantar que ficava depois da cozinha, Heitor usava um samba-canção e mais nada, ele tinha uma xícara de café da mão e um jornal na outra.
- Bom dia - falei.
- Tem café aí - ele disse.
Revirei os olhos, já estava me acostumando a falta de educação de Heitor.
Entrei na cozinha, enchi minha xícara com café e me sentei de frente a Heitor na mesa.
- Dormiu bem? - perguntei.
- Sim, eu sempre durmo.
- Nem depois de termos transado você vai me tratar com educação?
Ele tirou os olhos do jornal e olhou pra mim.
- Por que você tem tanta necessidade em ser tratado com gentileza?
- Todo mundo gosta de ser tratado bem.
- Por que todo mundo é carente - ele ria enquanto falava.
- Só por que você é rico se acha melhor que todo mundo?
Ele olhou pra cima fingindo pensar um pouco e respondeu.
- Sim, eu me acho.
- Não acredito que eu transei com um babaca - eu disse sussurrando.
- Pode admitir que você gostou de transar com o babaca.
Não respondi nada e ele riu.
- Preciso ir pra casa - eu disse depois de um tempo.
- Por que? Você pode passar o fim de semana aqui.
- Não fui pra casa ontem, meu pai deve estar preocupado.
- Você que sabe.
- Preciso ir mesmo, você pode me dar uma carona?
Ele bufou, sempre insatisfeito.
- Ta bom.
Peguei minhas roupas e fomos. Heitor me deixou na porta da minha casa.
Entrei em casa e todo mundo ainda estava dormindo.
Resolvi não acordá-los, sai de casa novamente mas agora para ir à casa de Marcelo. Nessas últimas semanas nos vimos muito pouco comparado a antes, estava sentindo sua falta.
Chamei mas ele não me atendeu, devia estar dormindo, entrei na casa com a chave reserva que ele me deu semanas atrás.
Destranquei a porta e abri devagar, Marcelo dormia e ao seu lado havia uma mulher, demorei um tempo pra identificar mas depois reparei que era sua ex-mulher.
Saí sem fazer barulho e fechei a porta.
Marcelo já havia me dito que não tínhamos nada sério, que podíamos ficar com outras pessoas; mas saber que ele estava dormindo com sua ex-mulher me deixava mais enciumado do que o normal.
Antes de chegar em casa liguei pra Heitor e ele atendeu rapidamente:
- Algum problema?
- Acho que vai ser uma boa ideia passar o fim de semana com você!
- Já te pego aí.
Desliguei o telefone, cheguei em casa e peguei algumas peças de roupa, na minha casa todos ainda dormiam, podia ligar mais tarde e avisar onde estava.
Fui para o portão e logo Heitor apareceu, depois de alguns minutos eu estava novamente naquele apartamento impecável.
Cruzei a porta e me joguei no enorme sofá.
- O que foi?- ele perguntou se sentando perto dos meus pés.
- Nada...nada.
- Tem certeza?
O tom de voz de Heitor estava de certa forma preocupado, pela primeira vez eu percebi que ele tinha sentimentos. Resolvi me abrir.
- Um cara...que eu to namorando, pelo menos eu achava que era namoro mas ele disse que não.
Heitor riu.
- Então você levou um fora?
- Não, é que eu achava que tínhamos algo sério mas ele disse que não era, isso me incomodou um pouco.
- Ele praticamente te ofereceu uma amizade colorida e você ta triste com isso?
- É que eu gosto dele, achei que ele também gostasse de mim o suficiente pra namorar.
Heitor riu:
- Então esse é o seu problema?
- Também acabei de ver ele dormindo com a ex-mulher, isso me deixou pior ainda, nunca tinha sentido ciúmes tão forte assim.
- Ex-mulher é foda, eles provavelmente tem uma história né, isso sim é de se preocupar, acho que agora ele vai te chutar de vez.
- Obrigado pela ajuda - falei revirando os olhos.
- Disponha!
Heitor se deitou sobre mim e aproximou seu lábios dos meus.
- Esquece isso, esquece esse cara...se concentra em mim - ele disse com um sorriso safado.
Ele me beijou, um beijo interminável e molhado que realmente me fez esquecer Marcelo por uns instantes mas meu celular tocou e me fez interromper o beijo.
- Deve ser meu pai - falei
Meu celular estava em cima da mesa de centro, Heitor esticou o braço e pegou pra mim.
- Seu pai se chama Marcelo?
- Não, esse é o tal "namorado" - falei
Heitor riu novamente.
- Já conheci um Marcelo uma vez, não me dei nada bem com ele, pra falar a verdade brigamos bastante.
Eu ri e atendi o celular.
- Oi.
- Você veio aqui em casa? - ele perguntou rapidamente - a porta estava destrancada e eu tenho certeza que tranquei antes de dormir.
Merda, esqueci de trancar a porta ao sair.
- Fui sim.
- E por que não falou nada?
- Não quis acordar você e sua convidada.
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, só tinha certeza que ele continuava na linha por que ouvia sua respiração.
- Você não ficou bravo com isso ficou?
- Pra falar a verdade sim.
- Otávio...é só sexo, não tem nada a mais.
Marcelo sempre sabia me fazer amolecer, com aquela voz aveludada, mas antes que ele me convencesse de que não tinha nada demais desliguei o telefone.
- Problema resolvido? - perguntou Heitor rindo, ainda em cima de mim.
- Nem de longe.
Ele voltou a beijar minha boca e meu pescoço.
- Deixa isso pra lá - ele me dizia entre os beijos - pelo menos durante o fim de semana.
- Ta bom - sussurrei.
No mesmo dia Heitor e eu almoçamos fora e a noite comemos pizza.
Estava evitando mexer no celular, Marcelo ligava a toda hora e deixava mensagens. Não queria ignora-lo mas não sabia o que falar. Eu realmente não sabia por que fiquei tão mal por ver ele com a ex-mulher, talvez fosse como Heitor disse, eles tem uma história, uma filha e já tiveram uma vida juntos, acho que ver os dois juntos me fez ter medo de perdê-lo.
Avisei meu pai que estava na casa de um amigo e ele não quis explicações aprofundadas.
No domingo acordei como no dia anterior, sozinho na cama no meio dos lençóis desci as escadas e Heitor estava sentado à mesa lendo o jornal.
Me ssentei ao seu lado e fui surpreendido.
- Bom dia - ele disse me fazendo arregalar os olhos.
Decidi não brincar com sua educação repentinamente, Heitor estava mudando, era nítido e eu estava quase certo que era por minha causa.
- Bom dia - respondi.
Já havia uma xícara na mesa pra mim e eu me servi com café.
- Quer escolher onde vamos almoçar hoje?
- Sim - falei - aqui.
- Um restaurante Otávio.
- Você nunca come em casa?
- Não, eu não cozinho, acho uma perda de tempo - ele riu.
- Então essa cozinha é só um enfeite?
- Basicamente sim!
Pensei um pouco.
- Sabia que homens cozinhando ficam mais atraentes?
Heitor tirou seus olhos do jornal e olhou pra mim.
- Eu tenho dinheiro Otávio - ele disse sorrindo - eu atraio pessoas mesmo sem querer.
Revirei os olhos.
- Ta...não interessa, nós vamos cozinhar hoje.
Ele sorriu.
Passamos a manhã conversando e quando o relógio marcou meio dia arrastei Heitor até a cozinha.
- Eu não cozinho Otávio - ele disse desanimado.
- Você já ta velho, ta na hora de começar.
Heitor usava samba-canção e estava sem camisa.
Peguei um avental em umas das inúmeras gavetas da cozinha e o coloquei em Heitor. Eu estava redondamente certo, ele ficara ainda mais atraente assim de avental com essa pinta de cozinheiro.
Revirei os armários à procura de algo que ainda estivesse dentro do prazo de validade.
- Quanto tempo você não abre esses armários?
- Muito tempo, só cozinho em ocasiões especiais.
Dei um soco em seu peito.
- Você acabou de dizer que não saber cozinhar caramba!
- Eu disse que não cozinho, não que não sabia cozinhar.
Ele piscou um olho pra mim.
- Cachorro!
Revirei todos os armários.
- Acho que você venceu - falei desanimado - não tem o que cozinhar, grande ironia, um milionário não ter comida em casa.
Heitor riu.
- Anda, troca de roupa - ele falou - vamos comer fora.
Minutos depois nós dois estávamos prontos, no carro indo até o centro da cidade.
Chegamos a um restaurante que eu nunca tinha ido.
A comida era espetacular (como a de todos os outros restaurantes que eu ia com Heitor).
Durante o almoço Heitor parecia bipolar, ora acariciava minha mão sobre a mesa e ria de tudo, ora fechava a cara e ficava sério.
Queria saber se algo o estava incomodando, se eu estava fazendo algo errado, mas decidi me calar, não perguntei nada.
Terminamos o almoço e saímos do restaurante.
Fomos até o carro que estava estacionado do outro lado da rua, um pouco afastado do restaurante.
- Vamos fazer o que agora? - Heitor perguntou.
- Não sei, vamos ver um filme em casa sei lá...
- OTÁVIO!
Um grito me interrompeu, olhamos pra trás e Marcelo vinha apressadamente até mim e Heitor.
Ele se colocou entre nós me afastando de Heitor.
Ele ficou de frente pra mim, olhando em meus olhos.
- O que você ta fazendo com esse cara?
- Marcelo - sussurrei - "esse cara" é meu patrão, fala baixo.
- Então você trabalha pro babaca do Heitor?
Atrás de Marcelo, Heitor estava com aquele sorriso debochado no rosto.
Alguma coisa me dizia que os dois já se conheciam.
QUE PLOT TWIST DO CARALHOOOOOOO
TENSÃO, ADRENALINA PURA!
OMG, muitas emoções rapaz, mesmo com essa espera voce continua espetacular. Me tremi todo com esse final. Não demora pra escrever o capitulo 19. #ansioso. PARABÉNS!!!
É muita emoção em um só conto! Meu Deus que perfeito todo esse enredo. Novela das 21h da Globo. Continua e nao demora!! Parabéns
Acompanho desde o começo... Não nos deixe mais esse tempo todo sem a continuação não... kkkkkkk Muito bom o conto. Ansioso pelo capitulo 19!!!
Nossa depois de tanto tempo...tenta continuar rapido a historia ta muito boa
Amei o capítulo, mais pelo amor de Deus não demora aposta.