Desventuras na Estrada - Cap 9

Mais alguns poucos dias na estrada e chegamos ao destino da carga, era nove da manhã. Marcelo me deixou em uma lanchonete e foi entregar a carga, me sentei do lado de fora em um banco de madeira pra esperar, um homem velho estava sentado em uma ponta fumando, na outra tinha uma pilha desarrumada de jornais. Me sentei no meio.
O lugar estava um pouco cheio, homens andavam de um lado pro outro conversando alto.
Peguei um jornal e o homem logo começou a falar:
- Esses jornais são velhos.
- Percebi - respondi quando vi a data do jornal de meses atrás.
- Os caminhoneiros que compram em outro estado ou em outra cidade e largam em qualquer lugar por aí.
Devolvi o jornal pro lugar e comecei a procurar um que fosse mais novo, queria ler alguma coisa, parecia que Marcelo iria demorar.

Na metade da pilha vi um com uma data de alguns dias atrás.
Comecei a folhear, e ler as notícia da pequena cidade de onde o jornal viera.
Era uma cidade no norte da Bahia, por coincidência a mesma onde eu tinha sido estuprado.
Li as notícias mas não entendi quase nada, não conhecia nenhum nome de rua ou bairro de lá.
Cheguei a ler até meu horóscopo, coisa que nunca acreditei.

Quase no final do jornal, um pequeno box no canto da página chamou minha atenção, a notícia dizia que um homem que se chamava Cláudio Fontes de trinta e quatro anos foi estuprado por um grupo de homens em um posto de gasolina na beira da estrada.
Me assustei quando vi a pequena foto de um rosto que acompanhava a matéria.
Era ele.
O homem que tinha me estuprado.
Não acreditei naquilo e reli a notícia.
Não estava enganado, ele tinha sido estuprado, talvez tenha sido o grupo de homens que nos cercou quando ouviu o barulho do vidro.
Um sorriso se abriu em meu rosto.
- Aqui se faz, aqui se paga!
- Que? - o homem velho ao meu lado perguntou.
- Nada, só to falando sozinho!
Não desejaria isso pra ninguém, mas pra ele era diferente, tudo de ruim seria pouco.
O homem velho se levantou e entrou na lanchonete.
Depois de longos minutos Marcelo apareceu e se sentou ao meu lado.
Entreguei o jornal a ele e mostrei a notícia, ele pareceu surpreso.
- Você ta feliz com isso?
- Não exatamente feliz - respondi - mas ele mereceu.
Eu RI e voltei a falar.
- Você teve alguma coisa com isso, pediu pra alguém fazer isso?
- De jeito nenhum, eles devem ter feito por vontade própria, não é porque somos caminhoneiros que aceitamos impunidade não é mesmo?
Nós dois rimos.
Não era o melhor jeito de resolver um problema, nem o jeito de fazer ele pagar, mas pelo menos ele sentiu na própria pele o que me fez passar.
Comemos e voltamos a viajar.
...

O mês passou voando.
- Bom, já ta na hora de ir pra casa né - disse Marcelo.
- Finalmente - falei rindo.
Já tínhamos rodado pelo sudeste, nordeste e depois no norte. A viagem de volta seria rápida.

Chegamos na nossa cidade a noite em uma sexta feira e Marcelo estacionou no mesmo posto onde entrei no caminhão pela primeira vez.
Voltar pra minha cidade depois de um mês fora era estranho, de um jeito bom.
Ainda dentro do caminhão, Marcelo mexeu na carteira e me deu uma quantia em dinheiro como pagamento, não era muito, mas era o suficiente pra resolver meus problemas por enquanto.
- Obrigado - falei.
- Não precisa me agradecer, é o pagamento pelo seu serviço.
- Não é pelo dinheiro...é por tudo.
Abracei Marcelo e beijei ele.
- Quando voltamos a viajar? - perguntei.
- Calma, calma, acabamos de chegar, aproveita a folga.
- Ta bom - dei um selinho em Marcelo - tchau, até mais.
- Tchau.
Nos despedimos. Eu peguei um ônibus e voltei pra casa. Não parecia ter mudado absolutamente nada, meu pai estava na sala lendo e minha irmã estava na casa de uma amiga.
- Voltei pai - falei quando entrei em casa.
- Que saudades, como foi a viagem? - ele disse me abraçando.
- Foi ótima, só vim ver como vocês estão, deixar uma grana e tal.
Conversamos por um longo tempo.
Depois tomei um banho e fui pro quarto. Dormir a noite inteira na minha cama não tinha preço.
Acordei no sábado por volta das dez da manhã.
Passei a tarde jogado no sofá da sala.
Quando era mais ou menos sete da noote meu celular tocou, era Marcelo.
- Alô?
- Oi, vai fazer alguma coisa hoje a noite?
- Não, tem alguma alguma idéia?
- Tenho sim - ele falou rindo - Te pego ai às oito.
Me animei com o convite e corri pra me arrumar.


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Comentários


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meninomal2016 Comentou em 10/04/2016

Top como toda a História até o momento...

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Comentou em 31/12/2015

Estou a adorar este conto e. Acho que escreves muito bem, com cuerência. Ainda não li o "tio Eduardo", mas vou ler.

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littleking Comentou em 31/12/2015

Não gosto de vinganças, mas achei um jeito legal de você vingar o Otávio, pode parecer bizarro, mas podia contar como foi o estupro do cara!! Beijão




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Ficha do conto

Foto Perfil safadinho6969
safadinho6969

Nome do conto:
Desventuras na Estrada - Cap 9

Codigo do conto:
76346

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
29/12/2015

Quant.de Votos:
9

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