Dusk - 01: O Príncipe e o Rei dos Eternos

Em uma janela de um casarão antigo, está Shim Jae-Yun, ou como ele era chamado, agora simplesmente Jake, o Príncipe dos Eternos.
No horizonte, uma barra com tons entre lilás, azul e laranja começa a se intensificar. O sol está prestes a surgir.
— Venha Jake, está na hora. Fique comigo hoje.
Um belo jovem se aproxima por trás, pele branca, lábios vermelhos, e cabelos negros sobre a testa. Corpo magro e de estatura alta, aproximadamente 1 e 85.
— Eu só queria uma única vez ver o sol nascer - Jake fala enquanto caminha na direção do jovem que o abraça.
— Vamos. Eu ficaria eternamente triste se isso acontecesse.
— Sunoo, você não sente saudades daquela época?
— As vezes eu tenho alguns flashes, e só vejo pessoas mortas, corpos espalhados pelas ruas. Como vou sentir saudade dessa época. Sou muito grato a ti. Você me deu a vida eterna.
Jake olha para Sunoo, e passa sua mão por sua face, e ajeita o cabelo, mostrando todo o seu pálido rosto.
— É assim que vocês pretendem morrer?!
Jake e Sunoo olham em direção a janela, e outro jovem, um pouco mais baixo que Sunoo está fechando as longas e pesadas cortinas.
— O que seria da gente se não fosse você Ni-Ki - Jake estende outro braço e o jovem de cabelos loiros se aproxima e os abraça.
— Amado príncipe, vamos nos deitar, estou com sono.
— Meu querido Ni-Ki, sempre afetuoso e preocupado comigo.
— Podemos pelo menos fazer amor antes de dormir? - Sunoo olha para ambos, enquanto sua mão acaricia o membro do outro sob a calça social preta.
— Hoje não meu querido noivo. Já faz trinta anos que estamos na Russia.
— Então eu pensei certo. Meu amado príncipe pretende retornar a Coreia do Sul - Ni-Ki fala enquanto olha para Sunoo que parece triste com o comunicado.
— Sim, meus fiéis noivos. Já preparei as passagens, hoje a noite partiremos, então…
— Como assim?! E esse surto de covid-19? A Ásia Oriental tem os maiores focos da doença.
Jake e Ni-Ki olham para o jovem Sunoo, aflito, e fazem uma cara de desdém.
— Ok. Não falo sobre nós, estou dizendo que vamos nos mudar para um lugar que está tudo fechado. E hoje a noite, eu não arrumei nada, não falei com ninguém…
— Sunoo. Já esqueceu, o amado príncipe nunca viaja sem antes deixar tudo resolvido - NiKi faz a observação e caminha para seu quarto - E além do mais, sobre essa doença, a vida por lá já normalizou, tudo está funcionando, até parece que você não vê as notícias. Vou preparar minhas malas, e recomendo você fazer o mesmo Sunoo.
— Eu só saio daqui depois de Jake me dar um beijo de bom dia.
— Sunoo, não se aborreça, você sabe que eu preciso ir à Coreia - Jake se aproxima e beija a boca do jovem, que responde dando um abraço apertado.
— Vamos Sunoo, ainda seremos o noivo dele.
Sunoo se afasta do seu mestre.
— Não sei, tenho medo de que ele encontre outro noivo na Coreia e nos deixe segurando vela.
— Anda Sunoo, não seja infantil como das outras dezenas de vezes. - Ni-Ki sorri para o companheiro e depois olha reflexivo para o Jake.
Jake sorri ao ouvir as lamúrias do seu noivo mais antigo, depois acena a cabeça para o loiro.
Ele caminha em direção ao seu dormitório, e fecha as portas de chumbo.
Ele caminha até a cama, há apenas um abajur ao lado que ainda está ligado. Ele se senta e olha para um vazio na parede cinza escuro, quase grafite.
O ano era 1360 d.C. Shim Jae-Yun, já estava ao lado de Jay há quase 400 anos, e ele ainda não suportava o fato de seu mestre matar um humano sempre que sentisse fome. Passava noites tentando evitar seu mestre quando ele estava se alimentando.
Jay, que se auto denominava o Rei dos Eternos da Coreia, era um dos mais antigos vampiros naquela parte da Ásia, e durante todo esse tempo que Jae-Yun esteve ao seu lado nunca encontrou outro tão antigo ou mais forte. Assim, Jae-Yun não questionava seu título.
Passaram por grandes conflitos, outros eternos desafiando Jay a duelos que no final eles apenas reconheciam a força do mesmo, e com o tempo se espalhou por todas as províncias quem era o eterno mais forte.
Jay não demonstrava medo ou preocupação em se esconder dos outros eternos. Nem precisava, ele até gostava de chegar e ser bajulado pelos outros, que ofereciam rapazes virgens para seu banquete.
Ele não era humano. Mesmo sua aparência sendo de um belo rapaz de 20 anos, Tudo não passava de aparências. Sua face quando sorria abria uma enorme boca com dezenas de dentes afiados. Seus olhos ficavam completamente vermelhos, suas unhas cresciam mais afiadas do que garras de águia. E com tudo isso, ainda era belo. O monstro que existia nele era sua capacidade sobrenatural de matar sem nenhum remorso. De causar calafrios só em olhar nos seus olhos. Sua força era desconhecida, até mesmo para o jovem Jae-Yun.
Jae-yun o servia sem dizer nenhuma palavra que poderia contrariá-lo durante todos esses anos que esteve ao seu lado.
Jay quando estava de bom humor procurava o jovem, e se deitava com ele. E o sexo era completamente passivo. Jay fazia o jovem praticar sexo oral e depois o virava e o fodia por horas sem parar.
— Você sempre será o meu preferido Jaeyun.
Ele sempre dizia essa mesma frase, sempre que terminava, dava um beijo nos lábios e mandava o mesmo ir para seus aposentos.
Diferente de outros eternos que se destacavam entre as classes, Jay tinha apenas um noivo como serviçal. Era normal os mais importantes terem de cinco a vinte garotos, mulheres ou ambos. Mas o Rei tinha apenas Jae-Yun.
Foi no final do verão daquele ano que Jae-Yun numa noite chegou no quarto do seu mestre e observou Jay fodendo um garoto branco, alto e de cabelos negros, assim como a maioria dos outros coreanos que ele sempre transava antes de matar.
Sua pele branca e pálida, mostrava os músculos e artérias roxas azuladas, se movendo sob a pele quase transparente, com o agito do seu corpo sobre o outro que gemia alto. Jay tinha um corpo magro e forte. Sua bunda se contraia a cada estocada dada. O jovem gemia alto.
Jay gemeu forte mostrando que tinha chegado ao orgasmo. Depois ele o vira de bruços, e mostra seu verdadeiro rosto monstruoso, o jovem grita em pânico, tenta se soltar dos braços fortes do outro. Mas sua garganta é rasgada profundamente apenas com uma única mordida.
Jae-Yun assiste aquela cena, ele sente sua boca seca, se ainda tivesse um coração quente, talvez estivesse palpitando com mais força. Ele se vira saindo da porta, e apoiado na parede externa, fica em silêncio esperando a ordem.
— Jaeyun! Haja rápido, a aurora se aproxima. - Jay grita, ele sabe que o jovem noivo está pelo lado de fora.
Jay se dirige até sua urna de carvalho, e se tranca.
O jovem caminha até o outro garoto e se prepara para empacotar quando ele congela ao ver o rosto do mesmo.
Ele sentiu uma pontada em seu peito. Observou direito, por um momento ele lembrou de um rosto familiar.
— Será um descente de Park Nam Hyung? - ele fala tão baixo que apenas ele escuta suas palavras tremerem em seu peito — Será que Namhyung reencarnou? Será que ele se casou e teve filhos?
Pela primeira vez Jae-Yun teve um momento de deslumbre da realidade que ele vivia. Ele era um eterno, era assim que a comunidade dos vampiros se auto denominava. O que Jae-Yun sabia realmente sobre eles era sua imortalidade, e que deveria evitar a luz do sol direta e indiretamente, e não ser decapitado, caso contrário deixaria de existir. Outra regra, que era o dogma máximos deles, os humanos não devem saber da existência deles, caso contrario quem cometer esse erro seria exterminado.
Ele iria passar por gerações. Iria presenciar tudo a sua volta mudar. Então ele olhando aquele corpo pálido, ele chorou, mesmo sem nenhuma lágrima escorrendo por sua face, ele chorava.
— Um dia Namhyung irá retornar, e eu vou esperar esse dia, e então iremos nos amar novamente.
Ele levou o jovem já frio para um lugar diferente daquele que era de costume ele desovar, e o enterrou. Olhou para o horizonte e o sol já estava para lançar seus raios mortais sobre a Terra. Ele precisava retornar o mais rápido possível.
Mas ele não retornou ao seu mestre.
Jake, deixa a parede vazia, olha para o abajur, pega seu celular e olha o a previsão do tempo para a próxima noite na Coreia.
— Será que eu vou te encontrar desta vez meu amor?
Mais um suspiro. Desliga o celular, apaga a luz, e fica no completo escuro.
…