- Não podemos espalhar boatos sobre lobos assassinos às vésperas do festival da Lua de Gelo - Esbraveja Taurin-.
-Por que não dizem a verdade? - indago sem compreender o caso e Isaac logo retruca, alertando quanto ao risco de levantar especulações sobre sua conduta.
- Você sabe o que a prática de degolação significa por aqui?- Ele explica- É o tipo de punição que qualquer citadino pode executar em nome da honra. Desfecho rápido, àquele que lhe trouxe sofrimento não retratável. Onde, ciente de sua culpa, não se deve demonstrar resistência.
- Isso não faz o menor sentido. Gustav era um dos homens mais honrados desta vila. - contesta Taurin-.
- Pensavamos o mesmo de Harold, até ele resolver confrontar a família Mezler.
- Você vai entrar nesse assunto novamente? Era o festival!
Fico por um instante sem entender o rumo que a conversa toma. No entanto a explicação parece ainda mais perturbadora. Todos os anos, na última lua do inverno, os homens da vila participam de uma competição, onde o prêmio é o direito de entrar em qualquer casa e se deitar com uma das moças que lhe aceitar, não podendo qualquer homem interferir na escolha. No ano anterior, o Lord Harold, primeiro na linha de sucessão, foi o vencedor e chegou à mansão Mezler. Pensávamos que cortejaria a jovem Ewa, que há pouco alcançara a idade, o convite foi feito a própria Lady Mezler, que não se opôs em serví-lo.
- Eu estava lá - Isaac segue indignado - Harold não teve a decência de se recolher ao quarto, possuindo-a em pleno salão principal, à beira das escadas. Desabotoou os trajes de Lady Mezler e espôs aqueles fartos seios, que pareciam ainda devidamente firmes. Deliciava-se neles, como se estivesse esperando a vida toda por aquilo. Harold fez isso na frente de todos da casa, inclusive de Gustav, a quem eu tive que segurar para não matar o pervertido ali mesmo. Enquanto isso, os gemidos ecoavam entre as montanhas e a vila, sendo ouvidos por horas.
O relato segue, tão rico em detalhes, que em minha mente se transformam em vivas imagens. Acompanho as mãos de Harold enquanto erguem aquelas saias e desbravam as regiões ali escondidas. Sinto como se fossem minhas as mãos que percorrem aquelas coxas para então romper as peças íntimas. Sinto que são meus os dedos que alcançam sua fenda úmida e fazem a tão respeitada Lady se contorcer aos estímulos, como há muito não mais o fazia. Sinto suas ávidas mãos me desabotoando a calça, ansiando pelo membro que lhe aguarda em estado de prontidão. Finalmente, sou eu quem a penetro feroz e ardentemente, sem me importar com os olhos que nos observam, me aproximando cada vez mais do gozo, tanto na imaginação, quanto na realidade. Realidade essa que quase não encontra mais espaço sob minhas vestes quando Drigory adentra a sala e interrompe a conversa.
- Esta reunião é um completo absurdo. Não respeitam a dor da família? - questiona exaltado.
- Nossa intenção é justamente poupar a família de um escândalo maior - explica Taurin -, quando os detalhes da morte chegarem ao povo. É o legado de Gustav e de sua família que está em jogo.
Todos ficam em silêncio quando Lady Mezler aparece, contradizendo qualquer fragilidade ou reclusão que o luto poderia lhe impor.
- Não há motivo para alarde - Diz Lady Mezler ao invadir a sala-.
Forte e altiva, passa por mim enquanto tento disfarcar o desconfortável volume em minhas partes. Porém, pelo olhar que lança a mim, a tentativa parece ter sido em vão. Ela prossegue:
- A única informação que chegará ao povo é a que eu digo a esse conselho. Meu amado Gustav se acidentou nas montanhas, tragicamente caindo de um desfiladeiro.
Taurin, com relutância, adverte que a família Mezler não possui mais a vaga no conselho, justamente devido à morte de seu filho. No entanto, Drigory assume sua reivindicação e a coloca em votação, a qual é aceita por unanimidade. Drigory, em seguida, se dirige à saída, acompanhando Lady Mezler, se voltando a mim antes disso:
- Espero que saiba respeitar a decisão deste conselho.
Em respeito à Ewa, me seguro para não fazê-lo engolir sua arrogância. Em seguida, pergunto à Taurin quem mais sabe sobre os detalhes do fato. Ele me responde que, além de nós, apenas o pároco local