Jorge

       Era fim de ano, eu tinha acabado de entrar de férias na faculdade e estava com vários boletos para pagar.
        Tinha dezenove anos e estava desempregado há mais de quatro meses devido que o horário do trabalho não estava batendo com as minhas aulas, então preferi sair do emprego, o problema é que minhas economias foram acabando e minhas dividas aumentando. Eu fiquei com vergonha de pedir dinheiro aos meus pais e perguntei a um amigo se poderia me arranjar um emprego temporário na loja de departamentos que ele trabalhava.
        - Viado! – disse ele ao telefone daquela maneira nada discreta. – Pode vir viado! Nessa “budega” a moral aqui é minha! Já falei com o encarregado e você começa amanhã. Vai ficar abastecendo prateleiras comigo.
        E assim consegui um emprego em uma das maiores lojas de departamentos de Alagoas. José – meu amigo nada discreto – trabalhava nessa loja há mais de dois anos e me ensinou tudo o que eu precisava saber. Ficamos na parte de alimentos, abastecíamos prateleiras, ajudávamos os clientes, precificávamos, controlávamos a validade dos produtos e quando acabava o estoque da loja íamos ao deposito pegar mais para manter a loja abastecida.
        José era um amigo que eu conheci através de um ex-namorado – Gustavo -, assim que fomos apresentados nos tornamos amigos na hora. José era muito engraçado, sempre tinha uma tirada hilária que deixava minha barriga doendo de tanto rir. Era alto, negro e como ele gostava de dizer: “parrudo.” Porém era mais afeminado que o Shun de “Os Cavaleiros do Zodíaco.” Mesmo depois de meu término com o Gustavo, José e eu continuávamos amigos.
        - Lipinho – José sempre me chamava assim -, e os boys? Pegando muito?
        - Que nada! – respondi enquanto arrumávamos algumas caixas de chocolate no deposito para levarmos a loja e fazer uma torre. – A faculdade me consumiu muito tempo, eu tô numa seca pior que a do deserto do Saara. Depois do Gustavo eu não peguei mais ninguém.
        - Menino, mas faz quase meio ano! – disse ele indignado.
        - Eu sei! O negócio tá ruim!
        - Viado se tá ruim pra tu que é bonito imagina pra mim! Se tu na seca eu to na merda!
        Eu comecei a rir e José sorriu também, sempre fomos assim, rindo da desgraça um do outro. Lembro que passei uma semana rindo quando ele me contara que bateu o carro do irmão por que tinha perdido o foco do universo quando viu um “boy” correndo de sunga na orla de Maceió.
        - Essa foi a primeira vez que você disse que eu sou bonito, nunca deu em cima de mim, nem quando o Gustavo e eu tínhamos terminado. – Falei quando parei de rir e coloquei outra caixa de chocolate no carrinho.
        - Nem dei e nem vou dar, meu bem. – Disse ele como se aquilo fosse óbvio.
        - Nossa! Achei que eu fosse bonito. – Protestei com voz de dengo.
        - E é meu amor, você é lindo! Mas também é branquinho, loirinho, olhinho claro, todo bem feitinho, atlético, bundinha empinada e também é passiva. – Disse ele como se fosse o único gay autorizado a gostar de ficar de quatro. - Tu acha que ia rolar alguma coisa? Baixinho desse jeito?
        - E quem foi que disse a senhora que eu sou passivo? – preguntei fingindo indignação. – Eu sou versátil, meu bem.
        - Com essa cara de bibelô? – ele gargalhou. – Duvido!
        - E eu também não sou baixinho coisa nenhuma, tenho um metro e setenta.
        - Viado eu tenho quase dois metros, perto de mim tu é um anão.
        Eu não aguentei e comecei a rir, foi nessa hora que senti um cheiro de perfume familiar, era o mesmo perfume que eu usava há um ano, Styletto, da O Boticário.
        - Bom dia! – disse uma voz trovejante atrás de mim.
        - Bom dia, Jorge! – disse sorridente o José e eu me virei. – Jorge, esse aqui é um amigo meu que começou a trabalhar hoje. Felipe esse aqui é o Jorge ele trabalha no deposito e o que você precisar é só pedir a ele. Jorge esse aqui é o Felipe.
        - Prazer! – disse Jorge com um sorriso lindo estendendo a mão.
        Ele era quase da mesma altura que o José, porém mais magro. Jorge era branco e tinha um leve bronzeado, um corpo atlético e usava uma camisa que era a farda do grupo do depósito, uma espécie de jaqueta de tecido grosso que ele deixava aberto os primeiros três botões. Seu peito era peludo, mas de um jeito muito sensual. Ele tinha uma barba bem cuidada com mesmo tom de castanho escuro dos seus cabelos curtos em corte social. Seus olhos cor de mel eram hipnotizantes de tal forma que demorei a perceber que não tinha apertado a mãe dele.
        - Prazer! – peguei a mão dele antes que ele desistisse. Seu toque era macio e firme ao mesmo tempo. Para a minha surpresa, Jorge não se limitou ao aperto de mão e veio na minha direção colocando sua face junto a minha como quem imitava um beijo no mais prosaico cumprimento brasileiro. Um de cada lado. – Prazer! – eu disse novamente quando sua barba rosou a minha bochecha lisa.
        - Eu ouvi da primeira vez. – Ele sorriu. – Até mais tarde.
        - Tchau, Jorge! – disse José.
        Jorge foi para o outro lado do depósito começar seu turno e quando estava a uma certa distancia olhou para trás, para mim, aquilo me fez ferver. Meu pênis se agitava na cueca toda vez que eu lembrava a sensação da barba dele na minha bochecha. Que homem!
        - Relatório! – disse para José quando o senhor-barba-perfeita saiu do meu campo de visão.
        - Vinte e quatro anos, oitenta quilos, não estuda, só trabalha, sem filhos, nem namorada ou namorado, é bissexual, e pelo que dizem meia loja já rodou na mão dele. É do tipo que pega, mas não se apega. Segundo as más línguas tem vinte centímetros de carne lá embaixo e goza feito uma cachoeira. É de aquário, passou dois anos no exército e mora sozinho.
        - Meu Deus! Eu tô com medo de você! Como sabe de tudo isso?
        - E isso não é tudo – disse ele com a voz de sínico -, parece que ele gostou de você.
        - Oi? – disse incrédulo.
        - Sério viado? – ele fez cara de deboche. – Vai fazer a virgem da balada agora? Até parece que esse cu nunca viu rola!
        - Mas a senhora é depravada mesmo!
        E nós rimos mais uma vez.

        O dia foi passando como todo e qualquer outro, arrumávamos prateleiras, ajudávamos clientes idiotas que sempre reclamavam que na concorrência estava mais barato e por aí em diante. A loja estava como costumava estar naquele horário, meio vazia sempre as três da tarde. José veio até mim com um carrinho de produtos avariados e disse que eu deveria leva-los para o estoque e guarda-los em um local especial, pois tinham vencido e os fornecedores iriam fazer a troca na semana seguinte. Quando protestei informando que estava precificando alguns produtos ele disse que não poderia sair da loja no momento pois o “crush” dele estava na área.
        - Viado, pelo amor de Deus! O amor da minha vida tá bem ali! Eu não posso ir agora! – disse suplicando.
        - E quem é o amor da tua vida? – falei procurando com os olhos os homens que vagueavam pela loja.
        - É aquele.
        José apontou para um homem que mais parecia um lenhador de filmes americanos, barbudo, grande, alto, forte e com cara de mau.
        - Uau! – falei quase sem voz. – O cara é um armário!
        - Exato! – ele sorrir de orelha a orelha. – Meu número. É assim que eu gosto. Agora entende por que não iria rolar nada com você ou o Jorge?
        - E o que é que o Jorge tem a haver com isso? E ele também é alto. – Falei meio que defendendo.
        - Amor, aquele cara é um armário. – apontou com os olhos para o amor de sua vida. – O Jorge no máximo é uma sapateira!
        - E eu sou o que?
        - Um criado-mudo. – Falou me empurrando para o carrinho. – Agora desapareça que ele está vindo na minha direção.
        - Vai ter volta! Criado-mudo é o cacete!
        Ele não me ouvira, estava todo sorriso quando me afastei e o amor da sua vida foi falar com ele.
        Entrei no deposito e fui até a sessão de avarias empurrando o carrinho com os produtos vencidos. Algumas unidades de leite condensado e três pacotes de tempero. Quando cheguei no local vi que era uma enorme estante com muitas prateleiras, a que estava na altura dos meus ombros era justamente as que eu deveria colocar os temperos, mas a que deveriam receber o leite condessado ficava muito alta.
        - Esperam que eu aprenda a voar? – falei comigo mesmo quando olhei em volta e não vi nenhuma escada no local.
        - Se procura a escada vou logo avisando que está quebrada. – Disse uma voz grave que vinha da entrada das câmaras para produtos congelados.
        Era Jorge, ele estava vestido com um tipo de roupa térmica preta apropriada para baixas temperaturas e usava também uma toca que não sei o motivo, mas o deixou ainda mais sexy.
        - Quer ajuda novato? – perguntou retirando as luvas e vindo até mim com aquele sorriso capaz de derreter um iceberg.
        - Sim, por favor. – respondi e na hora percebi que meu rosto esquentara. Eu tinha certeza que estava ficando vermelho feito um tomate.
        Jorge pegou as unidades de leite condensado do carrinho e as colocou sem nenhuma dificuldade nas prateleiras altas que eu nem se pulasse conseguiria alcançar.
        - E então? – disse ele me olhando com seus olhos cor de mel.
        - Obrigado?
        - Sim. – Ele sorriu. – Mas não é disso que eu tô falando. O José disse que você meio que queria falar comigo. Então?
        “Ele não tinha feito aquilo. Ou será que tinha? Com toda a certeza aquele viado de quase dois metros estava tentando da uma de cupido para eu tirar o meu atraso! Mas quando? É claro, na hora em que disse que iria ao banheiro.” Pensei.
        - Ele disse? – falei olhando para o teto. Eu estava morrendo de vergonha.
        - Ele falou da minha fama não foi? – e novamente aquele sorriso.
        - Por alto.
        - Conhecendo o José eu sei que ele te passou até o meu tipo sanguíneo.
        - Quase isso. Mas ele sabia até o seu signo.
        Nós dois rimos. Ele realmente era simpático e a conversa com ele fluía com muita facilidade.
        - José é tipo o Lord Varys! – Disse o senhor-barba-perfeita.
        Jorge havia feito uma referencia a minha séria preferida em toda a existência do universo (Game of Thrones). Finalmente um homem pra casar! Pena que ele pega, mas não se apega.
        - Imagino os tipos de passarinhos que lhe sussurram ao ouvido. – Completei rindo e ele sorriu maravilhosamente.
        - Você é bem divertido! – ele chegou mais perto e com o indicador da mão esquerda tirou um cílio que estava na minha bochecha. O gesto até então era inocente, mas aquilo fez algo endurecer dentro da minha cueca.
        - Um cílio. – Ele sorriu.
        - Obrigado – sorri de volta.
        - Felipe – disse ele com os olhos fixos nos meus -, eu vou direto ao assunto. Eu estou afim de você e pelo que percebi o sentimento é reciproco. O José me disse que você não está procurando um namorado no momento e eu também não. Mas isso não quer dizer que a gente não possa se divertir um pouco.
        - Jorge, olha é meio complicado. É quem tem o pessoal da loja e...
        - E o que tem o pessoal da loja? Você só vai ficar aqui até janeiro. Talvez nunca mais precise olhar na cara de nenhum deles. – Disse me interrompendo. – E na boa. Se tem algo que eu pude aprender na vida é que não importa o que você seja, anjo ou demônio, as pessoas vão sempre falar de você. Então por que não se divertir um pouco?
        Ele tinha toda a razão!
        Eu tinha dado tudo de mim nos últimos meses, não tinha saído pra nenhuma festa, até para as festas dos meus melhores amigos eu deixei de ir para focar nos estudos. Eu tinha me dedicado de corpo e alma e merecia uma certa diversão. E se fosse apenas por uma noite então que assim seja! Jorge estava certo! Eu sairia daquela loja antes de conhecer metade das pessoas que ali trabalhavam. Do que eu tinha tanto medo? Afinal de contas eu tinha transado com o Gustavo no mesmo dia que nos conhecemos.
        - Tem razão! – falei com a voz firme e ele meio que se assustou.
        - Tenho? – perguntou surpreso.
        - Sim! Eu mereço um descanso. – Falei sorrindo. – Como você mesmo disse, eu estou a fim e você também. Então... que mal tem?
        - Nenhum! – ele disse sorrindo. – Que horas você larga?
        - As sete.
        - Ótimo! Eu largo as sete e quinze. Consegue me esperar?
        - Eu vou tentar! – disse sorrindo sem nem acreditar nas palavras que saiam da minha boca.
        - Perfeito! Vamos jantar na minha casa. – Ele sorria. – Vou fazer o meu prato especial. Macarrão com salsicha!
        Nós dois sorrimos e alguém gritou o nome do Jorge lá de dentro da câmara congelada. Ele revirou os olhos e respondeu gritando que já estava indo.
        - Então até mais tarde – ele veio inda mais perto e me deu um beijo na bochecha. Aquela barba novamente rosou a minha pele. – Me espera!
         - Pode deixar!
        E ele desapareceu na névoa gélida da câmara congelada.
        Meu coração batia feito um tambor e minhas pernas pareciam que estavam pisando em solo arenoso. Até meu pênis lá embaixo estava dando sinal de vida. Eu sabia o que tinha feito, mas não estava acreditando que realmente tinha feito.
        - Viado que demora da peste é essa? – ladrou José que sabe-se lá Deus de que buraco tinha saído.
        - Eu vou jantar na casa do Jorge. – Disse da forma mais normal que pude sem transparecer meu nervosismo. Ou seja, ele sacou na hora.
        - Mas a senhora é destruidora em viado! – fala o desbocado sorrindo. – É isso mesmo! Vá lá, pegue o boy, depois me conte tudo!
        - E a senhora vai fingir que não sabe de nada? – encarei.
        - Só falo na presença do meu advogado.

        As horas foram passando e José percebeu que eu estava ficando nervoso. Volta e meia ele tentava me acalmar dizendo que Jorge não era nenhum tipo de tarado e que a maioria dos boatos que falavam dele pela loja eram apenas isso mesmo, boatos. Acabamos o nosso turno e José me desejou uma “boa trepada” na sua nada discreta maneira de ser. Ele foi direto para a academia e eu fui para o vestiário tirar a camisa da farda da loja. Basicamente, nós repositores, usávamos uma camisa vermelha com uma calça jeans básica. Mas o trabalho as vezes suava e ir pra casa com a camisa suada era algo que eu não gostava. Quando entrei no vestiário não tinha ninguém, estava tudo um deserto. Jorge chegaria as sete e quinze. Usei o tempo que ainda tinha para tomar um banho rápido antes dele chegar, afinal se iriamos mesmo ter uma “boa trepada” eu não queria está fedendo. Quando sai do banho, que por sinal era numa cabine muito bem fechada e com espaço para trocar de roupa lá dentro mesmo o que dava uma ótima sensação de privacidade, olhei o celular e já era sete e meia.
        “Será que ele se esqueceu de mim.” Pensei; “ou será que era tudo uma piada”.
        Mas eu estava errado, Jorge entrou no vestiário tirando a jaqueta da farda do deposito e quando me viu abriu aquele lindo sorriso.
        - Nossa! Eu achei que você já tivesse ido pra casa! O vampiro do meu encarregado resolveu mudar dois lotes de caixas de peixes logo agora. – Desculpou-se sorrindo.
        - Tudo bem, se você estiver cansado eu entendo. – Falei encantado com aquele sorriso.
        - Não! Eu tô ótimo! – ele retirou por completo a jaqueta da farda e seu peitoral musculoso e sensualmente peludo se tornou a oitava maravilha do mundo. – Eu vou só tomar um banho rápido! É rapidinho. – Ele já estava desfazendo o laço da calça quando saiu correndo para as cabines dos chuveiros com uma mochila que pegara em um armário aberto.
        Dez minutos depois ele voltou e estava vestindo uma camisa polo vermelha e uma bermuda jeans escura que deixou a mostra suas panturrilhas salientes e peludas. Eu estava tentando secar o resto do meu cabelo com as mãos quando ele chegou e fiquei tão embasbacado que não notei que meu cabelo estava caindo nos olhos. Jorge se aproximou e gentilmente colocara a parte solta atrás da minha orelha esquerda. Novamente foi algo muito simples e até inocente, mas algo na minha cueca gostou bastante e eu tive uma vontade loca de beija-lo. Nossos olhos se encararam e ele tomou a iniciativa trazendo sua boca junto a minha. Foi um beijo quente e desigual. Talvez pelo tempo que eu tinha passado sem ter beijado alguém, mas eu sentia que aquele beijo era diferente. Era O BEIJO. Cada segundo que minha boca tocava a dele era mais longo que um ano terrestre em júpiter. Era simplesmente surreal.
        “Era disso que eu estava com medo?” Pensei. “Idiota.”
        - Nossa! – disse Jorge ofegante depois do beijo.
        - É. Nossa! – respondi com o pouco de voz que ainda me restava. – Vamos?
        - Claro! – ele sorriu.
        Pegamos nossas coisas e saímos pelo depósito, Jorge já tinha batido o ponto de saída e eu tinha assinado uma espécie de lista de frequência. Segundo o jornal seria a noite mais fria de novembro, mas era Maceió, então estava tudo numa boa. Era quase oito da noite quando saímos do estacionamento de loja, achei que fossemos pegar um ônibus até a casa do Jorge, mas ele virou à esquerda numa rua que dava acesso a outra e fomos a pé mesmo.
        - Eu moro logo ali. – Apontou para uma pequena rua a direta.
        Cerca de dez minutos depois estávamos na porta da casa dele. Jorge retirou as chaves do bolso e abriu a porta fazendo sinal para eu entrar primeiro, assim que eu entrei ele veio em seguida e fechou a porta. Não era uma casa muito luxuosa ou grande, mas era organizada, muito organizada. Tudo muito bem arrumado e limpo, a sala tinha apenas um sofá e uma poltrona, na pequena estante uma tv e um DVD. Mais a frente ficava a cozinha ou como o Jorge dizia a pocket cozinha, uma vez que era minúscula e só caberiam duas pessoas se ambas não se importassem em ficar se esfregando o tempo todo.
        Deixamos nossas coisas na poltrona, tiramos os sapatos e Jorge me levou para um passeio pela casa, além da cozinha ele me mostrou o quarto, nada de mais, um quarto como todos os outros, mas o segundo quarto ele havia transformado em uma biblioteca. Muitos livros, mangás e HQs. Era o paraíso para qualquer leitor. Jorge tinha desde O Senhor dos Anéis e Harry Potter até Mobidic e Rei Artur. Depois da sala era o maior cômodo da casa, várias estantes e prateleiras de livros e um tapete preto gigante.
        - Isso é incrível! – falei num sussurro.
        - Topa um jogo? – ele me olhou com olhos de predador.
        - Qual?
        - “Quando uma pessoa tem alguém a quem ama e quer proteger, então essa pessoa se torna verdadeiramente forte.”- Ele levantou uma sobrancelha e me encarou. – Então?
        - É uma citação de Naruto, quando o Haku encontra com ele na floresta do país das ondas e o Naruto diz que está treinando para ficar mais forte. – Falei sem entender aonde ele queria chegar, mas rapidamente entendi. Jorge retirou o cindo da bermuda e o jogou no tapete. – Então esse é o jogo?
        - Sua vez.
        Olhei em volta. Tentando lembrar de alguma citação.
        - “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
        - Fácil! – ele sorrir. – O Pequeno príncipe!
        - Certo.
        - Não se esqueceu de nada? – e novamente levanta a sobrancelha.
        Sorri e igualmente ao senhor-barba-perfeita eu retirei o cinto da cintura e o joguei no tapete preto.
        - Sua vez. – Levantei a sobrancelha e ele achou graça.
        Jorge pensou um pouco antes de falar.
        - “A única má vontade que encontrará será a que trouxer com você.”
        - É uma fala do Gandalf, mas eu não me lembro de qual livro.
        - Então o garoto perde – ele disse sorrindo. – E entregará ao deus de muitas faces o que lhe é de direito.
        - Sério? – sorriu.
        - Muito sério.
        Retirei a minha camisa e a joguei no tapete junto de nossos cintos, aquela brincadeira estava ficando boa. Percebi que Jorge não tirava os olhos de mim, minha pele nua da cintura para cima.
        - Nossa! Eu quero muito acertar a sua citação! – ele sorrir para mim com aquele sorriso malicioso.
        Ficamos ali, parados em pé no meio de tantos livros enquanto eu pensava em como poderia vencer. Então me veio a mente uma ideia, suja e traiçoeira, mas uma ideia.
        - “O inverno está chegando.”
        - Guerra dos tronos! – disse ele todo orgulhoso.
        - Errado! A fúria dos reis. – Disse sorrindo.
        - O que? – ele faz cara de incrédulo. – Mas você está roubando! Essa fala está basicamente em todos os livros.
        - Mas eu me referi ao livro dois, o que significa que o garoto perdeu e deve entregar ao deus de muitas faces o que lhe é de direito.
        - O garoto não tem honra – ele sorri.
        - Hoje eu não preciso dela.
        Jorge retira a camisa polo e a joga no tapete.
        - Minha vez. – Sorrir maliciosamente de um jeito que me faz sentir uma pressão na cueca. – “De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?”
        - A divina comédia? – eu realmente não sabia, mas tinha quase certeza.
        Jorge se aproximou até nossos peitos nus ficarem a centímetros um do outro. Delicadamente ele passou o nó dos dedos na minha bochecha fazendo com que meu rosto queimasse e meu pênis lá embaixo latejasse de desejo. A boca dele veio cada vez mais perto de mim e quando achei que ganharia outro beijo ele levou seus lábios até meu ouvido.
        - Romeu e Julieta – sussurrou. – Fim de jogo.
        Seus lábios foram quentes em meu pescoço e suas mãos me agarraram pela cintura. Lacei meus braços me seu pescoço e gemi com sua boca vampira a mordiscar minha pele desprotegida. Rapidamente seus dedos estavam no botão da minha calça e quando percebi já estava de cueca. Tirei meus braços de seu pescoço e retirei sua bermuda também. Ele usava uma cueca da mesma marca que a minha e rimos disso por alguns segundos. Quando o fogo voltou a arder caímos no tapete da biblioteca e, nossas mãos varreram o corpo um do outro. Nossas bocas unidas serviam de salão para a dança de nossas línguas famintas, se alguém nos visse naquele momento poderia até ser perdoado se nos confundisse com dois animais selvagens. Um tigre e um leopardo. Beijos, mordidas, arranhões, apertos, suor, o gosto do sal na pele quente. O calor daquele homem sobre meu corpo. Suas mãos na minha nuca. Sues músculos se contraindo junto aos meus. Sua ereção rosando na minha. Gemíamos.
        Jorge foi aos poucos beijando do meu pescoço até meus mamilos, depois desceu até meu umbigo e por fim deu uma longa cheirada no volume sobre minha cueca. Minha ereção pulou. Jorge retirou minha cueca e novamente voltou a cheira-la longamente. Meu pau liberto latejou de prazer. Jorge ficou de joelhos com uma perna de cada lado das minhas coxas. Olhou para mim e lambeu os lábios com aquela cara de safado.
        O senhor-barba-perfeita baixou a cabeça na direção do meu pênis latejante e sua boca quente o engoliu por completo. Eu gemi. Jorge fez sua língua bailar por todo o meu pau que pulsava dentro da sua boca. Com uma mão ele acariciava minhas pernas e com a outra massageava minhas bolas e a boca engolia meu sexo.
        Gemi novamente e a cada gemido ele me chupava mais rápido e com força. Suas mãos me apertavam mais forte e a dor era boa e gratificante. Meu corpo queimava e suava. Minha respiração ofegava. Eu gritei e gozei.
        Jorge veio me lambendo dos pelos pubianos até a minha boca onde me deixou um beijo melado de saliva e esperma.
        - Vire-se – ele falou.
        Virei-me e novamente senti seus lábios se arrastarem do meu pescoço, pelas minhas costas, até a minha bunda. Senti uma mordida e gemi de prazer. Senti dedos arteiros tentando entrar dentro de mim, massageando meu ânus. Depois senti aquela barba lá embaixo. Depois a língua. A face dele estava entre minhas nádegas e eu sentia aquela barba rosar minha pele nua. Era grandioso. Meu corpo ardia.
        Senti que Jorge parou de lamber-me lá embaixo e respirei fundo, então o senhor-barba-perfeita que retirara sua cueca a colocou no meu rosto.
        - Sinta meu cheiro – ele disse em meu ouvido.
        O calor, aquele tapete quente embaixo de mim, aquele homem em cima de mim, aquela cueca com cheiro de macho em meu nariz. Fazia tempo, e como fazia, mas estava valendo cada dia que eu ficara sem aquela sensação. Respirei fundo na cueca dele e senti sua língua em meu pescoço. Jorge colocara uma camisinha na minha boca e disse para eu abrir. Rasguei o papel laminado com os dentes enquanto ele segurava com a mão esquerda. Senti que seu pênis latejava e batia nas minhas costas. Suas bolas. Seu corpo estava todo suado. Carinhosamente ele abriu minhas pernas com as mãos e devagar eu senti seu pênis adentrar meu corpo. Era grande, sim. Era grosso. E era tudo o que eu precisava. Aquele homem dentro de mim. Isso era o que estava precisando há muito tempo.
        Jorge se deitou sobre meu corpo e passou seu braço por meu pescoço. Eu gemi. Ele entrou e saiu, entrou e saiu. Eu gemi. Ele ia cada vez mais forte, cada vez mais rápido. Meu rosto no tapete, seu pênis no meu ânus. Sua boca na minha nuca. Aquele homem dentro de mim.
        Ele gozou.
        E pelo o que eu senti eu também tinha gozado, novamente.
        Jorge me deu um beijo afetuoso na nuca e saiu de dentro de mim deitando-se do meu lado. Olhamo-nos e em seus olhos eu vi fogo, fogo esse onde eu me queimaria sem reclamar pelo resto da eternidade. Seu peito peludo subia e descia com a respiração pesada. Ele estava lindo com aquela cara de cansado. Seu rosto vermelho, e é claro, aquele sorriso. Aquele lindo sorriso.
        - Você é lindo – disse ele fitando meus olhos.


                                                        Fim.


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Comentários


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chaozinho Comentou em 23/12/2017

Lendo, me deliciando e batendo uma bronha gostosa.

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rafaelaju18cm Comentou em 18/12/2017

Eu adorei esse conto! Quero mais!




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Ficha do conto

Foto Perfil inverno
inverno

Nome do conto:
Jorge

Codigo do conto:
110463

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
18/12/2017

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
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