JAPÃO, ano de 1874.
Afastada da grande capital e esquecida pelo próprio imperador, havia uma cidadezinha chamada Kiosh, ela ficava no sopé de uma montanha ao norte e cercada por uma grande floresta ao sul e ao leste, um rio de águas profundas banhava todo o oeste da região. As principais fontes de renda da cidade eram a caça, a pesca, o artesanato e devido à boa qualidade de tamahagane nos arredores a forjadura de espadas era um ótimo negócio – agora em decadência devido à proibição do porte de espadas pelo novo governo.
Uzuki Kyu era um jovem samurai de vinte e cinco anos, tinha longos cabelos negros, pele alva e olhos orientais de uma beleza notória. Sua mãe morrera no dia de seu nascimento e seu pai nas batalhas pela queda de Tokugawa, aprendera kendô ainda muito novo e segurar uma espada era tudo o que sabia fazer. Os samurais estavam na sua linhagem desde o início do império, mas agora tudo mudara. Portar espadas era proibido, os samurais estavam desaparecendo e tudo pelo qual lutara durante toda sua vida era agora visto como selvageria. Os espadachins não eram mais necessários.
Sabendo que nada de bom lhe aguardava na capital, Uzuki descido voltar para a pequena cidade onde nascera, Kiosh, onde morava seu único parente vivo – seu tio por parte de mãe; Kenoi Yakage, um antigo mestre na forja de espadas. O jovem estava num pequeno barco a vela e velejava rio a baixo a favor do vento, na velocidade que estava chegaria ao porto de Kiosh mais rápido do que previa. Uzuki estava cansado e com fome, suas roupas estavam sujas e suadas e o sol do meio dia não dava trégua alguma.
- Agora falta pouco – disse para se mesmo. – Estou voltando.
As águas do rio eram escuras, tamanha era sua profundidade, a correnteza forte auxiliava o jovem tão bem quanto o vento que soprava a vela da pequena embarcação. Agora já era possível ver o cais da cidade, nada de grandioso, apenas algumas construções e vários barcos de pescadores locais. Aos olhos do samurai nada havia mudado, tinha saído daquele lugar aos oito anos de idade para acompanhar o pai, e nos dezessete anos que se passara era como se o tempo não houvesse tocado nada por ali. Tudo estava como se lembrava. O pequeno barco de Uzuki atracou com facilidade nas docas e o jovem desceu da embarcação para amarra-lo. Todos os homens e mulheres que lá estavam o olhavam com curiosidade. No entanto, o samurai sabia que não era pelo fato de ser um forasteiro, mas sim pela espada pendurada em sua cintura. Todos o encaravam com desprezo. Uzuki sabia que não seria bem vindo já que era um espadachim, mas para onde mais iria? Será que seu tio o receberia tão mal quanto os outros da cidade? Mesmo sabendo que esse risco era eminente, ele tinha que tentar, a viagem da capital para Kiosh levara sete dias e Uzuki não tinha mais dinheiro algum depois da compra do barco. A única coisa de valor que possuía era a espada de seu pai, agora persa a sua cintura, e essa ele jamais venderia.
- Bárbaros – sussurravam as pessoas por onde o jovem passava. – A lei proíbe o uso das espadas nas ruas, mas os samurais não conseguem abandonar velhos hábitos.
Caminhando pela cidade, Uzuki chegou à porta da casa de seu tio, pensou um pouco e depois bateu. Alguns segundos depois, um senhor de cabelos brancos e rugas no rosto puxou a porta e a abriu.
- Olá meu tio – disse o rapaz num tom envergonhado.
- Meu sobrinho! – disse o velho senhor Yakage abraçando o jovem. – Pensei que nunca mais fosse vê-lo. Entre! – puxou o samurai porta adentro.
Uzuki fora bem recebido pelo senhor seu tio que havia lhe preparado um banho quente para que tirasse a sujeira da longa viagem. E após o banho, uma boa refeição o esperava. O jovem estava despido dos trajes imundos que chegara e repousava em uma banheira de madeira nos fundos da casa, um quintal grande e gramado cercado por muros altos. A água quente relaxava seus músculos e aliviava suas dores nas costas. Seus longos cabelos negros estavam soltos e molhados, compridos até os ombros eles boiavam na água. O cansaço do jovem era tanto que acabara dormindo dentro d’água.
- Renda-se – ouviu o samurai, e rapidamente tentou pegar sua espada, mas ela não estava mais onde deixara, e quando olhou seu agressor, não acreditou no que viu. Alguém segurava sua espada já desembainhada e apontada para seu peito. - Para um samurai até que foi fácil desarma-lo – disse um jovem rapaz de quimono com longos cabelos castanhos que aparentava ter quatro anos a menos que Uzuki.
- Quem é você criança? – perguntou o espadachim relaxando novamente. – Devolva-me a espada antes que se machuque. Isso não é brinquedo.
- Eu não sou criança. E se a quer de volta – sorriu. – Venha toma-la.
Uzuki se levantou da banheira inteiramente nu, seu corpo era totalmente atlético e firme, não havia pelos em seu peito, no entanto, seus pelos pubianos eram longos e lisos. Algumas cicatrizes enfeitavam sua pele clara, tinha duas superficiais na coxa esquerda, uma no ombro direito e duas nas costas. Seu rosto lindo não demonstrava raiva, pelo contrário, parecia que Uzuki estava se divertindo.
- Garoto. Vamos parar com esse jogo. Devolva a espada antes que se machuque. Eu já disse que isso não é um brinquedo – Uzuki o olhava friamente, mas o rapaz não demonstrava medo.
- Não sou um garoto, e sei que o que seguro não é um brinquedo, mas será que pode tira-la de mim? Assim como está? Nu em pelo – o jovem dava um olhar malicioso.
- A espada é a principal arma de um samurai, é a extensão do nosso corpo, no entanto, é o samurai quem segura à espada e ele pode viver sem ela. – Uzuki balançou a cabeça em um movimento rápido, agitando os cabelos molhados lançou água nos olhos do garoto a sua frente. Quando o jovem baixou a guarda para limpar a vista o samurai o desarmou, retomando sua espada, depois se colocou trás do rapaz e pousou a lamina da katana em seu pescoço. – Renda-se.
- Nunca...
- O que? – Uzuki sentira o frio do metal entre suas pernas, havia uma lamina em seus testículos. Sua pele nua lá embaixo arrepiou-se. – Você é bom.
- Você também, Uzuki Kyu.
- Você me conhece?
- É claro, você é o sobrinho do senhor Yakage. Só vim por que queria conhece-lo.
- Pois bem, já conheceu. Agora pode tirar o punhal das minhas partes?
- Pode tirar a espada do meu pescoço?
- Você primeiro. – sussurrou Uzuki no ouvido do rapaz.
- Como queira – derrubou o punhal no chão –, senhor.
- Bom garoto.
Uzuki soltou o rapaz e foi para perto da banheira, pegou a bainha da espada do chão e a embainhou, vestiu-se com um quimono que seu tio o emprestara e voltou a olhar o jovem.
- De onde conhece meu tio, menino?
- Já disse que não sou menino. Meu nome é Kiang. Tenho vinte e três anos. Sou aprendiz do senhor Yakage.
- Vinte e três anos? Não acredito.
- Na verdade é dezenove – admitiu envergonhado.
- E por que mentiu?
- Por que todos me tratam como se eu fosse uma criança! – gritou.
- Então pare de agir como se fosse uma.
- O que?
- Você roubou aminha espada e isso poderia ter lhe custado à vida, e agora está gritando sem motivo algum, exatamente como uma criança faria.
- Tem toda razão. Me desculpe.
- Tudo bem, agora volte a seus afazeres, estou com fome e pretendo comer e descansar.
- Sim senhor.
A noite caiu e era fria como gelo, escura e silenciosa era toda a cidade antes mesmo das oito da noite. No quarto, deitado nas esteiras estavam Uzuki e Kiang, era um aposento não muito grande e uma vela iluminava todo o cômodo.
- Uzuki. – chamou baixinho o jovem ao lado.
- O que foi?
- Você lutou nas batalhas?
- Não do modo que você pensa. Por que a pergunta?
- Por nada.
Ambos olhavam o teto e se cobriam até o pescoço devido ao frio.
- Posso lhe fazer uma pergunta? – disse Uzuki.
- Claro.
- Você não é totalmente japonês é?
O jovem demorou um pouco e depois respondeu.
- Não, meu pai era estrangeiro. Ele veio nos navios que atracaram aqui com o tratado de kanagawa – suspirou. – Minha mãe, quando viva, disse que não sabia de qual país ele vinha e que não estava apaixonada por ele. Ela foi violentada, morreu quando eu tinha dez anos. Mas como você soube?
- Seus cabelos, nunca vi um japonês com cabelos assim.
- O senhor Yakage foi o único que me deu um emprego, e com ele eu também consegui casa e comida. Ele vem me criando desde os meus treze anos.
- O senhor meu tio é um bom homem.
- Sim ele é. É por isso que quero vinga-lo.
- Vinga-lo?
- Sim. Yamu, filho do senhor Yakage, seu primo, era um comerciante e atravessava a floresta com frequência. Mas um dia, o espirito kabuki o assassinou.
- Espirito?
- É como o chamam, mas acho que não passa de um samurai ladrão que usa uma máscara e assassina quem reage a suas abordagens. Assim como Yamu fez.
- Por que acha que é um samurai?
- Yamu e todos os outros que morreram, foram assassinados a golpes de espada. Dizem que o espirito só ataca a noite, por isso a cidade se recolhe cedo, ninguém quer encontrar o espirito kabuki e morrer em um duelo de espadas.
- Então é só entrar na floresta e o espirito ataca?
- Basicamente.
- Você quer a sua vingança?
- Sim.
- Então você vai ter sua vingança.
- O que? – Kiang se levantou as presas. – O que você vai fazer?
- Vou caçar o espirito para você – Uzuki se levantou e foi até o garoto, pois uma mão em seu rosto e beijou seus lábios. – Meu tio me contou como você vem cuidando dele todo esse tempo, nunca deixando que ele se esqueça da hora dos remédios, sempre ajudando com tudo, e agora você quer vingar a morte do meu primo. Então vou ajuda-lo.
- Por que me beijou? – perguntou o jovem com as bochechas coradas.
- Por que eu sei que era isso o que você queria, sei disso desde o momento em que roubou minha espada. – e Uzuki voltou a beija-lo.
Kiang se entregou aos braços do samurai e retribuiu o beijo, os corpos unidos pelos lábios se aqueciam em meio ao frio e o calor da chama da pequena vela tornou-se insignificante. As mãos de Uzuki seguravam o aprendiz pela cintura e o prendia contra seu peito. Kiang gemia com cada beijo e o vapor do frio saia por sua boca.
- Uzuki... – ele gemia. – O que estamos fazendo?
- Estamos fazendo o que queremos fazer. – e o beijou novamente.
Os jovens começaram a se despir e ficaram inteiramente nus. Kiang era mais baixo e tinha um rosto de criança, com traços finos e lábios rosados. No entanto, seu corpo era o de um homem feito, seu abdômen era rígido e musculoso, suas pernas firmes e torneadas, sua bunda macia era maior do que parecia e deixou Uzuki ainda mais excitado. O samurai também era belo e seu pênis já estava ereto, os rapazes se deitaram nas esteiras e voltaram a se beijar. Um beijo quente e apaixonado. Suas mãos masturbavam um o sexo do outro, e eles gemiam. O frio já não era mais incômodo, eles estavam quentes, quentes de prazer, quentes de desejo.
- Uzuki... – gemia o jovem aprendiz.
- Eu sei.
O samurai começou a beijar o pescoço do rapaz e aos poucos foi descendo, beijando-o no abdômen e depois na virilha. O pênis de Kiang estava duro e latejante, era um membro grande e meio cor-de-rosa. Uzuki cheirou seus pelos e passou a língua por toda a extensão daquele pau. Seu coração acelerou e, em fim ele o colocou na boca e começou a chupa-lo. Kiang gemeu.
- Uzuki... – ele dizia.
O samurai continuou a chupa-lo e a acaricia-lo. Kiang estava em êxtase, sua pele estava arrepiada e seu corpo fervia. Uzuki sabia como usar a língua e o fez, ele lambia, chupava e mordiscava aquele pênis com a mesma maestria que dominava sua espada.
- Ahhh – disse Kiang quando gozou.
- Você é lindo – disse Uzuki com um pouco de sêmen escorrendo de seus lábios. – Vamos continuar?
- Sim. – respondeu o jovem com o rosto vermelho e suado.
Uzuki foi até aquele lindo rosto e lhe deu um beijo carinhoso na bochecha a vermelhada.
- Vire-se de costas.
- Vai doer muito? – perguntou o rapaz.
- Um pouco no começo, mas você vai gostar – e deu-lhe outro beijo.
Kiang obedeceu ao samurai e virou-se de costas, sua pele quente e suada estava sensível ao toque e cada pegada que ele sentia era motivo para gemer. Uzuki o estava lambendo, da nuca até aquela bunda maravilhosa. O suor deixava a pele meio salgada e o espadachim gostava disso, ele lambia e mordiscava gentilmente e lambia mais uma vez. Colocando suas mãos na bunda do garoto ele abriu caminho para sua língua, deixando-a tocar o ânus do rapaz. Kiang gemia alto e se contorcia. Uzuki não parava e aumentava ainda mais a intensidade de sua língua. O garoto gemia.
- Prepare-se – disse o samurai.
Uzuki pegou seu pênis rígido e aos poucos foi penetrando dentro de Kiang, o garoto gemia baixo e mordia a mão esquerda para abafar um grito, seus olhos se encheram de lágrimas e a dor o venceu.
- Ah! – gritou o jovem.
- Mais baixo meu amado, ou vai acordar o senhor meu tio.
- Eu duvido – disse ele com os olhos molhados. – Depois que dorme, nem um terremoto consegue tirar o senhor Yakage da cama.
Os dois sorriram.
O espadachim foi mais gentil dessa vez, com o pênis já dentro do garoto ele começou a se mover devagar e com calma. Era quente e apertado, havia pouco espaço e Uzuki sabia aproveita-lo muito bem. Algum tempo de caricias e movimentos gentis, o ânus de Kiang já estava mais relaxado e o samurai começou a estocar com um pouco mais de força, fazendo o rapaz gemer de prazer. Os corpos nus e quentes se encontravam com mais força ainda, fazendo um som de cop, cop, cop toda vez que os testículos de Uzuki batiam na bunda de Kiang. Eles estavam quentes. Eles estavam fodendo.
Uzuki finalmente gozou e Kiang caiu exausto e ofegante, sua respiração estava pesada e seu corpo queria apenas dormir, nunca havia feito aquilo e precisava descansar o quanto antes. O samurai colocou o jovem para dormir nas esteiras e o cobriu, deu-lhe um beijo afetuoso no rosto corado e apagou a vela que iluminava o quarto.
- Durma meu amor – disse ele. – Eu caçarei o espirito kabuki. Por você, por meu primo, por meu tio e por toda Kiosh.
Uzuki vestiu um quimono preto que encontrara num baú na sala de estar e pensou que talvez tivesse sido de seu primo. Ele pegou a espada de seu pai e a colocou na cintura, pois um punhal dentro da manga esquerda e amarrou os cabelos com um pedaço de tecido vermelho. Foi até a porta dos fundos que levava para o quintal da residência – onde antes havia tomado um banho – fechou-a quando saiu e foi até os altos muros que delimitavam a propriedade. Com facilidade o jovem saltou em cima de um barriu e pulou para o alto da pequena muralha, jogou-se para o outro lado e já estava fora da casa do senhor Yakage. A floresta ficava mais a frente, cerca de duzentos metros adiante, Uzuki a conhecia muito bem, quando criança costumava a brincar naqueles arredores, mas agora não era mais um garotinho de cinco anos e não estava com a menor intenção de brincar. Uzuki tinha apenas uma missão, assassinar o espirito kabuki.
- Não vou permitir que ninguém explore o meu povo – dizia para se mesmo enquanto andava, sua mão sempre segurando o cabo da espada. – Espirito ou não, kabuki irá morrer.
E lá se foi o único samurai da cidade, caminhando na escuridão em direção à floresta de sua infância, outrora linda e motivo de orgulho, mas que agora era assombrada por um espirito jurado de morte.
Uzuki Kyu era um espadachim de Kiosh, e morreria para proteger o seu lar.
"Até a última gota do meu sangue;" pensou.
Fim.
Enfim, literatura.