-Eis-me aqui, rameira! Vim mostrar-lhe o que você realmente é – gritou Senmut a plenos pulmões, enchendo o ambiente com sua voz grave e irada – Vamos! Apareça, sua puta!
Neste momento, dois lanceiros surgiram, ladeando o guerreiro númida que portava uma enorme espada de combate; Senmut, mesmo nu e desarmado, não recuou, pois tinha a fúria em seu interior …, nesse momento, uma bruma cinza surgiu no interior do recinto …, parecia uma fumaça sem cheiro, pesada e intimidadora …, lentamente, ela serpenteou pelas colunas do templo, até envolver os guerreiros armados …
Senmut quedou-se inerte, surpreso com a cena e aguardando pelo pior; envolvidos pela bruma, os guerreiros ouviram uma voz em sussurro que dizia: “Intocável!”; por seguidas vezes, eles ouviram ecoar no interior de suas mentes a palavra …, até que um deles percebeu o que significava; Senmut, o escriba chefe era um “intocável”, aquele que pelo status e pela própria origem era um protegido de Osíris, e por isso, não podia ser atacado …
Com um sorriso de sarcasmo no rosto, o escriba avançou em direção ao seu objetivo; ele passou pelos homens que sequer ousaram dele aproximar-se; Senmut tomou a cortina nas mãos e rasgou-a com força, deixando à mostra o interior do altar, e também da tenda …, Ravena estava deitada sobre uma cama de peles, nua e lânguida; tinha o olhar faiscante …, um olhar de desejo.
-Venha, escriba! – ela disse com tom de voz macia – Venha possuir-me …, faça-me sua agora e sempre!
Repentinamente, toda a fúria do escriba transmutou-se em uma torrente de desejo, e ele viu-se enredado pelas traquinagens da deusa Bastet …, e essa onda de desejo revelou-se em seu corpo, exibindo uma enorme e pujante ereção! Ele olhou para Ravena e sentiu-se tomado por um desejo infinito de possuí-la não com fúria, mas sim com doçura, com vigor e com paixão …, e foi o que se deu!
Senmut deitou-se ao lado de Ravena, enlaçando-a com seus braços fortes; sua boca caçou a dela como um predador atrás de sua presa, e, finalmente, eles selaram um longo beijo, acompanhado pela inebriante sensação de mãos percorrendo formas, vasculhando detalhes, encontrando locais íntimos que ansiavam por carícias; dos lábios de Ravena, a boca insaciável de Senmut deslizou por sua pele macia até encontrar seus mamilos intumescidos que, de tão doces, serviram ao sabor do escriba que os sugou, alternando-os, enquanto a princesa acariciava o peito largo e musculoso do seu amante.
Ainda ansiando por novos sabores, Senmut esmiuçou o ventre da princesa com seus lábios ávidos, saboreando aquele pele sedosa, e descendo …, e descendo …, até encontrar o que realmente procurava; quando seus lábios tocaram os grandes lábios carnudos da virilha de Ravena, esta correspondeu involuntariamente, contorcendo-se de prazer e gemendo suavemente. O escriba, embora radiante pela sensação resultante de sua primeira investida nas intimidades da princesa, ainda queria mais, muito mais!
A medida em que o homem experiente degustava o sabor agridoce que vertia, tal um riacho quente, suave e caudaloso, das entranhas da princesa, ele a segurava pelas ancas, levantando-a, permitindo que sua boca e língua experientes, percorressem toda a extensão abaixo e acima. Ravena, completamente fora de si, sentia seu corpo fremir ao sabor da boca do escriba, cuja habilidade em proporcionar prazer a uma mulher extrapolava qualquer outra experiência semelhante que ela já tivera na vida.
-Ahn!!! Não acredito …, Senmut …, você é, simplesmente …, o homem de minha vida! Aquele por quem ansiei desde jovem! – disse a jovem princesa, com voz embargada, e imensa dificuldade em articular as palavras.
-Então, agora …, vou fazer-te mulher de verdade, Ravena – ele respondeu, correspondendo às expectativas da fêmea dominada pelo macho.
Subindo sobre ela, Senmut deixou sua virilidade intensa roçar a região que até aquele momento servira à sua boca abusada, fazendo sua amante gemer, contorcer-se e suplicar pelo ápice da satisfação de um desejo que parecia gritar e ecoar por todo o recinto; com um olhar hipnotizante, Ravena suplicou ao escriba que concretizasse seu intento, fazendo-a sua mulher …, e ele, com o vigor e a contundência de um homem no auge do desejo, penetrou-a com um movimento rápido e profundo.
O grito de prazer de Ravena ocupou o ambiente como uma força natural da sensualidade transformada em realização; ela sentiu-se preenchida de uma forma única e especial, de tal modo que ansiou que Senmut jamais saísse de suas entranhas, como se ele pudesse ali permanecer para sempre.
Os movimentos que se sucederam, inicialmente lentos e cadenciados, foram se tornando cada vez mais intensos, fogosos, frenéticos, até um ápice em que os corpos harmonizavam-se em uma sincronia única e perfeita; e a princesa experimentava uma sucessão quase infinita de gozos que explodiam em seu corpo, como espasmos deliciosamente insanos e comemorados com gemidos e suspiros que pareciam não ter fim.
Senmut, por sua vez, não dava sinal de esmorecimento …, pelo contrário; sua resistência ampliava-se em uma espiral crescente de movimentos pélvicos tão contundentes que sua fêmea mal dava conta de contra-atacar, mostrando-se incapaz de corresponder ao prazer que ele lhe proporcionava.
-Ai! Pelos deuses! Isso é um espetáculo que jamais homem algum concedeu a uma mulher! – ela dizia, com voz ofegante – Escriba, tu me tomastes para ti inteiramente, e, agora, te pertenço para sempre!
-Isso é o que veremos, minha princesinha rameira! – respondeu ele, com um tom de ironia, mas também de satisfação – Quero saber até onde irás para atender ao desejo de um homem!
Após dizer essas palavras, o escriba ficou de joelhos, sentado sobre seus calcanhares, trazendo consigo sua fêmea, cujo corpo suado e dominado pela cópula vigorosa de seu parceiro, deixou-se levar; ele a fez sentar sobre ele, segurando-a pelas axilas, e encaixando-a de tal maneira que Ravena viu-se novamente penetrada pelo instrumento rígido e ainda repleto de energia, enquanto Senmut fazia com que ela subisse e descesse sobre ele com movimentos rápidos e intensos; Ravena viu-se, então, tomada por mais uma tempestade de orgasmos volumosos e intensos.
A jovem princesa já não resistia ao assédio do escriba, deixando-se levar pelo ímpeto de um homem insaciável, que parecia um semideus, cuja potência sobrepunha-se a de qualquer outro ser humano; em dado momento, Senmut aquietou-se por alguns segundos, e depois de fitar o rosto brilhante de Ravena, beijou-lhe nos lábios; imediatamente, ele a tomou nos braços como se ela não tivesse peso, depositando-a suavemente sobre a cama, girando seu corpo e fazendo com que ela ficasse de quatro.
Ravena parecia dominada pelo seu homem, como se ela não tivesse mais vontade própria; como se, a partir daquele momento, sua existência se limitasse apenas para servir ao desejo incontido do escriba; ela sabia o que estava por vir, mas, mesmo assim, sua ansiedade era tanta, que ela sentia todo seu corpo vibrar de excitação.
-Agora, princesinha rameira, mostrar-te-ei que teu corpo servirá apenas a mim! – sentenciou Senmut com um tom ameaçador – Jamais serás de outro senão minha!
-Faça de mim, o que quiseres, senhor de meu corpo e de minha vontade1 – aquiesceu Ravena, com voz arfante e carregada de desejo.
O escriba colocou-se em posição, e segurando a princesa pela cintura, apontou seu membro rijo como pedra na direção do pequenino selo protegido no vale formado por nádegas esculturais, que a própria princesa incumbiu-se de entreabrir com as próprias mãos, a fim de assegurar que a penetração encontrasse o seu fim.
Com um golpe contundente, Senmut afundou-se nas entranhas da princesa, que ao sentir-se preenchida pelo desejo volumoso do escriba, gemeu de prazer, sem recuar um centímetro sequer ante o assalto a que fora submetida pela virilidade ilimitada de seu parceiro, gingando o corpo com movimentos que serviam para facilitar a penetração.
Sem trégua, Senmut enterrou com veemência sua potência em Ravena, até sentir o calor quente e acolhedor do vale entre as nádegas; os movimentos de vai e vem tiveram um início morno, porém, em poucos minutos, Senmut movimentava-se freneticamente, causando deliciosas e incontidas sensações em Ravena, que gemia, contorcia-se e suspirava, ante o prazer que tomava conta de seu corpo e também de seu espírito …, e por mais de uma vez, ela experimentou uma afluição de orgasmos que se sucediam, deixando-a a mercê do homem que se mostrara muito mais que apenas um macho …, Senmut mostrara a ela que ele se tornara o mais caro e precioso dos amantes …, um amante que jamais seria igualado ou superado.
Em dado momento, incapaz de conter o prenúncio do prazer represado, Senmut gemeu alto, anunciando que a deusa Bastet lhe concedia o maior dos prêmios por cobrir a princesa com a virilidade de um quase sobre-humano! Exausta, vencida e dominada, Ravena limitou-se a implorar pela ansiada explosão em suas entranhas.
E assim, Senmut ejaculou violentamente, despejando uma carga de sêmen nas entranhas da jovem princesa …, e foi algo tão quente e volumoso, projetando-se em jatos quentes e caudalosos, que Ravena foi tomada por mais uma inebriante sensação de prazer que tomava seu corpo em ondas rítmicas, acalentando mais prazer que ela jamais imaginar poder usufruir em toda a sua vida.
Finalmente, com os corpos exauridos e lambuzados por um suor causticante, Senmut e Ravena desabaram sobre a cama de madeira coberta de pele, adormecendo em seguida.
Com o sol se pondo ao final da tarde, sombras cobriram parcialmente o templo, criando penumbras entre as enormes colunas de sustentação do teto abobadado, cuja abertura superior enfraquecia a penetração dos últimos raios do dia; entre as colunas um par de olhos brilhantes e sorrateiros, que testemunhara o encontro sensual e arrebatador entre Senmut e Ravena no interior do templo, vigiavam os corpos exaustos que descansavam ainda enlaçados em deliciosa união cálida e sensível.
Com uma rapidez digna de um ser etéreo a figura esguia serpenteou entre as colunas, tomando o máximo cuidado em não ver sua presença denunciada, escapando do interior do templo sem que ninguém notasse que ela estivera ali tempo suficiente para testemunhar o encontro impetuoso do escriba chefe com a princesa renegada.
Caminhando com passos rápidos, a figura avançou em direção ao palácio principal, nele adentrando sem ser percebida; atravessou o grande salão, subiu a escadaria que dava acesso aos aposentos reais, e depois de passar discretamente pela câmara real, encontrou abrigo na sala de banho da Rainha, que, sentada em uma enorme cadeira com forma de concha, ricamente ornada, parecia aguardar a chegada da incógnita visita.
-Então …, aconteceu? – perguntou a Rainha, sem voltar seus olhos na direção da visitante – Vamos …, responda-me sem demora …, essa ansiedade sufoca minha alma!
-Lamento informar, minha Rainha, que o inevitável concretizou-se – respondeu Néfer a sacerdotisa do Templo de Ísis – Senmut e Ravena conjuraram seus corpos e suas almas …
A Rainha, então, levantou-se, voltando-se na direção da sacerdotisa, encarando-a nos olhos; Néfer não desviou seu olhar, quedando-se em silêncio, ante a expressão desoladora que cobrira o rosto da soberana.
-Então, está feito! – disse ela, com pesar – Pela vontade dos deuses, o homem de minha vida entregou-se de corpo e alma para minha filha …, a filha que jamais deveria ter nascido …, a filha, fruto do único amor que fez do meu coração seu eterno prisioneiro …
-Sim, minha Rainha – aquiesceu Néfer com voz enlutada – Sinto muito por isso …, mas, a vontade de Ísis vai muito além de nossas expectativas …, Senmut deitou-se com Ravena …, a jovem, fruto de uma única noite de amor …
-Sim, a única noite de amor que tive em toda a minha vida – concordou a Rainha, tentando controlar as lágrimas que teimavam em rolar por seu rosto – A noite em que pertenci a Senmut!!!!
As duas mulheres quedaram-se em silêncio, mirando o horizonte cujo tom avermelhado fenecia, dominado pelo manto da noite pesada e eloquente que trazia consigo o amargo sabor da frustração …, a frustração de uma mãe que soube da entrega incondicional de sua filha para o próprio pai!