GATOS! (UMA HOMENAGEM A H. P. LOVECRAFT)

A pequena cidade de “Og”, situada ao norte da Romênia não tinha nada de incomum; com suas construções de pedra de aspecto medieval e seu comércio local restrito a um açougue, uma loja de pães, uma farmácia de manipulação e dois pequenos entrepostos de revenda de tecidos, ela podia ser considerada apenas mais uma entre tantas …, não fosse por uma curiosa peculiaridade: todos os seus moradores tinham gatos! Sim, gatos; e além dos domésticos, havia ainda os “vagabundos”, errantes sem dono que transitavam livremente pelas ruas, caçando ratos, comendo insetos e refestelando suas barrigas peludas depois de uma refeição, aproveitando o sol do fim de tarde.

Todavia, quando a noite caía, aquelas bolas de pelo, cheias de safadeza, saíam pelas ruas, miando como loucos atrás de sexo oportuno para aliviar seu cio incontrolável; ninguém reclamava …, até mesmo porque, a maioria dos moradores habituara-se ao som daquela sinfonia sensual …, na verdade, alguns até sentiam-se estimulados a fazer o mesmo …, caso do prefeito Leif, que todas as noites corria para o quarto, encontrando sua deliciosa esposa, pelada, esperando por sua cobertura; e, então, a sinfonia felina recebia o acréscimo dos gritos e gemidos tresloucados de “Nyla”, a esposa satisfeita!

Como disse, ninguém reclamava …, ninguém, exceto Bogdan, o ferreiro solteirão que morava na única casa feita de madeira e situada fora do eixo da cidade; aquilo o irritava tanto que, certo dia, ele fez uma ameaça aos ouvidos daqueles que estavam na praça do relógio; ele disse, em alto e bom som que, se um animal desprezível daqueles, se aproximasse de sua casa, jamais tornaria e ser visto!

De início, todos temeram a ameaça, mas, com o passar do tempo ela adormeceu na memória coletiva; o que aconteceu a seguir, deixou todos alarmados: sistematicamente, um por um, todos os gatos “vagabundos” foram desaparecendo …, e segundo relatos do pequeno Cornel, eles desapareciam sempre quando estavam nas imediações da casa do ferreiro. Como Bogdan era um homem forte e cruel, ninguém tinha coragem de interpelá-lo e os donos de bichanos trataram de mantê-los dentro de casa, enclausurados e protegidos.

Por óbvio que, animais como esses sempre encontravam uma maneira dar suas escapulidas saindo em busca de um sexo fácil pelas ruas …, e, lamentavelmente, acabavam por tomar o mesmo destino dos demais desaparecidos. E para tristeza de todos, ter gatos de estimação na cidade tornara-se um sofrimento! O prefeito bem que tentou conversar com o chefe da polícia local, mas este não quis saber de encrenca. “Como acusar um homem pelo sumiço de gatos!”, ele respondeu, ajeitando seu corpanzil na poltrona, cujo ranger parecia uma lamúria.

E tudo permaneceu como antes …, até uma chegada inesperada. Vindo das terras mais ao leste, uma caravana de ciganos chegou a “Og”, trazendo seu comércio de origem duvidosa, suas danças exóticas e uma alegria sugestiva. Entre os integrantes da caravana, estava a jovem Tasha …, Tasha não tinha pais, ele morreram em circunstâncias desconhecidas até mesmo para o Barô (líder da tribo), cujo conhecimento a respeito da jovem resumia-se ao fato de que ela vivia com eles …, ela e sua pequena gatinha preta, que ela chamava de “princesa”.

A pequena felina era a única alegria da jovem Tasha, que passava o dia brincando com ela e mendigando algum alimento; na cidade, de maneira incomum, ela foi adotada por todos, que lhe davam comida e algumas roupas usadas. Tasha sentia-se em casa naquela cidade e teve ímpetos de fixar residência lá …, entretanto, algo muito ruim aconteceu …, a pequena princesa, da noite para o dia, desapareceu! Sumiu, sem deixar rastro, causando espanto nos moradores e fazendo a jovem órfã cair em um silêncio assustador.

Alguém, inadvertidamente, comentou com ela sobre o ferreiro e sua mania de matar gatos; Tasha fechou os olhos e chorou silenciosamente …, na noite seguinte, na frente de todos que estavam na praça, Tasha foi até o tablado de madeira que guarnecia o poço e começou a dançar, cantando uma canção em uma língua desconhecida …, e a medida em que ela gingava o corpo com gestos sensuais e intensificava o canto, o céu mudou de cor e raios e relâmpagos pipocavam no entorno, deixando todos atemorizados com o que viam. E quando a jovem parou de dançar e de cantar, um céu salpicado de estrelas surgiu como num passe de mágica!

No dia seguinte, todos os gatos haviam desaparecido, e assim ficaram por dois dias, retornando gordos e saltitantes, como se tivessem comparecido a alguma espécie de conclave felino, ou um banquete especial.
(Aquilo que não foi contado …)

Naquela noite, Bogdan estava deitado em sua cama de estrado duro coberta por palha seca e peles, e ressonava pesadamente …, afinal, a refeição fora excelente! Ao fundo, na lareira, chamas crepitavam agonizantes em uma dança luxuriosa, repentinamente, expandiram-se em uma labareda que quase transformou a noite em dia! Bogdan acordou sobressaltado …, neste momento, a porta de seu quarto abriu-se como se tivesse vontade própria, e uma silhueta surgiu …

Bogdan levantou seu pesado dorso apertando os olhos negros e meio mortiços, tentando enxergar quem era a intrusa que incomodava seu sono …, logo ele percebeu que se tratava da jovem Tasha …, ela estava nua e a beleza de suas formas deixaram o ferreiro desalmado embasbacado; passo após passo, ela caminhou para dentro do quarto, indo em direção do bruto que ainda permanecia com o olhar fixo e a boca entreaberta.

Sem perda de tempo, Tasha subiu sobre o corpo do sujeito, fazendo com que ele levantasse o camisolão de dormir e exibisse a rigidez de seu membro descomunal; com um olhar felino, a jovem inclinou-se na direção daquele pedaço de carne pulsante, e o abocanhou com sofreguidão; Bogdan deixou a cabeça cair sobre a cama, semicerrou os olhos e começou a gemer como o verdadeiro animal no cio que era. E mesmo quando ele tencionava tocar os cabelos de Tasha com o intuito de dominá-la, a jovem parecia rosnar como uma gata, e o ferreiro mantinha-se quieto.

Satisfeita, Tasha tomou posição sobre o corpanzil do sujeito, e segurando seu membro com uma de suas pequenas mãos, ela o apontou para sua vagina, descendo lentamente em sua direção, sentindo, centímetro por centímetro, fazendo-a desaparecer dentro de si para êxtase de Bogdan, que limitava-se a gemer e grunhir; com os joelhos apoiados sobre as mãos do aldeão, Tasha o impedia de esboçar qualquer movimento libidinoso, deixando claro que ele pertencia a ela e ao seu desejo luxurioso.

Subindo e descendo sobre o membro duro, a jovem mostrava toda a sua habilidade em enlouquecer um homem; e quando pressentia que o macho estava prestes a atingir o ápice, ela tornava a sentar-se sobre o mastro, apertando-o com os músculos vaginas, os quais tinha absoluto controle, impedindo que o ato de consumasse e fazendo seu parceiro gemer alto, clamando pelo ansiado gozo que ela não lhe concedia.

O sofrimento prolongou-se por horas a fio, sem que Bogdan pudesse fazer alguma coisa, senão submeter-se ao domínio de uma linda fêmea, cuja exuberância somente era percebida quando ela própria assim o quisesse; os seios, firmes e suculentos, subiam e desciam ao ritmo ditado pelo corpo anguloso da jovem, cujos orgasmos desaguaram quentes e caudalosos, lambuzando o corpo de seu parceiro e deixando-a ainda mais estimulada. E após tanto esforço, finalmente, Tasha intensificou os movimentos, subindo e descendo de maneira quase frenética, até que o inevitável aconteceu: o gozo do macho sobreveio.

Ele ejaculou violentamente, inundando as entranhas da jovem com seu sêmen volumoso que parecia não ter fim …, exausto, o ferreiro quedou-se quase inerte ainda tendo sobre si a deliciosa e desconhecida amazona; Tasha encarou o rosto de Bogdan e fixou seus olhos no dele; o aldeão chegou a simular um sorriso cheio de cinismo, porém ao ver-se perscrutado pelos olhos felinos de Tasha, ele reprimiu a intenção …, e aquele olhar intenso foi transformando-se em um olhar animalesco, como se a jovem estivesse sob o domínio de alguma entidade animal.

Ela aproximou sua boca da dele e Bogdan teve a sensação de que ganharia um beijo …, entretanto, pouco antes de tal gesto concretizar-se, o que aconteceu foi simplesmente insólito: o rosto da jovem pareceu desaparecer dentro de um halo luminoso intenso, enquanto o ferreiro esboçava um grito aterrorizado que não aconteceu …, e como algo fantasmagórico, a energia vital do homem foi sugada por Tasha, restando, ao final, apenas um corpo inerte e sem vida.

Do mesmo modo inesperado e incompreensível, o halo luminoso do rosto da jovem desapareceu, dando lugar ao mesmo rosto quase angelical, sem uma sombra do que fora, alguns momentos antes; ela desceu da cama, olhou para a porta e assobiou …, neste momento, centenas de gatos entraram no quarto saltando sobre o corpo inanimado de Bogdan, o ferreiro, e iniciando um banquete quase diabólico! Na soleira da porta, Tasha lançou um último olhar para dentro do quarto; sorriu enigmaticamente, e partiu para sempre!

NOTA DO AUTOR: Inspirado em "O Chamado de Cthulhu" do autor homônimo.

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Comentários


foto perfil usuario nandercar

nandercar Comentou em 23/01/2022

Sou fã do Lovecraft. Votei com vontade.

foto perfil usuario sadboyroludo

sadboyroludo Comentou em 26/01/2020

Maravilhoso demais!

foto perfil usuario rainhadepaus

rainhadepaus Comentou em 20/10/2019

Ficou maravilhoso, parabéns! Uma bela succubus vingadora! Votado!




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Ficha do conto

Foto Perfil trovão
bemamado

Nome do conto:
GATOS! (UMA HOMENAGEM A H. P. LOVECRAFT)

Codigo do conto:
146186

Categoria:
Fantasias

Data da Publicação:
20/10/2019

Quant.de Votos:
5

Quant.de Fotos:
4