Gunther, o velho professor, estava em sua ampla biblioteca particular, revisando alguns escritos e documentos importantes, quando uma sonoridade maviosa invadiu o ambiente. Imediatamente, ele ficou encantando com aquela melodia sinuosa que inundava o ambiente e acalentava seus ouvidos. Impressionado com o que ouvia, atiçou-lhe a curiosidade em saber quem era o virtuoso que conseguia extrair uma música tão doce como aquela, principalmente do seu próprio instrumento.
Cuidadosamente, o professor levantou-se e caminhou, pé ante pé, orientando-se pela musicalidade que tomava conta de todos os cômodos da casa, procurando sua origem. Percebeu que a porta da antessala de audições estava entreaberta e certificou-se que era lá a origem da música poética. Aproximou-se sem despertar a atenção e espiou seu interior, descobrindo quem era a pessoa responsável em extrair tal musicalidade perfeita. “Ester, a camareira? É ela!”, pensou ele, surpreendendo-se com a descoberta.
Mantendo-se incógnito, o professor apreciou o desempenho musical da camareira, ao mesmo tempo em que a observava detidamente. Os cabelos presos e cobertos pela touca cinza, o longo vestido de algodão escuro, contrastavam com a beleza angelical do rosto de Ester, cujo olhar concentrado, ora de olhos abertos, ora fechados, denotava que ela manipulava o violino com uma destreza única, como se ele fizesse parte dela, revelando sua intimidade não apenas com o instrumento musical, mas, principalmente, com o esmero na apresentação da peça musical, cujo desempenho exigia mais que apenas uma musicista experiente …, exigia alma!
Gunther estava, definitivamente, inebriado com a beleza da apresentação solitária da camareira, que prosseguia no desenvolvimento da peça abstraindo-se da realidade a sua volta, como se, naquele instante, existissem apenas ela, o violino e a musicalidade. Ouvindo-a, ele relembrou a aurora de sua criação musical, conduzindo orquestras antes de tornar-se um professor apaixonado pela filosofia e pela história. Aquela jovem de beleza desprovida de requinte, tão natural quanto a própria vida, era um sopro de harmonia que envolvia a todos que pudessem ter a oportunidade de compartilhar de um momento imperdível como aquele.
Repentinamente, Ester percebeu que estava sendo observada; olhou para a porta e viu o professor encostado no batente com um olhar extasiado e uma expressão estupefata; como uma resposta involuntária, Ester abraçou o violino, recuou amedrontada e baixou seu olhar, em uma posição servil e espavorida. Gunther, sem saber o que fazer, teve ímpeto de também se afastar e desaparecer pelo corredor, envergonhado por ter causado uma impressão tão intimidadora na jovem camareira.
-Espere, não se assuste, menina – disse ele, medindo as palavras, sem esboçar qualquer movimento ou gesto – Tua habilidade com o instrumento e tua musicalidade me impressionaram, mas, porque parou? Eu te assustei, foi?
De início, Ester não respondeu; talvez porque não soubesse o que dizer, ou ainda não tivesse coragem de fazê-lo, limitando-se a permanecer encolhida, abraçando o violino como se ele a pudesse proteger de tudo e de todos. “Diga-me, menina …, estás em segurança comigo …, apenas quero saber de onde vem tanta virtuosidade!” replicou o professor.
Agindo de maneira impensada, Ester colocou o violino sobre a mesa de mogno, e esquadrinhou a sala, até conseguir chegar até a porta. “Me perdoe, professor …, não foi minha intenção …, me desculpe …”, ela disse em um tom amedrontado e hesitante. Gunther mirou aqueles olhinhos azuis cristalinos e teve vontade de acariciar o rosto angelical de Ester; não o fez, pois temia que tal gesto fosse mal compreendido. E antes que ele pudesse esboçar uma reação, a jovem irrompeu para fora do recinto, precipitando-se pelo corredor que dava para a cozinha.
Gunther permaneceu ali, estático e pensativo; primeiro cogitou como nunca prestara a devida atenção naquela linda camareira, cujos olhos cintilantes, escondiam uma felicidade que, de alguma forma, fora suprimida ou reprimida e cuja habilidade musical superava muitos músicos experientes que ele conhecera ao longo de sua vida. Voltou para a biblioteca, pensando ainda como ela chegara até ele; que caminhos aquela jovem despojada trilhou até encontrar-se ali, como camareira?
Um pouco mais a tarde, Martha, a governanta, veio até a biblioteca trazendo o habitual lanche preparado para o professor. “Martha, diga-me uma coisa por favor …, a jovem camareira …, Ester, você a conhece?”, perguntou ele, assim que a governanta depositou a bandeja sobre a sua mesa. Ele se empertigou, respirou fundo, pensando em como responder ao seu patrão.
-Bem, professor …, ela é sobrinha de uma amiga – explicou ela – A pobrezinha perdeu o pai há algum tempo e jamais conheceu sua mãe …, me sensibilizei com sua situação e a trouxe para trabalhar aqui …, porque? Ela causou algum problema …
-Não, não …, claro que não! – intercedeu o professor, pigarreando enquanto se justificava – Hoje foi a primeira vez que a vi …, diga-me, sabia que ela tocava violino?
-Ah, sim! Sabia sim! – respondeu Martha, com um tom aliviado – O pai dela era músico e também compositor …, infelizmente, nunca teve sorte, o coitado …, acabou-se no vício … álcool …, jogo, até que um dia …, bem, o senhor sabe.
-Músico, é? Por acaso eu o conheci? – quis saber o professor ainda curioso
-Creio que sim …, seu nome era Klaus Hoff … – respondeu a sóbria senhora.
-Hoff? O Hoff pianista? Sim! Eu me lembro! – interrompeu o professor – Nunca soube que ele fosse compositor …, hum …, interessante …, obrigado, Martha.
Assim que ela se retirou, Gunther ficou entristecido …, ele se lembrara de Klaus, um pianista excepcional …, lembrou-se ainda de suas composições …, ele as entregara na época em que Gunther ainda dirigia a ópera, esperando por sua apreciação …, mas, infelizmente, Gunther jamais sequer olhou aquelas partituras, e, agora, arrependia-se disso. Entretanto, uma pergunta ainda permanecia: porque Ester, com sua exímia habilidade em manusear o violino, tinha medo de fazê-lo? Isso o deixava irritado e também curioso, razão pela qual, decidiu que precisa fazer alguma coisa.
Chamou Martha e pediu que ela trouxesse a sua presença, Olaff, o cocheiro; assim que o sujeito veio até ele, Gunther pediu que ele fosse até o Teatro de Ópera e trouxesse consigo o Regente. Olaff, imediatamente, saiu para cumprir o pedido do professor. Após uma longa conversa com o Regente, seu amigo de muito tempo, Gunther lhe entregou as partituras de Klaus Hoff com a promessa de que ele as analisaria com especial atenção. O velho professor sentiu-se recompensado pelo obséquio do amigo e torceu para que sua intuição estivesse certa. Durante o jantar, Gunther, que estava tomado de euforia, mal conseguia comer, pensando que, caso sua ideia vingasse, ele poderia reparar um erro muito antigo.
De volta à sua biblioteca, ele demorou a notar a presença silenciosa de Ester; ao olhar para a soleira da porta entreaberta, percebeu a jovem ali, de braços ao longo do corpo arcado em reverência, os olhos mirando o chão. Gunther não sabia explicar, mas Ester causava um rebuliço em seu ser, como se tivesse ela o poder de seduzi-lo de uma maneira que nenhuma mulher antes obtivera êxito. Por alguns minutos, ele apenas olhou para ela, apreciando seu jeito dócil e servil, que também o deixava inquieto.
-Que foi, minha jovem? Queres me dizer alguma coisa? – perguntou ele, medindo as palavras e o tom de voz.
-Sim, meu senhor …, quero sim – respondeu ela, com voz titubeante – Quero pedir seu perdão pelo que aconteceu hoje a tarde …, foi mais forte que eu …
-Venha até aqui, Ester – pediu o professor, girando a cadeira em sua direção – Não precisas temer, apenas venha até aqui …
Ester caminhou com passos trêmulos e apertando as mãos a frente do corpo. “Professor, me perdoe …, eu tentei resistir …, mas, o violino …, o instrumento lembrou meu pai”, balbuciou Ester, controlando-se para não chorar. Gunther pediu que ela o encarasse, e após muito esforço, ela o atendeu. Ele mirou aqueles lindos olhinhos azuis e sorriu.
-Foi seu pai que lhe ensinou a manusear o violino, então? – disse ele, concluindo o elementar – E porque você se afastou dessa sua incrível habilidade musical?
-Eu tocava para ele …, para vê-lo feliz e satisfeito – respondeu ela, ainda com alguma hesitação.
-Apenas por isso? Ele era tua inspiração – insistiu Gunther em saber – E como ele te inspirava?
Repentinamente, Ester arregalou os olhos e sua face foi tomada por enorme espanto; sem mais nada dizer, ela correu para fora da biblioteca, deixando boquiaberto o velho professor. Ele bem que teve vontade de ir atrás dela e descobrir mais sobre a relação com seu pai …, mas, consciencioso, preferiu não fazê-lo, embora, a presença e o comportamento de Ester o deixassem extremamente intrigado.
Algumas semanas depois, Gunther foi procurado pelo Regente da Ópera, que lhe trazia excelentes notícias; ele não apenas estudou as composições de Hoff, como, em consulta ao Conselho Curador, obteve autorização para uma audiência reservada com a promessa de uma apresentação pública. Gunther não cabia em si de felicidade, e agradeceu ao Regente, fazendo apenas mais um pedido. O Regente ficou surpreso com o pedido, e indagou se seria confiável tal atitude.
O velho professor assegurou que sim, comprometendo seu próprio prestígio e garantindo que, no momento certo tudo estaria preparado; o Regente conformou-se, respeitando o pleito de seu amigo e lhe entregando cópias das partituras. Despediram-se e Gunther foi até a cozinha, falar com Martha. Quis saber mais sobre a jovem Ester e sua relação com o falecido pai. Martha lhe contou que, ao que sabia, eles sempre foram muito próximos, e desde a adolescência, Klaus incumbiu-se da educação musical da filha, sem se descuidar de sua formação.
Em dado momento, Martha, que não era capaz da controlar a língua fez um comentário inquietante. “Sabe professor, a única coisa estranha, talvez, era o fato de que ela jamais interessou-se por rapazes de sua idade, e mesmo quando algo relacionado acontecia, Klaus ficava possesso, afastando-a de tudo e de todos”, confidenciou a governanta com um tom de especulação. Gunther guardou aquele comentário, pois, de alguma forma, poderia representar algo para ser explorado.
Na manhã do dia seguinte, após o café, Gunther pediu a Martha que chamasse Ester a sua presença, pedido que foi atendido, mesmo com o visível desconforto da governanta em fazê-lo. Em poucos minutos, Ester estava na biblioteca; Gunther pediu que ela o encarasse e contou-lhe sobre o que fizera com a colaboração do Regente da Ópera. “Ele estudou as composições de seu pai, e obteve uma autorização para apresentá-las ao Conselho Curador, daqui algumas semanas”, narrou ele, ante o olhar estupefato da jovem, que demorou a exibir um sorriso de contentamento.
-Temos apenas um pequeno problema – completou o professor, fazendo com que a expressão de Ester se tornasse preocupada.
-Que problema, professor? – perguntou ela com imensa timidez, temendo pela possível resposta.
-Eu pedi a ele …, ou melhor, fiz questão de que você seja a primeira violinista!
-O que? Como o senhor pôde fazer isso, professor? – disse ela em tom exaltado – Eu …, eu …, não posso …, simplesmente não posso!
-Calma, minha querida! – disse o professor em tom acolhedor, levantando-se de sua cadeira e caminhando até ela, segurando seu queixo e fazendo com que ela o encarasse – Diga-me, minha doce jovem …, porque não podes?
-É tão difícil falar sobre isso! – respondeu ela, em tom relutante – Talvez, o senhor não compreenda, pois ninguém compreende …, nem mesmo eu!
-Oh, minha doçura, não fiques assim! – acalentou o professor, abraçando a jovem – Vem aqui, diga-me porque é tão difícil …, por favor …, quero apenas o teu bem, pois és muito virtuosa!
-Se eu lhe contar, o senhor me promete uma coisa? – pediu ela, quase em tom de súplica.
-Claro que sim, meu doce! – respondeu ele em tom consolador – Será nosso pequeno segredo.
Ele conduziu Ester até o enorme sofá de couro escuro e ambos sentaram-se, embora a jovem ainda mostrasse algum desconforto. Pacientemente, Gunther aguardou até que Ester tivesse coragem suficiente para revelar seu pequeno segredo.
-Desde a primeira vez em que tomei nas mãos o violino, senti que ele fazia parte de mim – começou ela, medindo as palavras – E meu pai sempre me incentivou …, mas, eu também sentia algo …, diferente …, algo …
-Continue, minha querida …, não percas a coragem! – disse o professor, acariciando o rostinho lindo de Ester.
-É que eu …, eu …, sempre fui apaixonada por meu pai! – desabafou ela – E a música e o violino tornaram isso ainda mais forte …, até o momento em que …, eu me entreguei a ele …, como mulher!
Por um momento, Gunther não conseguiu esconder seu espanto com aquela confissão; jamais imaginara que algo assim pudesse assombrar um jovem tão bela e tão doce. Sem afobação, o professor deu a Ester algum tempo para se recompor, aguardando que ela continuasse.
-Passamos, então, a viver como homem e mulher – retomou ela, esforçando-se para reter as lágrimas que teimavam em escorrer dos olhos – Aprimorei minha aptidão para com o instrumento, e acostumei-me também a fazê-lo, sempre, desnuda …, sentada no colo de meu pai, que tornara-se meu homem! E então …, ele morreu! E eu fiquei só no mundo …
-E o que aconteceu depois, minha jovem – perguntou Gunther, esperando que ela não perdesse a coragem em continuar a narrativa.
-Desde a morte dele …, nunca mais toquei para alguém – prosseguiu ela, engolindo as lágrimas – Nunca mais toquei! Não sei se consigo, professor …, não sei!
Nesse momento, Ester desabou em lágrimas, aninhando-se no peito do velho professor, que a enlaçou com os braços; tirou a touca de sua cabeça e deixou os lindos cabelos loiros cacheados escorrerem, emoldurando o rostinho lindo dela.
-Não chores, minha querida! – consolou ele, afagando os cabelos de Ester – Tu és virtuosíssima, e eu sei disso …, a música faz parte da tua vida e da tua alma …, diga-me …, e se eu te ajudar, fazendo audições? O que acha? Poderíamos conseguir, juntos!
Sem aviso, Ester empertigou-se e fitou o rosto de Gunther com seus olhos azuis que brilhavam ainda marejados. Por um instante, o professor temeu que sua proposta soasse de maneira indevida, pondo em risco todo o seu projeto para Ester.
-O senhor …, faria isso …, por mim? – perguntou ela, balbuciando as palavras, dada a sua emoção.
-Seria um imenso prazer e também uma honra! – respondeu Gunther, em sorrisos – Afinal, devo isso ao seu pai …, sabes, ele me enviou suas composições, mas eu, idiota e orgulhoso, não dei a elas a merecida atenção …, agora, posso reparar meu erro …, tu aceitas, então, minha ajuda?
Ester sorriu um sorriso largo e acenou com a cabeça; eles se abraçaram e combinaram que a primeira audição seria ainda naquele mesmo dia …, ou melhor, naquela mesma noite! Despediram-se com a promessa do reencontro. Gunther mal cabia em si de felicidade; finalmente, ele poderia retratar-se com a memória de Hoff, ao mesmo tempo em que resgataria uma violinista de imenso talento. As horas pareceram se arrastar ao longo daquele dia, tornando mais angustiosa a espera pela audição.
Após o jantar, Gunther pediu a Martha que terminasse seus afazeres e se recolhesse mais cedo, pois ele estava muito cansado …, ela sabia que a residência dos empregados ficava um pouco distante da casa principal, o que lhe daria um pouco mais de privacidade. Antes de sair da sala de jantar, discretamente, entregou um bilhete para Ester com as instruções para a audição; ela sorriu para ele e baixou o olhar para não despertar suspeitas.
Sorrateira, Ester esgueirou-se pelas sombras, tomando todos os cuidados para não fazer ruídos indesejáveis, atingindo a biblioteca onde um professor ansioso a esperava. Ela entrou e viu o violino pousado sobre a mesa lateral, próxima da escrivaninha principal. Gunther estava sentado na poltrona de espaldar alto, com as pernas cruzadas, saboreando seu cachimbo com fumo egípcio; ele olhou para ela, sorriu e meneou a cabeça, como que autorizando que ela tomasse nas mãos o amado instrumento.
-Professor, preciso lhe pedir uma gentileza, antes de começarmos – disse ela, com um tom suave, mas ainda inseguro.
-Peça o que quiseres, minha linda – ele respondeu despreocupadamente – Sinta-se à vontade, quero que se liberte para dar o melhor de si.
Ester sorriu e começou a despir-se com absoluta naturalidade, ante os olhos estupefatos do professor. Livrou-se, primeiro da touca, depois do vestido de cor cinza, corpete e, finalmente, as longas calçolas, exibindo sua nudez viçosa e estonteante.
Gunther ficara pasmo ante a beleza escultural de Ester; seus seios médios e firmes eram coroados por mamilos levemente achatados que estavam rijos, rodeados por aureolas roseadas, empinavam-se para a frente em uma postura provocativa; o baixo-ventre e virilha eram destituídos de pelos, concedendo uma aura que remetia às ninfas gregas de nudez pura e inocente; por fim, as pernas bem torneadas equilibravam harmonicamente ancas de delicada sinuosidade, terminando em pequenos pés mimosos. Por tudo isso, o velho professor, sentiu algo que há muito tempo não sentia …, uma excitação tonitruante!
Alheia ao olhos cobiçosos de Gunther, Ester abriu o estojo e dele retirou o violino e seu arco; com movimentos graciosos, ela sentou-se na cadeira estofada e espaldar baixo, posicionou o instrumento, segurou o arco e começou a tocar uma das obras de seu pai que ela tinha na memória; a medida em que os acordes conjuraram a melodia, Gunther ficou extasiado; a leveza com que Ester manipulava o instrumento, extraindo dele uma sucessão perfeita de acordes, era de tal encanto, que o velho professor sentia-se envolvido pela música que parecia funcionar como um revigorante.
A certa altura, ele não sabia se era apenas a música, ou a soma dela com a nudez encantadora de Ester que lhe causavam uma incomum excitação, como se ele se sentisse jovem novamente, com um vigor e desejo únicos. Por algum tempo, Ester prosseguiu na apresentação musical; seus olhos semicerrados e o prenúncio de sorriso em seus lábios, eram a mais pura constatação do prazer que ela sentia naquele momento. E ao término do último acorde, ela abriu os olhos e fitou o professor, cuja respiração levemente acelerada, denunciava seu estado lascivo.
Ester tornou a guardar o violino e arco em seu estojo, e após fechá-lo, ficou de pé e caminhou na direção de Gunther; o professor olhava para a jovem nua a sua frente e não sabia o que fazer, temendo que as consequências dos próximos momentos pudessem ser irreversíveis. Sem aviso, Ester sentou-se no colo do professor, enlaçando-o com seus braços e pousando sua cabeça no ombro dele. Mesmo tolhido por uma indecisão compreensível, Gunther retribuiu o gesto abraçando-a também.
-O senhor gostou da música, professor? – perguntou Ester, com uma voz doce e inocente.
-Sim, minha querida …, eu adorei! – respondeu o professor, com voz hesitante – És uma virtuosa e bela musicista …
-Desde que meu pai morreu …, nunca mais tive ninguém – disse ela, levantando a cabeça e mirando o rosto de Gunther – Eu costumava tocar para ele assim …, nua …, e depois fazíamos amor! Era por demais, delicioso!
-Imagino que sim! – comentou ele, com um jeito acanhado.
-Professor Gunther …, o senhor gostaria? – perguntou Ester mais uma vez.
-Gostaria de que, meu amor? – perguntou ele, quase gaguejando as palavras.
-Gostaria de me ter …, como mulher? – indagou ela com um doce sorriso.
E antes que o professor pudesse responder, Ester aproximou seus lábios da boca dele, até que pudesse selar um primeiro beijo; Gunther sentiu aqueles lábios doces colados aos seus, enquanto também sentia a ponta de língua de Ester passear entre eles, até conseguir seu intuito. Foi um beijo cálido e profundo, revelando o intenso desejo que Ester nutria por sentir-se fêmea para um macho! “Não resista, professor, não precisa …, não há nada de errado nisso …, apenas deixe-se levar por um doce momento de prazer!”, disse Ester em tom insinuante e convidativo.
Gunther, sob o domínio do desejo que crescia em seu interior, viu-se obrigado a responder ao clamor da natureza humana, entregando-se, definitivamente, ao prazer carnal que se manifestava em todos os seus poros, trazendo para si o corpo viçoso e jovial de Ester e dele fazendo seu novo templo de prazer. Os beijos se sucederam, em um torvelinho crescente e desmedido, com as mãos do professor apalpando todas as formas exuberantes da jovem violinista, cujos gemidos e movimentos descortinavam sem qualquer pudor o prazer que ele lhe proporcionava.
As apalpações, logo, tornaram-se toques e carícias voluptuosas, em que o professor explorava as possibilidades que aquele corpo jovem ocultava sob a capa de inocência há muito perdida; depois de muitas carícias e toques, Ester quedou-se por um momento, apenas olhando para Gunther, que de parte ficara surpreso com a ação. “Professor …, deixe-me despi-lo, por favor? Meu pai gostava que eu fizesse isso!”, pediu ela com um tom de voz em rogo.
Gunther aquiesceu com o pedido de Ester; ambos ficaram de pé e ela pôs-se, cuidadosamente, a livrar o professor de suas vestes; ao término ela afastou-se um pouco, como examinando o corpo másculo do seu patrão, e seus olhos faiscantes denunciavam seu estado de pura lascívia. Embora já com certa idade, Gunther, que na juventude fora adepto da prática esportiva, exibia um corpo enxuto de formas bem definidas e um apêndice de dimensões eloquentes, que fascinaram a jovem camareira.
-Quero senti-lo em minha boca! – disse ela, olhando fixamente para o membro ereto de Gunther.
-Faça aquilo que quiseres! – respondeu ele, incapaz de dizer algo mais.
-Então, ordena-me! – pediu ela em um tom intenso – É assim que eu gosto! Ordene, exija, domina-me sem reservas e sem limites …
Por um momento, Gunther, que ficara extremamente surpreso com a revelação daquela faceta da jovem camareira, ponderou que tudo não passava de um desvario eivado de insensatez, e que nele prosseguir significava tornar-se também insano! Mas, o olhar de Ester, e o modo com que seu corpo parecia falar, afastou de sua mente a mera possibilidade de rejeitar a participação em uma aventura que prometia ser alucinante.
-Venha até aqui, minha serva! – exigiu Gunther, elevando o tom de voz – Venha! Sirva-me com tua boca …, não demores! Não vês como estou?
Como reação, Ester mostrou um enorme sorriso e sua expressão era puro êxtase; ela correu até ele, ajoelhou-se a sua frente, segurou o membro rijo e começou a passar sua língua sobre a glande, fazendo movimentos circulares e detendo-se em certos momentos pressionando com intensidade moderada. Gunther olhava para baixo, sem acreditar ainda, que aquilo estava realmente acontecendo.
Quando, por fim, Ester abriu sua boca, fazendo com que o enorme membro desaparecesse em seu interior, o professor sentiu um arrepio percorrer seu corpo, fazendo-o estremecer ante a imensurável sensação de prazer que o gesto lhe causara. Gunther olhava para baixo, mirando os olhinhos azuis brilharem enquanto a boquinha se enchia com seu membro rijo, sugando com enorme destreza, enquanto sua delicada mão fazia carinhos em seus quilhões enrugados, deixando-o, completamente, a mercê de sua destreza.
Após muito saborear o membro rijo de Gunther, Ester levantou-se e caminhou até a escrivaninha, inclinando-se a apoiando as mãos sobre ela; com movimentos delicados, ela separou as pernas e empinou seu magnífico e farto traseiro; colocando os ombros sobre o tampo da escrivaninha, usou suas próprias mãos para abrir o vale entre as nádegas, deixando à mostra o inquietante orifício do desejo.
-Venha, meu Senhor! – disse ela, em tom de súplica – Toma posse do que é teu …, faz o que quiseres com aquilo que te pertence!
Gunther engoliu em seco, e sentiu o pulsar de seu membro, cuja rigidez chegava a doer; ele não podia crer que aquilo estivesse, realmente, acontecendo …, mas, se estava …, não poderia ele recuar ante desafio tão alucinante. Ele tomou posição, segurando Ester pela cintura e apontando seu mastro na direção do alvo; golpeou com vigor, arremetendo até que a glande inchada rompesse a resistência, invadindo as entranhas de Ester, cujo gemido controlado comprovava o inenarrável prazer que estava a sentir.
O professor quedou-se inerte por um instante, apenas o suficiente para que sua camareira se acostumasse com o intruso entranhado em si, e respirando profundamente, prosseguiu, introduzindo-se com o merecido vagar, usufruindo do momento em que aquela doce jovem lhe entregava seu bem mais precioso, oferecendo-se ao turgor másculo e viril de um homem que há muito não sabia como aquilo representava o sabor dos sabores.
E quando ele deu início aos golpes contra o anelzinho de Ester, mesmo com alguma resistência, Gunther deliciou-se ao saber capaz ainda de desempenhar tão doce exercício; e a cada novo golpe, Ester gemia e elogiava a destreza de seu novo amo, o possuidor de seu corpo e de sua alma. “Não fazes ideia de como me revigora, ter-te dentro de mim, meu senhor! Meu amo! Possua-me o quanto quiseres …, sou tua! Para sempre!”, dizia Ester, entre gemidos e suspiros com a voz tolhida pela respiração arfante.
-Tu és tão …, tão …, deleitosa, minha pequena prenda – respondeu o professor, com a voz engasgada pela respiração quase ofegante.
-Então, mostre para mim, meu amo – pediu Ester, em tom ansioso – Dá-me palmadas em meu traseiro e diz-me que ele te pertence e que jamais será de outro homem!
Gunther atendeu ao pedido, desfiando elogios obscenos acompanhados de uma saraivada de palmadas, que logo resultaram em uma imensa vermelhidão nas nádegas da camareira, que, a cada golpe gemia mais alto e pedia mais. Assim ficaram eles, desfrutando daquele momento mágico em que o mundo resumia-se apenas a um homem faminto por prazer e uma mulher carente de entrega irrestrita. E foi nesse clima que o professor, derrotado pela sua fisiologia e vigor, acabou por atingir o clímax, precipitando seu sêmen caudaloso no interior de sua nova cúmplice de pecado e de prazer.
Exaustos e exauridos, Ester e Gunther desabaram sobre o sofá, respirando com alguma dificuldade e tentando, de todas as formas, recuperar algum ânimo. Gunther confessou que estava faminto; Ester riu e disse que poderiam ir até a cozinha, desfrutar de alguns quitutes que Martha, diligentemente, sempre deixava preparados para a manhã do dia seguinte. Vestiram-se e correram até a cozinha, saciando a fome que os assolava. “Obrigado, professor …, fizeste de mim uma mulher feliz e realizada …, se quiseres, serei tua …, para sempre!”, disse Ester com um tom repleto de felicidade.
-Eu que devo te agradecer, minha preciosa! – disse ele, com ternura – Reavivaste dentro de mim, algo há muito tempo adormecido que eu supunha já falecido …, procurei por uma musicista virtuosa e encontrei uma joia inestimável, que guardarei com todo o meu empenho …, será, de agora para sempre, minha serva, minha aluna, minha aprendiz!
-Prometo a ti, meu senhor, que jamais dar-te-ei motivos para desapontá-lo ou entristecê-lo – disse ela com imensa ternura – Encontrei meu novo dono …, meu senhor …, meu amo!
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