Além de curtir eventos sociais relevantes, ela acabava distribuindo seus cartões de visita digitais e conseguindo novos clientes, necessários para abastecer seu guarda-roupa e sua sapateira. Acordava pela manhã, com o sabor de sola de sapato na boca, mas feliz e realizada por frequentar acontecimentos, as vezes, exclusivos. Ao postar comentários sobre os eventos que participava, angariava algumas dezenas de seguidores, como também alguns haters que a vilipendiavam com postagens ofensivas e jocosas.
Um desses haters, acabou transformando-se em um stalker, sempre com postagens intimidatórias e também ameaçadoras; no início, Nádia não lhe deu muita atenção, exceto que um acontecimento a deixou muito assustada; não fosse uma intervenção oportuna, Nádia, provavelmente, teria sido vítima desse stalker, cujo apelido era “No Face”.
Era alta madrugada e ela estava saindo de uma festa promovida por um prestigiado produtor de cinema, pois estava exausta e não conseguiria permanecer até o final; o aplicativo de táxis não respondia ao seu chamado e ela viu-se em uma situação delicada. Olhou para a noite pesada e supôs que não choveria, decidindo, então, pegar um ônibus. Dentro do coletivo, seu celular começou a vibrar sem parar …, eram mensagens do tal “No Face”. As primeiras eram, como de costume, elogios e frases deselegantes, sempre com conotação sexual.
“Aliás, você está linda nesse vestido grená e o sapatos Laboutin!”, dizia uma das mensagens; imediatamente, Nádia ficou apavorada, pois, o comentário dava a entender que ele estava por perto; com as mãos trêmulas, ela voltou seu olhar para a traseira do interior do coletivo, tentando constatar se o tal sujeito também estava naquele ônibus. Notou vários rostos mal encarados, mas, não conseguiu discernir entre eles alguém que se denunciasse para ela.
Saltou no ponto próximo de seu apartamento e esperou até o ônibus arrancar, procurando certificar-se de que ninguém mais descera dele. Começou a caminhar a passos rápidos, sem olhar para trás e com calafrios percorrendo o seu corpo. Repentinamente, ela ouviu passos vindos em sua direção …, Nádia ficou apavorada e pôs-se a correr; ao dobrar uma esquina, percebeu que a rua estava mal iluminada; Nádia quase corria, ainda ouvindo os passos de seu perseguidor.
Para seu azar, um pouco mais a frente, um grupo de homens bebiam cerveja em torno de um tonel de cujo interior saltavam labaredas; Nádia entrou em total desespero, vendo-se encurralada e sob iminente ameaça, não sabendo o que fazer; avançou na direção do grupo de beberrões, tentando passar entre eles, o que não aconteceu, já que um dos sujeitos, segurou-a pelo braço, encarando-a com um olhar ameaçador. “E aí, Dona! Onde pensa que vai?”, disse ele com a voz embargada.
-Por favor, me deixe ir …, eu não fiz nada contra vocês! – pediu ela em tom de súplica.
Todos eles começaram a gargalhar. “Não! Você não fez nada, gatinha …, nós é que vamos fazer!”, disse outro em tom de sarcasmo. Nádia olhou para trás e viu que seu perseguidor havia parado olhando para o grupo.
-Ei, você! O que tá procurando, meu chapa? – perguntou o sujeito que segurava o braço de Nádia, dirigindo-se ao perseguidor – Quer entrar na festa? Ela é particular!
O perseguidor manteve-se parado, movendo a mão para dentro da jaqueta e retirando uma faca que reluzia ao luar. Enquanto ele avançava lentamente na direção dos homens, Nádia desesperava-se, vendo que seu fim seria na mão de um ou de outro. E enquanto os homens davam início a uma violenta contenda contra o perseguidor, Nádia permanecia presa pela mão de um deles, que afastara-se um pouco, observando o que se sucedia.
O desconhecido já havia esfaqueado dois dos sujeitos e estava as voltas com outros dois, quando, repentinamente, um par de faróis surgiu, vindo na direção deles. Assim que estacionou, o motorista saltou de arma em punho; todos se quedaram inertes, olhando para o homem com a arma na mão. O perseguidor, parecendo reconhecer o taxista, desvencilhou-se dos agressores e correu em direção a um beco escuro bem a frente.
-O negócio é o seguinte: largue a moça – disse o taxista em tom de aviso – Não vai querer conhecer minha mira …
O sujeito pensou por um instante e, em seguida, largou o braço da Nádia correndo para longe seguido por seus comparsas; Nádia sentiu um alívio tão grande que foi tomada por uma tontura que quase fez com que perdesse os sentidos; o motorista correu até ela e segurou-a pelo braço; sem compreender a razão, aquela mão firme transmitiu-lhe uma sensação de segurança. “Venha, entre no carro …, eu te levo até a sua casa!”, disse ele, com tom de voz suave que inspirava confiança, conduzindo-a para o veículo. Incapaz de reagir e sentindo-se acolhida, Nádia entrou no automóvel.
O taxista, então, saiu com o veículo, dirigindo com cautela; Nádia, sentada no banco detrás, tentava retomar a respiração ainda ofegante e controlar os batimentos cardíacos ainda acelerados. Estava tão nervosa que não se lembrava nem do rosto do motorista, muito menos o seu nome. “Olhe, moço, obrigado, viu!”, disse ela, com tom de voz hesitante. A princípio, ele não respondeu, parecendo estar muito concentrado no trajeto. Nádia insistiu repetindo a frase, ao mesmo tempo em que sentia uma ponta de temor pela ausência de resposta. “Será que saí da frigideira e caí no fogo?”, pensou com um tremor nas mãos suadas e frias.
-Não precisa agradecer, Nádia – respondeu o motorista alguns minutos depois – Eu estava observando o stalker …, o bando de beberrões foi um imprevisto …
-Como você sabe o meu nome? – interrompeu Nádia, com voz hesitante – Você também estava me seguindo?
-Sim, estava – ele respondeu, estacionando o carro em frente ao edifício de apartamentos onde Nádia morava – Mas, não sou um perseguidor …, na verdade, sou teu protetor …, pronto, está em casa!
-Preciso me preocupar com você? – ela perguntou com voz trêmula.
-Depende …, acha que precisa se preocupar comigo? – ele respondeu voltando o rosto na direção dela.
Nádia ficou extasiada ao ver o rosto do condutor; era um homem de uma beleza arrebatadora, dotado de um olhar arguto e um sorriso cativante; ela estava tão envolta pelo charme natural daquele homem que não conseguia proferir uma palavra sequer. “Hã, bem …, acho que não …, você quer subir e tomar um café?”, respondeu ela, finalmente, esboçando um sorriso encabulado.
-Claro que sim! Adoraria Aliás, meu nome é Azael – disse ele com tom envolvente.
Desceram do carro e em alguns minutos, estavam no apartamento de Nádia; ela o convidou a sentar-se, mas, Azael recusou dizendo que preferia preparar o café. “Faço essa bebida do modo tradicional …, posso?”, perguntou ele, aproximando-se de Nádia que ficou zonza ao sentir o perfume que seu corpo exalava. Ela aquiesceu, e ambos foram para a cozinha; enquanto ele preparava o café, Nádia limitava-se a ouvir a voz de Azel, que soava macia aos seus ouvidos.
Era um homem inteligente e refinado, porém, ali naquela cozinha ele conseguia ser tudo isso e muito mais! Jamais ela encontrara um homem com tamanha sensualidade. Tomaram o café entre brincadeiras e sorrisos denunciadores. “Vá em frente, Nádia …, diga o que você está pensando nesse momento!”, disse ele a certa altura, inclinando seu rosto mais próximo dela; por um minuto, Nádia perdeu o ar e quase desfaleceu …, sentiu sua calcinha umedecer!
-Dizer o que? O que estou pensando? – perguntou ela com tom maroto e um sorriso inquietante.
-Está pensando em como seria sentir o meu beijo – respondeu Azael, aproximando-se ainda mais.
Assim foi que o inevitável aconteceu e eles se beijaram …, uma …, duas …, três vezes! Com os corpos parecendo bombas incendiárias, eles se levantaram e encerraram um abraço febril. De um modo delicado e elegante, Azael desnudou Nádia, exibindo sua beleza aos seus olhos cobiçosos. Sem qualquer pudor, Nádia fez o mesmo; e, ao final, ela viu um homem viril de beleza clássica.
Sem palavras proferidas, Azael tomou-a no colo e caminhou em direção ao quarto; deitados na cama, exploraram os corpos mutuamente; os dedos de Azael prescrutaram a vulva quente e úmida de Nádia, nela provocando sensações que se manifestavam por gemidos e murmúrios. E foi com imensa habilidade que ele substituiu seus dedos por sua língua tórrida e saliente, provocando ondas sucessivas de orgasmos na fêmea que não cabia mais em si de tanto prazer.
Ansiosa por sentir mais, Nádia movimentou-se até que também ela pudesse saborear o membro rijo de seu parceiro, sem impedir que ele prosseguisse com suas carícias orais; por um longo tempo, macho e fêmea saborearam-se envoltos por orgasmos em profusão; o clima dentro daquele quarto era quase incendiário, e a ansiedade por novas sensações estava prestes a romper limites.
Azael subiu sobre a fêmea, penetrando-a com um golpe certeiro e profundo, arrancando longos gemidos e passando a golpear com um esmero cuidadoso; Nádia envolveu o pescoço dele com seus braços, suplicando por sentir sua boca em seus mamilos que de tão duros, chegavam a doer. Com sorrisos, Azael beijou-os carinhosamente, e em seguida, passou a sugá-los com voracidade.
Mais uma vez, Nádia experimentou uma sucessão de prazer que sacudia seu corpo com espasmos e arrepios que a deixavam enlouquecida. Por muito tempo, Azael prosseguiu, entrando e saindo de dentro dela, sem perder o ritmo e sem deixar de saborear seus mamilos e também sua boca. Noutro momento, Nádia estava a cavalgar o macho, deliciando-se em sentir o mastro entrando e saindo de suas entranhas, enquanto ela se acabava em um mar de gozos infindáveis, sentindo suas tetas apertadas na mão do macho, com os mamilos sendo apreciados com imensa volúpia.
Azael pôs-se sentado sobre a cama, sem que Nádia saísse de cima dele, permitindo que eles se abraçassem carinhosamente. “Sempre estarei próximo de ti …, não precisa ter medo de nada, nem de ninguém, entendeu minha preciosa?”, sussurrou ele no ouvido dela. Surpresa com aquela afirmação, Nádia sentiu seu coração pulsar ainda mais rápido, assim como teve a certeza interior de que as palavras de Azael eram verdadeiras.
Deitados em forma de concha, Azael beijava a nuca de Nádia que se acabara de tanto gozar, mas, ainda assim, sentindo que faltava alguma coisa; sentiu uma cutucada discreta do membro de Azael em seu traseiro e ficou enrubescida com a ideia que passou em sua mente. “Se quiseres isso que pensou …, saiba que eu também quero!”, sussurrou Azael com tom insinuante. Ela voltou seu rosto para ele, incapaz de esconder a sua surpresa com a proposta. “Será que ele leu meu pensamento?”, pensou ela, sorrindo para ele.
Repentinamente, ela sentiu os dedos abusados dele invadindo o vale entre as nádegas e pressionando o pequeno orifício que piscou em retribuição; Nádia levantou a perna, deixando o caminho livre para que Azael desse asas ao seu intuito. O primeiro golpe foi, sim, doloroso, porém, o carinho do macho e sua dedicação eram tão envolventes, que Nádia deixou-se levar, entregando seu corpo aos cuidados gentis de Azael.
Teve início, então, um coito anal cuja intensidade era algo indescritível, causando em Nádia, sensações que ela jamais experimentara com outro homem, conduzindo-a na direção de um êxtase que parecia não ser deste mundo. E depois de sentir-se em outra dimensão de prazer, Nádia ouviu os gemidos roucos de Azael, sinalizando que seu gozo sobrevinha de uma forma inexorável.
Com espasmos e uma forte contração muscular, Azael projetou-se para frente, enquanto Nádia sentia seu membro inchar dentro dela, explodindo em uma onda de prazer quente e viscosa que parecia não ter fim; Azael atingiu o clímax de uma forma tão veemente, que Nádia recebeu em troca um outro orgasmo cuja projeção levou-a, novamente, ao Nirvana desconhecido do prazer.
E neste clima de exaurimento e prostração física, o casal acabou adormecendo profundamente. Nádia somente abriu os olhos no dia seguinte porque além do brilho solar invadir o ambiente, a sensação da ausência de Azael chamou sua atenção; olhou ao redor e constatou que ele não estava mais ali.
Nada havia restado, exceto um bilhete sobre a mesa da cozinha ao lado da cafeteira elétrica sinalizando que havia uma bebida fresca a espera dela. “Espero que tenhas gostado dessa noite …, não sei se ela poderá se repetir, mas, asseguro-lhe que sempre estarei ao seu lado!”, dizia o bilhete que Nádia leu com alguma dor no coração e com um par de lágrimas teimando em escorrer pelo seu rosto. Inconformada, Nádia ainda tentou encontrar Azael, mas tudo que tentou, foi em vão …, desistiu, ansiando que ele, algum dia, viesse ao seu encontro.
Uma noite, voltando para casa, ela viu o stalker do outro lado da rua, encostado em um poste de luz, com o rosto coberto pela sombra do capuz; no momento em que ela o encarou, a luz do poste se apagou repentinamente …, e assim se deu por todas as outras lâmpadas da rua, o mesmo acontecendo com semáforos e a luz que provinha das janelas dos edifícios, imergindo o local em uma temerosa escuridão.
Atemorizada, Nádia pôs-se a correr, mas sem saber para onde ir já que sua visibilidade estava prejudicada; ao entrar em um beco, viu-se encurralada; olhou para cima e viu o luar inundando seu entorno, como também viu o stalker prostrado na entrada do beco; temeu que aquele fosse o seu fim e gritou ao ver que do sujeito brotaram duas enormes asas negras como dois olhos de fogo brilharam na sombra de seu rosto.
Munido de uma espécie de adaga, ele caminhou na direção dela, e a jovem viu que sua vida estava por um fio. E quando ele estava muito próximo dela, deu-se outro acontecimento inusitado: um clarão surgiu atrás e Nádia e de seu interior brotou uma figura humana que parecia um homem. “Não se preocupe, Nádia, eu estou aqui!”, disse a figura. Nádia ficou alarmada ao ver que a figura se tratava de Azael.
Ele também tinha enormes asas brancas, trajando uma longa túnica alva e tendo nas mãos uma espada que relampejava em um brilho incandescente; o stalker, que estava em posição de combate, recuou com sua espada a frente de seu corpo. E o que se seguiu foi algo inacreditável e insólito. Os dois seres alados, elevaram-se no ar, travando uma batalha feroz que fazia o firmamento manchar-se de seguidas explosões de brilho e luz intensa …, até que …, Azael desferiu um golpe certeiro e o seu oponente viu-se tragado por uma enorme onda de luz que assim como surgiu, imediatamente, desapareceu.
Azael desceu e retomou a forma com que Nádia o conhecera; eles se abraçaram e se beijaram; Nádia sentia-se segura nos braços dele e suplicou que ele jamais a deixasse novamente. “Sempre estarei por perto …, seja nesta forma ou em outra …”, disse ele em tom solene.
-Me leva contigo, por favor! – suplicou ela em murmúrio, soluçando baixinho.
-Sabes que isso não é possível, meu amor! – respondeu ele, segurando o queixo de Nádia e beijando suas lágrimas – Mas, confie em mim …, sempre que pensares em mim, aqui estarei!
Nádia viu seus sentidos serem envolvidos por uma luz fortíssima …, acordou horas depois em seu quarto, olhou para a mesa de cabeceira e viu um colar de onde pendia um pequeno anjo de prata …, ela o tomou nas mãos e controlou a vontade de chorar. “Ele está aqui comigo …, para sempre!”, pensou ela, apertando o amuleto entre as mãos.