Voltando à história. Já estávamos caminhando para a metade de novembro, dez meses separado. Seguia transando com Giulia, mas nem de longe eu pensava em levar isso muito adiante, mesmo gostando das transas e da companhia dela, não tinha sentido sair de um casamento e começar uma história romântica, tanto que nesse espaço de tempo com ela, cheguei a sair com mais três mulheres graças à praticidade dos aplicativos. Uma delas, era até parecida com Adriana e também casada, eu estava confuso sobre o mundo e me questionando se a monogamia realmente existiria em um futuro próximo. As transas com essas mulheres de aplicativos não tinham a mesma entrega do que por exemplo com Giulia e muito menos com minha ex, mas eram ótimas para saciar o tesão, um corpo novo para experimentar e depois simplesmente se despedir. Giulia, evidentemente, nunca soube dessas minhas saídas.
Uma noite, Adriana me ligou e disse que precisávamos conversar sobre diversos assuntos relacionados à escola de Andressa, o Natal e uma chácara que ainda não tínhamos conseguido vender. A minha raiva dela em nada tinha mudado, mas as últimas semanas tinham sido tão boas que acabei aceitando que ela viesse ao nosso antigo lar, mas sem nossa filha porque não queria que ela ouvisse alguma discussão e muito menos sem o tal Alexandre. Marcamos em um sábado e ela veio de maneira bem casual, uma blusinha azul de alcinha que destacava bem seus seios, calça jeans justa que fazia ver bem o contorno de suas pernas e bumbum delicioso. Estava com o cabelo mais bonito e bem maquiada. Enfim, muito linda e elegante. Assim que entrou ela notou que praticamente tudo no apto havia sido trocado e comentou. Nos sentamos e ouvi o que ela tinha a dizer, achei razoável ela propor que a partir daquele ano, Andressa passasse o Natal com um e o Ano com outro, invertando a ordem no seguinte. Não aceitei a ideia de mudar nossa filha de escola para próximo de onde Adriana morava e fui firme fazendo-a desistir. Finalmente, sobre a chácara, ela disse que talvez tivesse um comprador, mas que gostaria que eu estivesse junto para acertar tudo, o que concordei.
A partir daí começou a sessão “lavagem de roupa”. Discutimos civilizadamente sobre vários pontos envolvendo a traição e a separação. Adriana chorou dizendo que mesmo sem eu acreditar, ela tinha sofrido ao saber por alto que fiquei mal, que tentou me ligar incontáveis vezes, mas eu não atendia ( o que foi verdade). Resolvi contar tudo, das minhas quase tentativas de suicídio, dos remédios, da humilhação com os nossos pseudoamigos e até do meu caso com Giulia, o que a surpreendeu, pois “suas fontes” diziam que eu estava sozinho desde a separação. Ela chorou muito com os meus relatos, me pedia perdão entre os soluços, e eu disse que jamais seríamos nem amigos.
Num dado momento, a coisa descambou para a discussão e ela disse:
-Você acha que para mim tudo foi fácil?
-Tenho certeza que foi difícil arrumar uma pica nova para te foder até na nossa cama e num piscar de olhos, encher a mala de roupas e ir curtir o amor da sua vida me deixando falando sozinho, sem dúvida, imagino o quão difícil foi e está sendo para você.
-É claro que o que eu passei não dá para comparar com o que você passou, tenho ciência disso, mas você acha mesmo que não já não me peguei mais de mil vezes pensando, “será mesmo que deveria ter feito isso? Será que não foi uma ilusão de momento e joguei tudo fora?”.
Nesse momento, ela voltou a chorar e eu saquei que talvez houvesse problemas no paraíso dos pombinhos, mas Adriana notou meu olhar e, provavelmente para não deixar que eu tivesse tempo de perguntar algo sobre seu relacionamento com Alexandre, respirou fundo e disse:
-Mas isso é normal. Alexandre e eu estamos pensando em ter um bebê se não para o próximo ano, no outro e vida que segue. –Fiquei com a sensação de que ela estava tentando convencer mais a si própria do que a mim, mas fiz questão de demonstrar que não estava preocupado nem com um futuro filho que ela tivesse nem com a merda do relacionamento dela. Tratei de pôr fim a conversa.
Adriana quis olhar o restante do apartamento, já que é um duplex e apenas estendi a mão e deixei-a ir. Ela voltou dizendo que eu tinha bom gosto e ao se despedir, falou:
-Sei que irá demorar, mas torço muito para que um dia a gente possa se sentar e ser amigos e não é só pelo bem da nossa filha, é porque eu sinto falta de estar com você. Pode ter certeza que meu remorso é grande pelo que te fiz, mas saio daqui mais animada, conseguimos ter uma conversa, soube que você está com alguém e com ótima aparência.
Eu pedi apenas a Adriana que não falasse a ninguém sobre meu relacionamento com Giulia, pois ainda estávamos decidindo se iríamos levar a sério mesmo, ela concordou. Nos despedimos e fiquei muito mal, mas não ao ponto de chorar.
Na mesma semana tive que fazer uma viagem a trabalho para a Argentina, pensei em levar Giulia, mas não daria por causa da universidade, era época de provas. De maneira imprudente, admito, disse a ela que quem sabe logo iríamos passar uns dias na Europa e passei a relatar o quanto é bacana fugir de lugares turísticos e buscar outros que poucos vão como vilas minúsculas na Itália e na França, descrevi com muitos detalhes as comidas, locais, eu tinha ido algumas vezes com Adriana. Giulia só tinha ido a Orlando, onde o papai a levou algumas vezes nos parques da Disney, por isso ficou muito animada com a ideia.
Um dia antes de ir para a Argentina, Seu Max, como era conhecido no prédio, um senhor alemão, com um pouco de sotaque, já idoso e viúvo, me procurou dizendo que tinha um assunto um pouco delicado, no mesmo momento pensei “lá vem mais uma bomba”. Ele enrolou por mais de meia hora até entrar de fato no assunto.
- Eu não gosto de algumas brincadeira ofensivas que duas pessoas da nosso condomínio fazer com você.
Na mesma hora pensei Tavarez e Mantovani. Seu Max continuou:
-Eles fica sempre falando no salon, piscina, praça sobre você e sua mulher. Aquele Mantovani, eu vi famílias de vocês dois juntas e agora, ele disse um dia no elevador para eu tomar cuidado e não ficar muito perto de você porque além de corno, você é mentalmente perturbado e podia fazer alguma coisa. Desculpa, mas acho que ele falou para outras pessoas que têm crianças e isso poderia ser ruim para você aqui. Sei que é um grande mentira, mas cada pessoa pode pensar de um jeito.
Se tivesse sido apenas uma piada para assustar o idoso, convenhamos que já seria de mau gosto, mas espalhar isso e sabe-se lá mais o que para outras pessoas, além de me difamar, poderia me trazer dessabores. Entretanto, eu tinha duas jogadas prontas para ele, uma delas ainda teria que esperar, mas a outra era questão de dias para eu pôr em prática.
Fui viajar e fiquei muito puto, pois a negociação que estava 99% certa, não se concretizou porque o outro lado quis mudar algumas coisas no contrato. Perdi tempo e dinheiro. Um dia após a minha volta, vejo Tavares e mais um morador que conhecia apenas de vista, eu já estava explodindo de raiva e ele me deu a deixa ao falar baixo poucos passos depois de eu cumprimenta-lo: muuuuuuuuu. Tomado pelo ódio, subi e pensei “É hoje que esse filho da puta vai ver em close até as pregas da filha dele. Eu tinha todas as fotos dela em um pendrive, muito bem trancado e rapidamente desci para ainda encontrar o canalha. Fui em direção ao jardim que chamam de praça no condomínio e de longe, chamei o Tavares, pedindo, por favor, para ele vir aqui. Abri o notebook e coloquei uma foto de Giulia na minha cama de pernas abertas. Tinha muitas que fizemos juntos sem contar as que ela me mandava por mensagens. Não sei o que se passou na minha cabeça entre a demorada caminhada dele ao meu encontro, mas decidi fechar o note e usar outra tática.
Quando o barriga de melancia finalmente chegou, disse que tinha uma história chata para contar e precisava da opinião dele. Ele se sentou como se realmente fosse um amigo e disse?
-Pode dizer.
-Sabe, Tavarez, estou numa situação complicada, um grande amigo meu começou a sair como uma gata deliciosa de uns 20, 21 anos...
O canalha me interrompeu com deboche e disse:
-E isso lá é problema? Isso é sorte das grandes.
-Pois é mais o problema não é esse, o cara tá comendo ela direto, fazendo tudo que você puder imaginar, pensa um filme pornô dos mais pesados e multiplica por 10, posições loucuras, horas e horas. Coisa doida mesmo e ainda fotografa, a garota faz o que ele pedir, por mais absurdo que seja.
Tavarez seguiu fazendo piadas:
-Até agora, só tô ficando com inveja desse seu amigo, mas o que ocorreu, a menina engravidou e ele é casado? Ai sim, fodeu para ele.
-Não. O problema é que esse meu amigo, odeia o pai dela e está querendo jogar as fotos na internet, mandar por e-mail para todos os conhecidos em comum e para o próprio pai da jovem.
-Ai é pesado demais, mas eu até que gosto desses tais de vazamentos de nudes, mulher que tira foto pelada tá pedindo. Se for menor de idade, aí sou contra, mas sendo maior, azar dela, aguenta o tranco.
-Então, Tavarez, eu tô muito chateado, porque ele estava com o notebook no colo dizendo que de hoje não passava, tô tentando de tudo para que ele mude de ideia.
O idiota ainda demorou quase um minuto para entender que eu era o cara. Fiquei olhando para ele com um sorriso sádico e quando ele me olhou, apontei para o notebook no meu colo. Tavarez arregalou os olhos por longos segundos, depois mudou nitidamente de semblante, parecia ter visto a criatura mais assustadora da terra, perdeu a cor e passou a respirar com dificuldade. Até que se levantou e falou já num tom elevado:
-O que significa tudo isso que você falou para mim, Paulo? -Havia desespero em sua voz.
-Pense, Tavarez, pense...
-Se todo esse merdeiro que você me contou tiver algo a ver com a Giulia, eu juro que te mato.
Fiquei apenas olhando-o por alguns segundos, lembrei-me do primeiro dia que ele debochou de mim pela traição de Adriana, eu ainda entupido de remédios para encarar aquela festa e depois quase me jogando da sacada. Finalmente, balancei a cabeça e disse:
-Tem tudo a ver com Giulia..Ah! E comigo, eu sou o cara da história.
Tavarez não hesitou em vir para cima de mim, mas eu tive tempo de me levantar e coloquei o notebook na grama ao lado do banco. Era uma tarde fria, e não tinha ninguém próximo, então foi mais fácil dar sequência à nossa agradável conversa. Apesar de toda fúria, consegui segurá-lo com uma simples chave de braço. Ele começou a gritar, me solta, me solta. Eu falei:
-Se você não quiser que eu mande as fotos agora para meio mundo, se acalma e ouve o que tenho para dizer. Eu não quero foder com a vida da Giulia, mas só vai depender de você.
Tavarez ainda tentou se debater, meu receio é que alguém nosso visse antes de eu contar, o bicho era forte apesar de obeso, mas consegui segurá-lo. Finalmente, ele cedeu e se sentou no banco.
-O que você quer, filho da puta? Dinheiro?
Eu então expliquei tudo o que ele fez e que já narrei nos contos anteriores. Disse que desde a festa da minha filha, eu sabia que a brincadeira dele digna de marginalzinho de 5ª série era para mim, mas que pelo fato de eu estar mal, teve um efeito muito maior e que por isso resolvi foder com a coisa que ela mais ama na vida. Tavarez estava roxo e muito nervoso:
-Eu acho que isso tudo é balela. Ri muito da sua cara, mas não foi só eu não, teu cunhado foi o 1º a espalhar isso aqui. Agora você ficou magoadinho e tá querendo inventar que minha princesa fez essas coisas imundas aí para tentar me chatear e ainda vem fazer ameaça para me deixar com medo, vai tomar no cu! A Giulia nunca sairia com um corno manso, mesmo sendo chefe dela! Vai descontar tua raiva na tua mulher e no macho dela. Eu não acredito em você!
Eu fiz sinal de pegar o notebook e esbanjando sadismo, perguntei:
-Quer ver qual foto primeiro? Já vou adiantando que são bem mais picantes que as da Playboy, tem uma aqui que ficou muito boa, deixa eu...
--Para, para, seu canalha! Se você fez mesmo isso, vou te matar, eu juro, arrumo uma arma...Uma arma...E...
Tavarez desabou a chorar por uns bons minutos, pois viu que a minha confiança não dava margem para ser um blefe. Devem ter sido minutos terríveis para ele imaginar a filha, uma verdadeira Barbie fazendo as coisas que eu dei a entender e ainda correr o risco de todo mundo ver. Decidi cortar as bravatas dele:
-Chega de conversa fiada. Estou transando com a Giulia há meses, tenho fotos, vídeos, mas estou disposto a nunca revelar a ninguém, aliás, além dela própria e de mim, só você sabe do nosso caso e das fotos, mas para eu deixar para lá, tem uma única condição.
Tavarez não respondeu, apenas balançava a cabeça como que não acreditando, então indaguei, se iria querer ouvir:
-Fala logo, filho da puta!!!
-É bem simples, a partir de hoje, toda vez que a gente se cruzar, você dirá “Bom dia ou boa tarde, senhor ou doutor Paulo” e nunca mais voltará a fazer piadinha envolvendo meu nome.
-Ah! Vá tomar no cu, seu doente. Parar de te zoar, tudo bem, mas me rebaixar chamando um moleque de uns 30 anos de senhor? Eu tenho 53 anos, tem graça te chamar de senhor. E doutor é o cacete, você é médico, advogado agora? – Respondeu atônito, como quem não acredita que está ouvindo tanta merda.
Claro que esse pedido de chamar de senhor ou doutor era uma piada, o mais importante já tinha ocorrido, vê-lo se desmantelar chorando, e principalmente, saber que Tavarez jamais se esqueceria do dia que foi trolado pelo comedor de sua única e linda filha, já estava mais do que pago, porém eu queria humilhá-lo e vendo que ele não cedia, banquei o louco.
-Pena que não pudemos chegar a um acordo, Tavarez. Terei que vazar as fotos e se der algum problema na justiça, vou dizer que roubaram o notebook e não tive culpa do vazamento.
Peguei o notebook e virei de costas, ele começou a chorar e me chamou de volta.
-Eu vou fazer isso, seu filho da puta, por causa da minha filha, vou perguntar antes se é verdade mesmo para ela, mas toma cuidado porque uma hora você vai se arrepender do que fez a ela e a mim.
--Ok, Tavarez, então nosso trato começa a valer a partir de agora. Qualquer gracinha, as fotos vazam, se não me chamar de doutor ou senhor na frente de quem estiver, as fotos vazam. Se cumprir com sua parte, as fotos não vazam.
Sai e Tavarez voltou a chorar. Duas horas depois, ele foi levado pela esposa para um PS, acreditando estar tendo um enfarte, mas era só uma crise de hipertensão que o levou a passar algumas horas em observação.
Só fiquei sabendo desse problema do Tavarez no dia seguinte, pois desliguei meu celular, já sabendo que Giulia provavelmente iria me ligar e além de achar que ela merecia uma conversa frente a frente, não sabia se ela voltaria a querer ficar comigo, para dizer a verdade, no fundo eu queria, porém aquela noite era para comemorar o desmantelamento de Tavarez, depois pensaria nos danos colaterais.
Amando esse conto, e essa vingança. Mas ainda achando que esta pegando leve com eles.
Manda mais, essa vingança ..
delicia demais
Cara seu conto está muito bom mesmo,estou acompanhando e me surpreendendo muito,mas vamos pra parte q vc volta com sua esposa e se assume corno, porque está bem próximo de acontecer, votadissimo
Espero a sequência.