Leticia estava extremamente nervosa, já eu, pelo cansaço e também pelo fato de acreditar que quem quer fazer, faz, não fica ameaçando, procurei tranquiliza-la.
-Amanhã, a gente vai à polícia e vê o que dá para fazer, mas isso tá com cara de ser coisa de despeitado querendo tirar a sua paz. De toda forma, vou falar com o síndico para avisar todos que trabalham na portaria para não deixá-lo passar. E as chaves da porta, você trocou quando ele se mudou?
Ela disse que sim e logo em seguida notou que eu estava com a aparência muito derrubada e quis saber se era por causa de nossa discussão do dia anterior, disse que sim, mas que havia mais coisas, porém não queria contar naquela hora, preferia dormir. Porém, Leticia insistiu tanto que pensei “É melhor revelar logo a bomba” e contei exatamente tudo o que Alexandre me falou, amenizando apenas as partes em que ele dizia que Adriana nunca deixou de me amar, porque se tratava de achismo dele e que só serviria para atrapalhar mais meu lado com Leticia.
Ela ficou muito abalada, bem mais do que eu esperava, porém como minha transa com Adriana tinha sido no começo de janeiro, quando nós ainda não tínhamos começado a sério o relacionamento, achei que ela fosse ficar chateada, mas não ao ponto de querer terminar, mas foi o que fez, disse que lamentava muito ouvir aquilo, porque estava apaixonada por mim como por nenhum outro, porém se antes já estava difícil porque ela achava que eu ainda sentia algo por Adriana, agora tinha se tornado impossível com a gravidez.
Mesmo cansado, tive calma para argumentar por um bom tempo para que Leticia entendesse que eu daria assistência à criança, mas que isso não mudaria nada entre nós, éramos livres e deveríamos seguir nosso namoro e dane-se a Adriana. Apesar de insistir muito e vê-la chorando, o que demonstrava que tinha sentimentos por mim, não adiantou, ele pôs fim a tudo, agora definitivamente.
Antes de eu sair, ainda tentei abraça-la na porta, mas ela se afastou e disse baixo:
-Mulheres como a Adriana sempre vencem, no trabalho, no amor, em tudo, já fracassadas como eu só se fodem. Ela seria sempre a sombra nossa e acabaria ficando com você uma hora, então que seja agora para não eu sofrer mais depois.
Por mais de uma semana, tentei ao telefone fazê-la mudar de ideia. Creio que fui até chato, mas se fosse por faltar de lutar, eu não a perderia. Foram dias terríveis para mim, quase iguais aos que passei quando Adriana me largou. Após vários dias tentando, Leticia me disse que teria que me bloquear porque não queria mais falar sobre o assunto. Fiquei ainda mais arrasado, pois apesar de esta sendo insistente, queria mostrar que era com ela que eu queria ficar, mas ao me bloquear, vi como uma atitude simbolicamente de desprezo, de página virada, de estar em outra sintonia, me irritei com aquilo e com vida e em breve começaria a chutar o balde.
Antes, porém, era preciso ver como ficaria a situação com Adriana, nesse pouco mais de uma semana que passei correndo atrás de Leticia, minha ex-mulher contou a verdade para os pais e a mãe, que era autêntica jararacuçu-do-brejo se aproveitou para pisar na filha. Sempre senti que a mãe de Adriana sentia inveja dela, pode parecer loucura, mas existem pais narcisistas que não suportam o sucesso dos filhos e estão sempre buscando defeitos. Sei bem, pois vim de um lar assim, a diferença é que Adriana ainda tinha o pai que era bonachão e do bem, mas a mãe não perdeu a chance de humilhá-la, tanto que ela acabou pegando Andressa e levando de volta para o seu apartamento e disse que como ainda estava no quinto mês de gravidez dava para ficar em casa, o que seria até bom para focar no projeto sem aporrinhamentos.
Com a certeza de que Alexandre não voltaria mais ao apartamento, comecei a passar lá aos finais de tarde para dar um abraço em minha filha e ver se estava tudo bem com a agora solitária Adriana, que parecia fixada no tal projeto dela. Foi até surpreendente ver como minha ex não embarcou em uma fossa por causa de terminar com Alexandre e mergulhou de cabeça em uma ideia que tinha há tempos, eram horas e horas naquilo. Ela sempre me pedia para ficar um pouco mais e jantar com elas, mas eu queria ir logo para a casa, onde estava dando início ao meu novo hobby: encher a cara.
Com a recusa de Leticia em falar comigo, entrei num vibe péssima de crises de ansiedade que me remetiam ao período negro que já narrei aqui, e o álcool me fazia relaxar e adormecer. Ficar me rastejando aos pés dela já seria humilhação demais, não digeri o fato de ter me bloqueado no celular, por isso fiz questão de curtir minha fossa sozinho. Numa dessa noites, passei a imaginar o que fiz por ela, todas as coisas boas que vivemos, o companheirismo, e mesmo não sendo de me vitimizar, acreditei que faltou a ela um pouco de consideração, mas o que mais povoou a minha mente é que talvez Leticia não gostasse tanto de mim, tinha uma gratidão, mas diante de um problema contornável, já bateu asas e voou.
Senti raiva e num desses momentos, atirei uma garrafa de vinho contra a parede e não contente, dei uma de Adriana e comecei a quebrar várias coisas, entre ela, uma TV caríssima, apenas para aliviar minha raiva que não era só dela, mas da vida, depois apaguei no chão como um autêntico cachaceiro.
Percebi que aquilo iria começar a interferir em meu trabalho porque acordar de ressaca todo dia e encarar um dia de labuta tendo que tomar várias decisões importantes, não era simples. Decidi me conter ainda que fosse complicado.
Creio que já citei que o condomínio em que morava era grande, são quatro prédios e uma ampla área social e de lazer, para quem não fica muito tempo lá embaixo, era possível ficar meses sem encontrar com outro morador, porém houve uma manhã de sábado que decidi ficar sentado no jardim, aproveitando um pouco de sol, mesmo já sendo junho. De cara, encontro com Leticia e duas amigas indo para a academia do condomínio. Cumprimentei as duas amigas, mas quando foi a vez dela, olhei-a com cara de poucos amigos e depois virei o rosto seguindo em direção ao jardim. As amigas notaram o climão e minutos depois, ela veio falar comigo, eu já sentado num dos bancos típicos de praça.
-Não precisa ser assim, Paulo.
Sem dar muita pelota, respondi:
-Tô fazendo o que você queria, te deixando em paz.
-Mas a gente pode ser amigos, pelo menos nos cumprimentarmos.
-Ah, me poupe desse clichê de papo de amigos. Você me bloqueou! O que é que eu sou? Um Mantovani da vida para ser bloqueado? Isso foi muita falta de consideração!
-Desculpa, mas é que nossas conversas só estavam me deixando mais tristes, eu precisava de tempo para absorver tudo.
-Agora, você tem todo tempo do mundo. Não te importunarei mais. Só lamento porque eu realmente tinha planos para nós, mas acho que foi só ilusão.
-Eu também tinha, mas a Adriana...
-Ah! Não, papo de Adriana que eu ainda a amo, que ela vai ficar em cima até me tirar de você, eu definitivamente não quero mais ouvir. Já expliquei um milhão de vezes, mas você se apegou nisso. Vai curtir sua esteira, seus exercícios e me deixa aqui. Vida que segue, ou melhor, vida fodida que segue.
Leticia saiu chateada e eu fiquei mais puto ainda. Porém, ao invés de encher a cara para apagar, decidi buscar minha filha para irmos ao cinema, há dias ela me falava de um filme, então nada melhor do que alegrar Andressa e ainda me de distrair por umas horas. Só não contava que Adriana me perguntaria se podia ir, sem graça, disse “claro”.
Foi uma tarde agradável, sem nenhum tipo de provocação nem do meu lado ou do de Adriana, só curtindo. Num dado momento, Andressa, que apesar de pequena era bem sagaz, falou:
-A primeira vez que saímos nós quatro para passear: mamãe, papai, eu e a minha irmãzinha!
Adriana sorriu meio que envergonhada, mas como que se tivesse gostado. E foi só nesse momento que fui me dar conta que incrivelmente desde a revelação de Alexandre sobre a minha paternidade, eu ainda não tinha, nem que por breves segundos, curtido a ideia de que teria uma nova filha ou imaginado como ela seria, foram tantos problemas que nem pude parar para pensar nisso, cheguei até a me sentir mal pela bebê, já que quando Adriana e eu recebemos a notícia da gravidez de Andressa foi uma grande festa. Olhei para a barriga da minha ex encantado e fiquei “telepaticamente” conversando com minha filha mais nova.
Na volta, apesar de disfarçar, era nítida a expressão de alegria de Adriana. Assim como na gravidez anterior, ela não ganhou muito peso, ostentava uma barriguinha, mas seus braços e pernas continuavam iguais, talvez as bochechas do rosto um pouco mais cheias e os seios, mas não ao ponto de dizer que estavam inchadas pelo menos até aquele período, claro que mais próximo do final da gestação, seu corpo mudaria, porém no caso da 1ª, não foi nada muito acentuado, tanto que poucos meses depois, ela já retornou à forma anterior.
Naquele sábado ainda comemos uma pizza e depois que Andressa foi para o quarto, aproveitei para me despedir e Adriana, ainda que sem jeito, falou:
-Se você quiser dormir aqui, tem uma cama de reserva.
Também sem graça, respondi:
-Tá cedo ainda, mas obrigado. Amanhã, dou uma passada aqui.
Ela segurou em meu pulso já na porta e disse:
-Obrigada pela tarde de hoje. Imagino o quanto deve estar sendo para você...Essa saída me fez um bem danado.
-Eu também gostei. Acho que pela Andressa, aliás pelas duas agora, podemos fazer isso mais vezes, sem estresse ou joguinhos.
-Será muito bom.
Fui para casa e apesar de também ter gostado daquele programa, foi só passar pela porta e voltei a me sentir mal, pensando em Leticia. “Vai ver que essa hora está com outro. Falar em sermos amigos? Papinho mais manjado”. Não resisti e tive que tomar algumas taças de vinho para poder dormir.
No dia seguinte, fui a um almoço na casa de um primo (o que já citei anteriormente que é gay). Os pais dele também estavam e mais algumas poucas pessoas. Contei-lhe de canto da gravidez e de todas as consequências. Ele ficou muito surpreso, mas também preocupado com o fato de eu contar que estava bebendo, já que até ali, raramente ingeria álcool. Tentou me aconselhar, mas me abri e disse que estava sendo foda.
Fui novamente ver Andressa, no finalzinho de tarde, já que agora ela estava ficando mais com a mãe, o que era até bom, pois eu não estava cuidando direito nem de mim. Fiquei algumas horas ali, parecia que quanto menos eu ficasse em meu apartamento, melhor, para não pensar em Leticia e começar a beber.
Andressa acabou adormecendo, enquanto Adriana tinha ido tomar banho. Coloquei-a na cama e esperei minha ex sair do banho para abrir a porta para eu poder ir. Ela voltou com os cabelos molhados, jogando-os para trás e com um roupão leve de cetim preto. Sentou-se ao meu lado e pediu para eu ficar um pouco mais, já engatando um assunto qualquer, depois em nomes que estava pensando para a bebê e quis saber se eu tinha alguma sugestão. Após um tempão, ela falou:
-Você ainda não colocou a mão na minha barriga para sentir a bebê.
Tentei dizer que não precisava, mas Adriana abriu levemente o roupão e já pegou minha mão direcionando-a à sua barriga. Deslizei a mão fingindo naturalidade, não havia nada demais, mas quando olhei melhor, vi que ela estava com parte dos seios à mostra, eles estavam um pouco maiores, como já havia notado. Desviei o olhar para frente, sem tirar a mão da barriga, numa cena digna do filme Forrest Gump quando ele toca nos seios de Jeannie e faz um cara de espanto total.
Claro que Adriana notou que fiquei sem jeito, e era bem provável o que minha ex estava tentando fazer. Tirei a mão com sutileza de sua barriga e mudei de assunto, ela exibiu um leve sorriso de canto. Queria me levantar do sofá de um jeito que não desse a ela a impressão de que havia me perturbado, por isso, procurei fingir naturalidade, foi o que ela queria para me “atacar”. Num gesto suave, mas ao mesmo tempo decidido, Adriana se virou para mim quase que subindo em meu corpo e me beijou. Aquele frescor de quem acaba de sair do banho mais o suave perfume que ela sempre usava, me fizeram me sentir bem, mas cortei o beijo, sem empurrá-la, apenas virei o rosto dizendo apenas um “Não”. Teimosa e decidida, ela passou a beijar meu rosto e pescoço. Sem graça, mas ficando excitado, disse:
-Não vamos confundir as coisas, agora que está tudo bem.
Sem cessar com os beijos no meu rosto e pescoço, Adriana disse melosa:
-Quem está confundindo as coisas? Só mais uma vez...Ando com os hormônios a mil, desde que você começou a vir aqui.
Aqui um parênteses antes de retornar à história, durante a gravidez, algumas mulheres perdem completamente o desejo sexual, já outras ficam com mais desejo, segundo os médicos, isso é uma questão de hormônios, aprendemos isso na gestação de Andressa, pois Adriana tinha muita vontade, mas com medo, perguntamos ao médico dela que disse apenas para termos alguns cuidados.
Tentei pará-la sem ser brusco só com palavras, mas Adriana tocou em meu pau por cima da calça e sorriu:
-Não é o que seu pau tá dizendo, vamos? Não vou te cobrar nada depois, só mata minha vontade de gozar gostoso.
Cedi...
Fomos para o quarto dela e trocamos o nosso primeiro beijo após um ano e tra lá lá, como citei, em nossa transa em janeiro, foi algo tão selvagem e inesperado que nem beijo houve, mas após tanto tempo lá estávamos nos beijando de joelhos na cama, abri seu roupão, e Adriana ficou só com de calcinha, preta e rendada, sem dúvida, ela tinha pensando em tudo. Virei de costas, mas ainda de joelhos e comecei a beijar seu pescoço e acariciar seus seios. Depois, ela tirou minha cueca e me fez deitar, ela também se deitou, porém de lado e mais para baixo e começou a chupar meu pau. Num dado momento, sorriu com cara de quem está fazendo uma grande travessura e disse:
-Tenho que contar agora, aquela tarde na chácara, quando fiquei de quatro e você veio, me puxou com uma vontade para enfiar, depois emitiu um som de desejo e raiva quando estava dentro de mim. Nossa! Já me toquei N vezes lembrando daquele momento.
Apenas balancei a cabeça rindo e a fiz se deitar de barriga para cima. Em seguida, passei a chupar seus seios devagar, pois estavam muito sensíveis, já tínhamos experiência em transar durante a gravidez, então coloquei um travesseiro embaixo dos quadris dela e fui chupá-la, mesmo antes de começar a chupar, notei que Adriana estava bem molhada, só com os amassos. Fiz meus truques com a língua, ela foi ficando cada vez mais excitada e gemendo, após tanto tempo voltei a sentir seu mel que por anos saboreei, e naquele momento, de fato me soltei, pois mesmo tomado pelo tesão, ainda tinha começado a transa meio travado, porém, como já citei em diversas passagens, meu ponto fraco é o gosto e o cheiro. Adriana foi ao delírio, mas não queria gozar no oral e praticamente implorou que eu a fode-se, então se virou de lado que é uma das melhores posições para quem está grávida e eu a penetrei também de lado ficando atrás dela, no começo com leves estocadas, mas fui acelerando, pois ela é quem pedia e demonstrava estar bem tarada:
-Me fode legal, dá uma surra de pica nessa boceta que nem grávida sossega.
Fui enfiando e, às vezes, beijando de leve seu rosto e dizendo como a boceta dela era gostosa. Um tempo depois, Adriana começou a berrar e gozou forte, como nos velhos tempos. Esperei por alguns minutos, ela se recuperar e disse para me chupar, pois eu ainda não tinha gozado, mas a mulher estava mesmo com fogo e disse:
-Vamos brincar mais um pouco porqueque acho que ainda posso gozar mais uma vez.
Ficamos nos tocando de leve e ela decidiu vir por cima, numa cavalgada não tão forte, mas bem ritmada que me encheu de tesão e vontade de gozar, mas quis espera-la. Após um tempo, retomamos a posição de lado e voltei a socar forte e ela a berrar até chegarmos ao orgasmo juntos. Gozei muito dentro dela.
Ficamos ali deitados. Ela muito satisfeita, eu também havia gostado, mas ainda me sentia estranho. Adriana insistiu para que eu dormisse lá, mas preferi me vestir, sem pressa, sem avisos, pois não era queria cortar o momento em que ela parecia estar nas nuvens.
-Ai! Foi muito bom, estou trabalhando no projeto que te falei, nove, dez horas com a cara socada no note e antes mesmo de tudo acontecer...Já fazia um bom tempo que não tinha nada.
Não quis saber o motivo, me despedi dela e fui para casa, meu corpo estava plenamente satisfeito, mas a cabeça me punia.
No dia seguinte, inventei uma reunião até mais tarde e não fui lá, mas no outro fui e acabou rolando tudo de novo e por mais tempo.
Decidi que era hora de brecar isso, tive uma conversa séria com Adriana, ela não sabia bem em que pé estava minha situação com Leticia e eu também não tocava no assunto, mas procurei explicar que mesmo tendo gostado desse “remember”, não queria passar a sensação de que poderíamos retomar de onde paramos, eu seguiria indo lá sempre e mesmo depois do nascimento da nossa 2ª filha, mas não deveríamos mais transar. Foi bem difícil para ela aceitar. Num dado momento, chorando, mas não de se descabelar, ela disse, enxugando uma lágrima sentada no sofá de frente para mim:
-Daria um braço, uma perna para voltar no tempo e não ter ficado com o Alexandre nenhuma única vez. Sabia que as chances de me arrepender eram enormes, já naquele dia que você me alertou, mas não imaginava que seria tão rápido. Fiz tipo por um bom tempo, menti para mim mesma, mas tava na cara. Nunca entenderei ou me perdoarei.
O Paulo dos últimos tempos aproveitaria para torcer a faca dentro dela, mas o que eu via ali era uma pessoa que por anos foi a melhor e mais importante companhia da minha vida, que fez a grande burrada, me estraçalhou sim, mas que agora se punia. Das muitas coisas que Alexandre disse em nossa conversa, uma ele tinha 100% de razão, se fosse um homem casado a fazer o que ela fez, seria visto pela sociedade como normal e se voltasse com a ex, também não seria um choque, mas para uma mulher, de fato, era o crime sem perdão,
De minha parte, tratei de perdoá-la e disse isso naquela noite, apenas não pretendia mais que reatássemos. Adriana entendeu e deve ter se sentido melhor.
Por quase dois meses, criamos uma rotina para muitos estranha, ficávamos todas as noites na sala do apartamento dela, vendo um filme juntos, abraçados, trocando carinhos, mas sem sexo ou beijo na boca, no máximo, beijos no rosto ou na cabeça. Para ela foi ótimo ter essa companhia noturna e para mim também, pois toda minha ansiedade e vontade de encher a cara para esquecer Leticia tinham passado,
Por falar em Leticia, em uma dessas noites, decido olhar meu celular, enquanto Adriana pausou o filme e foi pegaralgo na cozinha e vejo uma mensagem de áudio dela. Ela havia me desbloqueado e ao invés de falar algo, repetiu o gesto de postar uma música para falar por ela:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
(Vento no Litoral – Legião Urbana)
O gosto musical havia evoluído muito desde o primeiro áudio, mas eu não estava disposto a responder tão rápido, ouvi, guardei o aparelho e continuei assistindo ao filme com Adriana.