Oi John, preciso de contar minha história, nossa história. A depressão estava se instalando, eu estava sofrendo silenciosamente, mesmo vivendo com uma pessoa fantástica, algo me afastava de tudo. O John era tudo para mim, ele me preenchia totalmente os pensamentos, eu sentia falta de ar quando pensava minha vida sem ele, era algo muito forte. Um dia eu entro em nosso apartamento, senti ele vazio, olhei no Hack, não vi o relógio que ele deixava assim que entrava em casa. Fui até o quarto, olhei do lado da cama dele, não tinha o carregador de celular e relógio. Meu coração disparou, eu cai no chão de joelhos, comecei a chorar, olhei para o guarda roupas, me levantei e o abri. Não tinha nada dele lá, vazio. Cai novamente na cama e chorei profundamente. Era o fim de anos de convivência, de amor, de sexo, de tesão. Era o fim do meu mundo. Chorei e dormi. Acordei de madrugada passando frio, me levantei, fui até o banheiro, tirei minhas roupas e tomei uma ducha bem quente. Chorei embaixo do chuveiro, não sei dizer por quanto tempo eu fiquei lá. Mentalmente eu “escrevia” uma carta que começaria assim: “- Oi meu amor, tudo bem? Tem tempos que quero conversar com você sobre inúmeras coisas. Na última vez que tentamos, eu acho que as primeiras coisas falamos não foi da forma que desejava, pois, acabei perdendo a linha e usei palavras ríspidas e ao invés de expressar meu amor, eu acabei agredindo você mais ainda. Acho que o momento foi errado, eu estava num período de estresse terrível, o projeto do sitio estava me atormentando muito, era algo pessoal e eu não te inclui nisso, foi meu erro”. “- Naquele dia eu queria dizer o tanto que te amava, e que tivesse mais um pouquinho de paciência comigo, mas ao invés disso eu cobrei de você participação em algo que não te inclui. Hoje aqui sozinho, eu só penso no tanto que gostaria de conversar com você, porém, talvez não consiga falar diretamente e por texto ou por mensagem sejam mais fáceis para mim abordá-los é nossa vida sexual que andava parada, desanimada. Vejo que precisamos sacudir essa poeira e fazer acontecer, mas, isso só acontecerá se nós dois procurarmos fazer acontecer. O nosso sexo sempre foi tão bom, você sabe o que eu gosto e sei que te faz feliz e te dá prazer. Você não tem ideia como eu gosto de sentir seu cacete dentro de mim, ele pulsando, me invadindo, e você me beijando, me mordendo, me amando.” “A rotina, o escritório de arquitetura me consumindo, os afazeres diários, as crises financeiras que enfrentamos e outros fatores contribuíram para que fossemos nos distanciando um do outro. Quando penso que num dado momento de nossas vidas conjugal tivemos um grande avanço em nossa intimidade, em nossa cumplicidade e que isso foi exaurindo, me deixa muito triste. Você foi o primeiro a me apoiar quando eu quis ir num clube de swing gay, como foi bom ver você fodendo outro homem, ver o quanto você é macho. Não senti ciúmes, senti orgulho do macho que você é” “- Percebo que esse distanciamento nos tornou dois anônimos dentro da mesma casa, dois indivíduos que apenas dormem juntos e acordam juntos, sem ao menos sentir que somos um casal. Amadurecemos, mudamos, evoluímos, mas, não conseguimos manter aquilo que era algo maravilhoso entre nós, a nossa cumplicidade, intimidade e conhecimento mútuo, nosso sexo brutal.” “- Hoje, apesar de me sentir maduro e ciente das minhas vontades, fetiches e fantasias, me sinto tímido e inseguro em compartilha-las com você, como fazíamos antigamente. Sinto você também travado, tímido ou receoso de falar as suas fantasias, vontades e fetiches.” “- O fato de saber que transa com sua secretária não me incomoda, eu sei que você precisa sentir se macho em todos os sentindo, e ela é uma vagabunda bem gostosa realmente, se não gostasse tanto de sua pica, acho que poderia até tentar dividir você com ela na mesma cama.” “- Amor, não sei como você vai ler isso, e nem se irá ler, apenas estou abrindo meu coração, volta pra mim, eu preciso de você, juntos podemos superar qualquer coisa, podemos vencer o mundo. Eu quero você de volta pra mim, quero você dentro de mim, preciso de você”. Termino meu banho, a “carta” que escrevi mentalmente está vivida em minha mente, passo a digitar o texto no celular, e me contenho por um tempo, mas envio assim mesmo como mensagem pra ele. Fico esperando os “sinais” de entregue e lido. Passam vários minutos e nada. Coloco um pijama e vou me deitar. Acordo as 10h da manhã naquele sábado, abro o celular e vejo que tem uma centena de mensagens de vários amigos, mas a que me importa, a dele não foi lida e respondida. Ignoro as outras, não queria falar com ninguém. Fico a cama até 1 hora da tarde, me levanto para atender a porta, ansioso por ele. Abro a porta, era um policial, que se identifica, e pede para entrar, depois ele me conta que meu marido havia sido atropelado ao atravessar uma rua perto do aeroporto, estava acompanhada de uma moça, de mãos dadas, os dois faleceram imediatamente.
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