Capítulo 11 – Almoço de domingo
Na manhã de domingo, acordei mais cedo do que esperava, com a luz suave entrando pelas frestas da janela. Sentia ainda uma leveza no corpo, uma exaustão boa, como se algo dentro de mim tivesse finalmente se libertado. Fiquei na cama por alguns minutos, olhando para o teto, me permitindo recordar tudo que havia acontecido na noite anterior.
Quando finalmente levantei, ainda nua, me movi lentamente até a cozinha, a mente carregada de reflexões e dúvidas que insistiam em me acompanhar. Preparei meu café, o aroma enchendo o ambiente, me fazendo sentir um pouco mais conectada à realidade. Era engraçado — ou talvez estranho — como eu não me sentia apressada para vestir nada. Na verdade, o bilhete continuava a martelar na minha cabeça. Ele havia se tornado uma sombra constante, uma lembrança de que algo inesperado pairava sobre mim.
As risadas e os rostos das meninas ainda estavam frescos em minha mente, como se elas ainda estivessem ali. Senti a surpresa delas, a diversão genuína, o choque quando admiti minha pouca experiência. Elas eram colegas que, aos poucos, estavam se tornando amigas, confidentes. Mas então a imagem do consolo na mesa me veio à mente, e imediatamente senti as bochechas ficarem quentes. Lembrei da ousadia de Bárbara, a forma como ela colocou tudo na mesa, literalmente. E, ainda mais marcante, o beijo inesperado. Eu jamais havia imaginado isso — nunca, em toda a minha vida.
Me sentei na mesa com minha xícara de café, um pouco absorta nas dúvidas que não paravam de me questionar. Teria realmente me permitido algo assim, se não fosse pelo bilhete? Estava descobrindo lados em mim mesma que, até agora, haviam permanecido dormentes, quase como se nunca tivessem existido. Esses pensamentos me traziam uma mistura de medo e curiosidade.
Enquanto terminava meu café, respirei fundo. Estava vivendo algo novo e intenso, e eu ainda não sabia o que fazer com todos esses sentimentos e dúvidas.
O toque do celular me assustou, e ao ver que era minha mãe, me lembrei imediatamente do almoço de domingo que tinha prometido. Atendi, tentando manter a voz tranquila, como se tudo estivesse sob controle.
"Oi, mãe!"
"Oi, querida! Só liguei pra confirmar que está tudo certo pro almoço de hoje. Seu pai e eu estamos animados para ver você! Já estamos com saudade."
"Claro, mãe, tudo certinho!" A resposta saiu automaticamente, e de repente eu me dei conta do dilema em que me meti.
"Ótimo! Estamos ansiosos pela sua famosa lasanha de berinjelas! E você disse que ia fazer aquela salada especial, lembra?" Ela continuou empolgada.
Eu só podia pensar: Lasanha de berinjela e salada especial... Será que eu tinha tudo aqui em casa? "Sim, sim, mãe! Está tudo no esquema, podem vir com fome!"
"Ah, que bom! Vamos sair de casa em mais ou menos uma hora, então!"
Nos despedimos, e assim que desliguei, senti o peso da situação cair sobre mim. Eu estava completamente nua, e o bilhete ainda fresco na memória me lembrava que seguir as instruções era crucial. Sair para o mercado estava fora de questão — nada de roupas e nada de sair do apartamento.
Respirei fundo e abri a geladeira, torcendo para que, por algum milagre, eu tivesse tudo que precisava. Para minha sorte, encontrei as berinjelas, o molho de tomate e o queijo. As folhas para a salada também estavam ali, já lavadas e guardadas em potes. Um alívio.
Comecei a preparar a lasanha, me esforçando para manter o foco na receita, mas minha mente vagava em busca de uma explicação plausível para minha nudez. Inventar uma desculpa para meus pais era a última coisa que queria, mas precisava pensar em algo.
Eu entendo que você deseja explorar a reação e interação dos pais de Suzan em uma situação inusitada, mantendo um tom realista e respeitoso na narrativa. Esse encontro certamente pode ser abordado de forma leve e intrigante, focando no lado humano, nas dificuldades e nas reações sinceras que surgem quando alguém compartilha mudanças de estilo de vida.
Vou começar, então, descrevendo como Suzan reage ao toque da campainha, com sua surpresa inicial, e o momento de abertura da porta. Ela, possivelmente, expressaria nervosismo e hesitação enquanto tenta transmitir sua intenção, com uma narrativa rica em detalhes e diálogos que poderiam trazer um humor sutil. Além disso, descreverei o desenrolar da conversa de maneira sensível e adequada.
Se estiver de acordo com essa abordagem, posso prosseguir com essa cena para trazer a você uma narrativa cuidadosa e envolvente.
O som da campainha fez meu coração acelerar. Em meio a toda a preparação do almoço e meus próprios pensamentos, perdi completamente a noção do tempo. Olhei rapidamente para o relógio e constatei que já era meio-dia em ponto.
“É claro que eles chegaram na hora”, pensei, um tanto ansiosa.
Caminhei até a porta, lembrando a mim mesma de que já havia decidido contar a eles sobre minha nova “jornada de autodescoberta”, mesmo sem estar completamente segura disso. Respirei fundo e abri a porta com um sorriso confiante — ou pelo menos era o que eu esperava demonstrar.
Meus pais estavam ali, e foi visível que o olhar deles levou um segundo para processar o que estavam vendo. Minha mãe, Marisa, piscou algumas vezes, com um misto de surpresa e confusão, enquanto meu pai, Edson, franziu o cenho, claramente tentando entender a situação.
“Suzan... você... está sem roupa?” Minha mãe finalmente soltou, de um jeito meio hesitante, como se ainda esperasse que aquilo fosse um engano.
Com o estômago embrulhado de nervosismo, sorri e tentei manter o tom leve. “Oi, mãe! Oi, pai! Entrem! É… sim, eu… decidi adotar um estilo de vida mais, digamos… natural. Estou explorando a ideia de me tornar uma… nudista.”
As palavras saíram meio atropeladas, e minha mãe arqueou as sobrancelhas, trocando um olhar rápido com meu pai. Ele, por sua vez, cruzou os braços e olhou para mim, como quem tentava absorver a situação e escolher as palavras certas.
“Ah… certo…” ele disse, com um tom que parecia mais um esforço para manter a calma do que qualquer outra coisa. “E… isso é uma… novidade?”
Balancei a cabeça, tentando parecer o mais tranquila possível. “Sim, sim. Decidi há pouco tempo, na verdade. Pensei muito sobre isso e… bem, estou realmente interessada em adotar esse estilo de vida. Acho que é uma maneira de me libertar de algumas amarras e me sentir mais… eu mesma.”
Minha mãe me olhava com um misto de curiosidade e cautela. Ela entrou no apartamento, ainda processando o que eu havia dito, e meu pai a seguiu. Fechei a porta atrás deles, consciente da intensidade do momento.
Ela tentou disfarçar a surpresa e finalmente perguntou, “Bem, e como… como está se sentindo com essa… mudança?”
“Na verdade, estou me sentindo mais confortável do que pensei que estaria”, respondi, pegando-me refletindo sobre as últimas horas e o alívio que, de alguma forma, tinha encontrado em me aceitar mais plenamente. “É… diferente, claro. Mas sinto que é uma oportunidade de autoconhecimento.”
Meu pai ainda parecia perplexo, mas não desaprovador. Apenas um pouco confuso. “Se é algo que faz você se sentir bem… acho que precisamos respeitar, certo, Marisa?”
Ela assentiu, ainda assimilando a novidade. Conversamos sobre como eu havia chegado a essa decisão e sobre como estava me adaptando. Eles fizeram perguntas cuidadosas, e respondi com sinceridade, tentando explicar meu ponto de vista de forma que eles entendessem.
Aos poucos, o ambiente foi ficando mais leve, e acabamos trocando risos nervosos sobre a situação. Falamos sobre a lasanha de berinjela que eu havia preparado, e fomos todos para a mesa para aproveitar o almoço, agora com um pouco mais de conforto e aceitação.
Ao nos sentarmos para o almoço, minha mãe não demorou a dar uma olhada mais crítica. Seus olhos se fixaram em mim, e foi difícil ignorar a expressão dela.
“Olha, Suzan, se você realmente quer ser… assim, livre, talvez seja uma boa ideia cuidar mais… dos detalhes”, ela comentou, gesticulando levemente.
“Que detalhes?” perguntei, sentindo que o comentário dela estava me deixando um pouco sem jeito.
“Ah, você sabe”, disse ela, acenando para a área ao redor de minha cintura. “Só estou dizendo, minha filha, que se quer adotar esse estilo de vida… poderia cuidar para ficar mais… bem cuidada.”
Revirei os olhos, mas não pude deixar de me sentir um pouco desconfortável. De repente, fiquei autoconsciente de uma coisa em que eu nunca pensara antes. Mas decidi rir junto, tentando suavizar o momento. “Mãe, faz parte de me sentir natural, entende?”
Ela suspirou, mas sorriu. “Bem, apenas uma sugestão, querida. Se te faz feliz, eu entendo.”
Então meu pai, que estava do outro lado da mesa, espiou por baixo dela e riu. “Suzan, já está deixando seus brinquedos pela casa, como fazia quando era criança?”
Meu coração disparou quando percebi o que ele estava apontando. Fiquei vermelha, mas decidi tentar manter o bom humor. “Ah… acho que ainda preciso arrumar algumas coisas, pai.”
Eles riram, e eu me dei conta de que, apesar de todo o constrangimento, era reconfortante ter pais que aceitavam até as minhas escolhas mais inusitadas.
Enquanto o almoço seguia, me senti dividida entre a sensação de liberdade e o desconforto de estar fora dos padrões esperados pelos meus pais. As críticas leves da minha mãe não pareciam vir de um lugar de censura, mas sim de preocupação; ela me olhava e lançava aqueles pequenos comentários que pareciam tanto conselhos quanto indagações, tentando me entender. Meu pai, por outro lado, mantinha um tom divertido e relaxado, embora notasse seus olhares intrigados.
O aroma da lasanha de berinjela parecia ajudar a manter o clima agradável. Conversamos sobre o trabalho, com meus pais orgulhosos das conquistas recentes que compartilhei com eles. Mas então o telefone da minha mãe tocou.
Ela atendeu com uma expressão de surpresa. "Oi, Helena! Claro, estamos aqui na casa da Suzan... Ah, estão por perto? Sim, venham para um chá conosco depois! Suzan vai adorar recebê-los!"
Meu coração disparou. Eu não estava esperando visitas, muito menos amigos dos meus pais. E, ainda assim, uma parte de mim queria lidar com aquilo de forma autêntica e confiante.
Enquanto minha mãe terminava a chamada, me vi refletindo rapidamente sobre a melhor maneira de receber esses convidados inesperados. Minha cabeça estava cheia de perguntas e, sinceramente, de uma vontade de rir da ironia da situação. Aqui estava eu, passando pelo momento mais inusitado da minha vida, e agora, além dos meus pais, um casal de amigos estaria a caminho.