Capítulo 2 - O Supermercado
A sensação de alívio e felicidade me invadiu completamente assim que deixei o prédio da InovaMente. O dia havia sido longo, emocionalmente desgastante, mas incrivelmente recompensador. Eu estava contratada, finalmente daria início à minha carreira em uma das melhores agências de marketing digital do país. Eram exatamente 14h10 do dia 29 de setembro, e, com a tarde livre, resolvi aproveitar para fazer as compras do mês. Minha dispensa estava praticamente vazia, e amanhã seria um dia importante demais para eu me preocupar com isso. Já que o supermercado ficava a poucos minutos de casa, decidi que um Uber seria a opção mais rápida e prática.
Chamei o carro pelo aplicativo, e logo um motorista aceitou a corrida. Fiquei parada em frente ao prédio, sentindo o vento leve da tarde de São Paulo. Com a mente um pouco mais tranquila, o pensamento sobre os devaneios que tive durante a entrevista finalmente começou a se dissipar. Senti uma paz momentânea. "Agora é só focar nas coisas práticas", pensei. O Uber chegou rápido, e eu entrei no carro com a mesma sensação de entusiasmo que me acompanhava desde que saí da InovaMente.
O trajeto foi curto, cerca de 15 minutos. Meu destino era o Pão de Açúcar na Vila Mariana, um supermercado bem organizado, com uma grande variedade de produtos que eu sabia que me atenderia bem. Eram por volta de 14h30 quando chegamos. Estava um pouco cansada mentalmente, mas também satisfeita por estar aproveitando o resto do dia de forma útil. Só pensava em garantir que minha geladeira estivesse cheia e que eu estivesse preparada para começar meu novo trabalho sem preocupações logísticas.
Assim que o Uber parou em frente ao supermercado, agradeci ao motorista e, em um gesto apressado, abri a porta para sair. Foi nesse momento que senti um puxão repentino. Minha saia — a mesma saia que parecia já ter me causado tantos problemas — havia ficado presa na porta do carro. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ouvi o som terrível de tecido rasgando. O motorista, sem perceber, já tinha começado a sair com o carro, e a força da partida arrancou minha saia completamente do meu corpo, deixando-me vestida apenas com a camisa branca, sem sutiã, o terninho preto, e... a minha calcinha que ainda estava um pouco úmida.
Fiquei paralisada por alguns segundos. Olhei para baixo, incrédula com o que tinha acabado de acontecer. Minha saia, o último resquício de minha dignidade naquele dia, havia sumido junto com o carro. Eu estava ali, parada na frente do Pão de Açúcar, no meio de uma tarde ensolarada, vestindo apenas uma camisa social por baixo do terninho, e, claro, uma calcinha branca de algodão. O pior de tudo era que o terninho cobria apenas parcialmente meu corpo. Ele era justo e não tinha o comprimento necessário para cobrir adequadamente minha calcinha. A cada movimento, sentia que estava expondo parte das minhas nádegas.
Meu coração disparou. Aqueles pensamentos ridículos que antes pareciam meras fantasias desconfortáveis agora se materializavam em uma espécie de pesadelo real. O que eu faria? Voltar para casa era uma possibilidade, mas tive medo do mesmo motorista acabar aceitando minha corrida para casa, o que eu diria ao motorista do Uber? Ele saberia que eu estava sem saia, além de descobrir meu endereço ao me levar em casa. E, além disso, eu realmente precisava fazer essas compras. Minha dispensa estava praticamente vazia, e o dia seguinte seria muito importante para perder tempo com mais contratempos.
Respirei fundo e tentei raciocinar. "Você pode fazer isso, Suzan", eu me dizia. "É só entrar, ser rápida, pegar o que você precisa e sair sem chamar atenção." Mas, a verdade era que, em meu estado atual, seria impossível não chamar atenção.
A situação era surreal. Eu sabia que, a qualquer momento, alguém poderia perceber o que estava acontecendo. Talvez, com o terninho cobrindo parcialmente, as pessoas apenas pensassem que eu estava usando uma saia bem curta. Talvez eu pudesse me esquivar de olhares mais atentos, ou talvez... fosse óbvio que eu estava de calcinha. Só o pensamento me fez sentir um calor intenso no rosto, e a vergonha subiu pelo meu corpo como uma onda avassaladora.
Ainda assim, decidi seguir em frente. Entrei no supermercado com passos rápidos, tentando manter uma postura normal. O ar-condicionado frio bateu nas minhas pernas expostas, me lembrando a cada segundo da minha vulnerabilidade. Peguei um carrinho e segui pelo corredor de frutas, mantendo o foco na tarefa de abastecer minha dispensa. "Eu só preciso ser rápida", repetia mentalmente.
Nos primeiros minutos, minhas mãos tremiam levemente enquanto eu escolhia maçãs e bananas. Olhava em volta constantemente, tentando identificar se alguém notava minha situação. Cada vez que me abaixava para pegar algo nas prateleiras mais baixas, o terninho subia um pouco mais, revelando ainda mais da calcinha, deixando-me em uma posição incrivelmente desconfortável. Cada movimento me lembrava que, de certa forma, eu estava praticamente nua da cintura para baixo.
O supermercado estava razoavelmente cheio para uma tarde de semana, e isso só aumentava minha ansiedade. Minha imaginação, que já havia me traído tantas vezes antes, agora parecia brincar comigo de maneira cruel. Eu me via andando pelos corredores, pegando produtos e tentando agir normalmente, enquanto, na minha cabeça, as pessoas ao redor olhavam e sussurravam. Eu me imaginava completamente exposta, com olhares críticos e curiosos voltados para mim. Era como se eu estivesse vivendo uma fantasia desconcertante, mas agora era real, e isso me aterrorizava.
A cada passo, o terninho balançava um pouco, levantando-se apenas o suficiente para deixar à mostra as curvas das minhas nádegas. A sensação de estar parcialmente vestida, com apenas uma calcinha e um blazer que mal cobria o necessário, tornava tudo ainda mais surreal. A ideia de que qualquer um ali pudesse perceber minha situação a qualquer momento me deixava em pânico, mas ao mesmo tempo, havia algo estranhamente libertador nisso tudo, como se, de repente, eu estivesse lidando com aquele equilíbrio entre o controle e a vulnerabilidade de uma forma nua e crua — literalmente.
Tentei focar no que precisava comprar: arroz, feijão, massas, carne... mas cada vez que me abaixava ou me esticava para pegar algo, sentia que estava expondo mais do que deveria.
Olhei para o relógio no meu pulso e vi que haviam passado apenas 30 minutos desde que eu entrara no supermercado. O tempo parecia estar se arrastando, e minha ansiedade só aumentava. "Ok, foco no que falta", pensei comigo mesma enquanto empurrava o carrinho em direção ao açougue. Ainda precisava garantir carne suficiente para o mês. Com a mente tentando, desesperadamente, se distrair do fato de que eu estava, basicamente, sem uma saia e apenas com uma calcinha, segui para o balcão de carnes, esperando ser rápida.
De repente, os alto-falantes do supermercado ecoaram uma mensagem que me fez congelar: "Atenção, clientes! Promoção relâmpago no setor de açougue! Descontos imperdíveis em carnes por tempo limitado!" Meu coração quase parou. Promoção relâmpago? Justo agora? Olhei para o balcão do açougue e vi uma multidão de pessoas se movendo em direção àquela seção como se fossem atraídas por um ímã. "Ótimo", pensei, ironicamente, enquanto via o número de pessoas aumentando rapidamente. Agora, eu teria que enfrentar uma fila gigantesca.
Suspirei, tentando reunir o máximo de coragem possível para lidar com a situação. Não queria ir para o açougue com todas aquelas pessoas ao redor de mim, mas precisava aproveitar a promoção. O supermercado não era barato, e a ideia de conseguir boas ofertas era tentadora demais para ignorar, mesmo nas minhas circunstâncias. Assim, segui com passos hesitantes para a fila. Ao chegar, percebi que havia pelo menos 50 pessoas à minha frente. A fila se estendia ao longo do corredor, e tentei contar as pessoas, mas minha mente estava tão dispersa que perdi a conta várias vezes. Estava nervosa demais para prestar atenção em números.
Eu sabia que não estava vestida adequadamente para enfrentar uma multidão. A cada movimento, o blazer parecia cobrir menos. O tecido preto era justo, e eu sentia que, se me movesse de maneira errada, as pessoas ao redor perceberiam que eu estava, essencialmente, sem saia. "Como isso aconteceu comigo?" pensei, enquanto ajustava o terninho para tentar cobrir um pouco mais as minhas pernas. Eu mantinha o carrinho à minha frente, como uma espécie de escudo, mas sabia que aquilo só disfarçava até certo ponto. A cada minuto que passava, parecia que meu corpo denunciava ainda mais minha situação.
Cinco minutos se passaram, e apenas 10 pessoas haviam sido atendidas. Eu sentia o desespero crescendo dentro de mim. As pessoas na fila estavam impacientes, e eu sentia alguns olhares curiosos se voltando para mim. Cochichos começaram a surgir, e, mesmo que eu não pudesse ouvir o que diziam, sabia que estavam falando sobre mim. Meu rosto esquentou, e fiz o possível para manter uma expressão neutra. "Seja discreta", repetia a mim mesma. "Ninguém precisa notar que você está assim."
Enquanto esperava, comecei a ajustar meu blazer e minha camisa, tentando cobrir ao máximo meu corpo. No entanto, a cada vez que eu movia o tecido, parecia que deixava algo mais exposto. Um pequeno movimento para ajeitar o blazer e eu sentia o tecido subindo, revelando mais da calcinha. O pior era que, com certos movimentos, eu podia sentir a borda da calcinha se mostrando, e, ao abaixar a cabeça discretamente, percebi que parte das minhas nádegas estava, sim, exposta.
O pânico tomou conta de mim, mas, ao mesmo tempo, um sentimento estranho começou a surgir. Minha mente, sempre racional e controlada, estava me traindo. De repente, comecei a sentir novamente uma umidade estranha no forro da minha calcinha. "Isso não pode estar acontecendo," pensei, completamente incrédula. Tentei ignorar, negando para mim mesma que poderia estar, de alguma forma, excitada com aquela situação. Era ridículo, impossível. Mas meu corpo parecia estar reagindo de forma completamente oposta ao meu controle mental. Cada vez que eu ajustava a roupa, a sensação de vulnerabilidade parecia aumentar, e, com ela, vinha uma sensação intensa, algo que eu não queria admitir.
Olhei ao redor, buscando uma distração, qualquer coisa que pudesse me tirar daquele estado. Mas os cochichos continuavam. Eu não sabia exatamente o que as pessoas estavam dizendo, mas seus olhares e risinhos discretos me faziam imaginar o pior. "Eles estão percebendo. Eles sabem." Esse pensamento me martelava a cabeça. Tentei manter a calma, mas a umidade entre minhas pernas estava ficando mais notável, e o desconforto de não conseguir controlar meu próprio corpo me deixava ainda mais ansiosa.
O tempo parecia se arrastar. Minha mente oscilava entre a vergonha e algo mais sombrio, uma excitação reprimida que eu mal conseguia explicar para mim mesma. Sentia como se estivesse dividida entre duas versões de mim mesma: uma que queria desesperadamente se esconder, se encolher, sair dali o mais rápido possível, e outra que, de alguma forma, sentia um estranho prazer naquilo, como se a exposição fosse um desafio que eu precisava enfrentar.
Mais algumas pessoas foram atendidas, e a fila avançou lentamente. A cada passo, eu sentia o blazer subir um pouco mais, e sabia que, se continuasse assim, não demoraria para que alguém percebesse completamente a minha situação. O pavor tomou conta de mim, mas, estranhamente, misturado a isso, havia um desejo obscuro de testar meus próprios limites. "Por que estou assim?" perguntei a mim mesma, mas não havia resposta. A única coisa que eu sabia era que precisava continuar, enfrentar aquilo, e sair dali com as compras feitas.
Esses cinco minutos de espera na fila do açougue pareciam intermináveis, e o fato de que apenas 10 pessoas haviam sido atendidas só aumentava minha frustração. "Vai demorar uma eternidade," pensei, tentando controlar minha respiração. A fila avançava lentamente, mas a cada passo, eu sentia que estava mais próxima de ser completamente exposta.
Eu continuava me ajeitando constantemente, tentando desesperadamente manter o controle da situação, mas parecia que cada movimento só piorava as coisas. O blazer apertado não ajudava muito, e eu sentia a borda da calcinha aparecer a cada vez que o tecido se mexia. Meu coração batia acelerado, e o calor subia pelo meu corpo enquanto eu tentava disfarçar o pânico crescente. Eu ainda estava na fila, e mais 10 minutos haviam passado. Olhei para o relógio mais uma vez. Agora eram cerca de 45 minutos desde que eu havia entrado no supermercado, e a fila parecia andar tão lentamente que mal conseguia acreditar.
Mais pessoas foram atendidas, mas ainda faltavam muitas. A fila parecia infinita, e eu não sabia se conseguiria suportar mais tempo ali. Só queria sair dali, mas ao mesmo tempo sabia que precisava das carnes para o mês. O dilema me consumia, e a sensação de estar quase nua no meio de tantas pessoas só aumentava minha angústia.
Eu ajustei o blazer novamente, puxando o tecido para tentar cobrir o máximo possível, e continuei a olhar ao redor, tentando parecer despreocupada, mas o desconforto só aumentava. As pessoas à minha volta estavam impacientes, e eu sentia olhares esporádicos sendo lançados na minha direção. Talvez fossem só coisas da minha cabeça, mas parecia que todos podiam perceber o que estava acontecendo. "Seja racional, Suzan", eu me dizia, mas a tensão não me deixava pensar com clareza.
Foi então que comecei a perceber algo estranho. Enquanto me mexia para tentar me ajustar, senti uma leveza estranha na parte de baixo do meu corpo. A princípio, não entendi o que estava acontecendo, mas uma sensação fria percorreu minhas pernas. Olhei para baixo, horrorizada, e percebi que a minha calcinha estava escorregando, deslizando suavemente pela minha pele até os meus tornozelos.
Meu coração parou por um segundo. Eu sentia o tecido deslizando cada vez mais rápido pelas minhas coxas e depois pelos joelhos, até finalmente se acumular nos meus tornozelos. A princípio, não acreditei no que estava acontecendo. Como aquilo poderia ter acontecido? E por que agora? Foi então que lembrei do puxão que a minha saia tinha sofrido ao sair do Uber. A força do impacto provavelmente tinha comprometido a costura da calcinha, mas eu, distraída com os ajustes incessantes, não tinha percebido que ela estava se desfazendo completamente.
A sensação do tecido escorregando por minhas pernas era aterrorizante. E, para piorar, a calcinha estava úmida. Eu sabia exatamente o motivo. Meu corpo, por algum motivo estranho e inexplicável, havia reagido àquela situação de maneira completamente incontrolável, e agora, ali estava eu, com a prova mais íntima e embaraçosa do meu próprio desejo repousando em meus pés.
Eu paralisei. Fiquei olhando por alguns segundos para a calcinha encharcada aos meus pés, incrédula e em choque. "Isso não pode estar acontecendo," pensei, completamente atordoada. O mundo parecia parar por um instante, e eu não conseguia pensar em nada além de como me livrar daquela peça de roupa antes que alguém percebesse. O pânico era tão intenso que quase me fez gritar, mas de alguma forma consegui me controlar.
Sem pensar duas vezes, em um reflexo quase automático, chutei a calcinha para debaixo do balcão do açougue. A peça deslizou pelo chão, sumindo sob a bancada de carnes como se fosse uma folha de papel levada pelo vento. Minha respiração estava acelerada, meu rosto ardia de vergonha, e eu sentia que, a qualquer momento, desmoronaria ali mesmo.
O alívio por ter me livrado da calcinha foi instantâneo, mas ao mesmo tempo, uma nova onda de desespero me invadiu. Agora eu estava completamente sem nada por baixo do blazer e da camisa. A única coisa que me separava do total escândalo público era aquela fina camada de tecido que, claramente, não era suficiente. O medo de ser descoberta se intensificou, mas ao mesmo tempo, algo profundamente estranho mexia comigo. A adrenalina me fazia sentir viva de uma forma que eu não compreendia totalmente.
Olhei ao redor, tentando me certificar de que ninguém havia notado. As pessoas pareciam concentradas em suas próprias preocupações — a maioria ainda impaciente com a fila que mal andava. Aparentemente, meu pequeno desastre havia passado despercebido, pelo menos até aquele momento. Mas isso não me acalmava. Eu sabia que estava à beira de algo irreversível.
A umidade que antes estava presa na calcinha agora me fazia sentir ainda mais vulnerável. O fato de estar sem absolutamente nada por baixo do blazer era um pensamento que se recusava a sair da minha cabeça. Eu tentava me concentrar, respirar fundo e me acalmar, mas parecia impossível. A cada movimento que fazia, sentia o vento gelado do ar-condicionado do supermercado batendo diretamente nas minhas pernas nuas, lembrando-me constantemente de que eu estava à mercê de qualquer olhar mais atento.
Os cochichos que antes eu tinha certeza de que eram fruto da minha imaginação agora pareciam mais reais. Senti algumas pessoas me olhando de relance, e, por mais que tentasse ignorar, o pânico só aumentava. Cada segundo ali parecia uma eternidade. Meus pensamentos se tornaram uma confusão de ansiedade, vergonha e uma estranha, quase perturbadora excitação. Meu corpo estava me traindo de todas as formas possíveis, e eu não conseguia evitar.
Foram cinco minutos intermináveis. A fila avançou mais um pouco, mas eu mal conseguia prestar atenção. Minha mente estava totalmente focada no fato de que eu não estava vestindo mais nada além daquele blazer curto. O simples ato de andar ou mexer os braços parecia suficiente para que tudo fosse revelado, e a ideia de ser descoberta naquele estado me aterrorizava. E, no fundo, em um canto escuro da minha mente, essa mesma ideia causava uma reação inesperada.
Finalmente, a fila se moveu novamente, mas, para mim, não havia alívio. Eu estava completamente exposta, lutando para manter uma aparência de normalidade enquanto por dentro tudo desmoronava. Cada vez que olhava para os lados, o medo de que alguém notasse se tornava mais real, e o pensamento de que, de alguma forma, eu podia estar gostando daquela sensação de perigo só tornava tudo mais confuso.
A fila parecia interminável, cada minuto que passava me deixava mais angustiada. A sensação de estar exposta, mesmo que parcialmente coberta pelo blazer, me fazia suar frio. Eu tentava a todo custo parecer normal, ajustando constantemente a roupa, puxando o tecido, cruzando as pernas. Sabia que, a cada movimento, podia acabar revelando mais do que gostaria. A ideia de ser descoberta naquele estado de nudez parcial era insuportável, e, ao mesmo tempo, eu sentia uma mistura estranha de adrenalina e vergonha, como se estivesse em um pesadelo do qual não conseguia acordar.
Finalmente, depois de mais tempo do que eu conseguia suportar, cheguei ao balcão do açougue. A atendente, uma mulher de rosto cansado e expressão impassível, perguntou o que eu queria. Gaguejei um pouco, tentando parecer concentrada, mas meus pensamentos estavam a mil. Pedi cortes de carne para o mês, tentando soar o mais calma possível. Ela embalou tudo sem fazer perguntas, e eu agradeci apressada, ansiosa para sair dali o mais rápido possível.
Com as carnes no carrinho, segui em direção à área de produtos de limpeza. Meu coração ainda batia acelerado, e a sensação de desconforto não me deixava. Tinha acabado de escapar de um desastre no açougue, mas ainda sentia que a qualquer momento algo poderia dar errado de novo. E eu estava certa.
Cheguei à prateleira de amaciantes e, claro, meu amaciante preferido estava no pior lugar possível: na última prateleira, quase no topo. Olhei para a prateleira, depois para mim mesma, e imediatamente percebi o problema. Para pegar o amaciante, eu precisaria me esticar, levantar os braços e, com isso, provavelmente expor toda a parte de trás do meu corpo. O blazer não era longo o suficiente para cobrir minhas nádegas completamente, e qualquer movimento mais brusco poderia deixar a situação ainda mais óbvia. Não havia jeito. Eu estava encurralada.
Olhei ao redor, tentando pensar em uma solução. O corredor não estava vazio, e eu sabia que, se tentasse pegar o amaciante naquele momento, acabaria chamando ainda mais atenção. Suspirei fundo, tentando não entrar em pânico. Eu precisava esperar. Não havia outra opção. Decidi fingir que estava interessada em outros produtos, lendo rótulos aleatórios e me movendo devagar pelo corredor, tentando ganhar tempo até que ele ficasse vazio.
Os minutos passavam lentamente. De vez em quando, olhava para a prateleira, na esperança de que o corredor ficasse deserto, mas ainda havia algumas pessoas por perto. Eu tentava manter a calma, mas cada segundo ali me deixava mais ansiosa. O pior era que, quanto mais tempo eu ficava parada naquele corredor, mais chamava a atenção.
Algumas pessoas passavam por mim, olhavam discretamente, e eu sentia seus olhares cravados nas minhas costas. Sabiam que havia algo estranho comigo. Não era difícil perceber. Meus movimentos estavam tensos, minha postura rígida, e eu tentava ao máximo esconder o que estava acontecendo. Uma senhora passou perto de mim, seus olhos vagando curiosamente pela minha roupa, e eu quase congelei. Ela não disse nada, mas o olhar de preocupação em seu rosto dizia tudo. Ela sabia. Sabia que havia algo errado, mas não comentou.
Outra pessoa, um homem de meia-idade, passou pelo corredor e parou a alguns metros de mim. Ele me olhou por alguns segundos, provavelmente tentando entender por que eu estava ali parada, mexendo nos produtos de limpeza sem realmente pegar nada. Seus olhos desceram brevemente até minhas pernas, e eu senti uma onda de calor subir pelo meu rosto. Ele também percebeu. Mais uma vez, ninguém disse nada diretamente, mas o silêncio era ensurdecedor. Todos sabiam.
Eu me mexia inquieta, tentando parecer ocupada, mas, na verdade, estava em completo desespero. A cada segundo que passava, parecia que eu estava mais exposta. Cada movimento que eu fazia, por menor que fosse, parecia atrair mais olhares curiosos, e a ideia de que todos ali podiam perceber minha nudez parcial me fazia querer sair correndo. Mas ao mesmo tempo eu sentia minhas coxas molhadas com a minha excitação, que aumentavam com meus pelos pubianos roçando na camisa e no blazer.
Finalmente, depois de cerca de 10 minutos de espera interminável, o corredor começou a esvaziar. As pessoas que estavam ali se dispersaram, e, por um breve momento, fiquei sozinha. Olhei ao redor, certificando-me de que ninguém mais estava por perto, e decidi que aquela era a minha chance. Eu precisava pegar o amaciante agora, antes que mais alguém aparecesse.
Caminhei até a prateleira, olhando ao redor mais uma vez para me certificar de que ninguém estava observando. Meu coração batia acelerado, e minhas mãos tremiam levemente enquanto me preparava para pegar o produto. Sabia que, ao me esticar, corria o risco de expor tudo. O blazer estava longe de ser suficiente para cobrir minhas pernas e nádegas, e a ideia de que alguém pudesse aparecer a qualquer momento me deixava completamente em pânico.
Respirei fundo e me estiquei na ponta dos pés, tentando pegar o amaciante com o mínimo de exposição possível. Enquanto me esticava, sentia o tecido do blazer subindo levemente, e a sensação de estar totalmente vulnerável me dominava. Meus dedos finalmente tocaram o amaciante, e, com um rápido puxão, consegui pegá-lo. Por um segundo, senti um alívio enorme. Havia conseguido.
Coloquei o amaciante no carrinho, tentando agir o mais naturalmente possível, mas meu corpo ainda tremia. Eu só queria sair dali o mais rápido possível, terminar as compras e voltar para casa, onde finalmente estaria a salvo de qualquer olhar curioso ou suspeita. As próximas horas no mercado seriam longas, mas pelo menos tinha superado aquele pequeno pesadelo. Ou pelo menos era o que eu esperava.
Eu olhei para o relógio no meu pulso, tentando disfarçar o quanto ainda estava desconfortável com a situação. O tempo parecia se arrastar. Já fazia cerca de três horas que eu estava no mercado, e cada segundo parecia uma eternidade. A tensão em meu corpo era constante, meus músculos estavam rígidos e a sensação de exposição me deixava inquieta, mesmo que agora estivesse menos cercada por olhares curiosos.
Com o amaciante finalmente no carrinho, me concentrei em pegar o restante dos itens da minha lista. Ainda faltavam alguns produtos de higiene pessoal, alimentos básicos e algumas coisas que eu queria para manter a casa organizada. Me movia rapidamente pelos corredores, pegando cada item com cuidado, mas ainda sentindo o peso de cada olhar que poderia estar me avaliando. Estava consciente de cada movimento, tentando ao máximo manter uma postura que disfarçasse o fato de que não havia mais nada além do blazer cobrindo a parte inferior do meu corpo. Cada ajuste no tecido parecia inútil; era como se a qualquer momento alguém fosse notar que, por baixo daquele terninho elegante, eu estava quase nua.
Enquanto pegava os produtos de higiene, notei como a sensação de estar sendo observada começava a diminuir. Talvez porque eu já estivesse ali há tanto tempo que as pessoas ao redor tinham perdido o interesse. Ou, talvez, por pura sorte, ninguém havia realmente se dado conta de quão incompleta estava minha vestimenta. Mas a verdade é que, mesmo com esse pequeno alívio, a angústia continuava, e minha mente não parava de criar cenários ainda mais embaraçosos do que o atual.
Passei pelos corredores de alimentos rapidamente, pegando arroz, feijão, massa e outros itens essenciais. Quando finalmente cheguei à última seção, onde precisava pegar os produtos de limpeza que faltavam, respirei fundo. A missão estava quase completa. Tinha conseguido sobreviver àquele mercado com o mínimo de exposição possível, pelo menos até o momento.
Enquanto me dirigia aos caixas, senti uma onda de alívio. As filas estavam surpreendentemente rápidas, e eu quase não precisei esperar para ser atendida. O guichê parecia uma espécie de proteção; enquanto eu me aproximava, senti que o balcão entre mim e a caixa me oferecia uma pequena zona de conforto. A caixa, uma mulher jovem de cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, parecia alheia a tudo. Ela escaneava os produtos um a um, sem sequer levantar os olhos para me olhar. Em outro momento, eu poderia ter ficado irritada com a falta de interação, mas hoje, era tudo o que eu precisava. Quanto menos atenção ela me desse, melhor.
Conforme ela passava os itens, senti uma leve tensão no ar. O nervosismo ainda estava presente, mas eu sabia que estava perto de sair dali. Finalmente, quando ela terminou de escanear tudo, apresentou o valor final. Peguei meu cartão e paguei, tentando agir o mais naturalmente possível. Eu sorri de leve para ela, um sorriso nervoso, mas a caixa parecia mais preocupada com a próxima cliente do que comigo. Graças a Deus.
Com as compras pagas e ensacadas, respirei fundo, peguei as sacolas e me dirigi à saída. O estacionamento era logo em frente, e eu sabia que precisava chamar um Uber. Não era a primeira vez que eu comprava tantas coisas assim, e já tinha uma certa estratégia em mente: chamaria um Uber, colocaria as sacolas no porta-malas e, em minutos, estaria em casa. Mas, naquele momento, eu não contava com a recente relutância dos motoristas de Uber em pegar passageiros saindo de supermercados.
Abri o aplicativo e comecei a tentar chamar um carro. Depois de alguns minutos, a notificação "Procurando motoristas" parecia não sair da tela. Clicava, tentava de novo, e nada. A cada tentativa, eu me frustrava mais. Os motoristas aceitavam, percebiam que era uma corrida com compras e cancelavam. Era a terceira vez que aquilo acontecia em menos de 15 minutos. Fiquei ali parada, olhando para o aplicativo como se pudesse, de alguma forma, obrigar um motorista a aceitar a corrida. Mas nada funcionava.
As sacolas no chão ao meu lado me deixavam ainda mais desconfortável. Eu precisava sair dali. O mercado começava a esvaziar, e eu sabia que, se ficasse ali por mais tempo, minha situação poderia ficar ainda mais embaraçosa. Sem outra opção, fechei o aplicativo de Uber e decidi que o táxi seria minha melhor alternativa.
Andei até o ponto de táxis mais próximo, que ficava ao lado do estacionamento. Havia apenas um táxi parado lá, e o motorista, um homem de cerca de cinquenta anos, já parecia de cara fechada. Suspirei, mas decidi que não tinha escolha. Aproximei-me do táxi com minhas sacolas, e ele nem sequer fez menção de me ajudar. Ao invés disso, olhou para mim com uma expressão de impaciência.
— Vai pra onde? — ele perguntou, sem muita gentileza.
Expliquei rapidamente que precisava ir até meu apartamento, perto da Vila Mariana, e ele balançou a cabeça de forma abrupta, concordando com um resmungo. Fui até a traseira do carro, esperando que ele abrisse o porta-malas para que eu pudesse colocar minhas sacolas. Para minha surpresa, ele se virou para mim, cruzando os braços, e disse com um tom rude:
— Não coloco compra de mercado no meu porta-malas. Se quiser levar, coloca no banco de trás.
Eu fiquei chocada por um momento, incapaz de acreditar no que ele estava dizendo. As sacolas eram muitas, e não caberiam no banco de trás de forma organizada. Sem falar que eu teria que colocar tudo sozinha, enquanto ele ficava ali, parado, me olhando com impaciência. Meu rosto queimou de vergonha, tanto pela situação com o taxista quanto pela forma como estava vestida. Ou melhor, pela forma como eu não estava vestida.
Olhei para o porta-malas do táxi, que continuava fechado, e depois para o motorista. Ele nem se mexia para me ajudar. Estava claro que ele não estava nem um pouco disposto a facilitar as coisas para mim. Eu não sabia se era uma questão de mau humor ou se ele simplesmente não gostava de pegar clientes com compras de mercado. Seja qual fosse o motivo, eu me encontrava presa naquela situação absurda.
Enquanto ficava ali, pensando em como resolver o problema, senti meus nervos à flor da pele. Não queria discutir com o homem, mas ao mesmo tempo, não tinha forças para lidar com mais complicações. Depois de toda a tensão no mercado, e agora com o taxista mal-humorado, eu estava à beira de perder o controle.
Respirei fundo, tentando manter a calma. Não valia a pena discutir com ele, e eu só queria chegar em casa. Levantei uma das sacolas, que estava mais leve, e coloquei no banco de trás. Depois, peguei outra, mais pesada, e fiz o mesmo. A cada movimento, sentia o blazer subindo um pouco mais, ameaçando revelar ainda mais do meu corpo. Meus movimentos eram cuidadosos, quase coreografados, para garantir que eu não me expusesse mais do que já tinha feito.
Enquanto continuava a carregar as sacolas para o banco de trás, eu podia sentir o olhar do taxista em mim. Ele estava impaciente, batendo os dedos no volante, mas ao mesmo tempo, seus olhos pareciam me analisar de forma desconfortável. Eu sabia que ele tinha notado algo errado. Não era difícil perceber. Estava praticamente nua da cintura para baixo, e por mais que o blazer cobrisse uma parte, a outra ficava à mercê de olhares mais atentos.
Depois de colocar a última sacola no carro, fechei a porta do banco de trás e fui para a porta da frente, me preparando para entrar. O taxista finalmente destravou a porta, e eu me sentei no banco do passageiro, tentando agir como se tudo estivesse normal. Ele não disse uma palavra enquanto ligava o carro e começava a dirigir. Eu, por outro lado, estava em silêncio absoluto, torcendo para que aquela corrida acabasse logo.
Enquanto o carro seguia pelas ruas de São Paulo, minha mente ainda estava focada no incidente do mercado, na minha situação e no constrangimento que parecia me seguir a cada passo. O taxista continuava em silêncio, mas eu sentia que ele sabia. Sabia que algo estava errado, e isso só aumentava minha ansiedade. Por sorte ele não comentou nada, apenas se limitou a olhar minhas coxas nuas algumas vezes, mas de forma discreta, eu estava com medo de que minha excitação acabasse marcando o banco dele, com meus fluídos, mas consegui manter o blazer por baixo, para evitar mais esta vergonha.
Finalmente, depois do que pareceram horas, chegamos ao meu prédio. Eu paguei a corrida, agradeci rapidamente e desci do táxi, ansiosa para acabar com aquele dia interminável. As sacolas agora pareciam mais pesadas do que nunca, mas tudo o que eu queria era entrar em casa e me esconder do mundo por um tempo.
Assim que passei pela portaria e entrei no elevador, soltei um longo suspiro de alívio.
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