Capítulo 8 – Visitas Inesperadas
Pego o telefone com as mãos ainda trêmulas, esperando o pior. Mas, para meu alívio imediato, vejo que a mensagem não tem nada a ver com a tal foto ou com o chantagista. São apenas algumas colegas da InovaMente. Respiro fundo, tentando acalmar meus nervos, enquanto leio o conteúdo da mensagem. Era um grupo de quatro colegas de trabalho que queriam organizar uma "noite das meninas" aqui no meu apartamento. Queriam se reunir para relaxar, conversar sobre a vida e, claro, trocar ideias profissionais — algo que sempre é útil para nossa criatividade.
"Que ótimo", pensei de forma um tanto sarcástica. "Seria perfeito... se eu não estivesse seguindo essas ordens malucas."
Enquanto a ansiedade começava a dar lugar à confusão, continuei lendo. Elas iriam trazer tudo — comida, bebida, e até algumas sobremesas. Nada com o que me preocupar em termos de organização. Mas, ainda assim, meu coração pesava. Como eu poderia lidar com isso? Eu estava nessa situação constrangedora, tentando seguir as ordens do chantagista, e agora teria que me socializar com colegas, como se nada estivesse acontecendo?
Olhei para o grupo de mensagens.
Lá estavam as quatro:
1. Carla — Ela era da equipe de criação. Criativa, extrovertida e sempre cheia de novas ideias. Seus cabelos loiros curtos e seu jeito despojado a tornavam uma das figuras mais marcantes da empresa. Era difícil não ser influenciada pela energia contagiante de Carla. Mesmo em momentos de crise, ela conseguia animar todo mundo com seu otimismo.
2. Natália — Uma analista de dados, metódica e inteligente. Ela era o tipo de pessoa que mantinha os pés no chão e trazia a dose de racionalidade que, às vezes, faltava ao time. Natália era mais reservada, com seus cabelos castanhos presos em um coque e seus óculos que a davam um ar sério, mas, ao mesmo tempo, acolhedor. Eu sempre admirei a capacidade dela de manter a calma sob pressão.
3. Bárbara — Designer gráfica. Sempre a mais criativa, com seu estilo de vida boêmio, vestida de maneira casual, seus cabelos cacheados sempre presos com lenços coloridos. Bárbara conseguia transformar qualquer ideia em algo visualmente incrível. Estava sempre por dentro das últimas tendências, tanto de moda quanto de design. Sua presença sempre trazia uma energia artística para qualquer ambiente.
4. Renata — Ela era a gerente de projetos e, sinceramente, a pessoa que fazia tudo funcionar. Organizada, prática e com uma visão estratégica brilhante. Renata era a líder nata que sabia como motivar o time e garantir que todos estivessem na mesma página. Alta e esguia, com uma postura firme, ela conseguia equilibrar muito bem a seriedade do trabalho com uma leveza pessoal que eu admirava.
Essas eram as mulheres que estavam se organizando para vir ao meu apartamento em poucas horas. E agora eu me via completamente perdida. O que eu faria? Já era ruim o suficiente lidar com essa situação maluca sozinha, mas agora, ter que encarar as minhas colegas enquanto tentava manter esse segredo parecia surreal.
"Isso é loucura," pensei, enquanto continuava a olhar para a tela do celular. "Como vou lidar com isso?"
De repente, comecei a andar de um lado para o outro, ainda nua, tentando pensar em alguma solução. Eu não podia simplesmente cancelar, seria estranho demais. Elas já estavam empolgadas, e eu sabia que uma noite assim poderia ser realmente divertida. Mas a sensação de estar sendo observada, a ordem de me manter... sem nada, sem nem mesmo as minhas roupas íntimas, me atormentava. Será que esse maldito chantagista estaria me vigiando, esperando que eu cometesse algum erro?
"Eu não posso passar a noite assim", pensei, uma mistura de frustração e desespero me dominando. "E se ele souber? E se ele estiver me observando? Eu não posso colocar tudo a perder."
Olhei para o relógio. Elas estariam aqui em poucas horas. Eu precisava pensar rápido.
"Talvez eu possa vestir algo leve, disfarçar... algo que não me deixe tão exposta, mas que também não pareça uma afronta às ordens." Era uma ideia. Uma saída. Talvez um vestido solto? Algo que não me fizesse sentir tão vulnerável, mas que ainda cumprisse as "regras", caso o chantagista estivesse realmente me vigiando.
Me aproximei do guarda-roupa, ainda inquieta. A noite das meninas, algo que deveria ser leve e descontraído, agora parecia uma missão quase impossível. Eu só queria que isso acabasse, que essa situação absurda tivesse um fim.
Enquanto pensava em tudo isso, continuei andando pelo apartamento, tentando encontrar uma maneira de manter o controle.
Eu estava completamente paralisada, tentando decidir o que fazer. Meus pensamentos se embaralhavam de uma forma quase caótica. Eu tinha apenas duas horas até as meninas chegarem, e a ideia de estar nua o tempo todo com elas aqui parecia insuportável. Mas ao mesmo tempo, havia algo em mim que dizia para seguir em frente, continuar com as ordens, mesmo que isso significasse receber minhas amigas assim, vulnerável.
"Não é possível que vou fazer isso...", pensei, sentindo o calor subir para o meu rosto. Mas algo dentro de mim estava curioso. Como seria lidar com essa situação de uma forma tão extrema? Eu sabia que tinha que inventar alguma desculpa, caso elas achassem estranho. Não seria fácil. Mas talvez, se eu fosse confiante o suficiente, elas nem desconfiassem. Poderia dizer que estava testando uma nova prática de auto aceitação, algo como se conectar com meu corpo, como uma forma de desestressar.
Essa ideia não era tão absurda, considerando que nós trabalhamos em um ambiente cheio de pessoas criativas, onde a ideia de liberdade individual era muito valorizada.
"Ok. Vai ser isso. Vou dar uma desculpa criativa", pensei, enquanto olhava ao redor. O apartamento estava relativamente arrumado, mas precisava de alguns ajustes.
Suspirei fundo, aceitando a decisão que havia tomado e começando a organizar as coisas. A cozinha estava quase em ordem, mas ainda havia alguns pratos para lavar. Então fui até a pia e comecei a limpar, ainda nua. A sensação de fazer tudo sem roupa já não parecia tão estranha quanto antes. Era como se, de alguma forma, meu corpo estivesse se acostumando com aquela nova normalidade.
Depois de terminar a cozinha, passei para a sala. A mesa de centro estava bagunçada com revistas e alguns papéis do trabalho que eu tinha deixado por ali. Recolhi tudo e guardei em uma gaveta, tentando manter a sala com uma aparência mais organizada.
Olhei para o relógio. O tempo estava passando rápido, mas eu ainda tinha uma hora e meia. Passei para o quarto, ajeitei a cama e joguei fora algumas coisas que estavam jogadas pelo chão. Apesar de estar organizando tudo com pressa, a ideia de receber as meninas ainda pesava na minha mente.
"Será que vou conseguir me manter assim a noite toda?", perguntei a mim mesma, enquanto dobrava alguns cobertores. O nervosismo começava a crescer novamente.
Voltei para a sala, fiz uma última vistoria em todo o apartamento e decidi acender algumas velas aromáticas. Queria criar um ambiente relaxante, o que talvez ajudasse a disfarçar minha tensão. As luzes mais suaves poderiam, pelo menos, minimizar um pouco minha exposição, o que me fez sentir um pouco mais segura.
Eu precisava que tudo fosse perfeito para desviar o foco de qualquer estranheza.
Fui até o banheiro, lavei o rosto e, por alguns segundos, me olhei no espelho. "Suzan, você realmente vai fazer isso." Falei para mim mesma. "Seja forte. Isso vai acabar bem."
As duas horas estavam quase se esgotando.
O som do interfone me fez dar um salto, o coração acelerando instantaneamente. Corri até o aparelho, ainda tentando manter a calma, mas as mãos suavam um pouco enquanto apertava o botão.
“Oi?” — minha voz saiu um pouco trêmula.
“Boa noite, Suzan. Suas amigas estão subindo.” Era a voz de um outro porteiro. Não era o senhor Oswaldo. Isso me deixou um pouco surpresa, mas não era o momento para questionar.
“Obrigada!” — respondi, desligando rapidamente. Meu foco agora tinha que ser total em como eu iria lidar com a situação.
Eu estava nua. Totalmente nua. E em poucos minutos, Carla, Natália, Bárbara e Renata estariam batendo na minha porta. Isso era loucura. Eu sabia que precisava inventar uma desculpa que fizesse algum sentido, algo que não deixasse espaço para suspeitas, mas que também justificasse por que, em nome de tudo, eu iria recebê-las assim. Respirei fundo, tentando acalmar meu coração que parecia querer saltar do peito.
"Ok, Suzan, seja criativa. Elas conhecem você, sabem que você é sempre focada no trabalho, então... talvez algo relacionado a bem-estar, a relaxar... Sim, isso pode funcionar. Diga que você estava experimentando uma técnica nova de auto aceitação, de libertação do corpo... Não, isso parece exagerado... Ah, sei lá... Apenas fale com confiança. Se eu não me abalar, talvez elas também não."
O plano parecia bom, ao menos na teoria.
Fui até a porta e, antes de abrir, dei mais uma olhada rápida ao redor do apartamento. A luz suave das velas que eu havia acendido criava uma atmosfera agradável. Isso poderia ajudar a suavizar as coisas, pensei. Voltei a olhar para mim mesma. Sem roupa. Meu corpo exposto em uma situação tão corriqueira como receber amigas para uma noite de socialização e troca de ideias profissionais.
Ouvi a batida na porta e engoli em seco. Era agora.
Abri a porta, e lá estavam elas. Carla, Natália, Bárbara e Renata. Todas sorridentes, carregando sacolas com comidas e bebidas. Por um segundo, o sorriso delas congelou, o olhar demorando mais tempo do que o normal para registrar o fato de que eu estava completamente nua. Mas, para o meu alívio, elas não disseram nada imediatamente.
“Oi, meninas!” — tentei soar o mais natural possível, abrindo um sorriso. “Desculpem pela... bom, pela situação inusitada. Eu sei que pode parecer estranho, mas eu decidi experimentar uma técnica de libertação pessoal. Algo relacionado à auto aceitação corporal. Andei me sentindo muito presa ultimamente, tanto no trabalho quanto na vida, então pensei em tentar algo novo. Espero que não se importem.”
Carla foi a primeira a reagir, levantando as sobrancelhas, mas sorrindo em seguida.
“Uau, Suzan. Isso é bem... diferente. Mas se te faz sentir bem, quem somos nós para julgar, né?”
Natália deu um leve risinho nervoso, mas também não comentou nada diretamente sobre minha nudez. “Eu entendo completamente. A gente trabalha tanto que às vezes esquece de relaxar.”
Renata e Bárbara se entreolharam, claramente surpresas, mas sem parecer desconfortáveis. Bárbara resolveu fazer um comentário.
"Bem, eu nunca tentei algo assim, mas acho que todos nós precisamos de uma pausa do convencional de vez em quando."
Renata, sempre a mais pragmática do grupo, simplesmente assentiu. "É, faz sentido. E o ambiente aqui está super relaxante. Aquelas velas... você realmente pensou em tudo."
Senti um alívio imediato quando percebi que elas não estavam me julgando, nem desconfortáveis. A sensação de ter cruzado a linha da normalidade para algo tão inesperado me deixou ansiosa, mas a aceitação delas foi surpreendentemente rápida. Talvez eu estivesse me preocupando demais.
“Entrem, por favor!” — disse, abrindo mais a porta para que elas passassem.
Enquanto elas entravam, eu ainda me mantinha calma, tentando parecer confiante. Fui guiando as meninas até a sala, onde colocaram as sacolas de comida e bebida sobre a mesa de centro.
“Ok, e agora vamos relaxar. Afinal, essa é uma noite para descontrair, não é?” — falei, tentando estabelecer um tom mais leve, gesticulando para que elas se acomodassem.
Carla pegou uma garrafa de vinho da sacola. “É claro. Vamos abrir isso e aproveitar a noite!”
Sentamos todas no chão ao redor da mesa de centro, e a conversa começou a fluir de forma natural, como sempre acontecia entre nós. Falamos sobre os últimos projetos da InovaMente, sobre como algumas campanhas estavam exigindo mais criatividade do que o normal, e também sobre os desafios diários do trabalho. Aos poucos, o assunto foi ficando mais descontraído, e o fato de eu estar nua foi se tornando apenas um detalhe. Até mesmo eu comecei a esquecer desse fato, já que estávamos todas tão envolvidas na conversa.
Bárbara, sempre a mais curiosa, finalmente trouxe o assunto à tona.
“Suzan, eu tenho que admitir, essa sua abordagem de libertação corporal é fascinante. Você acha que isso realmente ajuda a aliviar o estresse? Não me entenda mal, eu acho super corajoso da sua parte fazer algo assim.”
Sorri para ela, me sentindo um pouco mais à vontade. "Olha, ainda é cedo para dizer se isso realmente faz uma diferença enorme, mas de certa forma, me sinto... leve. É como se eu tivesse deixado de lado um peso que eu nem sabia que estava carregando. Acho que todos deveríamos tentar sair um pouco da nossa zona de conforto de vez em quando."
Natália riu. "Eu entendo o que você quer dizer. Talvez não exatamente dessa forma, mas todos nós carregamos tensões que acumulamos no dia a dia."
A conversa continuou assim, alternando entre brincadeiras e discussões mais sérias sobre trabalho e vida pessoal. Aos poucos, comecei a me sentir mais confortável, menos consciente da minha nudez, como se realmente não fosse um grande problema.
Após uma hora de conversa e risadas, as meninas já estavam tão envolvidas na noite que minha nudez passou a ser apenas mais um elemento da noite diferente que estávamos compartilhando.