Acordei de um salto, o coração batendo acelerado e o suor frio escorrendo pela minha testa e minha bucetinha molhadinha. O pesadelo ainda estava vívido na minha mente, cada detalhe das horas anteriores parecendo se misturar entre o que foi real e o que minha imaginação havia criado. Tentei controlar minha respiração, enquanto me recostava no travesseiro. Olhei em volta, sentindo o alívio ao reconhecer as paredes do meu quarto. Tudo estava tranquilo, seguro, mas a sensação de vulnerabilidade ainda me rondava.
"Isso tudo é culpa da rotina", pensei, enquanto massageava minhas têmporas. Eu sempre fui focada nos estudos, sempre priorizei minha carreira acima de tudo. Nunca me dei muito tempo para relaxar ou sequer pensar em outros aspectos da minha vida. Refleti sobre o fato de já ter tido dois namorados, mas que mesmo assim, nunca tive uma vida sexual regular, quem dirá intensa. Embora não fosse mais virgem, meu envolvimento físico com eles foi sempre pontual, limitado. Minha vida foi sempre marcada por metas acadêmicas e, agora, profissionais. Foco total no trabalho, no sucesso, e pouco tempo para mim mesma.
Naquele momento, no entanto, algo parecia diferente. Talvez fosse o acúmulo do dia estranho que vivi, ou os meses e anos de negligência das minhas próprias necessidades. Mas não pude deixar de me perguntar se aquela parte da minha vida, que sempre reprimi, estava começando a me chamar a atenção. E o fato de ter ficado nua em público, mesmo que de forma involuntária, parecia ter despertado uma nova consciência de mim mesma.
Eu sabia que precisava deixar esses pensamentos de lado. A semana seria cheia, e eu tinha responsabilidades para cumprir. Respirei fundo, coloquei-me de pé e decidi que me prepararia mentalmente para o trabalho, enterrando o que aconteceu no final de semana. "Foi um momento de fraqueza, só isso", me convenci.
A semana no trabalho passou como um furacão, mas de forma incrivelmente produtiva. Desde segunda-feira, cheguei ao escritório com a determinação de dar o meu melhor. Precisava compensar qualquer desconforto que ainda pairava sobre minha mente e focar no que eu fazia de melhor: marketing. Na InovaMente, eu tinha a oportunidade de brilhar, e não poderia deixar que um fim de semana incomum desviasse meu foco.
Cada projeto que surgia, eu abraçava com entusiasmo. Fiz uma apresentação de uma nova campanha publicitária para um cliente importante, algo que já estava sendo negligenciado pela equipe. Minha ideia era simples, mas poderosa: conectar o produto ao estilo de vida do público-alvo, mostrando que o produto não era só algo que eles queriam, mas algo que precisavam. A apresentação foi um sucesso e, até meu chefe, que costumava ser reservado em seus elogios, não conseguiu conter seu entusiasmo.
Ele se aproximou de mim depois da reunião, com um sorriso que indicava seu orgulho. "Suzan, você tem mostrado uma habilidade impressionante", ele disse. "Sua visão estratégica é exatamente o que estamos precisando para levar nossas campanhas a um nível mais alto. Estou muito impressionado com seu desempenho."
Aquelas palavras foram um bálsamo para minha alma. Trabalhei tanto nos últimos meses, me dedicando completamente ao sucesso da empresa, e ouvir meu chefe reconhecendo isso foi um momento de satisfação profunda. Sentia que meu esforço estava valendo a pena, e aquela aprovação era o combustível que eu precisava para continuar.
Os dias seguintes seguiram com a mesma energia. Não houve mais imprevistos ou situações desconcertantes. Cada projeto foi finalizado com sucesso, e cada reunião era uma nova oportunidade para eu mostrar minha criatividade e competência. O ambiente de trabalho, normalmente dinâmico e cheio de desafios, começou a se moldar ao meu favor. Era como se, finalmente, eu estivesse colhendo os frutos do meu esforço árduo.
Eu não tinha mais tempo para pensar nos incidentes do fim de semana, nos pensamentos que me assombraram por tanto tempo. A rotina de trabalho me preenchia, e por mais que houvesse uma parte de mim que ainda sentia a necessidade de lidar com aqueles sentimentos reprimidos, o sucesso profissional me distraía o suficiente para mantê-los em segundo plano.
Então, chegou o sábado. Acordei mais tarde do que de costume, algo que eu quase nunca fazia. O sol entrava pela janela, e uma brisa suave balançava as cortinas, trazendo um ar fresco para o quarto. Me espreguicei lentamente, com o corpo relaxado e a mente tranquila. Pela primeira vez em semanas, eu sentia que poderia simplesmente respirar.
Sentei-me na cama, sentindo o calor suave do lençol sobre a minha pele. Tudo parecia em seu devido lugar. As angústias da semana anterior estavam longe, e agora tudo o que restava era uma sensação de alívio e, de certa forma, satisfação.
"Foi uma semana intensa", pensei. Mas intensa de uma forma positiva. Não apenas por conta do trabalho, mas porque, de algum modo, consegui superar as tensões que me assombravam.
Levantei-me, caminhei até a janela e observei a movimentação tranquila na rua abaixo. O mundo parecia continuar seu curso, indiferente aos meus dilemas internos, e naquele momento, percebi que talvez eu também pudesse ser assim. Acordar naquele sábado, com aquela calma no peito, era como uma pequena vitória pessoal. Eu havia enfrentado situações desconfortáveis e, no final das contas, saí mais forte delas.
O dia estava apenas começando, e eu tinha a oportunidade de aproveitar meu tempo livre. Sorrindo para mim mesma, decidi que, por hoje, deixaria todas as preocupações de lado.
Eu estava determinada a aproveitar o meu sábado de folga para colocar tudo em ordem no meu apartamento. A semana havia sido intensa, e o trabalho me consumiu completamente. Mas agora, finalmente, eu teria tempo para me dedicar ao que estava pendente em casa. O dia estava tranquilo, a temperatura agradável, e a perspectiva de uma tarde de faxina, embora parecesse cansativa, me trazia uma sensação de controle e alívio.
Decidi começar pelos cantos mais difíceis, aqueles que sempre deixo para depois. Arrumei as prateleiras, organizei minhas roupas e fui limpando cada cômodo meticulosamente. Quando cheguei perto da porta de entrada, enquanto varria, notei algo que não estava lá antes. A princípio, pensei que fosse um panfleto de entrega de comida ou algo assim, mas quando me abaixei para pegar, vi que era um envelope.
Hesitei por um segundo, sem saber exatamente o que fazer. Não havia remetente, nem qualquer coisa que indicasse o conteúdo. “Deve ser alguma propaganda”, pensei, sem dar muita importância. Deixei o envelope na mesinha de entrada e voltei à faxina, querendo terminar tudo antes de me permitir qualquer distração.
Continuei limpando, completamente imersa na tarefa. A sensação de ver o apartamento ficando mais limpo e organizado me dava uma sensação de satisfação, como se cada superfície polida fosse uma parte do meu próprio estado de espírito sendo renovada. Após algumas horas de dedicação, finalmente terminei. O apartamento brilhava, e eu me sentia realizada.
Depois de tudo, decidi tomar um banho para me refrescar. A água morna escorrendo sobre minha pele era um alívio bem-vindo após o esforço da faxina. Saí do banho sentindo-me renovada e vesti um roupão leve. Caminhei até a sala e me deparei novamente com o envelope que havia encontrado mais cedo. Ele estava lá, silencioso, como se me chamasse.
Mas resolvi sentar na sala e ler um livro para relaxar, depois fiz meu almoço, tirei um pequeno cochilo no sofá e o envelope ainda estava lá me olhando.
Pensei por um momento antes de pegá-lo. Algo no fundo da minha mente me dizia que isso não era apenas um folheto qualquer, mas tentei ignorar aquela sensação. Peguei o envelope e, com certa curiosidade, abri-o.
O que encontrei lá dentro fez meu coração parar por um instante.
Era uma foto minha. De costas. Nua.
A imagem me mostrava no corredor do prédio, logo do lado de fora do meu apartamento, completamente exposta. O susto tomou conta de mim antes que qualquer outro pensamento conseguisse se formar. Alguém havia tirado essa foto de mim, alguém estava me observando, escondido, enquanto eu estava vulnerável daquele jeito.
E havia mais.
Um pequeno texto impresso, anexado à foto, com uma mensagem clara e direta: "Jogue todas as suas roupas íntimas fora e passe o fim de semana nua, senão sua foto vazará na Internet."
O desespero tomou conta de mim. Minhas mãos começaram a tremer, e eu tive que me sentar no sofá para não cair. O que era aquilo? Quem faria algo assim? A sensação de invasão era avassaladora. Eu me sentia exposta de uma forma que nunca havia imaginado. Todos os meus pensamentos se embaralhavam, e o pânico começou a subir. Mas novamente minha bucetinha coberta por pelos vermelhos estava molhada, só de imaginar que não teria mais roupas íntimas para vestir e que teria que estar peladinha o final de semana inteiro.
Tentei respirar fundo, mas a imagem na minha mente – a foto de mim, nua, naquele corredor – não saía da minha cabeça. Como eu poderia ter sido tão descuidada? A lembrança daquele momento, quando a porta do apartamento se fechou, me veio à mente como um flash. Agora, parecia que o universo realmente havia conspirado contra mim, colocando-me naquela situação de vulnerabilidade extrema. E alguém, algum estranho, estava se aproveitando disso.
A primeira coisa que pensei foi: "Isso só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto." Mas ao mesmo tempo, a ameaça impressa ali, de que minha foto poderia ser divulgada online, não parecia nada engraçada. Se fosse verdade, o que eu faria? A vergonha de imaginar aquela imagem circulando pela Internet me deixou paralisada. Eu sabia que uma vez lá fora, não haveria volta. Quem visse, veria. E não apenas estranhos. Amigos, família, colegas de trabalho...
Minha mente começou a correr por todas as possibilidades, por todas as pessoas que poderiam me ver de uma forma que eu nunca quis mostrar. "Não, isso não pode acontecer", pensei, tentando desesperadamente achar uma solução. Mas as palavras impressas no papel ecoavam na minha cabeça. A ideia de ter que jogar fora todas as minhas roupas íntimas e passar o fim de semana nua parecia absurda, mas a ameaça parecia ainda mais real a cada segundo.
Larguei o envelope e levantei-me, andando de um lado para o outro na sala, tentando pensar no que fazer. Eu deveria ligar para a polícia? Mas e se fosse apenas uma brincadeira? O que eu diria? E se não fosse? E se realmente vazassem essa foto? Senti um nó se formando no meu estômago.
O anonimato da situação me apavorava. Quem poderia estar me observando? Quem sabia desse momento, desse segredo que eu acreditava que apenas eu conhecia? Fiquei me questionando sobre como, quando, e de onde aquela foto havia sido tirada. O corredor do meu prédio nunca me pareceu tão inseguro.
Não sabia como agir. Minhas emoções estavam à flor da pele, e o tempo parecia estar correndo contra mim.
Eu me sentei, as pernas de repente fracas demais para me sustentar. Minha mente corria em mil direções. Lembrava de cada momento de tensão daquela noite, dos meus cuidados em me esconder. Quem poderia ter me visto assim? Quando isso aconteceu? Não havia mais dúvidas, alguém estava me observando, mas o pior não era só isso… O texto impresso que veio junto com a foto era ainda mais perturbador.
"Jogue todas as suas roupas íntimas fora e passe o fim de semana nua, senão sua foto vazará na Internet."
Meus olhos leram e releram aquela frase várias vezes, como se eu estivesse tentando decifrar algo que, claramente, era óbvio. Aquilo era uma ameaça, uma chantagem clara e direta. De repente, o roupão leve que eu estava vestindo começou a pesar, e a sensação de vulnerabilidade tomou conta de mim. Mesmo estando sozinha no apartamento, me senti exposta, observada, como se houvesse alguém me vigiando naquele exato momento.
"Quem faria isso?", perguntei a mim mesma em silêncio, tentando controlar o pânico crescente. Eu me levantei de repente, fechando todas as janelas e trancando a porta com todas as trancas disponíveis. Olhei pela fresta da cortina, tentando ver se havia alguém ali, mas, claro, não havia nada. Só o silêncio da tarde de sábado.
Me sentei novamente à mesa, com o envelope e a foto à minha frente. O que eu faria agora? A ideia de seguir o que estava escrito naquela mensagem me causava arrepios, mas o medo de ter aquela foto divulgada para o mundo era ainda pior. Só de imaginar as consequências, o escândalo, a vergonha... Não, eu não podia permitir que isso acontecesse.
Mas também não podia simplesmente ceder. Eu não sabia quem estava por trás disso, e jogar fora minhas roupas íntimas e ficar nua pelo apartamento o fim de semana todo.
Sentindo uma leve pressão no meu peito, como se todo o peso da semana tivesse voltado subitamente. Meus olhos piscam rapidamente, ajustando-se à luz suave do entardecer que passa pelas cortinas. A tarde já estava acabando, mas eu ainda estava imersa em pensamentos confusos. Meu corpo estava coberto apenas pelo roupão de banho, mas sem me dar conta, percebi que o estava segurando na mão, sem tê-lo mais vestido. Como isso aconteceu? Eu nem senti quando o tirei. Talvez fosse a tensão, a angústia dos últimos dias pesando na minha mente.
Sentada na cama, olhei ao redor do quarto, tentando afastar os pensamentos desconcertantes que me atormentavam. Foi então que me lembrei das roupas íntimas. Todas aquelas peças, que de alguma forma representavam o que estava acontecendo. A chantagem, o medo... e aquela carta, com a ordem perturbadora. Se eu queria entregar o chantagista à polícia, precisaria entrar no seu jogo primeiro. De algum jeito, parecia o melhor plano. Jogar tudo fora.
Levantei-me da cama, ainda nua, e respirei fundo. Peguei uma bolsa de mercado e comecei a recolher cada peça de roupa íntima que encontrava. Senti um nó se formar no meu estômago. "Isso precisa ser feito", repeti para mim mesma, como um mantra. "Preciso de tempo para descobrir quem está por trás disso." Um misto de ansiedade e determinação me impulsionava a seguir em frente. Peguei todas as peças íntimas que tenho e coloquei-as na bolsa, certificando-me de que não ficaria nada para trás.
Ao me preparar para sair, olhei no espelho e hesitei por um momento. Eu iria novamente ao corredor... nua. O pensamento me fez estremecer. Mas uma parte de mim estava convicta: se eu tentasse usar algo, o chantagista poderia ver. E se ele estivesse me vigiando? Eu não poderia correr esse risco.
Então, fiz uma escolha: iria nua. Mas dessa vez, não cometeria o mesmo erro. Peguei a chave do apartamento, segurando-a firmemente, determinada a não me trancar do lado de fora novamente. Passei a mão pela maçaneta e, com o coração acelerado, abri a porta com cuidado. O corredor estava silencioso. Dei um passo, depois outro, fechando a porta suavemente atrás de mim. Cada som parecia amplificado — o leve estalar do piso sob meus pés, a respiração rápida que eu tentava controlar.
Caminhei devagar, a bolsa de roupas em uma das mãos, a chave firmemente presa na outra. Minhas pernas tremiam um pouco, o nervosismo tomando conta de mim, mas continuei avançando. A cada passo, eu olhava ao redor, esperando qualquer movimento. O corredor parecia interminável, e meu corpo inteiro estava tenso, como se esperasse ser vista a qualquer momento. Finalmente, cheguei ao compartimento de lixo.
Respirei fundo e abri a portinhola. O som do metal arranhando me fez gelar, como se fosse uma sirene avisando a todos da minha presença ali. Me molhei todinha nessa hora. Envergonhada, olhei rapidamente para os lados, certificando-me de que estava sozinha. Rapidamente, joguei a bolsa lá dentro, deixando-a cair no vazio abaixo. O som da bolsa atingindo o fundo ecoou levemente, mas para mim parecia ensurdecedor.
"Acabou", pensei, tentando me tranquilizar. "Agora é só voltar."
Girei nos calcanhares e comecei a andar de volta ao apartamento. Minhas mãos ainda estavam um pouco trêmulas, mas a ideia de que tudo estava seguindo conforme o plano me acalmava. Quando cheguei à porta do meu apartamento, o alívio começou a tomar conta. Com a chave na mão, destranquei a porta e entrei rapidamente, fechando-a atrás de mim com um baque suave. Meu corpo relaxou um pouco. Eu estava segura. Por enquanto.
Mas, antes que pudesse respirar aliviada, meu celular começou a vibrar sobre a mesa, seu som cortando o silêncio de maneira abrupta. Meu coração deu um salto. Olhei para o aparelho, o susto ainda presente no meu peito. Quem seria àquela hora? E o que significaria essa ligação?
votado, adorei
Você é uma escritora maravilhosa..consegue prender a atenção e passa muito tesão nos seus relatos... parabéns.