Capítulo 4 - A lufada de vento
Depois de finalmente fechar a porta do apartamento, me senti um pouco mais segura, mas o alívio foi passageiro. Tudo que eu havia passado nas últimas horas — desde a situação no mercado até a interação no elevador — estava me deixando sufocada. Era como se todos os meus sentimentos, antes cuidadosamente controlados, estivessem explodindo dentro de mim de uma só vez.
Eu andava de um lado para o outro no pequeno apartamento, tentando me concentrar em tarefas simples. Comecei a tirar as compras das sacolas e a organizar tudo nos armários, mas minha mente não parava. A sensação de estar constantemente exposta, de ser olhada e julgada, não saía da minha cabeça. Era uma mistura estranha de vergonha e de algo que eu não conseguia nomear.
Cada movimento que eu fazia parecia carregado de tensão. O tecido das minhas roupas, que antes me protegia, agora parecia sufocante. As sensações se acumulavam, e eu me sentia incapaz de fugir daquele turbilhão interno.
Finalmente, eu me deixei levar por um impulso que nem eu mesma conseguia explicar direito. Tirei as roupas, uma peça de cada vez, e as deixei caírem no chão do apartamento. Eu precisava me livrar daquele peso, ainda que apenas simbolicamente. Por algum motivo, estar sem nada parecia a única maneira de me reconectar comigo mesma naquele momento. Era uma tentativa de me sentir livre, de afastar todas as camadas de tensão que haviam se acumulado ao longo do dia.
Completamente nua, eu me movia pelo apartamento, sentindo o ar fresco contra a minha pele. Era uma sensação libertadora, ainda que estranha. Por mais que a minha mente estivesse uma confusão de pensamentos, o ato de tirar as roupas me dava um alívio temporário.
Voltei a focar nas compras. Organizei cada item nos seus devidos lugares, consciente da estranha contradição da minha situação. Eu estava sozinha em casa, completamente exposta, mas não havia ninguém para ver. Talvez, de certa forma, aquilo simbolizasse o que eu vinha sentindo — uma necessidade de escapar de todas as pressões externas e apenas existir, sem expectativas ou julgamentos.
Assim que terminei de organizar as compras, olhei ao redor e percebi as embalagens e sacolas espalhadas pelo chão. Eu tinha acumulado bastante lixo, e sabia que precisava levá-lo ao compartimento no corredor do andar. Olhei para a porta de saída do apartamento e, por um momento, fiquei dividida entre a realidade e aquele impulso estranho que parecia dominar meus pensamentos.
“Ninguém vai me ver,” pensei comigo mesma. O compartimento de lixo ficava logo ali, no corredor. Seria uma ida rápida — sair, despejar o lixo, e voltar antes que qualquer coisa pudesse dar errado.
Eu hesitei por um segundo, mas a sensação de liberdade que havia experimentado momentos antes ainda estava comigo. Então, sem pensar muito, abri a porta e saí.
Com o saco de lixo nas mãos, caminhei até o compartimento no corredor. O frio do chão sob meus pés nus me trouxe de volta à realidade de forma intensa. O corredor estava vazio e silencioso, mas eu ainda podia ouvir o som distante de outros apartamentos, o barulho de televisores e conversas abafadas.
Assim que joguei o lixo no compartimento, uma corrente de ar passou por mim, e no mesmo instante ouvi o barulho da porta do meu apartamento se fechando atrás de mim. Um arrepio correu pela minha espinha. A porta havia batido com o vento, e eu estava trancada do lado de fora, sem absolutamente nada.
Minha respiração acelerou, e o peso da situação caiu sobre mim com força. Eu estava completamente exposta no corredor do meu prédio, sem roupas, sem chave, sem um plano. O pânico começou a se instalar.
Olhei em volta, tentando desesperadamente encontrar uma solução. Não podia simplesmente ficar ali parada, mas também não podia arriscar ser vista. O elevador era uma opção descartada — qualquer um poderia aparecer a qualquer momento. A escada, talvez... Mas, e se alguém estivesse subindo ou descendo?
Minhas mãos tremiam enquanto eu tentava pensar em algo. O som do meu coração batendo parecia preencher o corredor silencioso. A sensação de exposição era esmagadora, mas, ao mesmo tempo, havia algo quase surreal naquela situação. Como se o universo estivesse conspirando para me tirar completamente da minha zona de conforto.
Cinco minutos se passaram, e cada segundo parecia uma eternidade. Eu me encolhi perto da parede, tentando me esconder o máximo possível enquanto esperava que algo — qualquer coisa — surgisse na minha mente como uma solução. Mas, por enquanto, eu só podia ficar ali, completamente vulnerável, à mercê do que viesse a seguir.
A sensação de liberdade que tinha momentos antes, arrumando minhas compras completamente nua, é rapidamente substituída por um aperto no peito, como se o ar tivesse sido roubado de mim. Paro, em choque, e olho para a porta trancada.
"O que foi que eu fiz?", penso, e instintivamente levo as mãos ao corpo, tentando cobrir o que posso. Meus dedos tremem enquanto tento esconder o máximo possível, mas não há como, sou pega pela dura realidade. Estou nua, do lado de fora do meu apartamento, no corredor do prédio. Minha respiração fica mais curta, e sinto o calor subindo pelo meu rosto.
Era como se cada parte de mim estivesse exposta, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Eu mal conseguia acreditar na situação em que me encontrava. Olhei para baixo e vi que, por mais que eu tentasse, não conseguia cobrir completamente meu corpo com as mãos, a minha vergonha aumenta percebendo que meus pelos ruivos e cheios vazavam entre meus dedos, com o leve toque eu podia sentir que estava molhadinha, como isso era possível? . Meus pensamentos se embaralhavam. Como isso pôde acontecer?
Meus olhos percorrem o corredor, procurando uma solução rápida. O desespero toma conta de mim por um instante, e então, ouço o som que mais temia: a tranca de outro apartamento.
Meu coração dispara. Eu não tenho muito tempo. Alguém está prestes a sair.
Sabia que aquele barulho era de algum vizinho. Não podia ser pega assim, completamente vulnerável. Sem pensar muito, corri até a escada. Minhas mãos tremiam enquanto segurava a maçaneta da porta da escada, e eu mal conseguia respirar de tanto nervosismo. Assim que entrei, espreitei pela porta, tentando ver quem era. Meu coração quase saiu pela boca quando percebi que era o senhor Menelau.
Menelau era o tipo de vizinho que eu evitava sempre que possível. Ele era marido de dona Ofélia, uma senhora doce, sempre disposta a ajudar. Se fosse ela ali, eu teria, talvez, uma chance de pedir ajuda. Mas Menelau? Não. Ele sempre me lançava olhares estranhos quando nos encontrávamos no elevador ou no corredor, aqueles olhares que me faziam sentir desconfortável. Agora, imaginar que ele poderia me ver assim, sem nada, era aterrorizante.
Escondida atrás da porta da escada, ouvia a voz dele chamando por Pelúcia, o gato do casal. "Pelúcia! Onde você se meteu, hein?", ele gritava, enquanto andava pelo corredor. O som dos passos dele reverberava na escada, e cada passo fazia meu coração acelerar ainda mais. Eu estava paralisada. Não podia descer correndo, porque ele me veria. Não podia subir de volta, porque a porta do meu apartamento estava trancada. Eu estava presa ali, sem saída.
O tempo passava devagar, e eu podia sentir meu corpo ficando cada vez mais quente, tanto pela vergonha quanto pelo medo de ser descoberta. Me agachei, tentando me esconder melhor, com as mãos tentando cobrir o que podiam. Ouvi Menelau falando algo mais baixo, reclamando de Pelúcia, que vivia fugindo. "Esse gato, sempre escapando. Um dia ainda vou acabar te perdendo de vez."
Ficar ali, escondida, esperando que ele voltasse para dentro, parecia uma eternidade. Quando achei que ele finalmente ia desistir de procurar o gato, ouvi outro barulho vindo do corredor — a porta do apartamento do terceiro andar. Meu coração disparou novamente. Era a equipe de mudança que eu havia encontrado mais cedo no elevador. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos, enquanto escutava a conversa deles.
“Cara, eu acho que o elevador vai ser complicado, tem muito móvel grande”, disse um dos homens, em um tom grave.
“Sim, mas levar tudo pelas escadas vai ser ainda pior. Não sei se vamos conseguir passar pela curva do terceiro andar”, respondeu outro.
Eu podia ouvir claramente as vozes. Estava tão perto que conseguia até sentir o cheiro de poeira e suor, que veio do trabalho pesado que estavam fazendo. Enquanto eles discutiam se usariam ou não o elevador.
Com os nervos à flor da pele, eu me escondi o máximo possível nas escadas, ainda tentando entender como tinha chegado a esse ponto. Ali, ouvindo os passos e a conversa dos homens da mudança no corredor do terceiro andar, tudo parecia um pesadelo sem fim. Eu sentia o calor subir pelo meu corpo, a tensão deixando meus músculos rígidos enquanto tentava me manter invisível.
“Temos que decidir logo, gente. Vai ser uma eternidade se ficarmos indo e vindo pela escada com esses móveis grandes”, disse um dos homens, com a voz carregada de frustração. “Se bem que aquele sofá... não sei se passa pelo elevador.”
Eu me esforcei para manter a calma, mas cada palavra que eles trocavam parecia fazer o tempo se arrastar ainda mais. Não podia ser vista naquela situação, ainda mais depois da forma como eles me olharam no elevador mais cedo. O desconforto daqueles olhares voltou com força total na minha mente.
“Vocês viram aquela mulher no elevador mais cedo?” disse um dos homens, e eu prendi a respiração.
“Qual? A ruiva? Aquela que estava com uma saia curta?”, respondeu outro.
Eu não sabia se queria desaparecer ou gritar. Eles estavam falando de mim. A sensação de exposição era insuportável. Estava trancada do lado de fora do meu próprio apartamento, completamente vulnerável, e agora eles comentavam sobre mim.
“Eu juro que ela estava quase sem nada. Aquela saia era muito curta, não? Ou será que eu vi errado?”, um deles riu, e os outros pareceram concordar, ainda discutindo sobre a mudança.
Meus pensamentos estavam em completo caos. Será que eles perceberam o que estava acontecendo comigo? Será que, de alguma forma, eles sabiam que agora eu estava ainda mais exposta do que antes? Enquanto esperava, tentando me acalmar, uma sensação estranha começou a tomar conta de mim, algo que eu não entendia bem. A umidade nas minhas coxas era impossível de ignorar. Me senti mais confusa do que nunca, tentando afastar aqueles pensamentos. Como eu poderia estar reagindo assim, em uma situação tão absurdamente embaraçosa?
Meus olhos se fecharam por um momento, tentando me focar em qualquer coisa que não fosse a conversa deles ou o que meu corpo estava fazendo. Estava completamente fora de controle, como se o universo inteiro estivesse conspirando para me forçar a sair da minha zona de conforto. Eu precisava pensar em uma solução, mas estava paralisada pela vergonha e pela incerteza.
Mas de forma instintiva, comecei a me tocar com a mão que tentava cobrir minha bucetinha, logo minha outra mão começou a acariciar meus seios, me vi totalmente louca de tesão, encostada com as costas nua na parede fria, que me fez soltar um gemidinho baixo, eu estava com tanto tesão que não demorou nem um minuto para que gozasse forte, o orgasmo fez minhas pernas fraquejarem e quase me vi de joelhos no chão.
Mesmo usando minha mão esquerda para tapar minha boca, meu gemido foi ouvindo pelos homens da mudança, que chegaram a fazer um comentário. Meu coração quase parou nesse momento.
“Acho que a bichana do velho doido aí de cima, está nas escadas. Ah deixa esse gato pra lá e vamos resolver logo isso. Elevador ou escada?”, um deles insistiu, claramente impaciente.
O tempo parecia se arrastar ainda mais, e a cada segundo, meu desespero aumentava. Eu me encolhi ainda mais nas escadas, tentando não fazer barulho, não ser notada. Eles não podiam me ver assim, de jeito nenhum. Totalmente abalada e um pouco fraca por conta desse orgasmo inesperado, que me deixava mais confusa. Eu nem sequer me masturbo assim em casa, agora eu estava na escada do prédio com meus dedos entre as pernas. O que eu estou me tornando? E se alguém me visse agora? Mas logo a minha atenção se volta para os homens da mudança.
Por fim, depois de mais alguns minutos de discussão, eles decidiram usar o elevador. Um alívio momentâneo passou por mim, mas ainda estava longe de estar fora de perigo. Ouvi quando eles começaram a se mover, empurrando os móveis e conversando sobre o próximo passo da mudança. Esperei até que os passos se distanciassem o suficiente e, só então, comecei a me mover.
Mas, mesmo assim, aquele breve alívio era ofuscado pela realidade de que eu ainda estava ali, nua e ainda meio trêmula por conta da masturbação, tentando encontrar uma solução. Cada som no prédio parecia mais alto, mais ameaçador, e a vergonha continuava me corroendo por dentro.
Eu me sentia presa, entre o medo de ser vista e a confusão sobre o que tudo isso significava. Era como se todos os sentimentos que eu tinha reprimido ao longo dos anos, entre meus estudos e agora minha entrada no mercado de trabalho, estivessem explodindo de uma vez. Mas, naquele momento, tudo o que eu queria era escapar, voltar para a segurança do meu apartamento e colocar fim a esse pesadelo.
Quando finalmente ouvi os homens da mudança tinham retornado para dentro do apartamento onde a mudança estava acontecendo, tomei uma decisão. Tinha que descer para a portaria. Talvez Oswaldo estivesse lá e, com sorte, ele poderia me ajudar com a chave mestra. Mas, enquanto descia os degraus um por um, tentava acalmar a minha respiração e ignorar a sensação gritante de vulnerabilidade que tomava conta de mim. Estava nua e ainda excitada, e cada som no prédio parecia amplificar o meu pânico.