GAROTO, EU ODEIO AMAR VOCÊ ~ [15] ~ A DECEPÇÃO



No outro dia quando acordei estava com dores pelo corpo. Confesso que não queria ir para aula, mas eu precisava ver o Luke. Estava com saudades dele e, apesar de toda a turbulência do final de semana, eu segui o meu coração, e era o Luke que eu amava, era com ele que eu iria ficar.
Quando cheguei no colégio, mandei mensagem para o Luke perguntando se ele estava perto de chegar. Ele respondeu que tinha acabado de entrar no portão principal. Pedi para ele me encontrar no lugar de sempre – umas mesas perto da quadra onde tinha pouco movimento, nosso refúgio particular. Assim que cheguei nas mesinhas, avistei Luke vindo em minha direção. Ele abriu aquele sorriso que me fazia derreter por dentro, aquele mesmo sorriso no qual me apaixono a cada dia. Ele se aproximou e me deu um abraço apertado, daqueles que parecem querer compensar cada segundo de ausência. Ficamos assim por alguns momentos, como se o mundo ao redor tivesse pausado.
— Nunca pensei que fosse dizer isso, mas senti realmente sua falta esses dias — ele falou baixinho, ficando vermelho nas bochechas, uma vulnerabilidade que raramente mostrava.
— Para de drama, bobo. Foram só quatro dias longe... — respondi, tentando soar casual, mas meu coração batia forte — Mas eu também senti sua falta, muita falta.
Olhei discretamente para os lados, certificando-me de que estávamos sozinhos, e dei um selinho rápido nele. O contato, mesmo breve, mandou uma onda de calor pelo meu corpo, mas também trouxe um flash de culpa que tentei afastar rapidamente.
— Parabéns pela vitória — ele disse olhando para mim com aqueles olhos carinhosos que pareciam enxergar além da minha expressão.
— Obrigado — respondi, engolindo em seco — E como foi o final de semana? Tudo certo por aqui?
Luke se sentou ao meu lado, encostando levemente seu ombro no meu.
— Sim, o Yan e o Isaac foram lá pra casa. Estudamos um pouco e depois ficamos na piscina — ele fez uma pausa, seus olhos encontrando os meus — Mas faltou você.
Aquelas três palavras simples carregavam tanto peso que quase me fizeram confessar tudo ali mesmo. Mas em vez disso, sorri e propus:
— Esse final de semana podemos fazer isso, se você quiser.
— Pode ser — ele desviou o olhar por um instante, mordendo o lábio inferior de um jeito que sempre me deixava sem ar — Mas antes quero matar a saudade.
Senti meu rosto esquentar. Sabia exatamente o que aquele "matar a saudade" significava.
— Eu também... — hesitei por um momento antes de sugerir — Hoje não vou ter vôlei. Que tal você passar a tarde lá em casa pra gente aproveitar o que não aproveitamos esse final de semana?
Um sorriso malicioso surgiu no rosto dele.
— Pode ser. Vou avisar a minha mãe que tenho um "trabalho" na sua casa — ele fez as aspas com a mão quando mencionou "trabalho", e nós dois rimos cúmplices.
Ficamos ali conversando, trocando ideias até que o sinal tocou. Caminhamos juntos para a sala, nossos braços se esbarrando de propósito enquanto andávamos. Quando chegamos, algumas pessoas vieram me parabenizar pela vitória, dando tapinhas nas costas e pedindo detalhes sobre o campeonato. Foi então que notei Carlos. Ele já estava sentado, com seu grupo de amigos no canto da sala. Nossos olhares se cruzaram por um breve momento, e o peso daquele olhar quase me fez recuar. Não havia raiva ali, apenas uma tristeza profunda que me atingiu como um soco no estômago. Ele desviou o olhar rapidamente e fingiu estar ocupado com alguma coisa em seu caderno.
Pensei em ir até ele, dizer algo, tentar consertar nossa amizade. Mas o que eu diria? Talvez fosse melhor assim, cada um seguindo o seu rumo, cada um no seu lugar. A distância entre nós agora parecia muito maior que apenas algumas carteiras.
O resto da aula foi tranquilo, pelo menos na aparência. Por dentro, minha mente alternava entre a expectativa da tarde com Luke e flashes do que havia acontecido com Carlos. Quando a última aula terminou, Luke me esperava na porta da sala com aquele mesmo sorriso que me encantava. Saímos juntos em direção à minha casa, deixando para trás o Carlos e toda aquela confusão – pelo menos por enquanto.
Quando chegamos em casa estávamos sozinhos. Minha mãe iria passar a tarde numa obra e meu pai no escritório. Meu irmão tinha inglês e futebol, então era só eu, o Luke e a empregada lá de casa. Depois do almoço fomos para o meu quarto. Fui tomar um banho e me preparar para a tarde de diversão com o Luke, enquanto ele ficou na minha cama deitado.
Saí alguns minutos depois só de toalha. O Luke estava de farda, mas sem seus sapatos, deitado e mexendo no celular.
— Quer tomar um banho também? — perguntei, secando meu cabelo com outra toalha.
— Deveria ter me chamado para ir com você — ele respondeu com um sorriso travesso.
— Não seria nada sexy meu namorado me ver fazendo a chuca – Luke sorriu e disse
— Você tem toda razão.
Sorri meio bobo e disse que depois poderíamos tomar um banho juntos. Ele então se levantou e me puxou para um beijo, antes de ir tomar seu banho. Coloquei um short confortável e procurei um para o Luke vestir. Quando ele saiu enrolado com a toalha e os cabelos molhados, puxei-o para um beijo e entreguei o short para ele vestir.
Ele olhou com cara de travesso e falou:
— Achei que fôssemos ficar sem roupa durante a tarde.
Olhei para ele sorrindo e disse:
— A graça é tirar a roupa depois — e pisquei para ele.
Ele vestiu o short e a gente se deitou. Começamos a nos beijar de forma lenta, afinal estávamos sozinhos em casa e não tínhamos pressa para nada. Eram beijos misturados com abraços, e com trocas de palavras. Todo o peso que eu estava sentindo foi embora; o Luke tinha esse poder sobre mim, como já falei várias vezes.
Foi então que tive uma ideia:
— Queria aproveitar a boa vontade do meu namorado e explorar ele, posso? — perguntei sorrindo para ele.
— Depende — ele respondeu, arqueando uma sobrancelha.
— Estou com muitas dores no corpo de todos os jogos do final de semana. Queria uma massagem bem gostosa.
— Essa massagem vai sair cara, e o preço sou eu quem digo — disse o Luke, com um brilho no olhar.
— Eu aceito o que você cobrar.
— Mas você sabe que não será dinheiro o pagamento — ele falou mordendo os lábios.
E então o Luke começou a sua massagem.
Ele pediu para eu deitar de bruços, e se posicionou sobre mim, suas pernas gentilmente ao lado das minhas. Senti o calor do seu corpo mesmo sem que estivéssemos nos tocando completamente. Suas mãos começaram pelos meus ombros, dedos firmes descobrindo cada nó de tensão que os jogos tinham deixado em meus músculos.
— Você está todo tenso — ele murmurou perto do meu ouvido, seu hálito quente fazendo minha pele arrepiar.
— Hmmm — foi tudo que consegui responder quando seus polegares pressionaram um ponto particularmente sensível na minha nuca.
As mãos dele desceram lentamente pelas minhas costas, cada movimento deliberado, cada toque mais que uma simples massagem. Era como se ele estivesse mapeando meu corpo, redescobrindo territórios já conhecidos, mas com uma nova atenção a cada detalhe. Quando chegou na região lombar, soltei um gemido baixo.
— Doeu? — perguntou ele, diminuindo a pressão.
— Não... está perfeito — respondi, minha voz abafada contra o travesseiro.
Senti seus lábios tocarem levemente minha nuca, substituindo os dedos por um momento. Um arrepio percorreu minha espinha. Ele continuou alternando entre a pressão firme das mãos e beijos leves que traçavam um caminho sinuoso pelas minhas costas. A cada minuto que passava, a "massagem" se transformava em algo mais íntimo, mais pessoal.
Ele me pediu para virar, e quando o fiz, nossos olhares se encontraram, ele olhou para o meu pau duro, então ele tirou o meu short, e começou a massagear minhas coxas, e logo sua mão estava no meu pau, ele me olhava com um olhar de desejo, então ele lentamente abaixou sua cabeça e começou a chupar o meu pau, foi sugando com muita vontade, e eu de olhos fechados sentindo sua boca sugando meu pau, ele então tirou os shorts, e eu olhei para o seu pau completamente duro, e então puxei ele para um beijo e deitei por cima dele, onde senti seu pau duro sobre o meu pau, nossos beijos agora eram quentes e rápidos, ambos estávamos com fome um do outro, ele pegou no meu pau e eu peguei no dele, ficamos de lado, trocando beijos e uma punheta, o pau do Luka era macio, e gostoso de pegar e chupar, e era grande e grosso, ficamos nessa posição por alguns minutos e então ele me vira de costas e pede para eu empinar minha bunda, ele começa a chupar e passar a língua, aperta minhas nádegas, e então coloca um dedo, depois dois, e eu começo a gemer, ele fala algumas putarias e então coloca três dedos, e depois chupa meu cú novamente, e então finalmente ele começa a me penetrar, enfia seu pau de vez, que me fez dar um grito de dor, mas logo a dor sumiu, e ele começou a meter, ele bombava feito uma britadeira, e eu gemia de prazer, e pedia pra ele meter mais e mais rápido, até que eu disse que ia gozar, ele acelera ainda mais as metidas, eu gozo e em seguida ele goza também dentro de mim.
— Acho que o serviço está pago — ele sussurrou contra meus lábios.
Minhas mãos encontraram seu peito, sentindo seu coração bater tão rápido quanto o meu. Naquele momento, só existíamos nós dois, nossos corpos, nossa conexão. Tudo o mais — Carlos, o campeonato, minha confusão — desapareceu. Era como se aquele quarto fosse nosso próprio universo particular, onde o tempo fluía diferente e só importavam as sensações que descobríamos juntos.
Quando finalmente descansamos, ofegantes e satisfeitos, ele me puxou para seus braços, minha cabeça repousando em seu peito. O batimento do seu coração era como uma canção de ninar para mim.
— Sabe — ele murmurou, seus dedos brincando com meu cabelo — Acho que deveria viajar mais vezes se é assim que vamos matar a saudade.
Ri baixinho, mas uma pontada de culpa voltou a me atingir. Se ele soubesse...
— Prefiro não ficar longe de você — respondi, apertando-o mais forte, como se assim pudesse protegê-lo das minhas próprias falhas.
E naquele momento, era verdade. Eu não queria ficar longe dele. Não queria perder o que tínhamos. Mas uma parte de mim sabia que o que aconteceu com Carlos ainda estava ali, uma sombra pairando sobre nós, mesmo que Luke não pudesse vê-la.

E então deitado sobre o seu peito, veio a pergunta que eu jamais pensei que viria, uma que eu não estava preparado para responder ou para mentir:
— Você dividiu o quarto com o Carlos? — perguntou o Luke.
Abri meus olhos assustado e disse:
— Como assim? — falei tentando ganhar tempo.
— Você não mencionou com quem dividiu quarto, e eu não perguntei, pra não querer arrumar briga, afinal você estava com a cabeça voltada para o jogo.
Meu coração acelerou. Por que ele estava perguntando isso agora? Será que ele sabia de algo?
— Sim, o Carlos estava comigo, mas tinha outro amigo com a gente... o Marcelinho do primeiro ano — falei a meia verdade. Não queria falar que fiquei sozinho com o Carlos porque sabia que poderia dar em briga, mas também fiquei com medo de o Luke já saber e estar me testando. Mas eu já havia dito, não tinha o que fazer.
Luke ficou em silêncio por alguns segundos, seus dedos pararam de brincar com meu cabelo.
— Ele falou ou tentou algo?
— Não... — menti, sentindo a garganta apertar — Já disse que eu e o Carlos estamos bem, apesar da briga que tivemos. Estamos tentando ser amigos novamente, apesar de que é estranho.
— Eu não gosto dele, você sabe — Luke disse com um tom mais sério — Ele que foi o motivo da nossa primeira briga quando inventou aquela mentira.
— Não vamos falar do Carlos — cortei, sentindo-me cada vez mais desconfortável — Vamos aproveitar a tarde que temos juntos para matar a saudade. Ainda nem te dei todos os beijos que eu quero dar.
Falei tentando mudar o rumo da conversa, afinal eu havia mentido. Puxei o Luke para um beijo e acho que estava dando certo. Estávamos nos beijando até que a porta do quarto bateu. Me assustei e me levantei perguntando quem era. Então a Maria, a empregada de casa, respondeu por detrás da porta que o Carlos estava subindo.
Na hora gelei. Meu sangue pareceu congelar nas veias. Afinal, não esperava o Carlos, e a Maria sabia que ele era meu amigo e vivia aqui em casa, então liberou a sua entrada. O Luke me olhou com um olhar confuso e disse:
— O que o Carlos quer?
— Não sei... mas não deve ser nada de mais — falei vestindo o short rapidamente, mãos tremendo ligeiramente — Vou receber ele na sala e ver o que ele quer.
O Luke ficou em silêncio, como se estivesse calculando os próximos passos. Seu rosto, antes relaxado, agora tinha uma expressão de suspeita que me deu calafrios.
Saí do quarto fechando a porta atrás de mim, rezando para que o Luke não decidisse me seguir, encontrei Carlos em pé na porta que a Maria acabara de abrir, ele parecia determinado, seu rosto uma mistura de nervosismo e raiva contida.
— O que você está fazendo aqui?
— Preciso falar com você — ele respondeu, sua voz mais alta do que eu gostaria.
— Agora não é uma boa hora, Carlos — falei, tentando manter minha voz baixa enquanto o guiava para p sofá — O Luke está aqui.
Seus olhos se arregalaram por um momento, mas depois um sorriso amargo surgiu em seus lábios.
— Ah, claro. O namoradinho perfeito — ele disse com desdém — É exatamente sobre isso que quero falar com você.
Senti meu estômago revirar.
— Carlos, por favor, não faz isso. A gente pode conversar depois, em outro lugar.
— Não, Lucas. Chega de mentiras, chega de me esconder. Você acha que pode simplesmente me usar e voltar para ele como se nada tivesse acontecido?
Ele deu um passo para frente, eu dei um para trás. Foi nesse momento que ouvi a porta do meu quarto se abrir. Virei-me e vi Luke parado ali, já vestido com suas short, olhando para nós dois com uma expressão que eu nunca tinha visto antes.
— O que está acontecendo aqui? — Luke perguntou, seu olhar indo de mim para Carlos.
O silêncio que se seguiu parecia pesado como chumbo. Pude sentir o suor frio descendo por minhas costas enquanto meu cérebro tentava desesperadamente encontrar uma saída para aquela situação.
— Seu namorado não te contou? — Carlos finalmente falou, sua voz carregada de uma mistura de dor e satisfação vingativa.
— Carlos, não... — implorei, mas já era tarde demais.
— Não contou o que aconteceu no fim de semana? O que aconteceu entre nós dois quando ele falava com você no telefone e eu chupava o pau dele?
O rosto de Luke perdeu a cor. Seus olhos, antes cheios de suspeita, agora transbordavam de um medo que me partiu o coração.
— Do que ele está falando, Lucas? — sua voz saiu como um sussurro estrangulado.
Fiquei paralisado, preso entre os dois, incapaz de encontrar as palavras certas. E naquele momento de hesitação, percebi que qualquer resposta que eu desse mudaria tudo para sempre.
— É mentira do Carlos! Você conhece bem os jogos dele, ele mente e quer nos ver separados — falei me sentindo um completo canalha. Minha voz saiu mais desesperada do que eu gostaria.
Carlos me encarou com uma expressão mista de indignação e desprezo.
— É mentira, Lucas? — ele riu, um riso frio que me gelou a alma — Eu sabia que você ia dizer isso. Pois bem, que tal você ouvir aqui, Luke?
Então o Carlos fez algo que eu jamais esperei. Ele tirou seu celular do bolso e, com uma calma calculada, reproduziu um áudio. Ele havia gravado tudo que fizemos no quarto. O som começou exatamente na parte em que eu desligava a ligação com o Luke, seguido pelos sons inconfundíveis dos nossos beijos e do Carlos me chupando.
Os olhos do Luke se arregalaram enquanto a gravação continuava. Vi cada emoção passar por seu rosto — confusão, depois choque, depois uma dor profunda que deu lugar à raiva. Tentei desligar o celular do Carlos, mas ele se afastou, mantendo-o longe do meu alcance.
— Como você teve coragem de fazer isso comigo? — Luke finalmente falou, sua voz embargada — Seu doente! Você não tem vergonha? Enquanto eu falava que te amava, você estava com esse idiota te chupando?
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto do Luke, e cada uma delas parecia queimar minha pele como ácido. Nunca o tinha visto chorar assim, com tanto desespero e raiva ao mesmo tempo.
— Eu pos... pos... posso explicar — falei gaguejando, minha mente em pânico tentando encontrar palavras que não existiam.
— Explicar o que, Lucas? Me diga! — ele gritou, as mãos tremendo.
Essa era a verdade. Eu não tinha o que explicar. Eu não podia simplesmente mentir ou inventar mais uma mentira. Tudo havia desmoronado, e eu não tinha saída nem solução. O Carlos tinha jogado baixo e jogado sujo, mas eu sabia que ele era capaz disso. Afinal, ele tinha dito que iria fazer de tudo para ficar comigo e me fazer separar do Luke. Mas eu sabia que não poderia fazer nada.
E o Carlos, ainda achando pouco, acrescentou com veneno na voz:
— E sabe de mais uma coisa, Luke? Não foi a primeira vez que o Lucas te traiu comigo. Teve outras vezes e tenho tudo gravado. Seu namorado não é santo.
— CARLOS, SAI DAQUI AGORA, SEU MERDA! — gritei, partindo para cima dele, empurrando-o contra a parede do corredor com força.
Ele apenas sorriu, satisfeito com o caos que tinha criado.
— Enfim, vou embora mesmo. Não tenho mais nada pra fazer aqui — ele disse, se desvencilhando de mim.
— Seu cínico filho da puta! — gritei, me virando e indo para o meu quarto, incapaz de continuar olhando para ele.
O Carlos foi embora, deixando para trás o rastro de destruição que havia causado. Segundos depois, Luke entrou no meu quarto em silêncio. Ele começou a pegar suas coisas espalhadas, os movimentos mecânicos, o rosto uma máscara de dor.
Segurei-o pelo braço com força e implorei:
— Luke, por favor, vamos conversar.
Ele se virou para mim, seus olhos vermelhos me encarando como se eu fosse um estranho.
— Conversar o quê? Me diga — sua voz soava vazia, distante.
— Eu amo você, Luke — falei chorando, as lágrimas escorrendo livremente agora.
— Suas lágrimas não me convencem — ele disse, puxando o braço para se soltar — Se você me amasse, não tinha feito o que fez.
— Me desculpa, por favor! Não posso ficar longe de você. Eu te amo! — minha voz quebrou no final, meu peito apertado como se algo estivesse sendo arrancado de dentro de mim.
Luke me olhou uma última vez, e vi algo morrer em seus olhos.
— Se me amasse, não tinha feito nada disso. Eu te odeio, Lucas.
E então o Luke pegou suas coisas e foi embora. Fiquei parado, olhando para a porta, como se esperasse que ele voltasse no próximo segundo e dissesse que podíamos superar isso. Mas ele não voltou.
Desabei na cama, meu corpo sacudindo com os soluços. Eu definitivamente não tinha o que fazer. Tudo estava arruinado. E ali, no meio de todo o caos e de todas as dúvidas que eu tive no final de semana, eu só tinha uma certeza: eu odiava o Carlos com todas as minhas forças por ter feito tudo isso. Mas no fundo, eu sabia que a culpa era minha. Eu tinha feito aquilo. Eu tinha traído o Luke. Eu tinha mentido. E agora estava colhendo as consequências das minhas próprias escolhas.
Fidelidade era algo estranho e engraçado. Na época eu era apenas um adolescente, navegando às cegas pelos mares tempestuosos das emoções adolescentes. Eu amei o Luke e, de certa forma, sempre vou amar – aquele primeiro amor genuíno que deixa marcas permanentes em nós.
Olhando para trás agora, vejo o quão clichê nossa história era – o pequeno triângulo amoroso, três adolescentes completamente imaturos se descobrindo na fase pré-adulta. O ano era 2015, e todo aquele discurso sobre relações abertas e poliamor ainda não havia ganhado o espaço que tem hoje. Éramos todos produto de uma sociedade monogâmica, criados com filmes onde o protagonista encontra sua alma gêmea e vive feliz para sempre.
As pessoas sempre compraram essa ideia do final feliz, de que duas pessoas seriam perfeitas uma para a outra até o fim dos tempos. Uma sempre iria completar a outra, como peças de um quebra-cabeça destinadas a se encaixarem. Mas será que isso era mesmo real? Será que uma única pessoa seria capaz de satisfazer todas as nossas necessidades emocionais, intelectuais e sexuais pelo resto da vida?
Sinceramente, hoje eu não acredito nesse "conto de fadas". Mas claro que demorei anos para desenvolver essa visão. Foi preciso sangrar, sofrer e fazer outros sofrerem para entender que os sentimentos humanos são mais complexos do que as histórias que nos contam. Como disse, as pessoas tinham essa ideia da monogamia como único caminho válido. Eu traí sim o Luke. Eu gostei de ficar com o Carlos. Na minha cabeça de 16 years, isso era imperdoável porque eu namorava o Luke e o amava. Mas não era porque eu fiquei com o Carlos que eu deixava de amar o Luke. Eu apenas tive prazer com Carlos, um desejo momentâneo que ardeu intensamente e depois se apagou, deixando apenas as cinzas da culpa. Claro que isso na época era algo completamente complexo demais para eu processar. A culpa me consumiu, envenenou meus pensamentos. Eu me senti um canalha, a pior pessoa do mundo. Acreditava que estava jogando fora minha chance de felicidade, que havia destruído com minhas próprias mãos o "feliz para sempre" que tanto desejava.
Mal sabia eu que aquele momento seria uma das grandes viradas de chave na minha vida. Uma daquelas experiências dolorosas que nos forçam a crescer, a questionar valores que aceitamos sem pensar. Mas infelizmente, para que eu pudesse evoluir, houve um efeito colateral devastador chamado Luke. Ele não merecia a dor que sentiu. Não merecia a traição, a mentira, a humilhação que o Carlos fez. Se pudesse voltar no tempo, teria sido honesto desde o começo – comigo mesmo e com ele. Talvez tivéssemos terminado de qualquer forma, mas sem o gosto amargo que ficou em nossas bocas por meses.
Aquela tarde na minha casa, com o Luke partindo em lágrimas e o Carlos revelando seu lado mais sombrio, foi apenas o começo. Ali, entre as paredes do meu quarto que antes testemunharam tantos momentos de felicidade e prazer, eu senti os primeiros pingos da tempestade que estava prestes a varrer tudo o que eu conhecia.
O que veio depois me ensinou que o amor não é um destino final, mas uma jornada. Que fidelidade não se trata apenas de corpos, mas de honestidade. Que às vezes precisamos machucar e ser machucados para entender o que realmente queremos. E principalmente, aprendi que não existem vilões ou heróis nessas histórias – apenas pessoas imperfeitas tentando encontrar seu caminho no labirinto das relações humanas. Carlos não era o monstro que retratei em minha cabeça por tanto tempo, assim como eu não era o monstro que o Luke provavelmente viu naquele momento. Éramos apenas adolescentes, confusos e assustados, tentando decifrar o enigma que é amar alguém sem perder a si mesmo no processo.
A tempestade que se seguiu me destruiu de muitas formas, mas das ruínas, construí algo novo. Algo mais honesto, mais verdadeiro. E isso, talvez, tenha sido o único final feliz possível para aquela história que começou em 2015.


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Comentários


foto perfil usuario morsolix

morsolix Comentou em 11/04/2025

Votadissimo.Essa parte foi muito interessante e realmente,existe uma diferença abismal entre a primeira versão e está atual.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
GAROTO, EU ODEIO AMAR VOCÊ ~ [15] ~ A DECEPÇÃO

Codigo do conto:
233039

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
11/04/2025

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