A CAPITÃ E O PRISIONEIRO

O membro grosso e brutal do guerreiro saxão jazia sobre a mão da mulher que tinha um olhar quase metálico e afiado demonstrando que suas intenções não eram das melhores, … ela queria submeter seu escravo ao delírio do desejo que deveria demorar muito para acontecer, … era um jogo de sedução e de poder, … e era ela quem estava no comando, … afinal, o sujeito estava amarrado e preso ao tronco de madeira. Sua cota de malha e armadura estavam jogados ao chão e ele estava completamente nu frente a frente com uma guerreira Celta.

As guerreiras celtas eram conhecidas por suas técnicas de combate como também de sedução pela submissão, … afinal, para elas, no combate e no sexo tudo era válido, … todas as estratégias para conquistar o inimigo – e também o amante – deveriam ser utilizadas com a única finalidade realmente significativa na vida: a vitória e o prazer que ela (assim como o sexo) podia proporcionar. Astrid era uma capitã, chefe de um batalhão de infantaria, cuja habilidade com a espada e com o arco e flecha já haviam sido testados nas situações e confrontos mais aguerridos em que os celtas haviam se aventurado.

Sua presa, após um combate feroz e sem prisioneiros era Renan, um Saxão alto e forte como uma torre e que oferecera um dos melhores embates nos quais Astrid havia se envolvido em toda a sua vida. E no calor da batalha, ambos se esqueceram de tudo à sua volta, canalizando suas energias apenas no foco daquele momento em que toda a luta se resumia aos dois. Foi algo feroz, de uma brutalidade ímpar e sem precedentes. E certamente Astrid não levaria a melhor, não fosse sua incrível habilidade em esquivar-se dos ataques frontais do saxão musculoso e ágil, evitando um confronto direto e preferindo pequenos contra-ataques que iam surgindo à medida em que o nórdico perdia agilidade após desferir um golpe rápido e potente.

Todavia, Astrid não podia negar que o saxão a salvara quando, vindo do nada, dois cavaleiros surgiram para atacá-la de modo cruel e imprevisível. Renan, que além de tudo era um guerreiro educado nas velhas ordens saxônicas, não só impediu o ataque dos cavalarianos, como também, com golpes com a parte plana de sua espada, fez com que um deles se desequilibrasse vindo ao chão inerte, enquanto o outro – atônito com a reação de seu camarada – preferiu uma retirada estratégica a ter de enfrentar o irmão de armas. Mesmo assim, Astrid aproveitou-se da situação e girando seu corpo em pleno ar, postou-se ajoelhada às costas do cavaleiro, estocando-lhe a parte posterior da coxa direita que o fez perder o equilíbrio caindo sobre seus joelhos e sentindo o peso da armadura impedindo de uma reação rápida. E assim, Astrid colocou a lâmina de sua espada sobre o pescoço do cavaleiro que não teve outra alternativa senão render-se à oponente que imediatamente golpeou-lhe na nuca pondo-o fora de combate.

E agora eles estavam ali; o saxão despido deixando a mostra seu peito musculoso e repleto de ferimentos de combate e seu sexo grosso e enorme que confirmava as histórias que a celta havia ouvido sobre a masculinidade saxônica, amarrado à um tronco seco de carvalho roble cuja dureza deixava claro que o saxão estava completamente à mercê da capitã celta e das intenções que passeavam por sua mente de mulher dominadora que sempre obtinha aquilo que queria, … e agora ela o queria! Não apenas como um troféu vistoso de sua vitória, mas sim como um obscuro objeto de seu desejo de fêmea que sempre teve o controle sobre tudo e sobre todos.

O poder de dominação da mulher celta era algo quase que lendário, … em tempos imemoriais elas eram as provedoras da tribo, … mães, mulheres, fêmeas e guerreiras. Jamais se dobravam frente a quem quer que fosse e somente entregavam seus corpos e almas aos maridos, que mesmo sendo os chefes da casta, jamais ousavam desdizer as vontades de suas esposas, sob pena de padecerem de uma morte lenta e dolorosa, fundada no castigo físico e mental e cujos requintes de sadismo eram desmensurados e ilimitados. Aliás, o próprio saxão que se encontrava rendido ante a capitã guerreira sabia dessa aura mítica que cercava aquelas lutadoras lindas, aguerridas e voluptuosas em seus desejos e vontades.

O destacamento que combatia sob o comando de Astrid havia estacionado à volta de sua líder. Todas lindas mulheres, valentes, imprevisíveis (como toda a mulher!), fortes e destemidas. Elas olharam para a capitã e seu prisioneiro e após um minuto de meditação, sentaram-se formando um círculo em torno do velho carvalho roble. Respiraram pausadamente, e após algum tempo todas elas pareciam estar em transe, entoando um canto que, inicialmente assemelhava-se a um murmúrio e que, pouco a pouco,, foi intensificando-se para desaguar em um vozerio uníssono e cuja melodiosidade parecia ter tomado conta do ar, tornando-o mais denso.

Uma bruma leve e branca caiu sobre eles, enquanto o ar, antes frio e penetrante adquirira um leve ardor aconchegante. Enfim, o ambiente transformara-se no mais ideal dos lugares para se estar, repleto de paz, tranquilidade e uma doce sensualidade quase imperceptível, mas que impregnava corpos e almas fazendo que todos estivessem vibrando na mesma sintonia. As guerreiras, sentadas em uma posição similar à flor de lótus tinham seus olhares direcionados para o casal ao centro, e emanavam uma aura que incitava o que estava por vir.

Astrid acariciou o pênis duro como pedra do saxão enquanto o encarava com o olhar do vencedor sobre o vencido. Ela sabia que ele sabia que seu destino estava selado nas mãos e no corpo dela, … mas a simples possibilidade de saborear aquele momento causava arrepios no corpo sinuoso da guerreira, que mais que tudo desejava apenas e tão somente extrair cada gota de virilidade que aquele saxão alto e musculoso seria capaz de oferecer-lhe.

A capitã, então, sacou sua luva de couro, permitindo que o contato com aquele membro descomunal fosse o mais sensível que ela pudesse obter. Sentiu-lhe a extensão e a circunferência, descobrindo que sua mão não era capaz de envolvê-lo completamente, fazendo com que seus olhos brilhassem com uma intensidade tão poderosa que até mesmo o saxão sentiu aquela explosão de energia interior expandindo-se para a superfície do corpo da guerreira. Astrid aproximou-se de Renan e depositou seus lábios sobre os deles roçando-os, inicialmente com suavidade, para, em seguida mordê-los com uma violência provocante.

Renan sentiu o domínio que Astrid exercia sobre ele naquele momento; era a fêmea poderosa que podia fazer dele o que bem entendesse, o que quisesse, … ele não era apenas seu prisioneiro de batalha, … ele era o objeto de desejo dela! Tudo que ela queria dele se resumia em obter prazer, … e talvez, apenas talvez, prazer obtido a partir da dor! Mesmo sabendo disso, o saxão deu um sorriso sarcástico deixando claro que ele estava pronto para o que viria dela, … ele estava pronto para ser usado! Astrid apertou o membro em suas mãos fazendo com que a glande quase dobrasse de tamanho latejando e mudando de cor. O saxão fechou os olhos demonstrando que o gesto lhe causara mais prazer que dor. Astrid olhou para ele para em seguida sacar uma tira de couro com a qual enlaçou as bolas do guerreiro passando-a em torno da base da rola monstruosa e dando um laço que foi imediatamente apertado com a máxima força possível.

Renan sentiu aquela amarração causar-lhe uma dor concentrada, mas que foi de pronto controlada pela vontade do guerreiro em saber o que viria a seguir. Astrid soltou o membro e afastou-se um pouco para poder apreciar a visão do seu prisioneiro “amarrado” em todos os sentidos. Lentamente, ela livrou-se de sua armadura de couro curtido, deixando à mostra partes de seu corpo antes oculto pela vestimenta da combate. Renan olhou para ela saboreando todos os detalhes daquelas formas perfeitas e atléticas. Havia muito tempo ele ouvira falar da beleza das guerreiras celtas e de seus corpos cuidados pela luz do luar e pelos raios de sol. Porém, o que ele via agora ali à sua frente ia muito além das estórias contadas pelos velhos combatentes e pelas canções cantadas a respeito dessa tribo de mulheres guerreiras.

Astrid deixou que seu escravo saboreasse aquele momento, sentindo seu poder sobre ele, sua dominação, seu controle. Cuidadosamente, ela desenrolou a faixa que apertava-lhe os seios, pondo-os à mostra. Os olhos do saxão brilharam denunciando que o guerreiro há muito não via formas tão belas como aquelas; os músculos de seus braços se retesaram dolorosamente ante o esforço dele em livrar-se das amarras que o prendiam e correr em direção àquela mulher forte, brava e sensual que se despia à sua frente. Astrid riu sutilmente daquela situação: ele adorava ver o tesão de seu escravo ao mesmo tempo em que sentia o prazer incendiar suas entranhas. Finalmente, a celta livrou-se do outro conjunto de faixas que protegiam sua púbis, revelando uma vagina destituída de pelos, lisa e alva como a lua. Renan continuava embasbacado com aquela mulher, esforçando-se ao máximo para que as tiras de couro que o prendiam ao velho carvalho se rompessem, … mas, infelizmente, era inútil além de doloroso; Astrid havia umedecido as tiras de tal modo que a cada esforço muscular do guerreiro elas não laceavam, ao contrário, contraíam-se apertando ainda mais.

A capitã celta caminhou lentamente na direção da sua presa, gingando o corpo quase em uma dança provocativa e insinuante. Tocou o pedaço de carne e músculo duro e pulsante puxando-o para si, fazendo com que Renan soltasse um grito contido, revelando que a presilha que envolvia a genitália tornara-se doída e sensível. Ela sequer preocupou-se com a demonstração de sofrimento do saxão, apenas puxou ainda mais aquela rola enorme para si esfregando-a em seu baixo ventre com movimentos circulares, espremendo a glande contra sua pele rija e musculosa. Empurrou o pinto para baixo apontando-o para sua vagina e fazendo com que ele sentisse como ela estava úmida e quente. Beijou o peito do saxão, lambendo a pele, detendo-se nos ferimentos cicatrizados e profundos cujas marcas mais pareciam pequenos troféus colecionados ao longo de uma vida de incontáveis lutas e batalhas. Renan novamente fechou seus olhos, queria usufruir daquele momento único, muito embora estivesse impossibilitado de retribuir as carícias e os beijos de sua sensual algoz.

Repentinamente, Astrid afastou-se de modo brusco sem, no entanto, soltar o membro em riste do saxão. Ajoelhou-se olhando fixamente para aquela peça de carne tão apertada que parecia querer explodir, para, em seguida, lambê-la com a ponta de sua língua, detendo-se na glande que ela com habilidade única abocanhava entre os dentes mordiscando-a e fazendo o saxão quase enlouquecer de tanta excitação. Os braços e mãos de Renan doíam ante o enorme esforço que ele fazia para romper as tiras de couro que o prendiam, e mesmo assim ele não desistia, … queria ter aquela mulher deliciosa entre seus braços e fazê-la sentir toda a sua virilidade que não mais pulsava mas sim vibrava de modo intenso e descontrolado. Astrid permanecia em sua tarefa de causar o máximo de tesão ao seu prisioneiro, acariciando as coxas enormes do saxão e mantendo a glande inchada dentro de sua boca.

Com a mesma rapidez com que agia em combate, Astrid levantou-se envolvendo o saxão com seus braços em volta do pescoço dele e escalando suas coxas, posicionando sua boceta na direção do enorme vergalhão inchado e descendo na direção dele, até que sentisse aquele enorme volume iniciar a penetração começando pela glande que de tão pressionada pela amarração havia dobrado de tamanho escancarando desavergonhadamente a entrada dos lábios vaginais causando uma deliciosa sensação de estar sendo completamente preenchida pelo seu “objeto” de prazer. Astrid quis gemer de desejo, mas seu poder sobre o prisioneiro não podia ser confrontado, … era necessário aproveitar o momento, porém sem deixar de evidenciar quem estava no comando.

Renan, por sua vez, ainda insistia no esforço aparentemente inútil de livrar-se das tiras de couro enlaçadas em suas mãos, … mas, mesmo sentido a imensa dor em seus membros superiores, ele não cedia, persistia, enquanto sentia aquela fêmea dominadora agasalhar seu membro latejante, centímetro a centímetro, provocando uma enorme sensação de desejo e de tesão no macho saxão que resistia ao ímpeto de gemer pela doce sensação propiciada naquele momento. Astrid percebendo o estado de excitação de sua presa, deteve seu movimento de penetração por alguns instantes, … ela olhava para ele e sorria um sorriso de doce sabor da vitória da fêmea sobre seu macho (exatamente como as guerreiras faziam com seus homens na aldeia).

O corpo de Renan começou a tremer timidamente. Ele estava no ápice de seu tesão e não conseguia mais resistir, … queria que seu pênis concluísse o trabalho a que fora destinado naquele momento. Astrid, sentindo todo clima, inclusive o canto entoado por suas fiéis combatentes, aproximou seu rosto do saxão e depois de beijar-lhe os lábios ressequidos e entreabertos, impulsionou sua cintura para baixo fazendo com que a vagina engolisse a rola bruta de Renan que, por sua vez, não foi mais capaz de conter-se emitindo um gemido alto e longo como o animal no cio que, finalmente, invade sua fêmea, sabendo que, na verdade era ele que estava sendo invadido! Definitivamente, ela havia mostrado ao saxão quem estava no controle, quer seja na intimidade do sexo, quer seja no campo da batalha.

A guerreira de olhos felinos e repletos de sensualidade fixou-os no rosto do seu prisioneiro querendo permanecer exatamente onde estava, … queria que ele soubesse que por mais terras que viesse a percorrer, por mais batalhas que travasse, quanto mais sanguinários fossem seus inimigos, ele jamais sentiria o que estava sentindo naquele momento, … e que jamais haveria outra mulher igual a ela para lhe proporcionar uma sensação tão deliciosamente saboreada e dificílima de esquecer. E nesse exato momento, Astrid reiniciou os movimentos com sua pélvis vigorosa, subindo e descendo, engolindo e cuspindo o mastro do saxão que continuava apreciando aquele espetáculo em que uma mulher fazia dele o que bem queria. Os movimentos intensificavam-se à medida em que Astrid olhava para Renan com um olhar cada vez mais lânguido e repleto de tesão, … ela estava prestes a gozar.
E foi o que aconteceu! Um gozo intenso, forte, vigoroso e repleto de prazer, … exatamente como deveria ser, … a celta sabia muito bem o prazer que um macho provocado é capaz de propiciar a uma mulher. E o orgasmo era acompanhado pela crescendo do coro entoado pelas demais guerreiras que pareciam estar em pleno transe demonstrando um sentimento coletivo, … como se o orgasmo usufruído por sua capitã também estivesse sendo apreciado por todas elas, … algo de mágico e de sensual que inundava o clima, tornando tudo mais sensível e, ao mesmo tempo, mais sensual.

Astrid quedou-se imóvel ainda tendo dentro de si o membro duro de seu prisioneiro. Ela, que inicialmente respirava com certa dificuldade, agora parecia estar em estado de letargia, a respiração era suave e quase inaudível, os olhos cerrados, a face encostada sobre o peito do saxão e seus braços fortes ainda seguravam-se em torno do pescoço de Renan que, ao seu tempo, resistia bravamente ainda esforçando-se para soltar suas mãos das amarras de couro que o prendiam, mesmo sabendo que era um esforço pífio e sem resultados. Passados alguns minutos, a capitã celta, finalmente, entreabriu os olhos tornando a fixá-los no saxão, … só que desta vez era um olhar diferente, … o olhar de uma mulher plenamente satisfeita não apenas com a conquista da batalha, mas também pelo “prêmio” que recebera.

Com uma agilidade impressionante, Astrid saltou em arco vindo ao chão com as pernas levemente arqueadas, retomando a postura de conquistadora que, embora não soubesse, havia também conquistado o respeito do cavaleiro saxão, bem com seu apreço por uma mulher tão hábil e sensual. Ela caminhou até ele e tomou seu pinto duro nas mãos ainda com o “laço de couro” apertando-lhe o escroto, iniciando uma massagem vigorosa que demonstrava claramente qual era a sua intenção: queria fazer o sujeito gozar não dentro dela, mas sim por causa dela. Renan não era capaz mais de conter sua excitação com a habilidade como aquela mulher guerreira domava sua virilidade não para submetê-lo, não para humilhá-lo, … mas apenas para mostrar-lhe a energia feminina capaz de transformar ódio em desejo, confrontação em um sensual duelo de desejo e, finalmente, para conceder a ele a graça de absorver aquele fluxo contínuo de energia que nasce do desejo humano para explodir na beleza de tudo que é vivo e tudo que ama e é amado.

Renan estava em absoluto estado de êxtase, absorto pelas doces e vigorosas carícias da sua algoz, que a cada instante intensificava os movimentos em seu pênis que ainda resistia duro e ereto demonstrando inequivocamente que sua bravura era a bravura do macho saxão capaz de resistir em qualquer situação. Estava ele tão envolvido pela magia daquela guerreira celta que sequer percebeu a aproximação das demais combatentes que, saindo da postura anteriormente adotada, levantaram-se tornando o círculo por elas disposto cada vez menor e mais íntimo, até que, finalmente, todas elas estavam próximas ao casal.

Renan podia sentir a respiração conjunta e quase que harmonicamente coordenada daquelas mulheres, exuberantes guerreiras dotadas de uma energia feminina tão intensa e poderosa que tornava o ambiente em torno deles algo místico, etéreo, dotado de vontade própria, propiciando ao guerreiro a oportunidade de sentir-se desejado e protegido ao mesmo tempo. Lentamente, várias mãos começaram a passear pelo corpo do saxão aprisionado multiplicando uma carícia ao ponto de que ele pudesse tornar-se única, permitindo que todos ali presentes compartilhassem de uma única sensação de prazer e de desejo.

O saxão, impossibilitado de oferecer qualquer resistência a um ato repleto de desejo e de prazer, afrouxou suas mãos, deixando de lutar contra o inevitável e entregando-se de corpo e alma às carícias que percorriam seu corpo, propiciando uma sensação indescritivelmente excitante que elevava seu ser a um patamar que ele sequer sabia existir. E foi nesse clima etéreo de desejo e de satisfação carnal que Renan experimentou um orgasmo muito mais possante do que qualquer outro anterior, ejaculando com tal energia que seu sêmen projetou-se em todas as direções, lambuzando todas as guerreiras que gemiam em uníssono demonstrando sua total cumplicidade com um gozo usufruído em sua totalidade. Renan sentia os espasmos percorrerem seu corpo estirando seus músculos em uma contração levemente dolorosa, mas repleta de enorme sensação de prazer realizado.

Aquele momento mágico prolongou-se por alguns minutos enquanto seus partícipes quedavam-se extenuados e satisfeitos. Seus rostos denunciavam o enorme prazer que haviam proporcionado mutuamente, enchendo seus seres (corpos, almas e espíritos) de um conforto imensurável, cujas ondas ainda reverberavam explodindo no ambiente à sua volta. Todos estavam felizes, satisfeitos e realizados, e Renan, mesmo aprisionado ainda ao velho tronco de carvalho roble não sentia-se mais um conquistado submetido. Ele era a partir daquele momento o guerreiro que fora satisfeito por nobres mulheres guerreiras.
Subitamente, o ruído seco de cascos de cavalos chocando-se contra o solo fizeram este vibrar ameaçadoramente. Eram muitos e vinham como uma onda pesada de tropel em disparada denunciando que eram cavaleiros rumando para o ataque! Renan foi imediatamente jogado para fora de seu estado letárgico, percebendo o rumor que avançava na direção dele e de suas companheiras. Abriu os olhos a tempo de perceber a rápida formação de combate das mulheres celtas que mesmo nuas empunhavam seus escudos de madeira e couro revestido, armadas com suas lanças longas de ponta metálica, arcos com flechas curtas e maciças. A frente delas estava Astrid, sua capitã, armada com sua espada longa de empunhadura com proteção de bronze, pronta para o combate. Tinha um sorriso malicioso nos lábios e sua excitação ante a proximidade do embate fazia seus corpo anguloso fremir ao vento do final da tarde, tornando sua pele arrepiada pela bruma que teimava em encobrir o vale, operando como uma proteção concedida pelos deuses.

Ela voltou seu olhar para o saxão que implorava silencioso para ser libertado e poder lutar ao lado delas, pois aquele inimigo que aproximava-se em cavalgada inexorável era agora um inimigo comum, … não importava se eram saxões, bretões, normandos, silurianos ou irlandeses de pele enegrecida pela sua tradicional pintura de guerra, … eram inimigos, apenas isso; e o calor da batalha que estava por vir, gritava na alma do guerreiro que com apenas um olhar implorava que sua conquistadora lhe permitisse a honra de ombrear com ela frente ao inimigo comum. A combatente tribal fitou os olhos de seu prisioneiro e depois de um sorriso enigmático correu em sua direção, saltando sobre ele e cortando as amarras que prendiam seus braços ao velho tronco com um único golpe desferido pela lâmina de sua espada enquanto ela ainda girava o corpo em pleno ar.

Renan viu-se liberto e não hesitou em tomar com uma das mãos sua espada longa – a qual ele dera o nome de chama negra – empunhando com a outra seu escudo reluzente em formato de gota invertida. E mesmo sem sua cota de malha, exibindo sua nudez para o inimigo, Renan sentia-se pronto para o combate, apto a enfrentar qualquer inimigo, fosse quem fosse e viesse ao que viesse, … e eles vieram, … os guerreiros irlandeses, sanguinários, enlouquecidos e adoradores do clamor da batalha!

Vinham em forma de bando, pois não eram soldados disciplinados, … eram açougueiros cujas mentes e almas viviam do sofrimento alheio. Haviam cavaleiros montados em cavalos pequenos e ágeis e lanceiros de infantaria cujos gritos e urros ecoavam pelo vale e não fossem outros os oponentes, provavelmente, teriam mijado nas calças ante a natureza primal daquela turba infernal que corria de encontro com o combate. Renan firmou os pés no chão apontou sua espada na direção do inimigo e depois de uma troca de olhares com Astrid, sentiu que tudo estava consumado.

A batalha que se seguiu foi algo memorável, cuja sanguinolência afetava todos os sentidos humanos. Podia-se cheirar, ver, ouvir, sentir e, principalmente, ver o embate de armas e guerreiros. As lanças longas das guerreiras celtas perfuravam seus inimigos antes mesmo que esses tivessem a chance de aproximar-se o suficiente para desferir um golpe com seus machados de face dupla ou suas lanças de curto alcance. E mesmo quando isso era possível, o combate com a oponente celta não era algo agradável de ver; a mulher, rodopiando seu corpo em torno do inimigo, desferia golpes certeiros com a lâmina afiada de sua espada curta, impondo dor, sofrimento e, finalmente, morte!

Algumas tombaram com ferimentos sérios, para, logo em seguida, levantarem-se com mais determinação de impingir ao inimigo dor em dobro e sofrimento sem limites. Astrid, a capitã, golpeava os cavaleiros, e sua agilidade e beleza era algo digno de se ver. Ela saltava por sobre os guerreiros e suas montarias, golpeando-lhe o elmo com tanta força que eles acabavam por virem ao chão, onde ela não cessava de golpear até que o sangue esguichasse por todas as partes do corpo. Astrid sentia um prazer indescritivelmente ferino ao fazer um inimigo esmorecer para, logo em seguida, aniquilá-lo impiedosamente.

Repentinamente, Astrid foi surpreendida por um ataque vindo pela retaguarda; ela sentiu a ponta da lança penetrar fundo em seu ombro impondo que ela soltasse sua espada e caísse de joelhos. O cavaleiro responsável pelo golpe deu meia volta com sua montaria, estancando sua investida e ficando frente a frente com a guerreira desarmada. Apeou de seu cavalo e sacando sua espada caminhou em direção dela. Era um irlandês alto trajando uma armadura de couro cru e botas de amarração. Seu olhar era metálico, sem sentimentos ou qualquer demonstração que pudesse denunciar fraqueza. A barba longa e desalinhada ocultava parte de seu rosto podendo ver apenas o sorriso amarelo e ameaçador que se destinava à sua vítima.

Ele caminhava com determinação e vendo que os demais guerreiros recuavam para lhe dar passagem, Astrid percebeu de imediato que se tratava do comandante do grupo que viu nela sua principal oponente sabendo que se a eliminasse, todas as demais jogariam suas armas ao chão aceitando a derrota da líder como a derrota de todas – ele sabia que essa era a regra reinante entre as celtas – e a batalha teria um fim glorioso para ele com submissão de uma tropa tão elegante e aguerrida.

O irlandês apressou o passo na direção de Astrid que mesmo ferida quase que mortalmente, levantou-se empunhando a sua espada e esperando pelo ataque iminente com a determinação de uma verdadeira líder. O som das espadas se chocando com uma violência única chamou a atenção de todos que estavam naquele campo de batalha que, por um instante, quedaram-se como meros espectadores do embate que selaria o destino de um dos lados. O guerreiro irlandês era ágil com a sua lâmina afiada, mas mesmo assim Astrid ainda demonstrava sua enorme capacidade em reagir evitando os golpes mais mortais que ele desferia com a maestria de um mestre no uso da espada. Ela avançou sobre ele, golpeando com força e rapidez, impedindo uma reação imediata e impondo ao opressor um recuo estratégico necessário.

Renan observava a luta de perto. Queria interceder, lutar por Astrid, mas ele bem sabia que fazendo isso poderia estar selando o destino de todos naquela campo de batalha. Restava-lhe apenas olhar e torcer para que a hábil capitã celta demonstrasse toda a sua destreza no embate que ora se apresentava. Por duas vezes, o irlandês desferiu golpes certeiros, rasgando a pele nua de sua oponente e provocando sangramentos dolorosos que tornavam seus movimentos mais lentos e sem coordenação. Astrid sentia não apenas a dor dos ferimentos, como também o cansaço da batalha que se prolongava tempo demais, exigindo dela uma vitalidade que não mais dispunha, e uma energia que, pouco a pouco, esvaia-se junto com o sangue de suas feridas. E houve um momento em que, cedendo ao esforço pífio em evitar os golpes mais próximos de seu inimigo, a capitã tropeçou vindo ao chão.

O irlandês soube aproveitar o momento para pisar sobre o braço que segurava a espada, erguendo, em seguida, sua espada e olhando bem fundo nos olhos da celta alertando-a que o fim estava bem mais próximo do que ela podia imaginar. A respiração de Renan ficou suspensa por alguns segundos, … ele não podia suportar a ideia de ver aquela linda guerreira sucumbir sob a espada de um irlandês sujo e sem honra. Lembrou-se de quantas vezes encontrou vilarejos e acampamentos dizimados impiedosamente pelo aço da irlanda, … homens, mulheres, crianças, velhos, … ninguém era poupado, … nada nem ninguém sobrevivia à onda de ataque dos irlandeses conhecidos por sua desonrosa sanguinolência, … e naquele momento Renan pensou que Astrid também sucumbiria à estocada final de seu oponente.

Ele hesitou por um breve momento, pensando que qualquer interferência significaria a morte de todas as guerreiras, … ele hesitou, … mas, por fim não titubeou ao dar um grito de guerra atirando sua espada para o alto na direção onde os dois pendiam no embate. O irlandês, surpreso com o grito do saxão olhou em sua direção, não percebendo que a chama negra, desenhando um arco perfeito em pleno ar caiu com a empunhadura voltada para baixo, sendo imediatamente apanhada pela mão ágil de Astrid que não perdeu um segundo sequer, golpeando seu inimigo e fazendo com que a lâmina penetrasse bem fundo em seu peito.

O irlandês voltou seu olhar para Astrid e compreendeu que o deus da guerra havia sorrido para aquela celta desnuda, ferida e caída aos seus pés, permitindo que ela o golpeasse com tanta força que o corte perfurante provocado pela lamina saxã abrisse um um rasgo em seu peito rompendo as artérias de seu coração e fazendo com que o sangue saltasse sobre a terra aos borbotões. Ele ainda tentou um contra-ataque, porém, não havia mais tempo para nada; com a vista turvada e os sentidos desaparecendo muito rapidamente, o irlandês despencou vindo ao chão como um corpo inerte e exangue deixando claro que a vitória fora das guerreiras que imediatamente comemoraram com gritos e saudações, tomando as armas de seus oponentes e obrigando-os a ficarem de joelhos com as cabeças baixas.

Renan caminhou até onde Astrid estava e estendendo-lhe a mão ajudou-a a levantar-se. Astrid olhou para o rosto do saxão sem saber muito bem o que dizer para ele. Mas o sorriso firme de Renan deixou claro que ele estava orgulhoso de ter participado daquela batalha ao lado dela, e seus braços envolvendo-a também denunciavam as intenções do guerreiro em permanecer ao seu lado o maior tempo possível.

Astrid ficou sem jeito e abaixou seu olhar, temendo que qualquer gesto pudesse causar uma indisposição indesejável entre ela e o saxão, e, ao mesmo tempo, entre ela e suas companheiras de batalha. Supôs que o melhor seria separar-se de Renan e fazer companhia para suas comandadas em uma clara demonstração de liderança e de autoridade. Mas mesmo querendo muito fazer isso, ela não conseguia desvencilhar-se dos braços de Renan, denotando uma cumplicidade que extrapolava a batalha e as rusgas étnicas que assolavam sua terra, e que tentavam, por todos os meios, mascarar algo que todos já haviam sentido. E eles se beijaram calorosamente, sentindo seus corpos suados e feridos tão próximos que pareciam querer tornarem-se apenas um, enquanto que à sua volta as guerreiras saudavam sua capitã, honrando a vitória, e homenageando a postura do saxão que soube inverter o curso da batalha sem manchar a dignidade de sua líder que, agora, repousava seu corpo junto ao dele.

Algumas horas depois, Renan e Astrid estavam trajados com suas vestimentas de guerra. O saxão tinha a sua chama negra embainhada na cintura juntamente machado de face dupla que angariara de um irlandês moribundo e segurava as rédeas de sua égua de dorso largo. Astrid olhava para aquele homem sentindo-se muito atraída por ele, … queria que ele ficasse, que permanecesse ao seu lado – para sempre – que ele fizesse parte de sua vida, assim como ela queria fazer parte da vida dele. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que aquilo era impossível, … eles eram diferentes, … iguais em suas essências de eternos guerreiros, iguais em seu prazer pelo calor das batalhas e pelas vitórias ante inimigos cada vez mais aguerridos, … iguais em sua paixão pela lâmina de suas espadas, … mas, mesmo assim, diferentes em seus objetivos, … separados por eles, traçando suas existências apenas em razão deles.

Renan montou seu animal e antes que pudesse disparar para longe dali, sentiu a mão quente, firme e carinhosa de Astrid pousar sobre sua coxa. Olharam-se longamente, … um olhar que dizia tudo, mas que não modificava nada, … sim eles eram iguais em tudo, mas diferentes em si mesmos.

Astrid ficou ali, de pé com a mão pousada sobre a empunhadura de sua espada olhando o saxão desaparecer no horizonte, … e teria ficado ali por muito tempo não fossem as exigências de suas funções de líder guerreira. Olhou para trás vislumbrando sua tropa perfilhada em duas alas e depois de saudá-las com o braço direito levantado apontou para a frente retomando o caminho de casa, … casa? Não! …, sua casa estava muito longe dali, …

Todavia, a próxima batalha estava muito próxima! E o sangue da celta ferveu nas veias fazendo-a apertar o passo rumando para seu inexorável destino de guerreira: a luta!


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Comentários


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c1c2c3c4 Comentou em 06/05/2020

Empolgante e tenso! Maravilhoso.

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Comentou em 11/07/2013

Mais um ótimo conto com a marca inigualável desse autor fenomenal! Parabéns amigo, vc se supera a cada dia! Impossível não votar!




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Ficha do conto

Foto Perfil trovão
bemamado

Nome do conto:
A CAPITÃ E O PRISIONEIRO

Codigo do conto:
31936

Categoria:
Fantasias

Data da Publicação:
09/07/2013

Quant.de Votos:
5

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