O cair da noite por dentro da casa... Às vezes tinha receio de virem chamá-la. A cama esquecida no centro do quarto... e um som de carros num interminável barulho na rua. Um calor que lhe impregna na pele... descendo em suor pelo pescoço... (Despe a roupa e entra no banheiro) E aqueles pensamentos invadindo o corpo... Senta-se na cama, e abre o roupão, úmidos os cabelos, esperando que o calor os seque. E fica olhando o vazio da parede: branca como as flores do vaso sobre a mesinha. Levanta-se e pega um diário e deixa-se cair numa poltrona. Um sorriso nos olhos é uma flor que se abre, desabrochando. As mãos de um lado e de outro do corpo ainda esbelto, por cima da tolha, segurando o pequeno objeto. Lábios acompanhando os olhos no mesmo sorriso. Abre o diário... A mente começa a viajar: revela pelos movimentos das pernas um formigamento na pele, seguindo para os seios (uma das mãos sobe por cima da tolha e descansa os dedos nos lábios), num caminhar suave. Tem sede. Vai até a cozinha com passos apressados e abre a geladeira. Decide-se por uma limonada. O líquido refresca a garganta. De onde viera tamanha sede? Não bebera ainda há pouco? Do anseio de ler o diário? Com os dedos agitados, vê-se conferindo se a porta da casa está mesmo fechada. Um dia, esquecera de verificar e quase fora pega com o diário nas mãos. Retira a chave da porta e a deposita em cima de um armário na sala de jantar. Os pensamentos dizendo vozes, chamando-a para o quarto... Não. Deve ficar vendo TV. Todos aqueles homens, com cenas de amor, com cheiros de sexo, que foram seus amantes... Mas se amou a todos eles, nas horas de insônia, em noites desconhecidas... Seus pés sobre o espaço até o quarto são pássaros livres, arrastando-se cúmplices dos pensamentos... sabendo a direção... Senta na cadeira em frente à mesinha de madeira antiga no quarto. Com as mãos tremendo de excitação começa a leitura por páginas salteadas... “ ‘Mas você é muito linda! Deixe-me ver seu sorriso... vai, deixe-se ficar assim com a alça do vestido caída... uns ombros morenos, macios...’. Pegava-me no queijo e me olhava longamente. Ricardo tinha a expressão dos grandes amantes. Seus olhos ardiam, dilatavam, cresciam e suas mãos... Ah, as mãos me pegavam nos ombros e desciam, acariciavam-me e o calor de meu corpo não vinha da tarde, mas de uma vontade de ser dele...” Volta-se para a porta, com as mãos no diário. Ergue os olhos, numa tentativa de mergulhar as ideias noutra coisa. Convoca dentro da mente um lugar com pássaros e um banco de praça. Inventa um passeio até um jardim... E fica, soltando exclamações de euforia pela calma do lugar. Vai para um mundo de ternura, ouve um rumor de beijos e de confidências... Um pouco do vento fresco do parque que imaginara entra por baixo da tolha: Fica excitada com esse frescor. De repente, volta ao diário. “Fiquei num pé só. Cerrei os olhos e o beijei. A boca dele engolindo a minha língua, enquanto meus seios eram beliscados por dedos carinhosos. Fiquei em fogo e me permiti desabotoar a calça dele e acariciá-lo com minha mão. Carlos me mordiscou o pescoço, as orelhas e foi fazendo-me carícias pelo corpo e o deixei ir adiante. Com a boca, ele me tocou levemente a barriga, depois os quadris e, mais vagarosamente, com a língua aberta e relaxada, lambeu-me o clitóris... Ah, descobri que adoro sexo oral”. A noite é longa, não fosse escrever seu diário, a mulher seria mais sozinha ainda. Ela mesma não sabe como foi que começou: descobriu-se falando e agora não acabava mais. Aos cinquenta nos a mulher sofre com menopausa e mudança no corpo. Mas ela tinha uma beleza diferente, natural, ainda que com rugas e estrias. Os cabelos curtos favoreciam-lhe o formato do rosto. A voz rouca e sensual basicamente era o que mais a ajudava a atrair amantes jovens e sabia ter certo charme no caminhar. Na verdade, achava-se em ótima fase, sentia-se mais mulher que aos vinte. “Aconteceu que o César, o mais novo professor de Matemática da cidade, chamou-me a atenção logo no primeiro momento. E se desde que tenho ficado viúva eu só transo com homens de fora da cidade, ele tinha o perfil que me agradava. Bem, fui a uma festa na casa da Ana e, na volta, precisava de um motorista ou de uma carona e, que me aparece? Ele. Ah, mais o rapaz me levou foi a um motel. Bem, bem eu tinha bebido além da conta e comprovei que uma noite de sexo sem compromisso lembra muito uma noite de bebedeira. Ora, eu sabia que nada poderia haver entre mim e um desses jovens longe da casa dos quarenta (Tudo é possível, sem perder a identidade... A idade ideal para um amante). Foi mais um desejo de momento... E como ele adorou que eu lhe pegasse no saco escrotal! É, foi bom e ainda estou de pernas bambas.” A voz quer sair e dizer que já criou os filhos. Tudo se resume a fantasias. Sua intimidade não pode ser exposta aos homens sem romantismo da cidade. Alguns não veem que uma mulher é algo especial. Recolhe os braços e se cerca como se estivesse numa gaiola e o pássaro preso fosse ela, com seus sonhos de ser muito amada. Deita-se na cama e fica quieta debaixo dos lençóis. A noite esfriou e gatos de rua miam lamentosamente em cima de muros. Há quanto tempo ela também não anda sem carinhos, meu Deus? E os dias vão-se passando... Não fossem meu diário e minha imaginação!... Ahn, os homens que conheço!...
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MUITO BOM.......MULHERES DE SALTO,ITU,SOROCABA,INDAIATUBA E CAMPINAS ENTREM EM CONTATO QUERO CONHECÊ-LAS PARA ALGO MAIS.
MAS VC MULHER QUE É DE OUTRA CIDADE E ESTIVER DECIDIDA EM ME CONHECER ENTRE EM CONTATO COMIGO.