O CENTURIÃO E A PRINCESA PERSA (PARTE 03)

O clamor da Batalha

Assim como as areias das dunas mudam de lugar a cada momento, o tempo seguiu seu curso inexorável fazendo com que a vida de Antônio e Léa transcorresse dentro de um clima de amor intenso mesclado de bucólica rotina. Vez por outra, eles desgarravam-se de uma caravana para juntar-se a outra, e Antônio desenvolveu uma incrível habilidade para negociar com os outros mercadores. Léa, por sua vez, sorvia aqueles momentos com seu amado sem preocupar-se com mais nada. Ainda restavam algumas economias e eram mais que suficientes para que eles vivessem em paz e segurança.

Todavia, havia um clamor … um grito represado no fundo da alma do guerreiro que sentia uma enorme saudade da batalha, do triscar de espadas e do choque de escudos em combate. No coração do guerreiro batia um coração relutante que ainda desejava sentir o brandir das lanças, os gritos ensandecidos de homens em combate e a inigualável sensação do corpo vibrar ante a vitória contra o inimigo. Antônio sentia esse clamor, porém recusava-se, terminantemente, a aceitá-lo como uma realidade da qual ele jamais poderia se afastar.

E foi em um dia muito quente, à beira de um oásis fértil no delta do Nilo que o centurião reencontrou seu passado de combatente. Lentamente, duas figuras aproximaram-se do oásis, cavalgando com certo vagar. Os cavalos não estavam cansados, mas, ao mesmo tempo não demonstravam o vigor típico de corcéis ávidos por corridas atrozes. Antônio fitou os cavaleiros que se aproximavam e não demorou muito para que pudesse reconhecê-los como pessoas próximas a ele. Tratavam-se de Igor e Astrid.

Quando apearam de suas montarias foram calorosamente recebidos pelo romano e sua companheira persa. Imediatamente, procuraram refúgio do sol fustigante do meio do dia, cujos raios brilhavam imponentes e impiedosos. Léa, serviu-lhes comida e bebida e depois de alimentarem-se, refestelaram-se em almofadas de seda aproveitando a brisa que soprava do norte deixando o clima dentro da tenda um pouco mais suportável. Antônio, curioso pela chegada daquela dupla incomum, quis saber que ventos os trouxeram para aquelas paragens e porque os dois estavam juntos.

Igor sorriu encabulado e depois de um olhar discreto na direção da feiticeira celta respondeu que o destino os havia unido e que, agora, eles eram guerreiros mercenários a serviço de quem pagasse melhor, … e que, atualmente, quem pagava melhor era Roma! Antônio foi surpreendido pela informação; como poderia o exército mais poderoso do mundo servir-se de mercenários? Curioso e afoito, Antônio quis saber mais informações, e a medida que Igor lhe narrava o que havia acontecido nos últimos anos, sua alma enchia-se de uma conhecida energia: a energia da guerra!

Enquanto conversavam com mais profundidade, ambos esqueceram-se das mulheres que compartilhavam com eles daquele momento; e Astrid não pôde deixar de perceber a inquietação silenciosa de Léa. Os olhos da princesa persa denunciavam sua preocupação com o rumo que aquela conversa estava tomando; e a feiticeira celta sabia muito bem que, mais cedo ou mais tarde, sua amiga perderia seu amado para o clamor do combate. Silenciosamente, Léa levantou-se e saiu da tenda, estacando em pé do lado de fora, mirando o horizonte.

Astrid, por sua vez, seguiu a amiga e assim que a viu estática como uma estátua de sal, aproximou-se e pousou uma das mãos sobre o ombro de Léa. A persa levou sua mão até a mão de sua amiga e baixou a cabeça procurando esconder as lágrimas que teimavam em escorrer de sua face. Não foram necessárias palavras de ambas as mulheres, apenas a certeza de que a chegada de Igor atiçara ainda mais o ardor do romano que sentia-se vazio havia muito tempo.

Quando a noite chegou, trazendo consigo um ar gélido e desolador, encontrou Léa atiçando as chamas da fogueira enquanto depositava ao lado um pequeno jarro de cerâmica que continha uma infusão. Dentro da tenda não haviam mais falatórios, muito menos risadas altas ou exclamações exacerbadas; ao que parecia o cansaço havia tomado conta do ambiente e a princesa permaneceu ali, ao pé da fogueira, olhando as chamas crepitarem espirrando fagulhas que eram levadas pelo vento frio em direção ao horizonte. Ela sabia que nada mais poderia dar errado; ela havia perdido seu amado para uma oponente imbatível: a terrível deusa da guerra que, trajando sua armadura dourada e empunhando a espada cuspidora de fogo, clamava pelo corpo e pelo espírito do romano; ele era querido no calor da batalha, brandindo sua espada e gritando o grito mortal do bom combate.

Léa choramingou sozinha enquanto o vento cada vez mais gelado soprava, assolando o céu e a terra e tornando sua alma um deserto ainda maior que aquele que a cercava. Depois de algum tempo chorando e se lamentando, Léa levantou-se e decidiu entrar na tenda. Lá dentro o silêncio reinava absoluto. Em um dos cantos, Igor e Astrid dormitavam nus e abraçados, ressonando suavemente sem preocuparem-se com qualquer coisa.

A persa caminhou na direção da outra extremidade, onde seu amado jazia inerte, tomado por um sono pesado. Léa olhou o corpo desnudo de seu amado e teve uma vontade incontrolável de ajoelhar-se ao seu lado e implorar que ele ficasse ao seu lado para sempre; que se esquecesse da luta, do sangue, da morte, … enfim que ficasse com ela até o dia em que a morte os levasse juntos para o infinito. Léa acomodou sua cabeça sobre o ombro de Antônio e ali ficou, chorando baixinho e orando para que os deuses do destino não lhe reservassem a dor da espera e o sofrimento do adeus …

Algumas horas depois, Antônio acordou de seu sono, sentindo a presença terna de sua amada que ainda permanecia ajoelhada ao seu lado, vencida pela cansaço e pela tristeza. O romano afagou-lhe os sedosos cabelos e depois e beijá-los, tocou sua amada que entreabriu os olhos inchados de tantas lágrimas reprimidas procurando esconder dele toda a sua desilusão com o que estava por vir. Antônio puxou-a para si e procurou seus lábios, sorvendo um beijo mais que apaixonado.

-Tu bem sabes que preciso ir, minha querida. – disse Antônio, revelando que sabia o porquê de tanta tristeza como também que já havia tomado sua decisão.

-Sim, eu sei disso há muito tempo, meu amor, … mas, a dor é insuportável … eu não quero te perder, porém sei que já te perdi … – a voz de Léa era apenas um sussurro entrecortado de soluços e lágrimas.

-Não, você jamais me perderá, você é a minha razão de ser, e sem ti não sou ninguém … porém, meu corpo arde pela companhia dos soldados, pelo furor do campo de batalha e pelo brandir de minha espada, … sem isso não sou nada, sem isso não me sinto digno de ti, meu amor! – Antônio disse isso com uma voz hesitante, mas que, no fundo, era exatamente o que ele sentia.

Beijaram-se mais uma vez até que seus corpos começaram a vibrar de desejo e excitação. Era como se aquela fosse a última noite de amor de ambos e que ela precisava ser única e total. Léa levantou-se da cama e sobre a pálida luz que provinha da fogueira acesa do lado de fora da tenda, e de algumas lâmpadas a óleo que tremulavam tênues e solitárias pela tenda, permitindo que seu parceiro pudesse vislumbrar-lhe apenas a silhueta, ela despiu-se voltando a deitar-se ao lado de seu amado e sentindo o calor de sua pele e o vigor de seu desejo.

Antônio beijou e lambeu os mamilos entumescidos de sua amada enquanto suas mãos ávidas acariciavam a vagina já completamente umedecida da fêmea que clamava pela possessão de seu macho eternamente ansiado. O romano subiu por sobre sua parceira, e com a destreza habitual penetrou-a com seu instrumento duro e pulsante, estocando seu sexo com vigor e, ao mesmo tempo, com a ternura do apaixonado. As bocas beijavam-se, afoitas e insatisfeitas querendo sempre mais, enquanto as mãos da persa ora acariciavam o torso de seu amado, ora afundava suas unhas denunciando o orgasmo que chegava, inundando-a de tesão e de prazer.

Léa queria gemer, queria sussurrar palavras pecaminosas nos ouvidos de seu amado, porém a certeza da companhia do moldavo e da celta obrigavam-na a conter-se para que aquela entrega carnal não se tornasse alvo da curiosidade do outro casal. Antônio, por sua vez, permanecia por sobre sua parceira, ora invadindo, ora recuando seu mastro másculo, ora intensificando os movimentos até que percebesse que sua amada tivera outro amplexo, ora tornando-os mais suaves e mesmo assim incisivos com a força da excitação incontida sem perder o carinho do momento único que compartilhavam.

Léa já não sabia mais quantas vezes havia gozado sob o jugo do seu macho amado, mas tinha a certeza que por mais que tivessem sido, ainda assim seriam poucos ante a inexorável constatação de que, pela manhã ele já não mais estaria com ela … ela sabia que iria perdê-lo para o combate, e, naquele momento, ansiava apenas o combate de corpos suados e sequiosos de êxtase pelo prazer da carne.

No calor da selvageria dos corpos em movimento, Antônio retirou seu membro de dentro de sua amada, para, em seguida, procurar aquela doce fenda como sua boca, passando a lambê-la e chupá-la com a mesma sofreguidão com que copulara com ela. Sorvendo aquele clítoris inchado, o romano propiciou novas sensações para sua parceira que afagava-lhe os cabelos usufruindo da masculinidade servil de seu amado guerreiro, e quando ela supôs que tudo estava por acabar, foi surpreendida pela nova investida do romano que, virando-a de costas sobre a cama e colocando-a em decúbito dorsal, beijou e lambeu seu ânus para prepará-lo para uma outra forma de penetração.

O mastro do romano encaixou-se com perfeição ao orifício anal de sua parceira e movimentando-se com um frenesi animalesco, ele estocava sua amada enquanto suas mãos hábeis brincavam com os mamilos, deixando-os ainda mais entumescidos, provocando gemidos que eram reprimidos pela persa que mergulhava o rosto nas almofadas suprimindo a enorme vontade de gritar que acabava emudecida em sua garganta. O último orgasmo da persa coincidiu em tempo e intensidade com a ejaculação vigorosa de seu parceiro, fazendo com que eles desabassem sobre a cama, adormecendo logo em seguida, abraçados, suados e vencidos pelo seu próprio desejo.

Quando os primeiros raios de sol inundaram o oásis com seu brilho amarelo-ouro, Léa entreabriu os olhos, percebendo que estava só dentro da tenda. Cobriu-se com a túnica negra de seu amado e correu para fora, dando vistas com Antônio pronto para partir. Ele vestia seu traje de combate romano e tinha nas mãos o elmo emplumado de rubro. Na cintura suas espadas pendiam brilhantes e recém-afiadas, e o olhar dele deixava claro que a partida era algo inevitável e indiscutível. Léa caminhou até ele que a esperava ao lado de sua montaria, ladeado por Igor e Astrid que também estavam prontos para partirem. Eles se abraçaram, porém nada disseram … não haviam palavras que pudessem exprimir o que sentiam naquele momento. Apenas, um sussurro, uma palavra foi ouvida entre eles – “voltarei” – e, em seguida, o romano montou e acenando para seus companheiros disparou em cavalgada resoluta, deixando para trás uma princesa sem reino e uma mulher sem destino.

Os três combatentes cavalgaram até onde a areia era substituída por rochas e depois mais além, cruzando o mar e chegando às portas da capital romana, onde foram recebidos como mercenários a serviço de um império cujo brilho estava sendo ofuscado pelos seus diversos inimigos. Um general de nome Rúbio, descreveu-lhes a atual situação beligerante e depois de alguns comentários, disse-lhes que precisava de reforços a serem enviados para as terras bretãs, bem mais ao norte de onde os saxões haviam rechaçado a oitava legião. O lugar onde a última e mais feroz legião romana resistia com bravura aos insistentes ataques das hordas de guerreiros com o corpo pintado de azul e repletos de tatuagens bizarras; o lugar onde havia sido construída uma enorme parede de pedra, barro e terra, com paliçadas altas flanqueando toda a sua extensão; e esse lugar precisava ser mantido a qualquer custo, pois caso caísse, o destino de Roma em terras bretãs estaria definitivamente selado; o lugar era a chamada “Muralha de Adriano” e o destacamento sob ataque era a nona legião, a chamada “Legião da Águia Feroz”.

Antônio conhecia bem os homens que integravam aquela tropa – alguns deles já haviam servido com ele – e ele sabia que eles não se renderiam ao inimigo, lutando até o último homem. Sem delongas inúteis e desnecessárias, os três guerreiros juntaram-se ao enorme contingente mercenário, formado por homens das mais diversas origens e etnias. Haviam númidas, sarracenos, vândalos, moldavos, celtas, alguns irlandeses – chamados de “escudos negros” – sedentos por sangue e também alguns escoceses, que eram conhecidos por sua ferocidade e impiedosidade em batalha, pois jamais deixavam prisioneiros. Antônio olhou para aquele grupamento incomum e depois de apear de sua montaria, colocou-se em meio a eles que o encaravam com um misto de curiosidade e certa repelência.

-Sou Antônio, Romano, Centurião e filho desta terra … dirijo-me a todos vocês para que compreendam a gravidade do momento. Aqueles jovens legionários – ele apontou para o grupamento que também o observava a certa distância – irão, pela primeira vez, para o campo de batalha … eles não sabem o que os espera, mas eu e todos vocês sabemos que o que nos espera … dor, sofrimento, sangue, suor e lágrimas, e nada mais! Porém, o mais importante de tudo é que precisamos confiar uns nos outros, … saibam vocês que aqui há um lutador que dará a sua vida pela de qualquer um de vocês e espera que vocês façam o mesmo! Ao final, nos restará apenas a certeza de que, no campo de batalha, não há vencedores nem vencidos, apenas guerreiros, apenas homens lutando …

Um silêncio profundo seguiu-se ao pequeno discurso do centurião, mas este durou muito pouco, pois logo ouviu-se um bater de escudos com lanças operando como, uma aclamação daqueles que estavam prontos para lutar por si e por seus companheiros. O centurião montou novamente e deu meia-volta dirigindo-se para o enorme portal de saída da cidade, sendo acompanhado por Igor, Astrid e o legionário incumbido de carregar o baluarte romano: a águia emplumada de asas abertas. Atrás deles partiram também os legionários e os mercenários, todos com olhar ávido e orgulhoso de quem sabia o que os esperava, e, mesmo assim, não hesitavam em enfrentar o inimigo.

A jornada foi longa, lenta e cansativa. Por terra, por mar, a cavalo ou a pé, aquele enorme contingente de guerreiros seguiu para as terras bretãs, onde saxões, galeses, bretões, britânicos, irlandeses e escoceses os aguardavam. Onze dias depois, Antônio avistava no horizonte a Muralha de Adriano ao norte; ela distava cerca de alguns quilômetros de caminhada, mas algo importunou a percepção do guerreiro. Olhou para o oeste e viu a razão de sentir-se alarmado: as pequenas colunas de fumaça que subiam aos céus sinalizavam onde os inimigos estava acampado. Antônio ponderou com Igor que a distância do acampamento inimigo não devia distanciar-se mais que uma vez e meia a distância que eles ainda precisavam percorrer para atingir a Muralha.

Chamou os comandantes de colunas e ordenou-lhes que se preparassem para uma carga ligeira em direção à Muralha, porém que todos deveriam fazê-lo evitando ruídos desnecessários e buscando movimentar-se por entre a vegetação como sombras balançando ao vento. Depois que ordem foi transmitida, os cavaleiros apearam de suas montarias e iniciaram o percurso tomando o máximo cuidado em não serem notados por eventuais batedores do inimigo.

As horas arrastaram-se servindo de aliadas ao forte calor e a imperiosa necessidade de um avanço cuidadoso e repleto de temor, obrigando os homens a um último esforço após o longo trajeto até atingirem seu objetivo. E isso ocorreu próximo ao cair da tarde. Antônio e Igor foram os primeiros a atingir os enormes portões da Muralha e sem perda de tempo, o centurião aproximou-se do pequeno pórtico de onde um vigia observava atentamente o horizonte, chamando sua atenção e anunciando a chegada do reforço.

Em poucos momentos, os recém-chegados estavam dentro da fortaleza principal, uma edificação de pedra alta e com um enorme salão de reuniões, onde os generais ali estacionados com a nona legião receberam os homens vindos com Antônio. O centurião foi saudado como se ainda pertencesse às falanges romanas, e ninguém ousou desfazer o mal entendido, já que o respeito e deferimento destinado a ele era algo digno de ser merecido.
Antônio saudou os generais à moda romana e foi surpreendido pela presença, entre eles, de um velho conhecido. Era Glauco, seu antigo ordenança e que agora era um dos líderes de falange. Ele aproximou-se de Antônio e após a saudação de praxe, abraçou fraternalmente o velho amigo esfuziante pela sua chegada. Sem tempo para mais delongas, um dos generais ordenou que os recém-chegados fossem alimentados e se preparassem para a batalha, pois, segundo informações dos batedores, a horda saxã estava pronta para descer a colina e atacar a Muralha. Antônio ponderou que a Muralha era inexpugnável e não compreendia como aquela horda de bárbaros poderia oferecer perigo.

Um dos generais presentes, comentou que, de fato, a Muralha parecia indestrutível, porém, nos últimos tempos, em vários pontos ao longo dela, os bárbaros haviam cavado pequenas cavernas que passavam por baixo da estrutura e, desse modo, em algum momento eles poderiam invadir em um ataque de pequena monta. Antônio compreendeu a ameaça que isso representava e, portanto, concordou com o General e pediu-lhe para avaliar a Muralha acompanhado de Igor e Astrid, ao que todos os presentes concordaram.

Ao anoitecer, reunidos em volta de uma fogueira próxima do alojamento dos legionários, os três guerreiros comentavam o que viram. Igor considerou que uma eventual vitória dos bárbaros era algo pouco provável, ao que Antônio concordou. Nesse momento, ambos olharam para a feiticeira celta que tinha uma expressão incrédula.

-Jamais duvidem da coragem desse povo, … e muito menos de sua capacidade de improvisação em combate … - ela disse isso e levantou-se dizendo que precisava dormir um pouco. Igor e o centurião ainda ficaram ali.

-E quanto à Léa? Você sabe o que ela ia fazer sem você? - a pergunta do moldavo pegou Antônio de surpresa, pois ele realmente não sabia o que sua amada faria …

Muito longe dali, a centenas de quilômetros, a princesa persa havia se separado da última caravana e decidira ir para Roma, pois lá poderia esperar seu amado quando retornasse do combate. Seu coração estava muito apertado e ela sentia uma angústia que lhe sufocava toda a vez em que pensava em Antônio … ela temia o pior e implorava aos deuses que lhe concedessem a oportunidade de trazer seu amado de volta.

Todavia, parecia que a sorte não sorria para ela naquele momento. Antes que conseguisse chegar em Roma, Léa foi vitimada por um ataque do povo nômade que ocupara os territórios nas cercanias da Mãe Loba. Seu pequeno séquito foi totalmente aniquilado e ela caiu prisioneira (mais uma vez em sua vida) daquele povo estranho que falava uma língua desconhecida e que parecia nutrir tanto ódio aos persas como também aos romanos.

Por duas oportunidades sucessivas, Léa tentou fugir, sendo que na última delas o castigo foi quase mortal. Após ser capturada, um homem extremamente alto e forte, aproximou-se dela que estava ajoelhada com os braços presos para trás com amarras e uma travessa de madeira entre seus braços e depois de fitá-la por um longo tempo ordenou aos guardas que a levassem para um pequeno alojamento que mais parecia ser uma ala de torturas. Lá chegando, Léa foi desamarrada e despida. Em seguida, o tal sujeito aproximou-se dela e falou articulando as palavras em língua persa.

-Isto vai ser para você aprender que não se foge de mim sem que o castigo seja uma lição para toda a vida. Dito isto, ele olhou para o algoz que jazia em pé próximo de uma pequena fornalha que alçou mão de um ferro em brasa cuja ponta tinha um desenho círculo inserido por três raios em forma de elipses interrompidas. Dois outros homens aproximaram-se dela com a intenção de imobilizá-la com o intuito de permitir que o verdugo concluísse sua tarefa, mas a princesa rechaçou-os dizendo que nenhuma dor poderia ser maior do que a humilhação de fugir de seu destino.

Quando o algoz caminhou em direção dela, o tal homem segurou-o pelo braço e com um sorriso sarcástico no rosto ordenou que ele se afastasse para, em seguida, exigir que ele e a princesa ficassem a sós, ao que foi imediatamente obedecido. Assim que se viram sós, Léa não teve tempo para qualquer reação, pois o tal sujeito avançou sobre ela, esbofeteando-a seguidas vezes, deixando-a estonteada e fazendo com que ela caísse ao solo sentindo a dor dos golpes que sofrera. O renegado, então, tomou nas mãos um chicote e passou a golpear o corpo desnudo da princesa que mesmo sob açoite não produziu um som sequer … em sua mente a imagem de seu amado a nutria de força e de esperança …


Mal o sol ponteou no horizonte, os vigias das torres soaram as trombetas, anunciando o avanço do inimigo. Antônio reuniu a cavalaria, ordenando que os lanceiros viessem logo após, ultimados pelos arqueiros, cujas flechas estavam prontas para o combate. Os portões foram abertos e a marcha de luta teve seu início. Todavia, a certa altura, a horda saxã cessou seu avanço e um grupo de homens nus com os corpos pintados e exibindo lanças com pequenos galhos de plantas nas pontas adiantou-se exibindo-se como em um aviso.

-Eles querem parlamentar – disse o moldavo que compreendia bem os hábitos dos saxões.

Antônio seguiu em frente ladeado por Igor e Astrid. E quando estavam próximos dos homens um esgar sonoro da celta fez que com seus companheiros interrompessem o avanço.

-São druidas! – disse ela – cuspindo no chão próximo deles – eles não querem parlamentar – disse ela, em seguida – eles querem nos ameaçar. E antes que a celta tivesse tempo de dizer mais alguma coisa ela foi interrompida pela voz enérgica de um dos feiticeiros.

-Não queremos ameaçar ninguém, pois ninguém ganha batalhas com ameaças … queremos apenas alertá-los que não se farão prisioneiros … hoje é um dia para ser tingido de sangue …

Ao terminar, o druida – que parecia ser o líder dos demais – sinalizou para que cada um voltasse para seu exército. E no caminho de volta, Antônio não pôde deixar de notar a inquietação da feiticeira celta que parecia temer pelo resultado daquele dia.

No instante seguinte o que se viu foi uma das mais sangrentas das batalhas campais entre o que restava da glória do exército romano e a horda de saxões, bretões, irlandeses e escoceses, cuja ânsia por matar era algo indescritível. Machados singravam o ar com golpes certeiros e a ferocidade dos arqueiros não era páreo para os escudos irlandeses, cuja sede por sangue somente era superada pela crueldade ao dançar e cuspir no inimigo derrotado. Antônio, junto de seus companheiros resistia bravamente, girando suas espadas no ar sem desmontar de seu cavalo que, protegido por uma grossa vestimenta de tecido e couro arremessava suas patas dianteiras, pondo ao chão o inimigo que avançava com o intuito de derrubar o cavaleiro.

Igor, que fora forçadamente obrigado a desmontar, não perdeu tempo e com a velocidade típica dos moldavos golpeava incessantemente, decepando braços, pernas e cabeças, num macabro festival de sangue, carne e ossos. Astrid, por sua vez usava a melhor técnica de montaria, ficando em pé sobre a sela e golpeando o inimigo com sua lança longa e afiada.

Todavia, longe estava a vitória romana, pois mesmo resistindo à investida bárbara, não foi suficientemente rápida para evitar que pequenos grupamentos de saxões conseguissem chegar à Muralha, esgueirando-se pelos túneis escondidos e passando a enfraquecer o inimigo de dentro para fora.

A luta persistia, feroz e sem trégua, até que Antônio vislumbrou uma figura conhecida. Era Egberto, o campeão dos saxões que avançava a pé, golpeando com seu machado longo, decepando e aumentando a pilha de corpos por onde passava. Não tardou para que ele também visse o rosto conhecido do centurião, arrancando em disparada, ignorando qualquer um que se opusesse ao seu avanço na direção do romano que era, a partir de então, seu principal alvo.

Antônio desmontou e com as espadas nas mãos arremeteu na direção do lutador e o choque entre ambos foi tão truculento que o som metálico de espadas e machado, fez com que alguns guerreiros detivessem seus ataques afim de olhar a luta de campões.

Longe dali, alheia ao futuro incerto de seu amado, Léa continuava sendo vitimada pelo chicote implacável de seu algoz, que a certa altura, constatou que a sessão de açoites não fora suficiente para “quebrar” o orgulho persa. Ele então, valeu-se de outra medida mais drástica e humilhante. Tomou a persa nos braços e depois de amarrá-la de costas, inclinada sobre uma mesa de madeira, despiu-se de suas vestes, aproximando-se dela e anunciando suas intenções.

-Se não posso derrotar sua altivez, posso, pelo menos quebrar seu orgulho, sua rameira persa!

Léa ouviu essas palavras e sentiu a o membro duro e grosso invadindo seu ânus de forma violenta e impiedosa, rasgando-a por dentro, enquanto as mãos fortes de seu opressor apertavam suas nádegas, sucedendo-se entre palmadas dolorosas e apertos abruptos. A princesa não reagia, apenas cerrava os olhos e pensava em seu amado, sonhava com ele e com seus carinhos, esquecendo-se da humilhação a que estava sendo sujeitada e almejando o dia em que estaria novamente junto de seu centurião. E foi nesse momento, quase como um transe que ela se viu transportada para um outro lugar. Um lugar estranho, uma terra desconhecida … um lugar visto de cima.

Léa parecia ver tudo através dos olhos de uma ave de rapina que sobrevoava um campo de batalha que ela não sabia onde nem quando … o que ela sabia era que aquele era o lugar onde seu amado estava.

Subitamente, Astrid olhou para cima e viu uma águia sobrevoando o campo de luta e ela soube que era o espírito da persa a procura de seu amado. Imediatamente, a celta saltou de sua montaria e cruzou o campo até onde os campeões travavam um combate de vida ou de morte. Ágil como um felino, Astrid escalou uma pequena rocha e a partir dela atingiu o pico de uma enorme árvore da floresta próxima ao campo de batalha. De lá ela observou o combate hercúleo entre o centurião romano e o guerreiro saxão, ao mesmo tempo em que mentalizava a águia que sobrevoava a região, tentando, de alguma forma, comunicar-se com ela.

Do outro lado do mundo, Léa tomada pelo transe momentâneo, vislumbrou seu amado e viajando no corpo da ave de rapina conseguiu pousar em um galho sobre a mesma árvore onde estava a celta. As duas se entreolharam e Astrid sorriu para a ave, dando a entender que sabia que a persa também estava ali. Juntas, então, elas observaram o combate titânico que se desenrolava no solo.

Lá, os dois combatentes já davam claros sinais de cansaço, muito embora, Antônio compreendesse a importância de derrotar Egberto, pois se assim o fizesse, provavelmente os bárbaros seriam tomados por certa letargia que daria uma certa vantagem estratégica à legião romana para contra-atacar com rapidez. Fintando os golpes do enorme saxão, o romano aproveitava todas as oportunidades para golpeá-lo com uma das espadas, impingindo-lhe diversos ferimentos que sangravam copiosamente, tornando o seu oponente mais lerdo e menos eficiente nos contragolpes.

E houve um momento em que o romano, valendo-se de sua agilidade superior à do inimigo, saltou por sobre ele, estocando-lhe a nuca e causando um ferimento quase mortal. Egberto, sentindo o golpe, bambeou os joelhos para, em seguida, flexionando-os dolorosamente, ir ao chão como uma massa corpórea sem energia vital para prosseguir. Antônio, cansado e também muito ferido cambaleou até seu oponente e colocando um de seus pés sobre as costas do inimigo, levantou a espada com o firme intuito de aplicar o golpe de misericórdia.

Todavia, nesse exato momento, o que se viu foi uma lança singrar os ares, perfurando o peito do romano que grunhiu enquanto ia ao chão, caindo ao lado de seu oponente. Gritos ecoaram por todo o campo e a batalha tomou um novo rumo … um rumo não tão inesperado, mas certamente não desejado pelos romanos e em poucos minutos o que se viu foi um outro banho de sangue que começava dentro da Muralha com uma pequena horda saxã matando, destruindo e queimando o que via pela frente.

Em seu transe inexplicável, Léa quis gritar, quis chorar, mas o corpo caído de seu amado foi a última coisa que viu, pois de um modo surpreendente ela também foi vitimada por uma morte súbita, deixando seu corpo jazer inerte sob a sevícia do seu algoz que muito demorou para compreender que ela havia vencido o mal, e que, agora, seu espírito voava liberto a procura de seu amado.

Astrid olhou para os céus e com os olhos de feiticeira ela pôde ver quando eles se encontraram entre nuvens etéreas e abraçaram-se apaixonadamente. Eles estavam junto mais uma vez, e deste vez era para sempre.

Quando o fim do dia chegou e a noite avançou pelo campo de batalha, encontrou pilhas de corpos trucidados e poças de sangue cujo cheiro fétido era quase insuportável. Astrid e Igor, que haviam sobrevivido ao ataque e poupados pelos saxões – cujo desejo de vingança tinha como alvo apenas os romanos – recolheram o corpo do centurião e depois de lavá-lo, envolveram-no em linho para que fosse oferecido aos deuses ancestrais em uma pira mortuária preparada pelo moldavo sob orientação da feiticeira.

Enquanto o corpo sucumbia às chamas que iam ficando cada vez mais altas, Astrid olhou para o céu e viu as figuras etéreas, abraçadas, sorrindo para ela. A feiticeira abraçou o moldavo e olhou em seus olhos dizendo que chegara a hora de partirem … tudo estava consumado … tudo estava cumprido … o destino fizera seu jogo e o romano estava mais uma vez junto da persa, … só que desta vez para sempre!

Foto 1 do Conto erotico: O CENTURIÃO E A PRINCESA PERSA (PARTE 03)

Foto 2 do Conto erotico: O CENTURIÃO E A PRINCESA PERSA (PARTE 03)


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Ficha do conto

Foto Perfil trovão
bemamado

Nome do conto:
O CENTURIÃO E A PRINCESA PERSA (PARTE 03)

Codigo do conto:
40029

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
22/12/2013

Quant.de Votos:
2

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