De início foi um convite ingênuo para tomarmos um café. Fui visitá-lo e ele me recebeu acolhedoramente, com sorrisos e um abraço quente e carinhoso. Começamos a conversar e a nos conhecer melhor. Ele tinha um sorriso cativante. E uma conversa interessante. Não conseguia compreender, mas eu me sentia bem ao lado dele. Era como se nos conhecêssemos há muito tempo.
Tínhamos muito em comum: gostos, preferências, interesses, desejos e sentimentos.
Como também muitos antagonismos; mas, mesmo assim tudo era muito idêntico, muito curiosamente atraente.
Era delicioso estar com ele, sentir a proximidade dele, e saber que podia confiar nele. Ao seu lado eu me sentia um adolescente, respirando hormônios com uma inexplicável suavidade, com enorme intensidade, e ainda com muita espontaneidade.
De repente, ele me fez um pedido. Pediu que eu tirasse a camisa …
Hesitei por um momento, cheio de dúvidas e muito receoso, e ainda assim sentindo um tremelicar delicioso. Um arrepio percorreu meu corpo: não sabia se era receio ou desejo. Respirei fundo, pensando que ele me inspirava segurança, me transmitia confiança, e imaginei como seria bom ficar, para sempre, ao lado dele.
Finalmente, fiz o que ele me pediu. Seu olhar tornou-se intenso, faiscante! Tinha no rosto uma expressão que transpirava excitação! E um silêncio constrangedor pesou naquele momento. Mas, ele era uma pessoa incrível, cheio de presença de espírito e da capacidade de ser envolvente e charmoso.
Perguntou sobre a tatuagem que tenho no centro do peito. Disse-lhe que era um desenho Maori, chamado “O coração da Rainha”. E ele me perguntou quem era a Rainha; sorri envergonhado e respondi que era uma homenagem a uma mulher linda e muito sensual; ele sorriu e pousou sua mão sobre ela. Aquele contato quente, irradiou uma vibração eletrizante que me deixou entorpecido de desejo …, não havia mais receio …, apenas imperava o desejo.
Naquele momento, apenas um pensamento, invadia minha mente: sentir aqueles lábios junto aos meus, suas mãos em meu corpo, e minhas mãos explorando um universo desconhecido, que nascia e crescia diante de mim, anunciando uma saborosa explosão de sensações, que poderiam ser as melhores revelações que a vida nos oferece como uma dádiva única e especial
Depois daquele dia …, nada mais foi como antes …, e mesmo que nada tivesse acontecido, exceto o fato de tê-lo conhecido, foi mais que suficiente para que eu quisesse vê-lo novamente, desfrutando de momentos inesquecíveis, prazeres imperdíveis, sentimentos antes impossíveis.
Depois daquele dia, tudo ficou diferente; havia cor, calor e sabor …, havia paixão, tesão e, nunca mais solidão!
Depois daquele dia …, depois dele …, nunca mais flores mortas sobre o chão, gosto amargo de perdição, cicatrizes da ausência de percepção.