Bruno acordou no outro dia sem saber onde enfiar a cara e eu por outro lado me comportava normalmente, lembrava da noite anterior e queria mais, queria fazer ele se soltar e transar de verdade comigo.
Descemos pra tomar café da manhã sem dizer nada.
- Bom dia - todos se cumprimentaram e enquanto tomávamos café tio Cláudio propôs:
- Olha hoje é dia do grupo de jovens Vinícius, acho que seria interessante você ir!
- Bruno também vai? - perguntei
- Mas é claro ele é o líder do grupo, sempre está presente.
- Se é assim eu vou - por baixo da mesa passei meu pé na perna de Bruno bem devagar, tentado seduzi-lo - ... só não sei se vou conseguir me enturmar.
- Bruno te ajuda nisso, não se preocupe - disse tia Sônia e Bruno logo rebateu:
- Mãe, você sabe que não sou a pessoa mais extrovertida do mundo... não coloca essa responsabilidade em mim.
- Calma filho... só acho que com você lá seu primo não vai se sentir tão sozinho.
- Exatamente - falei fingindo ânimo - Eu e Bruno estamos nos entendendo bem, estamos criando uma amizade... não é Bruno?
Ele assentiu com a cabeça mas sem olhar pra mim.
- Fico muito feliz em saber - disse tia Sônia - e se gostar tem mais eventos dos jovens que estão pra acontecer, por exemplo um fim de semana num sítio lindíssimo, vai ser bem animado, acho que vai gostar.
- Então tá combinado - falei - a noite vou no grupo de jovens com Bruno...e estou pensando em procurar algum lugar pra trabalhar tia, acho que vou sair pra procurar depois da aula, tudo bem?
- Claro, mas... não acha que vai atrapalhar nos estudos?
- Com certeza não, sei administrar bem os meus horários e tô querendo juntar uma grana, não quero ficar dependendo de vocês.
- Quanto a isso não precisa se preocupar seus pais está mandando algum dinheiro pra te manter e de qualquer forma também te ajudaremos como pudermos...
- Eu sei e tô bastante agradecido, mas quero ocupar minha mente... depois de tudo o que aconteceu...
Eles ficaram em silêncio por um tempo e meu tio falou:
- Como preferir Vinícius, sei que deve ser difícil e... Deus é contigo, ele não falha. Já já todo esse sentimento ruim passa.
Revirei os olhos sem eles perceberem.
- Tudo bem tio, obrigado!
Fui pra aula e logo depois saí pelas redondezas a procura de um lugar que pudesse me oferecer um emprego de meio período.
Andei por diversos estabelecimentos e nada.
Já estava praticamente no bairro em que eu estava morando quando vi um material de construções enorme, tinha uma área aberta ao lado onde alguns caminhões estavam estacionados.
Entrei na imensa loja e fui até o balcão.
- Boa tarde, posso falar com o gerente?
A atendente do balcão chamou um homem que estava nos fundos da loja, era um senhor com os cabelos brancos.
- Posso te ajudar?
- Bom eu mudei pra cá a pouco tempo, estou morando com meus tios e queria saber se aqui na loja teria alguma vaga de meio período.
- Olha garoto, parece que foi Deus que te mandou aqui.
Revirei os olhos e ele continuou falando:
- O rapazinho que trabalhava no depósito checando as mercadorias precisou largar o serviço há algumas semanas... não pagamos muito, acho que por isso estamos com dificuldade de arrumar alguém...mas pode ajudar.
- Sinceramente, não ligo muito pra grana quero fazer algo, se quiserem eu posso fazer uma experiência com vocês.
- Perfeito, agora estou um pouco agarrado pode vir amanhã depois da escola? Conversamos melhor e te mostro tudo por aqui.
- Claro.
Me despedi e fui pra casa ainda incrédulo pois tinha conseguido um emprego no primeiro dia de buscas.
A noite eu e Bruno começamos a nos arrumar para o grupo de jovens, ele tinha se isolado completamente e não me dirigia a palavra, só me respondia objetivamente caso eu perguntasse algo.
Tio Cláudio nos levou até a igreja e uma quantidade enorme de jovens da nossa idade já aguardavam no salão dos fundos da igreja onde as reuniões aconteciam, várias cadeiras estavam posicionadas num círculo, talvez para deixar o encontro mais dinâmico, todos falavam bastante, alguns se pareciam muito com Bruno, no jeito de vestir e de se postar, mas também conseguia perceber os mais rebeldes que não ligavam para as vestimentas impostas pela igreja e nem pra maneira de falar por ouvi um palavrão ou dois vindo de algumas das conversas paralelas.
Isso já me acalmou um pouco, nem todo mundo alí era careta.
Bruno começou a conduzir a reunião embasado na bíblia e sua palavra da noite era sobre "Não sucumbir aos pecados da carne"
Parecia irônico, mas ele falava com muita propriedade e os outros jovens pareciam realmente respeita-lo pois ouviam atentamente. Eles também participavam com muita frequência, fazendo colocações, fazendo perguntas e até trocando experiências.
Gostei mais do que esperava, não pelo sermão sobre essas baboseira bíblicas e coisa e tal, mas sim por que o formato da conversa era totalmente diferente dos cultos insuportáveis que eu tinha frequentado e os jovens não eram tão chatos (com exceção de alguns) quanto os adultos.
Depois de muito debate um lanche foi servido, alguns salgadinhos e coisas do tipo e todos voltaram a conversar descontraidamente, de pé pelo salão.
Me aproximei de Bruno que estava conversando com dois jovens. Bruno pediu licença e veio falar só comigo.
- Que foi? - ele perguntou tímido.
- Achei legal, você fala bem!
- Obrigado...
- Você realmente acredita nisso né?
- Pode ser mais específico? - ele perguntou.
- Em todas essas coisa bíblicas, que nós somos pecadores e até... abominações... acredita né?
- É isso o que eu fui ensinado a vida toda, é minha religião é óbvio que acredito...e "nós", não tem essa de nós...eu..eu... não sou igual a você... não sou..g.... você entendeu...eu sou hétero.
- Não sei por que mas eu não consigo acreditar Bruno.
- Eu não preciso que você acredite em nada, só quero que não toque mais nesse assunto comigo e nem tente nada de novo...
Uma garota se aproximou de nós fazendo com que Bruno se calasse.
- Gostei da reunião hoje Bruno - a garota disse num tom de flerte - você sempre se supera.
Bruno deu um sorriso sem graça.
- Obrigado, mas o mérito não é meu é do Senhor.
- Amém - ela disse - e quem é esse?
- Vinícius - estendi a mão e me apresentei antes que Bruno o pudesse fazer - primo do Bruno, tô passando um tempo com a família.
- Que incrível, espero que tenha gostado da nossa congregação você é muito bem vindo.
- Obrigado, gostei sim - falei debochado - gostei muito.
- Vem, vou te apresentar pro resto do pessoal.
A menina me agarrou pelo braço e me levou até seu grupinho de amigos.
Felizmente era o grupinho dos que não pareciam nada caretas e usavam roupas completamente diferentes do que eu esperava.
- Gente esse é o Vinícius, primo do Bruno.
Todos muito educados me cumprimentaram e por um momento nem me senti dentro de uma igreja com regras chatas, todas eram bem extrovertidos e me deixaram bem a vontade.
Logo me afastei para voltar pra perto do meu primo mas a mesma garota que me arrastou até alí fez questão de voltar comigo.
No curto caminho entre o grupo e meu primo ela começou a falar:
- Olha, sei que eu nem te conheço mas...queria sua ajuda já que você mora com o Bruno...
- Posso tentar.
- Bom, eu meio que tenho uma queda por ele desde que me entendo por gente mas ele nunca me deu bola.
- Então quer uma forcinha?
- Exatamente - ela disse rindo.
- Olha... não quero te desanimar mas...
Bruno nos interrompeu.
- Atrapalho?
- Nunca - a garota respondeu sorridente.
- É que já tá na nossa hora - Bruno disse - amanhã todo mundo acorda cedo né!
Realmente o salão já estava se esvaziando.
A garota se despediu e saiu do salão com seu grupo.
Bruno me lançou um olhar fuzilante:
- Que merda você ia falar pra ela Vinícius?
Arregalei os olhos:
- Nada demais, eu ia falar que...
- Quer saber...nem precisa falar nada, você ia falar pra ela que eu sou gay, tá maluco?
- Eu não ia...eu juro...
- Como não ia, eu ouvi a papo de vocês "não quero te desanimar mas..."
- Bruno, você entendeu errado...
Ele saiu da salão como um furacão, morrendo de raiva.
Segui ele e lá fora tio Cláudio nos esperava.
Bruno passou todo o trajeto até em casa sem dizer nada pra mim, só respondia o que o pai perguntava mas me deixava sem resposta independe da pergunta que eu fizesse.
Chegamos em casa, tomei uma banho e Bruno fez o mesmo.
Depois do jantar fomos para o quarto, ele fez sua oração antes de dormir como era de costume e assim que se deitou eu comecei a falar:
- Vai continuar me ignorando até quando?
Ele ficou em silêncio por um bom tempo e depois respondeu:
- Até eu esquecer o que eu fiz e até não sentir mais raiva de mim e de você por quase ter mentido sobre mim pra Ariane.
- Deixa eu te explicar!
Ele ficou em silêncio e usei a deixa pra falar:
- Você ouviu certo, eu falei que não queria desanimar...
- Tá vendo - ele disse com raiva - além de mentir você ia acabar com a minha vida.
- Deixa eu terminar porra - falei impaciente - ia dizer pra ela que você não queria relacionamento nenhum agora, que estava focado em estudar e em dirigir o grupo de jovens.
- Por que você ia falar isso? - ele perguntou desconfiado.
- Por que tava na cara que você não queria ela, a menina tava se jogando em cima de você e você continuava indiferente, o motivo disso...eu já sei mas não vou sair por aí falando disso, você deve me achar um babaca mesmo, como podia achar que eu faria isso?
- Sei lá, só tô nervoso desde que chegou aqui, fica me colocando contra a parede sem motivo algum, fica insinuando que sou gay quando na verdade eu não sou... aquilo que rolou foi só... só....
- Uma recaída, um deslize do papel que você tá interpretando de filho hétero perfeito do pastor?
- Tá vendo? - ele disse virando pro canto - toda oportunidade que você tem de me colocar pra baixo você faz.
Respirei fundo.
- Eu só quero que você seja você mesmo Bruno, por que eu sei que minha vida mudou quando eu me assumi pra mim mesmo em primeiro lugar, você precisa parar de se ver como errado. Eu sei bem como isso dói mas é só você que pode se tirar dessa. Sei como é horrível ser obrigado a gostar de algo que você não gosta. Sei que essa pressão de ser o filho do pastor também é foda, mas...
Ele respirou fundo como se quisesse que eu parasse de falar.
- Ok, perdão - falei - vou parar de te tratar como se você fosse um gay encubado...se você tá me dizendo que é hétero eu não vou mais te contestar... prometo.
- Fico muito grato...
E nosso assunto acabou alí, não falei mais sobre sexualidade com Bruno e deixe que ele se aceitasse por conta própria.
Acordei no outro dia super animado com meu primeiro dia de trabalho, depois do colégio corri em casa, almocei, tomei uma banho, coloquei uma calça jeans, uma blusa qualquer, tênis e fui para meu novo emprego.
Chegando lá o mesmo senhor do dia anterior me recebeu.
- Boa tarde meu jovem - ele também parecia animado - finalmente vou parar de fazer serviço extra, vamos, quero te mostrar suas tarefas.
- Claro.
O homem muito educado me apresentou todas as dependências de imensa loja.
Passando pelo saguão repleto de produtos maravilhosos para equipar uma casa, desde torneiras simples para a pia do banheiro a lustres monumentais. Uma porta na lateral na loja dava acesso a um terreno enorme onde vários caminhões de entrega de material entravam e saíam.
- Acho que já deu pra reparar que a gente vende de tudo né?
Ele disse e eu concordei.
Voltamos pra dentro da loja agora nos dirigindo para os fundos. Entramos em um corredor e as primeiras portas eram escritórios e uma cozinha onde os funcionários faziam suas pausas, no fim do corredor me deparei com um depósito gigantesco, duas vezes maior que a loja talvez até mais, era um galpão muito alto com prateleiras enormes.
- Bom o que nós precisamos que você faça é cuidar da entrada e da saída de todos os produtos, sei que parece meio assustador falando assim, mas tudo está cadastrado com um código no computador, basicamente só vai conferir o que chega de novo, você acaba entrando no ritmo.
- Por mim tá ótimo, não tenho medo de serviço não.
- Ali do lado tem um computador onde você pode acessar todas as mercadorias, também tem indicações ali de onde achar cada produto. Não é difícil não.
O homem me passou mais alguns detalhes e me deixou trabalhar.
Passei algumas horas no computador do depósito tentando me habituar a tudo até que minha pausa tinha chegado, então resolvi andar pela loja pra conhecer um pouco mais, fui até o terreno ao lado. Muitos homens trabalhavam nos caminhões de entrega, todos com a pele queimada pelo sol, suados e a maioria com corpos que pareciam lindos por baixo das calças e blusas largas.
Passei o olho por um homem que me deixou um tanto hipnotizado.
Ele tinha acabado de descer do caminhão de entrega, era negro, careca, era um homem enorme, braços enormes, coxas mais grossas que as minhas duas juntas, tinha uma barriga de chopp que o deixava mais charmoso ainda, parrudo e com uma expressão no rosto como se não ligasse pra nada.
Fiquei com o olhar fixo nele por mais tempo que pretendia, era inevitável.
Decidi não ficar mais alí para não me jogar em cima dele então fui para a cozinha, fiquei sentado mexendo no celular até meus minutos de intervalo acabarem, até que o homem entrou na cozinha também.
- Opa - ele disse bem calmo - é o garoto novo?
- Eu mesmo - me levantei sem graça para cumprimenta-lo - muito prazer, Vinícius.
Sua mão gigantesca agarrou a minha com força e sacudiu.
- Me chamo Edson, trabalho com as entregas.
Ele mexeu na geladeira e pegou uma garrafinha d'água gelada.
Depois de beber ela toda ele falou:
- Você não me é estranho hein garoto!
- Deve estar enganado, me mudei a pouco tempo...vim morar com meus tios por um tempo.
- Eu conheço bastante gente aqui da cidade, qual nome do seu tio?
- Cláudio...pastor Cláudio.
- AAAAAH então tá explicado - ele disse mais animado - eu sou da igreja, devo ter te visto no culto.
- Sério...acho que eu teria lembrado de você - falei sem querer, com certeza teria me lembrado de ter visto um homem tão gostoso como esse.
- Ué, pq...?
- Ah..nada...sei lá
Ele ficou em silêncio por um tempo tentando entender mas logo voltou a falar.
- Sou Presbítero lá na igreja, já já viro pastor.
- Ah, maneiro...
- Parece que você não acha não, falou tão desanimado.
Ele riu.
- É que isso...isso de religião... não é muito a minha praia.
- Entendo...antes de me converter eu também era assim igual a você, mas o amor de Deus salva.
Ri sem graça, fingindo que me importava.
Conversamos mais um pouco e meu intervalo acabou.
- Bom meu intervalo acabou - falei - primeiro dia né, vou mostrar serviço.
Ele riu e pegou no meu ombro com força.
- Tá certo garoto! A gente se vê.
Ele saiu da cozinha me deixando completamente desconcertado. Ele ser da igreja dificultaria muito se eu quisesse dar para aquele macho, mas nada ia tiraria da minha cabeça essa vontade repentina porém ardente.
Eu ia seduzi-lo com certeza.
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Fiquem ligados que o próximo capítulo vai ter uma transa fenomenal hein..
Esta show de bola ler seus contos. Pena que tudo isso é só uma história gostosa de se ler . E fotos ilustrativa. Que tesão de idéias vc tem . Delícia de ler .
Muito bom o conto... esperando a continuação.... esse homem das fotos é maravilhoso... esse tipo, faz qualquer um perder a cabeça