Novamente me desculpem e espero que entendam minha distração!
Boa leitura!
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Mesmo depois da transa extremamente relaxante não consegui parar quieto, minha cabeça fervia. Se Carlos fosse preso, ele com certeza sairia logo da prisão e voltaria a nos perseguir e se Marcelo o matasse era ele quem ia preso, eu não podia deixar que ele estragasse a vida dele justamente agora que ele pretendia seguir um novo caminho. Sabia que meu pai não mataria Carlos, meu pai não mataria ninguém, ele só queria que a lei fosse cumprida e que Carlos pagasse por tudo na cadeia.
Passei a noite tendo ansiedade, não tinha nada que eu pudesse fazer, nada estavam a meu alcance. E além de tudo ainda tinha que tirar a idéia de matar Carlos da cabeça de Miguel.
Não deixaria ele estragar a vida dele de vez, não deixaria mesmo.
Eu simplesmente não dormi, algumas idéia absurdas passaram pela minha cabeça durante a noite para que ninguém saísse prejudicado, mas logo tirei da cabeça, era absurdo demais.
Saí da cama por volta de cinco da manhã e fui até o quarto do meu pai, quando atravessei a porta o avistei de pé na janela só de cueca olhando pra fora.
- De pé tão cedo?
- Não dormi! - falei.
- Nem depois daquele cansaço de ontem?
- Não, nem assim...e...eu preciso conversar com você!
Ele fez um sinal com a mão para que eu me apoximasse dele, então cheguei perto e fiquei em sua frente apoiado na janela.
- Pai...eu tava pensando, você realmente acha que prender o Carlos vai adiantar algo?
- Como assim? Claro que vai a lei vai ser cumprida, ele vai pagar pelo que fez!
- Você sabe que as coisas não funcionam assim pai...você tá sendo muito utópico!
- Não tô entendendo onde você quer chegar!
- Não adianta só prender Carlos, ele vai estar solto um dia depois e vai vir atrás de nós e de Miguel também.
- Mas se não prendermos ele vamos fazer o que?
Fiquei em silêncio olhando dentro dos olhos de meu pai sem falar nada, esperando que ele entendesse...e ele entendeu.
- Você não tá sugerindo que a gente mate ele não é?
Afirmei timidamente com a cabeça.
- Você tá maluco? Nós não somos assassinos Vinícius - ele saiu de perto da janela e ficou andando pelo quarto indignado com a proposta - Que idéia sair de casa com um plano armado pra matar alguém.
- Não é alguém... é aquele mostro do Carlos que não ligaria de matar o próprio enteado, o filho da própria mulher.
- Não me importo...eu me tornei policial por que eu sempre quis proteger pessoas, cuidar da sociedade e eu acredito que o único jeito de fazer isso é através da lei.
- Carlos nunca esteve na lei pai!
- Foi seu amiguinho sequestrador que colocou essa ideia na sua cabeça?
- Não, ele não colocou idéia nenhuma ele só cogitou fazer mas eu já fiz ele desistir.
- Ele não pode matar alguém mas eu posso?
- Pai, Miguel já está sujo até o pescoço mas ele quer recomeçar a vida, se matar alguém agora as chances dele acabam, ele vai preso mesmo alegando legítima defesa, já você não, pode dizer que teve que atirar por causa do confronto, você pode alegar legítima defesa.
- Você tá soando como um psicopata...armando planos pra matar...
- Eu só quero que todo mundo fique bem e isso vai ser impossível com Carlos vivo!
- Ninguém aqui vai sujar as mãos de sangue e por acaso, você tá pensando que vai atrás da gente?
- E não vou?
Meu pai gargalhou na minha cara.
- Você acha mesmo que vou deixar você se expor a toda essa maluquisse? Tira seu cavalo da chuva.
Depois desta conversa meu pai foi até o quarto de Marcelo tirar satisfações e exigiu que ele esquecesse a idéia de matar Carlos.
Miguel tentou argumentar mas meu pai não deu pra trás, manteve sua decisão e surpreendentemente Marcelo acatou.
Antes das sete da manhã o celular de Miguel tocou, estávamos todos na cozinha.
Marcelo atendeu e colocou no viva voz:
- Grande dia Marcelo - dizia a voz cruel de Carlos.
Nunca gostei daquele homem, sempre senti uma energia pesada emanando dele e agora sabia o por que.
- Bom dia chefe! - dizia Marcelo atuando perfeitamente.
- Conseguiu pegar o moleque?
- O padre sabe rezar missa? - respondeu Marcelo rindo e Carlos também soltou uma risada que me deu nojo.
- Perfeito, faca tudo com a maior descrição!
- Não precisa ensinar, nunca dei mole!
- Em quanto tempo chega na cidade?
- Uns trinta minutos - ele disse - onde encontro o senhor?
- Precisa ser um lugar afastado da cidade - Carlos ficou em silêncio por alguns segundos e disse - pode ser onde fizemos aquele último... trabalhinho.
Marcelo tossiu envergonhado por conta de seu passado e confirmou:
- Perfeito - chego lá em trinta minutos.
A ligação acabou e meu pai disse a Marcelo
- Vamos sair de uma vez, melhor chegar antes e ficar na espreita!
- Tranquilo!
- Você acha que ele vai encontrar você escoltado?
- Creio que sim, mesmo pra falar comigo que sou de confiança ele leva alguém...ele tá sempre com alguém.
- Chamei dois amigos de confiança pra ir com gente - disse meu pai - dos poucos que ainda não estão corrompidos.
Fizeram silêncio e eu falei.
- Queira ir com vocês, sei lá...acho que vou ficar mais nervoso em casa sozinho.
Meu pai riu novamente na minha cara e disse:
- Esse assunto tá fora de questão. Sobe pro teu quarto e fica tranquilo, também pedi a outro amigo pra ficar de olho na casa enquanto estamos fora... não precisa ter medo, isso acaba hoje.
Meu pai me deu um abraço apertado e eu puxei para um beijo longo e molhado mesmo na frente de Miguel.
Depois também abracei Marcelo e fiz o mesmo, dei um beijo delicioso em sua boca. Ele pareceu completamente sem graça por eu ter feito na frente do meu pai. Pigareou e fingiu que nada estava acontecendo.
- Você testa minha paciência Vinícius - disse meu pai com um sorriso forçado.
- Se cuidem, por favor! Marcelo não faz besteira, não mata ele, tô confiando em você...e pai, faz o contrário!
- Ninguém vai voltar pra essa casa com a mão suja de sangue filho... ninguém!
Os três amigos do meu pai estavam esperando na varanda, dois entraram no carro com meu pai e Miguel e um ficou comigo.
Assim que o carro partiu convidei o homem - que mais parecia um armário - pra entrar mas ele não aceitou, disse que ficaria ali para monitorar o perímetro.
Subi pro meu quarto e não conseguia parar quieto, não conseguia dormir. Só de pensar que eles estariam indo de encontro daquele monstro e estariam correndo risco de vida...me deixava extremamente assustado.
O tempo ia passando e ninguém dava sinal de vida, nenhuma ligação ou mensagem.
Nada.
O homem que estava lá me protegendo não me chamou em nenhum momento, sequer entrou em casa, até esquecia que ele estava lá.
30 minutos.
40 minutos.
50 minutos.
E nada.
Eles já devia ter chegado lá, já devia até ter encontrado Carlos, eu estava prestes a surtar, queria ligar ou mandar uma mensagem mas tinha medo de atrapalhar, então continuei a me remoer de ansiedade no meu quarto.
Até que me dei conta de que ficar trancado no quarto não resolveria nada, decidi descer e ir falar com o meu segurança particular e ver se ele tinha alguma informação.
Peguei meu celular e me levantei.
Mal conseguia parar em pé, estava suando frio, caminhei com dificuldade pelo corredor e desci as escadas devagar, quase imperceptível.
Chegando na metade das escadas quando eu já podia ter acesso a visão da sala, fiquei literalmente sem ar e meu mundo desabou.
O homem que estava ali pra me proteger estava caído no chão atrás do sofá, sobre uma poça de sangue, estava com os olhos abertos e respirando mas parecia gravemente ferido.
Sentado de pernas cruzadas no sofá com sua barba impecavelmente feita, vestindo um terno feito sob medida e uma arma prateada apontando pra mim, estava Carlos.
- Filhinho...quanto tempo!
Seu tom cínico e debochado me deu ânsia. Me deu nojo.
E quando me dei conta meu rosto estava coberto de lágrimas.
Estava aterrorizado.
- Olha...você não sabe a dificuldade que eu tive de encontrar você - ele falava - me dei bem graças ao imbecil do teu pai!
- Não fala do meu pai! - falei com raiva sem pensar, as palavras simplesmente saíram.
- Olha que abusado! - ele ria - mas é a verdade, você tava muito bem escondido até ele aceitar minha ajuda e abrir a boca, me poupou um bom trabalho.
- Por que você tá fazendo isso?
- Ainda preciso explicar? - Carlos era extremamente expressivo, parecia um ator em cena, o que fazia ele parecer um completo psicopata - Meus negócios sempre foram bem, sem nenhum problema com a lei, sempre fazendo o que eu queria ser ferir ninguém... ninguém que merecesse.
- Ou quem simplesmente entrasse no seu caminho...?
- É mas isso não vem ao caso - ele continuava rindo - mas então...eu só gosto de fazer o que eu quero, quando eu quero...por isso suborno todo mundo pra não ter ninguém no meu caminho...mas seu pai é um pé no saco, fica bancando o incorruptível, ninguém tem paciência pra isso moleque!
Ele se levantou e ficou passeando pela sala sempre apontando a arma pra mim.
- No começo eu só ignorava toda essa tentativa do seu pai em me derrubar, mas agora não dá mais, daqui a pouco ele ganha força e acaba conseguindo... imagina só... então prefiro acabar com isso logo.
- Me conta uma coisa...- perguntei - e minha mãe, você tá com ela só pra se aproximar do meu pai?
- Pior que não, isso foi só uma incrível coincidência...mas foi bom pra eu conhecer você e fazer isso aqui ficar mais fácil, vai ser bom te matar sabendo que você é um moleque insuportável que brigava comigo todos os dias só por ciúmes da sua mamãe! Vou adorar!
Ele deu uma gargalhada e se virou por um milésimo de segundo.
Sem entender como meu corpo reagiu, meu sangue esquentou instantaneamente e eu voltei a subir as escadas correndo.
Ouvi ele gritar atrás de mim e seus passos pesado vieram me seguindo.
Consegui ser rápido o suficiente para entrar no quarto do meu pai e trancar a porta, sabia que ele arrombaria mas só precisava de um minuto sozinho ali dentro.
Com a ajuda de uma cadeira alcancei a caixa que meu pai guardava em cima do guarda roupas e fiquei nervoso sem coragem de pegar o que tinha ali.
Uma pistola.
Toquei o metal gelado e quase me arrepiei
Não podia ter medo agora.
Não podia.
Carlos socava a porta descontroladamente e gritava!
- EU VOU PEGAR VOCÊ GAROTO! - Ele rua descontroladamente, isso tudo parecia um jogo pra ele, ele gostava de estar no poder gostava de perseguir sabendo que ganharia no final - SEU PAPAI NÃO TA AQUI PRRA TE SALVAR.
Por sorte estava com meu celular, rapidamente escrevi uma mensagem pra meu pai:
"ELE TA AQUI, VOLTA AGORA"
Enviei e larguei o celular no chão.
Segurar aquela arma me deixava extremamente apavorado, não sabia se conseguiria atirar, nunca tinha tentado pois meu pai nunca me deixou chegar perto de uma.
- VOCÊ SÓ TA ADIANDO O INEVITÁVEEEEEEL FILHO ABRE A PORTA PRO TEU PAI - ele ria cada vez mais insano, me chamando de filho, tentando me desestabilizar.
Precisava tomar coragem, ele conseguiria entrar e eu tinha que atirar, precisava atirar direito.
- TÔ TENTANDO ENTRAR COM DIÁLOGO MAS EU TÔ VENDO QUE É IMPOSSÍVEL - O tom de voz de Carlos tinha mudado completamente, tinha ido de teatral e psicótico para um tom grosso, quase maligno que me fez arrepiar dos pés a cabeça - JÁ PERDI A PACIÊNCIA FILHOTE! SEU TEMPO ACABOU E AGORA VOCÊ E SEU PAPAI DE VERDADE VÃO PAGAR!
Dois disparos ensurdecedores quase me fizeram derrubar a arma, mas me mantive firme.
Ele atirou no trinco da porta para que conseguisse entrar e depois socou o pé na porta fazendo com que ela abrisse bruscamente.
Assim que consegui vê-lo puxei o gatilho e ele também puxou.
O barulho dos tiros me deixou desnorteado.
Tudo parecia em câmera lenta e minha mente começou a trabalhar em alta velocidade, meu pai veio a minha cabeça, enfia Miguel, minha mãe, meu primo e meus tios, o presbítero Edson e até meu professor Marcelo que não via a tempos.
Tudo que eu vivi estava passando pelos meus olhos em frações de segundos.
Depois do tiro caí bruscamente no chão, desnorteado.
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Então babys, é isso!
A última parte do final será postada logo logo, ainda estou escrevendo mas já tá tudo pronto na minha cabeça, então faça sua aposta e dê seu palpite do que você acha que vai acontecer nesse final.
Comente sempre, pois motiva bastante.
Até logo.
Excelente! Tô ansioso, para saber como termina...
Ahhhh continua logo amei seu conto! 😍