Aquela ligação

Era noite, já estava quase pronto pra ir dormir naquela sexta feira, cansado de trabalho pós graduação, gente chata.
Estava já no metrô, região da Paulista quase tudo fechado ao meu redor, o telefone vibra no bolso da calça, a essa hora? Será que aconteceu algo com alguém da minha família ou um amigo próximo precisa de ajuda, olho o número incrédulo.
Depois de 5 anos minha ex namorada me ligando essa hora, atendi. Não tivemos um fim traumático, só a chama da paixão apagou, ouço o alô dela seguido de um animado "como vc está?", a conversa segue protocolar, até por uma dessas coincidências da vida, ela diz que estamos próximos, me ofereço para encontrá-la, um rosto conhecido.
Me deslocou até a lanchonete onde ela disse que estaria, na primeira olhada não a vejo, de repente uma mão se levanta e balança chamando minha atenção, ela está muito diferente, cabelo maior e na cor verde, mais piercings além daquele na sobrancelha e o do nariz, alguns na orelha, outro no canto esquerdo do lábio inferior.
Ela está em ótima forma, braços bem delineados a coxa grossa e bem definida envolvida pela curta saia de vinil, nos cumprimentamos com dois beijos, costume natal que ela não perdeu em São Paulo, o segundo beijo pega no canto da boca.
Ela ri, se diverte com minha surpresa, diz que foi sem querer mas não era o suficiente pra matar as saudades, peço algo pra comer também, o papo rola até a lanchonete fechar as 1:30 do sábado.
Já estava pronto pra me despedir, mas ela pede que a leve até seu apartamento, não é longe meia hora de caminhada de onde estamos até proximidades da rua da Consolação, no caminho vamos falando das experiências, ela diz porque mudou, se tornou independente, não precisa mais de ajuda dos pais, tem seu próprio negócio, da aulas de dança em 3 academias da região, faz piercings num estúdio de tatuagem de um amigo e ainda tem tempo pra fazer free-lance de modelo. Ela está no auge, desabrochou completamente, me intriga o que deu nela para querer me ver, como se pudesse ler minha mente diz que até hoje fui seu melhor namorado, o que mais incentivou e satisfez afetivamente e sexualmente, confesso que depois dela não fui mais o mesmo, me veio na cabeça o motivo do término queria ficar solteiro pois achava que a quantidade podia superar a qualidade, que tolo.
Ela pergunta se estou triste, falo da minhas mazelas como mágica suas palavras de incentivo tiram o peso do meu ombro.
Chegamos, ela está entregue por um segundo penso que devo ir, quando ouço seu convite pra subir. Explodo de felicidade mas digo um breve sim, antes de entrar no apartamento já imagino em minha mente um cenário de beijos avassaladores, roupas pelo chão e nossos corpos suados.
A realidade é ela me pedindo ajuda para tirar a bota, eu também fico sem sapatos e ela me oferece uma cerveja e diz que precisa de uma ducha, ela volta rapidamente vestida com uma camisola leve, arrisco uma olhada pra saber se há mais alguma peça de roupa mas não consigo ver e ela sente a maldade no meu olhar, me oferece também uma toalha e assim que volto do banho pergunto se tem algo para eu usar.
Puxando a toalha ela diz que não é preciso, o beijo em seguida responde a qualquer dúvida que tive, minha mão logo descobre que realmente a camisola era a única peça de roupa.
Vejo suas novas tatuagens, as que não conhecia entre elas um coraçãozinho opaco, ela diz que um dia preencherá com a cor do seu verdadeiro amor, rimou digo e entre risos novos beijos que terminam na cama.
Parecia que os cinco anos não passaram, o encaixe é perfeito, minha língua percorre os seios firmes e bicudos, suas mãos me estimulam, o líquido expelido pela glande é abundante e ela leva a boca me provacando, minha mão sente mais um piercing, uma argola com uma pequena bolinha ao redor do clitóris.
Em segundos estou manobrando a joia com a boca, seus gemidos se soltam e logo sinto o familiar sabor do seu prazer, a retribuição vem rápido, lambidas vagarosas pela glande descendo até o escroto, estou nas nuvens, sua mão agora massageia a cabeça da pica enquanto a boca se ocupa das bolas, sinto que assim vou explodir em gozo mas ela impede, se movimenta sobre meu corpo e me beija, os sexos se encontram e estou parado assim como ela nossos olhos se encontram e logo o rebolado dela faz com que a movimentação dos quadris comece me sinto totalmente envolvido não é só amor, há luxúria desejo é lascívia de ambos.
A pegada vai ficando mais forte, os gemidos são intercalados por palavrões, sons de tapas nas nádegas e do impacto das investidas fortes e profundas.
Pequenas sensações orgasticas percorrem meu corpo sinto que ela tem gozos múltiplos, não aguento mais me conter e dentro dela me esvazio. Seu olhar não é de reprovação mas de vontade de quero mais, ela diz que não devo me preocupar, está em dia com a pílula.
A noite segue mais uma transa e outra, o sono e os sonhos veem, acordo numa cama que não é minha, agradeço aos céus não ter sido só um devaneio, olho no relógio já passa das duas da tarde, me levanto e a vejo na pequena cozinha preparando um desjejum pra nós dois.
Ouso mais um beijo, que é o mais bem recebido do nosso reencontro, na memória me vem a ligação inesperada, que coincidência maravilhosa.
Ela me pergunta após mais uma foda bem dada, com o corpo suado se realmente tenho que ir, respondo apenas no domingo a noite com a roupa de trabalho na máquina de lavar que na segunda eu vou mas se ela quiser a noite volto, ela sorri e no fim das contas nunca mais fui embora.
Compromisso selado com o preenchimento do coração na virilha dela na cor vermelha e na minha na cor verde.