28 é minha idade atual. Aos 4, meu pai, um homem 10 anos mais velho que minha mãe, faleceu de causas naturais. Se eu fosse maior, provavelmente teria sido um choque. Só que não foi. Mal lembro dele. Minha memória registrou mesmo quando ela me apresentou ao Andreas, 2 anos depois:
- Ele é "um amigo" da mamãe, Júlio.
- Mas Andréa não é nome de mulher? - comentei, ingênuo.
Risos ecoaram pela sala.
- É que meus avós são laaa da Itália, Julião! - respondeu ele, com seu sorriso inconfundível.
Um sorriso não do estilo bonachão, "arreganhado", como diria minha avó. Sorriso másculo, um pouco convencido, muito convincente e que, desde então, considerei sincero.
Não foi difícil me acostumar com Andreas. Primeiro "amigo", depois namorado - e dentista, enfim marido de minha mãe. Nossa convivência era natural, agradável. Eu entendia perfeitamente que meu pai seria sempre aquele da foto, o que me deu amor quando bebê, um sobrenome e tudo mais. Entendia que aquele que dividia casa, refeições, banheiro, almoços em família, a vida toda, enfim, era apenas padrasto. E mesmo ciente disso, um dia, perto do meu aniversário de 8 anos, escapou:
- Me passa a margarina, pai?
Fiz uma careta e um ruído engraçado com a boca na hora. Mamãe se emocionou. Andreas ficou em choque:
- Júlio, não precisa me chamar de pai...
- Desculpa. Aconteceu.
- Não fiquei bravo, Julião! Não precisa se desculpar. Só não precisa me chamar assim se não quiser, tá bom?
Disse ele, me pegando pela mão, com seu sorriso de sempre, mas um pouco mais afável.
- Ué, qual o problema? – interveio minha mãe – E se ele quiser chamar assim? Você quer chamar ele de pai, Júlio?
- Não sei se eu quero. Tô com vergonha!
- Não precisa ter vergonha... – disse Andreas, encarando minha mãe - não é, Nice? Me chame de Andreas, de tio, de amigo... Como achar melhor.
Passada o embaraço daquele roteiro de perfeito comercial de café da manhã, ficou só pai mesmo. Até hoje. Que ironia.
Todas as fotos dos anos seguintes são de uma mulher comum, loira de farmácia, porém muito bonita, de um filho de italiano moreno, magrelo, sério, com algumas tatuagens, e de um garoto desajeitado, crescendo. Porém depende. Sempre fui do time dos garotos mirrados, baixinhos, branquelos. Estava na cara que Andreas não era meu pai biológico, mas nossa sintonia e alegria era de uma autêntica família. Fomos extremamente felizes.
Mas acabou. Outra vez, minha família sofreu uma ruptura. Nisso, eu já tinha 15 anos. Lá estava o homem que tinha me visto crescer, me sustentado parcialmente (mamãe sempre trabalhou fora), cuidado dos meus dentes, tolerado meu gênio na puberdade, me ensinado a calcular raiz quadrada e a usar barbeador... indo embora. Juntou suas coisas, enfiou tudo no carro e, pela primeira vez, o vi chorando ao se despedir de mim:
- Nada vai mudar entre a gente, ouviu, Julião? Você vai poder contar comigo pra tudo, do mesmo jeito. Eu sempre vou te amar, meu filho.
Isso sim foi um choque. Eu fiquei puto. Chorei, esperneei, rasguei uma foto de família. Xinguei, culpei a ele, a mim, à minha mãe. A minha mãe. E não é que ela era mesmo a culpada real e oficial?
Bom, não vou passar pano pro Andreas. Reza a lenda, que "ele não entendia os sentimentos de uma mulher". Vaidade também não era o forte dele nas década de 90 e 2000. Minha mãe arrumou justificativas fajutas ou não para o caso com seu colega de trabalho, com quem chegou a namorar logo em seguida, para o meu desespero.
- Eu não quero que ela case de novo pai! Eu não quero outro cara aqui dentro de casa... Esse lugar é seu! Não quero outro pai..... Só o que me deu a vida e você são suficientes. Eu amo você pai Andreas.
Assim eram as mensagens que eu trocava com ele via e-mail, via celular e até via depoimento de Orkut!
Andreas tinha mudado de casa, de cidade. Até de cabelo. Tentei fazer o barro acontecer por quase um ano. Só que não tinha volta. Logo, o divórcio estava assinado. Excelente pessoa, manteve sua promessa de não se afastar e não me desamparar economicamente, mesmo não tendo obrigação.
Quando entendi que era hora de seguir em frente, minha mãe optou por ficar sozinha, o que, com egoísmo, achei ótimo. Nessa mesma época, meu colegial chegou ao fim. Não participei da formatura. Andreas contestou:
- Como não vai fazer? Temos que marcar outra coisa, então. Vem me visitar aqui.
Mamãe concordou, e, se assim não fosse, eu teria ido do mesmo jeito. Morria de saudades do meu pai. Nunca mais o tinha visto.
Tive um semana ao seu lado, na chácara na qual ele morava só. Andreas estava renovado, sorridente, independente para os padrões de um macho hétero.
- Aprendi a cozinhar, a usar a lavadora direito, a malhar sozinho, a cuidar das plantas...
- Das galinhas também? - aproveitei para fazer uma piada horrível.
- Delas principalmente! - Andreas não perdeu a deixa.
Contou de algumas conquistas, nada sério. Contou de suas roupas novas – dava pra perceber, bem mais modernas.
Ele estava bem. Mamãe estava bem. E eu, também. A felicidade de cada um havia voltado, ainda que separados.
Lembro que minha sexualidade enfim tinha vindo à tona. Perdi minha virgindade com um magrelo feioso do meu bairro, me arrependido, me fechado, me reprimido. Não conseguia me abrir com ninguém da família, da escola, de lugar nenhum.
Já aos 19, as coisas fluíram um pouco melhor. Arrumei namoradinhos melhores, mais bonitinhos, ainda que tudo bem escondidinho. Fiz cursinho pela segunda vez, conheci mais gente, fui aprovado na faculdade de Geografia. Comecei, desisti. Trabalhei ajudando minha avó, enquanto decidia um novo rumo a seguir.
Até os 21, segui revendo Andreas todo final de ano. Seu consultório havia crescido, a chácara, deixada de lado por um belo sobrado na área urbana. Mais gato que nunca, estava prestes a casar com uma trintona linda e simpática.
- Relaxa, Julião! Sua verdadeira vocação vai aparecer... Nem eu, até hoje, sei o que quero fazer da vida.
- Como assim, pai? Você é dentista e ganha superbem.
Rimos juntos.
- Mas tem hora que enche o saco... Dá vontade de fazer outra coisa, só não sei o quê. O importante é você não ir na conversa furada dos seus avós e dos seus tios... Tua mãe não fez faculdade, já trabalhou em várias coisas diferentes e não fica sem dinheiro, certo?
- Certo...
- Então! O importante é não parar. Aliás, você devia fazer uma academia, né, meu filho? 21 anos e carinha de 16 até quando?
Eu ri:
- Nem fale. É um saco parecer menor de idade até hoje! Mas eu sou sedentário, não adianta...
- Eu dizia isso... E olha agora...
Andreas contraiu o bíceps rindo e fazendo força. Diria que aquilo me deu arrepios. Mas não deu. Eu não o via como vejo hoje. Não ligava para caras definidos em academia e com os pelos raspados. Naquele momento, não.
Quando superei alguns traumas e dúvidas, ingressei na faculdade novamente. Design digital. Com essa eu me identifiquei, amei, aproveitei. Fiz novos amigos, mudei o guarda-roupa, participei de festas, arranjei namorados. Me assumi e fui apoiado pela família. Ufa!
O contato com meu pai de criação diminuiu em quantidade, mas não em intensidade. Nos falávamos, trocávamos confidências. Ele me aceitou tranquilo. Mais que vários parentes de sangue, aliás. Fiquei apenas com a sensação que Andreas, agora com uma filhinha para criar ao lado da nova esposa, havia se tornado um paizão inseguro e ciumento. “Se cuida, viu? Em dobro!”, “Levou fora de marmanjo? Eu quebro a cara dele pra você!”, “Nada de me trocar por cueca ou me esquecer, hein? Sou teu pai pra sempre, filhão.”, “Saindo com cara mais velho, é? Mas você já tem um pai aqui!”, e risos. Nesse tom foram as nossas conversas, via telefone e mensagem, por um longo tempo.
- Ele deve estar se sentindo mais pai que nunca, agora que tem uma filha de sangue – concluí ao lado da minha mãe.
Naquele final de ano, eu estava estreando várias roupas novas, fruto do meu salário como estagiário de comunicação de uma grande empresa. Nada mal. Shorts curtos, regatas que mostravam meu corpo, ainda magro, mas mais definido pela musculação, a qual enfim me rendi, e revelado pela depilação. Eu estava me sentindo uma delícia, pegando geral. Jovens, velhos, caras normais, de físico comum ou então bombados – que despertaram meu interesse, após começar a malhar. Saía com todos os tipos. Envolvimento sério naquele momento? Nem pensar!
25 anos completos e mais um 25 de dezembro chegando. Andreas me convidou para passar o Natal e o Ano Novo em sua nova casa (se mudou outra vez!).
- Não aceito não como resposta, filhão!
- Mas, - sempre achei reveillon em família um saco – eu estava planejando passar o ano com a galera da facul, pai...
- Vai trocar seu paizão lindo aqui por um bando de pessoas que vai sair da sua vida após a formatura?
- Que cruel e dramático você, doutor Andreas...
Ri na época. Hoje, reconheço que ele estava certo. Acabei aceitando.
Desde que ele foi me buscar na rodoviária, com seu sorriso maroto e sincero, panturrilhas torneadas à mostra, e uma camisa de mangas curtas prestes a explodir por causa dos seus bíceps cada vez maiores, algo me despertou. Como uma faísca intensa, mas que, num primeiro momento, ficou ofuscada por novidades mais esfuziantes a nossa volta.
- E minha irmãzinha?
- Ano que vem completa 4 anos! E o estágio? Vai te efetivar?
- Assim espero. – respondi admirando seu rosto suado – Que calor da porra nessa tua cidade, pai!
- Nem me fala! – respondeu ele, puxando a bermuda jeans, super estilosa um pouco para cima.
“Que pernonas...” – pensei involuntariamente.
- Tenho uma mega novidade pra te contar no almoço, Julião!
- Adoro! É de trabalho?
- Sim! – respondeu sorrindo para mim – Você tá lindo, filho! Mas que roupas curtas, hein... Já tá se achando forte, seu frango?
Ri e dei um tapa no braço dele, pensando no quanto ele estava forte, e disse:
- Minha roupa tá comprida pra esse calor, papai maromba!
Ele ri alto:
- Papai maromba? Tá aí... Gostei!
- Uma academia? – perguntei espantado, no meio do almoço - Mas, pai...
- Nem adianta tentar, Júlio! – respondeu Alexandra, sua esposa – Ele queria vender o consultório e tudo.
- Mas sua querida madrasta não deixou, filhão! – comentou Andreas, fazendo careta – Vou seguir atendendo algumas vezes na semana, só que meu foco agora vai ser a academia. Vocês são chatos, né? Me tornei um entusiasta apaixonado por musculação. Por que não investir?
- Por ser outra área muito distante da sua, pai... Que loucura.
Ele estava decidido, apesar de ter graduação, pós, doutorado e anos de experiência em odonto. Em meio aos 33 graus de temperatura e ao debate acalorado às 2 da tarde, Andreas resmungou:
- Que calor da porra! – e tirou a camisa, pendurando-a na sua cadeira.
Me peguei observando cada movimento de seu corpo forte, desenhado e muito bronzeado. Alexandra e Nayara, minha irmãzinha postiça, nem ligaram. Deviam estar acostumadas, diferente de mim, que recriei aquela cena na cabeça várias vezes, ao longo do dia.
“Que que deu em mim?”, me peguei me culpando, já à noite, depois do jantar. “Bom, o que que deu nele, né? Primeiro resolve virar dono de academia, agora virou um maromba influencer de Instagram de tão... tão forte, tão... gostoso!” Meu Deus! Eu estava achando meu pai de consideração gostoso. O mesmo homem que tinha me assumido e me visto crescer, por longos 11 anos da minha vida. Ao menos, ele não era meu pai de verdade... ainda bem.
- Julião? – era ele, cortando meus pensamentos, do outro lado da porta do meu quarto de hóspedes.
- Oi, pai... Entra.
Ele abriu a porta sorridente, sem camisa, suado, segurando uma cerveja:
- Bora beber uma na piscina?
Um pouco confuso e incomodado com aquela súbita atração, suspirei:
- Bora...
- Orra, que desânimo. – ele pareceu genuinamente desapontado – Sei que a viagem até aqui é longa, mas vamos curtir, né?
- Você tem razão... – percebi que estava sendo idiota – Vamos.
Andei na direção da porta. Ele estranhou e tocou meu peito, me segurando. Senti sua força, um arrepio reprimido na espinha, e fiz careta.
- Não vai pôr sunga? – Andreas perguntou naturalmente.
- Ah... Óbvio!
Virei de costas e me afastei dele. “Júlio, relaxa... Você não fica nervoso assim nem com macho”, pensei “Se bem que ele tá virado um macho”. Abri minha mala e, rapidamente, achei minha sunga. Era pequena, colorida, bem gay. Foi quando notei que Andreas ainda estava ali, bebendo e me olhando:
- Sunga bonita. Coloca logo!
- Mas, pai... – fiz um gesto com a mão pra ele sair do quarto.
- Ué, mas por quê? – ele riu alterado pelo álcool – Quantas vezes eu já vi você se trocar, filho?
Putz. Ele tinha toda razão. Mesmo depois de adulto, nos trocamos um na frente do outro com naturalidade em alguns passeios.
- Sei lá, nem tô raciocinando direito. Tô tão cansando... – inventei.
De costas para Andreas, tirei minha roupa. Tentei recordar de como era o pau do meu pai de criação, mas só lembrei de tê-lo visto em estado de repouso. Ao menos em pensamento, me pareceu bonito.
- Tá saradinho mesmo, hein... – Andreas comentou, num tom de voz que não identifiquei.
Senti meu coração acelerar. Ele estava reparando na minha bunda? Ela estava maior e começando a ficar torneada, devido à academia. E os boys adoravam! Vesti a sunga e virei de frente pra ele, ajeitando-a nos cantos:
- Valeu, papai maromba!
Ele contraiu um bíceps, rindo e fazendo pose:
- A gostosura é de família. E eu adorei esse apelido...
“Ele tá dizendo que eu sou gostoso, por tabela?”, me perguntei mentalmente. “Caralho, Júlio, vocês nem são pai e filho de sangue. Você tá ficando doido”, concluí.
Na piscina, me soltei e relaxei bem mais. A água estava gelada, o que era ótimo em meio ao bafo que fazia naquela noite. Senti meus músculos descansarem, me desliguei de tudo e... Ouvi Andreas e Alexandra dando um beijo de língua, no outro canto da piscina. Interrompi meu momento de autocuidado para observá-los. A felicidade que tanto exibiam em fotos de redes sociais parecia verdadeira, afinal. Eram muitos posts nos perfis de ambos mostrando-os em praias, corridas, passeios. Andreas praticava alguns esportes e ela adorava malhar, fazia dança. Eram bem atrativos e ativos socialmente. Aproveitei pra pegar meu celular e dar uma olhada no feed dela. Lembrei que Alexandra tinha um irmão muito gostoso, com cara de hétero top, também fortão.
Voltando ao casal, vi a mão de Andreas deslizando pelas costas da minha madrasta. Pensei que o clima ia esquentar e que era melhor eu sair dali à francesa. Foi quando ela parou:
- Vou ver se a Nayzinha dormiu mesmo e tomar uma ducha.
- Tá. Vou ficar aqui com o meu filho...
- Isso, ótimo! – ela sorriu sincera pra mim – Aproveita a piscina, Júlio, que o calor não vai passar...
- Ah, nem fale... – respondi sorrindo de volta.
Andreas me olhou, sorriu e veio nadando lentamente até mim. Observei seus brações, pernas e pés enormes batendo contra a água. Suspirei fundo...
- E aí? – perguntou ele me encarando, ao levantar.
Estávamos ambos dentro da água da cintura para baixo.
- E aí o quê, pai? – estranhei.
- Como tá esse fogo, rapaz? Pegando geral ou tá de rolo?
- Tô numa fase mais de pegação mesmo...
Ele sorriu maroto:
- Safado! E eu achando que você ia sossegar um pouco por agora... – ele começou a se alongar dentro da água – 25 aninhos... Faculdade e emprego encaminhados...
Continuou dizendo mais algumas coisas, mas eu só conseguia prestar atenção em seu físico molhado. Depois, reparei a forma como seu rosto e sua barba grisalha se mexiam enquanto falava comigo. Seus olhos encontravam os meus e eu me sentia vivendo em câmera lenta. Vivendo uma nova, deliciosa e proibida fantasia...
- Mas tá certo! – escutei isso e senti suas mãozonas me segurando pelo ombro, enquanto disse – Se quer aproveitar mais, aproveita.
A sorte é que, naquele ângulo, Andreas jamais poderia ver meu pinto armando barraca dentro da sunga. Principalmente, quando se afastou um pouco e ficou de costas pra mim. Continuou falando:
- Aqui perto tem um barzinho LGBT bem famosinho...
Suas costas eram perfeitas. Admirei-as e achei melhor responder:
- Sério? Acho que vou lá amanhã, então...
- Ah, por que que eu fui falar, né? – ele debochou – Vai me trocar por macho e rolêzinho, vai?
Ele começou a rir e a me jogar água. Retribuí:
- Como você é besta, pai!
Rimos, bagunçamos e nos divertimos muito. Do nada, Andreas me puxou e meio que me abraçou, daquele jeito que hétero gosta, sabem? Uma mão nas minhas costas, outra na minha barriga, ombros colados, cabeça um pouco inclinadas.
- Te amo, Julião... Te amo e quero cuidar mais de você.
Me senti um pouco trêmulo. Por mais que eu o amasse como pai, naquele instante, apenas o desejo carnal parecia tomar conta de mim. Aquele abraço estava acabando comigo! Senti minha bunda ficar inquieta, enquanto meu pênis lutava com minha consciência pelo direito de ficar ereto.
- Mais ainda, pai?
- Ingrato! – ele dramatizou.
Me soltou e voltou a me jogar mais água, rindo eufórico. “Ufa!”, suspirei em pensamento. Entrei na brincadeira e “desanimei”. Depois, bebemos mais um pouco até cada um dar boa noite e seguir seu rumo. Óbvio que me acabei na punheta durante o banho. Gozei litros na parede de um banheiro social da casa do meu pai, pensando nele, nos seus músculos, na pele queimada e bem cuidada, no seu sorriso, seus olhos escuros... Foi muito intenso. Daquelas bronhas que a gente nunca esquece.
O dia seguinte foi normalzinho. Passeamos em família num shopping e num parque local. À tarde, consegui ingresso para o tal bar LGBT. Depois do jantar, surpreendi ao aparecer na sala da casa com um shorts curto e uma camiseta colada. Alexandra adorou. Meu pai adotivo fez careta:
- Nossa... Roupa apertada, hein, Julião?
- Vai regular como eu visto agora, pai? Você nunca foi disso! – retruquei.
- Ele tá lindo e super na moda, Andreas... – argumentou minha madrasta, brincando com a Nayzinha.
- Mas é roupa mais de adolescente, não acham? – Andreas insistiu.
- Quando eu era adolescente, não usava roupa assim de vergonha, né, doutor Andreas?
- Tá certo... – ele se emburrou – Você tá certo. Vai lá e aproveita.
Alexandra e eu reviramos os olhos em sintonia. Me despedi e saí. Naquele momento, não entendi o comportamento dele.
A noite foi maravilhosa. O bar era surpreendentemente agradável. Além de ficar com uns 2 ou 3 caras supergatinhos, reencontrei Rodolfo, um amigo de infância. Na época, ambos sofríamos bullying por sermos gays no armário. Ele bem mais por ser mais afeminado e, óbvio, por ser negro e adorar axé, funk etc.
- Menina, faz 12 anos que eu vim pra cá! E você? – ele indagou.
- Eu não moro aqui! Vim passar o fim de ano com meu pai... Ele que mora aqui.
- Jura?
- Aham, olha... – peguei meu celular e mostrei uma foto nossa a ele – Esse aqui é ele... Essa é minha madrasta e a pequena, minha irmãzinha.
- Esse é teu pai? – a poc vidrou os olhos e me encarou em seguida.
- É... – sorri malicioso.
- Menina... – ele começou a rir – Eu com um pai desses cometia um incesto!
Rimos muito. Eu, de nervoso, fingindo que aquela ideia realmente não passava pela minha cabeça.
Rodolfo e eu voltamos ao bar nos dias seguintes e curtimos muito. Andreas começou a pegar no meu pé. Disse que eu saía demais, chegava muito tarde, estava perdendo os dias dormindo, não passava tempo com a família, principalmente com ele e AAAAAAAHHH. Fiquei exausto. Acabamos discutindo feio!
Na sequência, me tranquei no quarto e comecei a chorar. Eu estava meio zonzo de ressaca, me sentindo vulnerável e... imaginei Andreas entrando ali, me pedindo desculpas. Depois senti que ele me abraçava forte, limpava as lágrimas do meu rosto... me beijava na boca, tirava na minha roupa, dizia que me amava. As lágrimas só secaram quando minha cueca se encharcou de porra. Outra punheta insana pensando nele. Dormi e acordei horas depois pensativo. Não tinha como negar. Por mais que fosse puro tesão cego, fantasioso e egoísta, eu estava a fim do Andreas. E agora?
Se é loco.ckm um pai desse eu perdia cabeça
Nossa..... Que delicia de conto
Interessantissimo.Quero ler a segunda parte.Está perfeito a história.
Muito feliz que estejam curtindo meus contos!
Que delícia de conto!!!