No conto anterior, contei como chegamos na casa do sítio, depois de ter saído da casa grande da fazendo, porque Marco não tava curtindo ver a Fran participando da suruba com os outros amigos.
Lá estávamos nós dois, numa casa de madeira, com uma garrafa de vinho, um fogão a lenha aceso, completamente pelados. O cenário seria perfeito pra uma foda surreal se não fosse o fato dele ser hetero machista e eu um gay não assumido. Tudo bem, as coisas são assim mesmo.
Sentamos em frente ao fogão e ele começou a me contar sobre suas histórias. Disse que estava até querendo noivar com a ex namorada, que ela fodia bem pra caramba, que tinha uns peitões enormes... mas que por ela gostar tanto de sexo é que tinha traído dele. Na primeira vez ele até perdoou, e na segunda não teve jeito. O nome dela era Marina. Depois ele reencontrou a Fran, anos depois da escola e acabou se interessando nela. Me contou que estava até com um presente pra dar pra ela agora nas férias, que ia pedir ela em namoro.
- Porra, cara... é foda... Tô até desconfiando que nem curto trepar, porque isso é o que estraga os relacionamentos...
Depois dessa fala do Marco, parece que não ouvi mais nada. Fiquei muito pensativo sobre isso. Ele falava e eu tentava voltar a lembrança do que ele tinha dito exatamente. Mas ele estava completamente bêbado, tinha misturado caipirinha quente, cerveja quente, e agora aquele vinho...Obviamente não sabia o que estava dizendo. Interrompi uma das suas frases confusas:
- Marco! Pera aí, você acabou de dizer que não gosta de transar porque isso estraga os relacionamentos?
- É cara, pode ver como todo relacionamento, de namoro ou casamento, acabam por causa de sexo... Olha isso que tá rolando na casa grande agora. Não faz sentido nenhum... Essas pessoas tão lá, se esfregando, um monte de pau, de cu de buceta, todo mundo gozando, sem nenhum sentido. Ninguém se gosta, ninguém se importa com o sentimento...
Marco era um cara matuto, machista, grosseiro mas tinha sentimentos. Era muito contrastante pra mim perceber que por trás daquele tipão tinha uma pessoa totalmente sensível...
- Mas você não sente prazer quando transa, cara?
- Ahhh Lucas, sei lá bicho... Acho que nunca transei de uma forma que eu dissesse que é algo tão bom assim... Porque eu me envolvo fácil. Se alguém me dá atenção, já tô envolvido... Aí fodeu. O pau endurece só quando o coração bate mais forte.
Embora a frase tenha sido muito brega, percebi que a fala do Marco era sincera. Levantei do banco, abri o armário, peguei uma panela e resolvi fazer alguma coisa pra gente comer. Só tinha aqueles sopão de pacote. Comecei a cozinhar e ele ficou sentado atrás de mim me olhando e falando um monte de coisas sobre a Marina e a Fran.
Quando terminei o preparo, coloquei em dois pratos, entreguei um no colo dele. E a bebedeira era tanta que na primeira colherada ele derramou e queimou o canto da boca e a barriga. Corri pro banheiro, peguei uma toalha de rosto e voltei pra limpar. Ele ria e dizia "isso amorzinho, limpa direitinho o teu bebadozinho"...
- Eu limpo, só não vá se apaixonar...
- kkkkk como assim? porque você tá peladinho aqui na minha frente, com essa bunda mole e caída?
- Não! Porque você disse que o pau endurece quando o coração amolece...
Ele ficou sério e pensativo.
- Aliás, Marco. A propósito... Essa bundinha mole e caída não é pra esse pintinho tipo o teu! kkkkkkkk
Marco aparentemente não desconfiava que eu era gay. E o fato de meus pulos terem sido tão escondidos fazia com que ele não acreditasse caso algum burburinho surgisse naquela cidade do interior em que vivíamos.
- Ô Lucas... fala sério. Tu já deu essa bunda aí pra algum macho?
- Lógico, Marco! Ce não sabia que eu sou gay?
- Caralho velho! Não é possível. Mas tu nem é afetado assim como o Léo. Mas xoxota tu come também?
- Nããããão! Kkkkkkkkkk
- Por isso você chamou tanto homem pra vir pra cá e só duas "racha"?
- Claro que não kkkkk... Para de ser idiota kkkkkk Eu não trago gente pra cá pra foder.
- Nem pra ser fodido?
- Aí depende de quem tá querendo me foder...
- Sai fora, se isso for uma cantada já te disse... não gosto de viado... quer dizer, só pra ser amigo. Só gosto de mulher. Não vou te comer kkkkk
- ai ai ai como você é burro, Marco! você acha que todo gay dá o cu? Que nenhum come? kkkkk
Ficamos por uns cinco minutos em um silêncio total. Até que ele virou o prato de sopa e tomou fazendo barulho.
- Muito boa a sopa. E agora? o que vamos fazer?
- Eu ia sugerir tirar a roupa, mas a gente já tá pelado né? kkkkk
- Pois é.
- Então acho que não tem mais nada pra fazer né?
- Vamos dormir?
- Vamos!
Eu queria morrer por ter concordado. Mas estava dividido entre sentimentos muito estranhos. Queria dar um beijo de língua naquele cara, mas tinha medo da reação dele. Queria fugir, mas ele estava bêbado demais, o que também não me daria direito de tirar uma casquinha. Ou seja, nada do que eu quisesse seria possível naquele instante.
- Lucas, chega aqui no quarto...
Entrei depois de ter lavado os pratos.
- Cara, aqui está congelante de frio. E eu não consigo dormir de roupa... faz mal se eu puxar os dois colchões e a gente dormir na sala?
- Mas marco, são duas camas. Pode puxar o teu pra sala, eu durmo aqui bem de boa.
- Velho, você não vai rir? Tenho medo de dormir sozinho nessa casa estranha.
- kkkkkkkkkkkkkk, emotivo, carente, pinto pequeno, medroso... o que mais você vai me mostrar de defeitos, Marco? Se continuar assim, vou achar que tá fazendo isso pra eu não me apaixonar por você... Só que não está funcionando...
- Como assim?
Ajeitou os dois colchões em frente ao fogão a lenha e deitou exatamento do jeito que veio ao mundo: peladão. Bem na emenda dos dois colchões. Em dois minutos ele fez uns sons que parecia estar dormindo.
E eu fiquei deitado um tempão, com raiva dessa situação toda.
Mas lembrei que na noite anterior eu havia mentido algumas coisas que ele fez, e ele não lembrava. Então resolvi arriscar.
Com calma coloquei a mão por baixo das cobertas. E tateei procurando aquele pau.
O meu subiu na hora. O dele só deu sinal de vida minutos depois.
Olha que eu peguei em muita rola. Mas aquela era deliciosa. Quente, perfeita.
Será que Marco estava percebendo o que eu fazia? Será que o porre era tanto? Será que ele não estava sentindo minha mão acariciando sua pica?
Pelo sim e pelo não, preferi tirar a mão. Mesmo com muita vontade de continuar.
Quase quarenta minutos depois, meu sono ainda não havia vindo.
E escuto ele dizendo:
"Por que parou, Fran?, volte a mexer em mim".
Novamente eu podia me aproveitar da situação, porque ele não sabia quem eu era. Talvez estivesse sonhando com a vadia da Fran. Mas não quis. Não seria justo com ele e nem comigo.
- Não é a Fran que está aqui, Marco. Sou eu, o Lucas.
Resmungando dormindo ele me diz:
- Ah, oi Lucas... desculpa, tava sonhando com a Fran. Era você que estava pegando no meu "pintinho"? kkkkkkkk
- Era eu sim - respondi bem sério. - É pra continuar ou não?
Marco se assustou, sentou na cama e me olhou nos olhos com a penumbra da lenha no fogão:
- Tá falando sério? você pegou na minha rola?
- Peguei. E ela ficou dura. Muito duro. Acho que mais dura que das outras vezes, com as meninas pegaram no teu pau... Me deixa te fazer gozar?
- Cara! Não, isso é muito errado... - respondeu puxando a coberta. E em seguida deitou novamente.
- Tá bom, Marco. Te respeito. E se você não quer, vamos dormir e pronto.
Por dentro eu sentia raiva dele, porque o problema ali eram muitos tabus. Por fora, o olhei pegando no sono novamente e fiquei com pena do que ele estava sentindo.
Dormi. Acordei eram quase meio dia. Com muita ressaca. A cama do lado dele estava arrumada, com as cobertas dobradas.
Pensei mil coisas quando não o vi. Mil coisas mesmo. Resolvi tomar um banho e fiquei pensando que ele devia ter ido embora, mais confuso ainda.
Saí do banho, me vesti, e estava fechando a casa do sítio para descer pra casa grande novamente, quando vejo ele na estradinha subindo com uma caixa térmica...
- Opa! Tava saindo? - disse Marco de longe.
- Ia te procurar. E você?
- Fui buscar o café da manhã pra gente...
(continua)