O relógio marcava 11:20h. Dez minutos. Eu respirei fundo, organizando os papéis e revisando mentalmente tudo o que planejei dizer.
Decidida a buscar uma solução rápida, saí da minha sala, sentindo a ansiedade crescer em meu peito. Com apenas dez minutos até a reunião, o tempo parecia voar, e eu precisava me sentir um pouco mais vestida, ou pelo menos disfarçar a situação embaraçosa em que me meti. Caminhei pelos corredores da InovaMente, que estavam movimentados com todos ocupados preparando algo para a recepção que estava para acontecer, enquanto eu tentava conter meus movimentos para não mostrar nada, mas minha aparência não parecia chamar tanta atenção das pessoas, ou estavam ocupadas em suas próprias tarefas, que nem percebiam minha tensão por estar vestindo apenas uma peça de roupa.
As paredes brancas estavam decoradas com quadros de arte moderna, imagens que representavam a criatividade e a inovação da empresa. Porém, naquele momento, elas não faziam nada além de acentuar a estranheza da minha situação. O som do meu salto alto ecoava no chão de cerâmica, e a sensação de estar exposta me deixou em alerta. O que exatamente eu estava pensando ao deixar Barbara levar minha saia e blusa? A ideia de estar apenas de blazer, sem qualquer outra proteção, era sufocante, mas estranhamente me deixava excitada.
Quando passei pela sala de Haroldo, meu chefe, decidi perguntar se ele tinha visto Barbara. Ao me aproximar da porta, ele olhou para mim, seu rosto refletindo uma mistura de surpresa e curiosidade. O que poderia ser um olhar casual se tornou uma análise cuidadosa da minha aparência — e eu mal consegui me concentrar nas palavras que ele estava dizendo, meus mamilos roçando no blazer, quase me arrancaram um leve gemido na frente do meu chefe.
“Barbara saiu para comprar itens para um coffee break,” ele informou, um tom de desinteresse na voz, mas a curiosidade nos olhos. “Ela deve estar de volta a qualquer momento.”
Perfeito. Era exatamente o que eu precisava: um pouco de tempo para pensar e me preparar, tudo isso peladinha por baixo daquela que era a única peça que me cobria. Mas a verdade é que, a cada segundo que passava, meu desconforto aumentava. E se ela não voltasse a tempo? E se a reunião começasse e eu tivesse que me apresentar assim, vestindo apenas o blazer? Eu imaginei os olhares curiosos, os sussurros, as piadas que poderiam surgir. Meus pensamentos estavam uma tempestade, e eu precisava de uma saída.
Voltando para minha sala, não consegui evitar um leve riso nervoso, como se a situação se tornasse mais absurda a cada minuto. Era um desafio me manter focada, tentando equilibrar a racionalidade com o pânico. A atmosfera no escritório era quase palpável, uma mistura de café fresco e a expectativa do dia de trabalho, e eu estava ali, prestes a me expor em mais de um sentido.
Sentei-me de volta na minha cadeira, encarando a tela do meu computador, mas não consegui me concentrar no que estava na minha frente, me bateu uma vontade louca de enfiar novamente aquele consolo entre as minhas pernas e gozar ali mesmo, bati com a mão direita na minha cabeça, como se quisesse voltar a razão, nunca que eu faria uma loucura dessas. Em vez disso, fiquei imaginando Barbara retornando com minhas roupas. Ela riria, com certeza. E eu? O que diria? Seria uma saída fácil e digna, mas como poderia explicar a situação sem parecer uma tola? Uma parte de mim queria fazer uma piada sobre o que aconteceu, mas a outra parte estava tão imersa em um mar de insegurança que não conseguia ver uma maneira leve de lidar com isso.
O tempo foi passando e cada minuto parecia uma eternidade. As palavras do meu chefe ecoavam na minha mente: “Barbara deve estar de volta a qualquer momento.” Como eu desejava que esse “momento” chegasse logo. Para piorar, eu tinha a sensação de que tudo o que fiz até ali estava se acumulando em uma bola de neve, prestes a me esmagar. Naquele momento, olhei para o relógio e percebi que eram 11:25h. O meu coração disparou.
O ambiente ao meu redor parecia se distorcer enquanto eu tentava respirar fundo. O cheiro do café ainda estava presente, mas agora ele parecia mais opressivo do que acolhedor. A ansiedade tomou conta de mim, e eu não conseguia me livrar da ideia de que, em poucos minutos, precisaria estar diante dos diretores da empresa, mostrando não só meu projeto, mas também tentando manter uma postura que me fizesse parecer à vontade, quando na verdade eu estava em uma situação ridícula, além de totalmente excitada.
Com isso na cabeça, decidi que não poderia esperar mais. Se Barbara não voltasse logo, eu teria que encontrar uma alternativa. Levantei-me novamente, decidida a fazer alguma coisa a respeito, quando ouvi o som da porta do elevador se abrindo e, em seguida, o eco de passos, mas não era a Barbara. Eu sabia que tinha que agir antes que fosse tarde demais.
Minha mente estava em um turbilhão de pensamentos. Como poderia ser convincente? Não havia como mudar o fato de que eu estava em uma situação muito constrangedora, mas pelo menos eu poderia me esforçar para mantê-la sob controle. “Afinal,” pensei, “se Eva pôde enfrentar a vida nua no Éden, eu também posso lidar com o que vier.”
Com essas palavras de encorajamento na cabeça, decidi que estava pronta para o que quer que a vida, e a reunião, pudessem me lançar. Afinal, eu era uma profissional capaz, e isso era tudo que importava. Se a primeira impressão não fosse a que eu esperava, bem… sempre havia uma segunda chance.
Quando decidi ir ao banheiro para me ajeitar, uma sensação de urgência misturada com nervosismo tomou conta de mim. A situação era insustentável, e o último lugar que eu deveria estar era em um estado de vulnerabilidade antes de uma apresentação importante. O banheiro estava vazio, o que foi um alívio momentâneo. O cheiro de desinfetante perfumado, parecia limpar minha mente e me dar uma nova perspectiva. Mas, ao mesmo tempo, a tensão estava ali, pulsando em meu corpo, cada movimento mais cuidadoso do que o anterior.
Quando olhei no espelho, a imagem que vi refletida de volta me fez sorrir, mas também me deixou ansiosa. O blazer caía bem, mas a lembrança da saia que não estava mais presente era uma sombra constante em minha mente. Inspirei profundamente, tentando me acalmar, mas a sensação de que a qualquer momento poderia ser descoberta pairava no ar como um mau presságio.
Enquanto ajeitava o cabelo, lembrei-me da necessidade de verificar se o blazer ainda estava seguro o suficiente para me manter coberta. Com um movimento de ajuste rápido, levantei os braços e, em um descuido, senti um puxão repentino e doloroso. Foi então que percebi que dois dos botões do meu blazer haviam se desprendido, caindo de forma descontrolada. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, vi os botões rolando pelo chão em direção ao ralo.
Um grito silencioso ecoou em minha mente, e eu senti um frio na barriga. Meus olhos se arregalaram, e uma onda de desespero tomou conta de mim. “Não! Não agora!” pensei, enquanto me agachava rapidamente para tentar pegar os botões antes que desaparecessem no buraco. Meu coração disparou enquanto eu via as pequenas peças metálicas rolarem, desafiando minha capacidade de reação. Me levantei rápido, percebendo que na posição que eu estava, qualquer um que entrasse no banheiro, me veria seminua e com a bunda exposta naquela posição.
O som dos botões batendo no chão era como um eco de tudo o que estava dando errado naquela manhã. Cada movimento brusco que fiz parecia intensificar a vulnerabilidade da situação. Tentei manter a calma, mas a pressão e a ansiedade se tornaram esmagadoras. O que eu faria agora? Com dois botões a menos, o blazer estaria comprometido. E se ele se abrisse? A imagem de mim mesma de pé diante dos diretores, tentando explicar meu projeto enquanto mantinha o blazer fechado, era uma perspectiva aterradora.
As paredes do banheiro, geralmente reconfortantes, pareciam agora claustrofóbicas. O reflexo no espelho não era mais apenas meu rosto, mas uma representação de todas as inseguranças que estavam surgindo à tona. Eu estava em um ambiente que deveria ser um espaço privado e seguro, mas, ao invés disso, era como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor.
“Como pude ser tão descuidada?” perguntei a mim mesma, a voz da autocrítica se tornando mais forte. Senti meu estômago revirar, e uma onda de calor subiu pelo meu rosto. O pensamento de que, com um simples movimento, eu poderia arruinar toda a minha apresentação e me expor de uma forma que jamais imaginaria era insuportável. Ao me olhar no espelho novamente, pude perceber que de frente não teria como alguém perceber nada, mas a falta dos botões me deixavam vulnerável de lado, pois meus pelos pubianos se faziam presentes nesse ângulo, isso me deixou ainda mais agitada.
O desespero começou a se transformar em raiva — não apenas contra mim mesma, mas contra a situação em que eu me encontrava. “É só um blazer, vai ser suficiente.” pensei, tentando me acalmar. “Mas e se não for? E se eles puderem ver minha bundinha ou meus pelos ruivos?. Ah, que merda! Eu deveria ter raspado tudo, assim como minha mãe falou. Mas acho que eu me sentiria mais nua, se estivesse totalmente depilada.” A questão me assombrou. Eu sabia que precisaria de algo mais do que um simples casaco para enfrentar a sala de reunião. Precisava de confiança, e naquele momento, isso parecia um desafio quase impossível.
Decidi que, antes de retornar ao meu escritório, precisava ter certeza de que o blazer ainda me serviria, pelo menos até que eu conseguisse um plano para recuperar os botões. Com as mãos tremendo, comecei a ajustar o blazer novamente, testando sua firmeza. A sensação de estar totalmente nua ainda estava presente, mas eu não tinha escolha a não ser prosseguir.
Respirei fundo e olhei uma última vez para meu reflexo, tentando projetar confiança, mesmo que estivesse lutando internamente. “Você consegue, Suzan. Você é mais forte do que pensa,” disse a mim mesma, buscando encorajar-me. Mas a voz que respondia de volta na minha cabeça era cética, um eco de todas as dúvidas que me assaltavam. Eu precisava manter a calma, mas a insegurança e a ansiedade estavam se acumulando como um peso sobre meus ombros.
Decidi que não poderia deixar que essa situação me dominasse. Voltei para o meu escritório, tentando ignorar o frio na barriga e a pressão crescente. O corredor parecia interminável, e cada passo me lembrava do risco que estava correndo. O pensamento de estar apresentando para os diretores com o blazer comprometido me deixou ainda mais inquieta.
Quando cheguei à porta da minha sala, tomei uma respiração profunda e me preparei para enfrentar o que quer que estivesse por vir. O que mais poderia dar errado? Agora, não era apenas a apresentação que estava em jogo, mas também a minha autoconfiança e minha imagem profissional. Eu não podia deixar que o medo de ser vista de maneira vulnerável me paralisasse.
Os ponteiros do relógio marcavam 11h29. Cada segundo que passava parecia ecoar na minha mente. O blazer, com dois botões a menos, estava me deixando tensa, mas o que eu poderia fazer? Barbara não havia retornado, e eu precisava enfrentar essa apresentação.
O nome “NativaEssence” é sinônimo de produtos orgânicos e cosméticos naturais, e a expectativa com essa reunião era alta. Esta campanha, baseada na figura de Eva e no Jardim do Éden, era a minha chance de realmente mostrar meu potencial para eles. E agora aqui estou, vestindo praticamente nada além de um blazer desabotoado. Respiro fundo, tentando me concentrar. Renata, minha colega de equipe, estaria ao meu lado, ajustando os materiais da apresentação. Sabia que ela seria um suporte valioso, mas a tensão não aliviava.
Logo, vejo os quatro diretores entrando. Eles pareciam mais imponentes e formais do que eu lembrava, embora suas presenças exalassem uma elegância natural, condizente com a imagem da empresa. Enquanto eles entravam, automaticamente endireitei a postura e ajeitei o blazer, tentando ignorar o fato de que, com qualquer movimento descuidado, meu segredo poderia ser revelado.
O primeiro a entrar foi Ricardo Vasconcelos, o diretor-executivo da NativaEssence. Ele é o tipo de líder que parece comandar qualquer sala em que entra, com seu cabelo grisalho bem penteado e um olhar firme por trás dos óculos de aro metálico. Ricardo tem um porte robusto e é conhecido pelo foco no desenvolvimento sustentável e na transparência da marca. Ele acredita que a essência da NativaEssence está em comunicar o respeito à natureza e o bem-estar dos clientes. Ele me cumprimenta com um aperto de mão firme, e eu sinto o peso da expectativa em seu olhar.
Em seguida, Marília Rios, diretora de marketing e a mente por trás de todas as campanhas visuais da NativaEssence. Marília é uma mulher de presença magnética, com olhos verdes intensos e cabelo preto e ondulado, sempre impecavelmente arrumado. Ela veste um tailleur elegante e clássico, transmitindo a seriedade que a função exige. Marília é exigente e sabe o que quer; não tolera erros, mas valoriza a autenticidade. Conheço o estilo dela de outras reuniões, e é o tipo de profissional que se interessa profundamente por cada detalhe das campanhas.
Logo atrás, vem Jonas Brito, diretor de operações e um dos principais responsáveis pelo processo produtivo sustentável da NativaEssence. Jonas é um homem mais descontraído, de sorriso fácil e um olhar acolhedor. Ele usa uma camisa social azul claro e calça cáqui, transmitindo simplicidade e uma abordagem prática que o destaca entre os demais. Ele é quem sempre defende a produção limpa, priorizando fornecedores locais e a sustentabilidade em cada detalhe. Quando me cumprimenta, ele faz uma piada amigável sobre estar ansioso para ver as ideias que eu preparara, o que me faz relaxar um pouco.
Por último, entra Beatriz Correia, a diretora financeira. Beatriz é uma mulher séria e de fala direta, com cabelo loiro platinado cortado em um chanel preciso e um ar severo. Ela é a força estratégica por trás das decisões financeiras da NativaEssence, e sei que, para ela, o retorno financeiro é tão importante quanto a missão da empresa. Beatriz é meticulosa, sempre avaliando com um olhar analítico, e, embora não sorria muito, sua presença inspira respeito.
Depois de todos entrarem, Haroldo, meu chefe, aparece para cumprimentar os diretores antes de sentar discretamente para assistir à apresentação. Ele sorri para mim com um olhar de incentivo, e isso me ajuda a encontrar um pouco mais de calma.
Estamos na grande sala de reuniões da InovaMente, situada no 25º andar, com amplas janelas que proporcionam uma vista impressionante da cidade. A decoração é moderna e minimalista, com paredes de vidro, algumas cadeiras estofadas em cinza claro e uma longa mesa de madeira escura no centro. É uma sala que impõe presença, mas que ao mesmo tempo oferece um ambiente acolhedor e confortável para discussões e apresentações.
As luzes, estrategicamente posicionadas, fazem com que o espaço tenha um brilho sofisticado e criem um clima propício para negociações. À frente, uma tela grande exibe o nome da NativaEssence, acompanhado do título da minha campanha: "O Jardim de Eva - A Essência da Natureza em Você".
A cada movimento que faço, sinto o blazer ligeiramente se mover, e percebo o risco que estou correndo. Por sorte, Renata ajuda a organizar os slides e me passa a caneta de apresentação. Eu a seguro com força, como se fosse minha âncora.
“Bom dia a todos. É um prazer recebê-los aqui hoje para apresentar nossa proposta de campanha,” comecei, tentando manter a voz firme. Ao pronunciar as primeiras palavras, sinto meu coração batendo rápido, mas a adrenalina me ajuda a focar na apresentação.
Exploro o conceito da campanha, explicando que a personagem Eva é um símbolo de pureza, conexão com a natureza e autoconfiança. Nossa proposta era destacar a linha de produtos como algo que traz o cliente de volta às origens, à essência pura e natural. A ideia era representar Eva não como uma figura bíblica, mas como uma metáfora para o autoconhecimento e a valorização da beleza natural.
Enquanto apresento, noto os olhares atentos de cada diretor. Marília faz anotações, o que me deixa aliviada; Jonas acena levemente, indicando aprovação, e Ricardo mantém aquele olhar analítico, como se estivesse absorvendo cada palavra. Beatriz, como sempre, permanece séria, mas percebo um leve aceno de cabeça em sinal de concordância com os pontos financeiros que mencionei.
Eu movo levemente o braço para mudar de slide, e o blazer cede um pouco, o que me faz ajustar discretamente a posição, disfarçando a inquietação com um sorriso e continuando a apresentação. Sinto o suor frio na nuca, mas tento não me desviar do foco. Cada palavra é pensada cuidadosamente para que a mensagem seja passada da melhor forma.
Ao final, concluo: “Acreditamos que ‘O Jardim de Eva’ é uma campanha que não apenas ressoa com a missão da NativaEssence, mas que também será um marco na forma como os clientes se conectam com a marca.” Terminei com um sorriso, segurando a respiração por um segundo, aguardando a reação deles.
Ricardo é o primeiro a falar. “Parabéns, Suzan. A ideia é brilhante e mantém a essência do que queremos transmitir. A abordagem de Eva foi sutil, mas impactante.” Ele lança um sorriso leve, mas sincero, o que me alivia instantaneamente.
Marília acrescenta: “Gostei muito das referências visuais e da simplicidade sofisticada da mensagem. A campanha realmente nos representa.”
Com os elogios, sinto a confiança retornando, e o peso da insegurança diminui um pouco. Renata me lança um olhar de apoio e sorri discretamente, como se soubesse o esforço que foi para eu chegar até aqui.
Finalmente, Beatriz e Jonas expressam sua aprovação, e eu me permito respirar aliviada, sentindo que, apesar de tudo, a apresentação foi um sucesso.
Assim que a reunião terminou, a porta se abriu, e lá estava Barbara, com seu característico sorriso enigmático. “Bom, pessoal, quero convidar todos vocês para o coffee break que preparamos na sala ao lado,” disse ela, com um tom caloroso e acolhedor. A equipe inteira parecia animada com a pausa, e os diretores trocaram olhares de aprovação antes de se levantarem.
Quando finalmente conseguimos sair da sala de reuniões, observei o coffee break impecavelmente disposto. A mesa longa estava coberta por uma toalha de linho branco, cuidadosamente decorada com arranjos de flores frescas em tons de verde e branco. Havia uma seleção requintada de itens: mini croissants amanteigados, sanduíches de pão de miga com recheios refinados como salmão defumado e cream cheese, além de opções vegetarianas. Uma variedade de queijos finos estava exposta ao lado de frutas frescas, como uvas, morangos e figos, proporcionando uma explosão de cores e sabores.
Ao centro, uma seleção de bebidas: jarras de sucos naturais de laranja, frutas vermelhas e abacaxi com hortelã, além de uma cafeteira com café fresco, chá de camomila e hortelã. Tudo parecia harmonizar-se com a identidade da NativaEssence — o cuidado nos detalhes, o toque natural e sofisticado.
Aproximei-me discretamente de Barbara, aproveitando que os diretores estavam ocupados servindo-se das delícias dispostas. Com o coração acelerado, tentei parecer casual enquanto a chamava num tom quase inaudível. “Barbara,” sussurrei, olhando ao redor para garantir que ninguém ouvia. “Será que agora você poderia me devolver… minha roupa?”
Ela olhou para mim, erguendo uma sobrancelha e soltando uma risada quase inaudível, mas que não escondia a satisfação em seu rosto. “Calma, Suzan,” murmurou de volta, ainda com o sorriso travesso. “Os diretores ainda estão aqui. Imagina se você sai da sala com a saia e a camisa nas mãos. Vai parecer muito suspeito, não acha?”
Tentei argumentar, mas sabia que ela estava certa. “Por favor, Barbara,” insisti, sentindo o calor subir ao rosto. “Isso está me matando.”
Ela apenas sorriu, balançando a cabeça em um gesto de falsa pena, e respondeu baixinho: “Eu prometo que te devolvo assim que eles forem embora, Suzan. Agora aproveite o café — e relaxe, está tudo sob controle.”
Assenti, ainda que relutante, e observei-a se afastar em direção ao grupo. Senti o peso de estar ali, praticamente despida, e a apreensão da proximidade dos diretores me deixava em alerta. Olhei ao redor, vendo todos conversando animadamente, aparentemente distraídos com a comida e a boa companhia. Respirei fundo, tentando me convencer de que eu passaria despercebida.
Enchi uma xícara de chá de camomila, esperando que ao menos a bebida ajudasse a me acalmar.
Enquanto tomava um gole do chá, senti o olhar de Haroldo sobre mim. Tentei ignorar, fingir que era apenas uma impressão, mas ele estava ali, me observando atentamente. Meu coração disparou; cada detalhe do que eu estava vestindo — ou melhor, não vestindo — passou a pesar ainda mais na minha mente.
"Haroldo está só analisando como a reunião foi bem-sucedida," pensei, tentando me convencer. Mas ele continuava olhando fixamente, e, a partir de onde ele estava, na lateral do salão, o ângulo talvez oferecesse uma visão clara da falta dos botões no blazer.
Senti o rosto aquecer, e a xícara tremulou levemente em minhas mãos. Na mesma hora, desviei o olhar e fingi uma distração, fingindo admirar um dos arranjos de flores na mesa. “Mantenha a calma, Suzan,” sussurrei para mim mesma.
“Tudo bem, Suzan?” A voz de Haroldo surgiu inesperada ao meu lado, enquanto ele dava um pequeno sorriso, talvez tentando aliviar a tensão.
“Ah, sim, tudo ótimo!” respondi rapidamente, quase engasgada, virando-me para ele com um sorriso um pouco forçado. “A reunião foi ótima, não é? Eles parecem muito empolgados com o projeto.”
Ele assentiu, os olhos ainda com aquela expressão avaliativa que me deixava inquieta. “Sim, foi um sucesso. A NativaEssence está mesmo impressionada com seu trabalho.” Ele fez uma pausa, o olhar fixo no meu, antes de continuar. “Só queria ter certeza de que você estava confortável.”
“Claro, claro.” ri, torcendo para parecer despreocupada. “Totalmente confortável.”
Haroldo assentiu novamente, mas percebi que seu olhar havia notado algo. A possibilidade de que ele tivesse percebido a falta dos botões, que sabia do meu blazer ajustado, me fez questionar tudo. Por um momento, imaginei que Haroldo estivesse colocando um dedo em minha bunda, assim como Carlos fez em meu apartamento, ali estaria eu, diante de todos os meus colegas de trabalho, diante de diretores de um cliente importante, com meu chefe enfiando o dedo bem fundo no meu cuzinho, me molhei todinha na hora com esse pensamento, ficando com o rosto corado e nitidamente sentindo meus pelos pubianos encharcados encostando no pano do blazer. Por sorte, Barbara se aproximou com uma bandeja de sucos, atraindo a atenção dele para outra conversa., me deixando ali com a mesma cara de boba que eu fiz, quando Carlos abusou de mim durante a foto de domingo.
Soltei um suspiro de alívio e tomei outro gole de chá, tentando acalmar o coração que ainda batia acelerado. “Mas o que deu em mim? Por que estou imaginando uma coisa absurda dessas?” Tento me recompor, voltando a minha atenção para o coffee break.
Assim que o coffee break termina, o diretor-chefe da NativaEssence, que parecia animado com o fechamento do contrato, me lança um sorriso e diz:
— Suzan, Haroldo, que tal comemorarmos esse grande passo com um almoço? Já tomamos nossa decisão, e esse contrato será de dois milhões para vocês.
Sinto uma onda de euforia e nervosismo ao mesmo tempo. Essa conquista era uma vitória pessoal e profissional, o que me enche de orgulho, mas, ao mesmo tempo, estou bem consciente da minha situação — aquele blazer com os dois botões faltantes na parte inferior ainda é um incômodo. Tento disfarçar meu desconforto, mantendo o sorriso e agradecendo pela proposta.
Haroldo, ao meu lado, concorda imediatamente, feliz com a confirmação do contrato. Ele me lança um olhar encorajador, como se dissesse que fizemos um ótimo trabalho juntos. Dou uma leve respirada e aceito o convite, já planejando me manter o mais discreta possível.
Esse almoço será um desafio, mas também a chance de aproveitar e comemorar. É hora de dar o próximo passo.
Muito tesão
Muito bom, a cada conto vai aflorando o gosto pelo prazer...