Depois que ela saiu para ir ao seu quarto avisando que logo retornaria, imaginei que ela fosse se vestir com uma roupa mais executiva ou, talvez, fosse para frente do espelho para repetir algum mantra para fechar o negócio. Eu sabia que ela estava mais interessada no meu modo de vida, no luxo que eu poderia proporcionar a ela, mas também sentia uma coisa esquisita, que ela parecia me tratar como um objeto, algo útil apenas para lhe servir e isso me deixou muito curioso.
Nunca tinha me dobrado a ninguém e mulheres poderosas sempre são mais interessantes. Inclusive de serem seduzidas e se dobrarem a mim. O êxtase da conquista sempre findava ali. E Joana não seria diferente, já tinha saído com mulheres muito parecidas com ela e que no final ficavam de quatro mandando meter no cuzinho com mais força enquanto seus cabelos eram puxados e o rabo marcado por belos tapas até tomar leite direto da fonte como verdadeiras putas submissas.
Próximo do horário do encontro comercial que valeria alguns milhares de reais pelos próximos meses, Joana reaparece trajada num belo vestido cumprido, uma maquiagem leve com um penteado bem marcado. Parecia uma esposa de magnata, daquelas que tinham um semblante suave para atrair e um olhar firme que faz alguém fora do jogo tremer.
- Oi amor, tudo bem? Posso me sentar e acompanhar as tratativas de hoje?
Estava claro que ela iria seduzir o meu parceiro comercial. Quantas vezes não tinha ido fechar acordos em que outros empresários apareciam com uma bela loira que servia de distração enquanto inseriam o que queriam para tentar me passar para trás.
- Oi linda. Pode sim. Mas adianto que essa tática não vai funcionar.
- Já me viu negociar algo antes?
- Não. Mas não funciona.
- Não funciona porque não estive presente nas outras vezes.
Ri um pouco e dei de ombros. Não iria funcionar.
- Vamos mover as peças desse tabuleiro e aumentar a aposta?
Sempre gostei de me arriscar e ouvir aquilo foi outro fato inesperado.
- Estou ouvindo.
- Se eu fechar o acordo, nos seus moldes, eu vou poder fazer o que quiser com você.
- Especifique, está abrangente.
- Sexualmente falando. Farei o que eu quiser contigo, vou mandar e você vai obedecer. Sem limites.
- E se não conseguir?
- Invertemos o jogo e você manda e eu obedeço. Mas sem marcas, feridas ou coisas abusivas.
- Olha, eu imaginei que seria mais difícil. Mas será mais fácil do que poderia imaginar.
Joana olhou com tamanha confiança que eu por um instante me preocupei. Mas o que aquela jovem mulher poderia ter na manga. Ela se antecipou.
- Não demorei cinco minutos para desmontar sua teoria de que seduzir não funcionaria. Você mesmo já fechou um acordo. E não incluiu nenhuma condicionante.
Não tinha como lhe responder e não quis ser esnobe ao ponto de dizer algo que pudesse lhe causar alguma ira desnecessária. Ela tinha razão. Mas mexer com meus instintos quando eu queria fudê-la desde que a vi dias antes era fácil demais. Queria ver o que faria com Túlio, o parceiro comercial de 60 anos, grisalho, de pouca conversa e mais trabalho técnico, e que dificilmente investia pesado, além de ser homossexual.
Paqueramos um pouco e nos tornamos um belo casal até a chegada dele. Como previ, Túlio estava com Marco, seu experiente contador. Seriam duas barreiras. Se não ganhasse milhares de reais, ganharia uma noite selvagem com Joana. Ao vê-los, percebi que ficou ansiosa e preocupada. Se apresentou como minha esposa. Túlio sabia que era casado, mas nunca tinha visto ela.
- Finalmente pude conhecer sua esposa. Bela mulher.
Se limitou a dizer. Logo em seguida apresentaram vários documentos e livros para aprofundarem sobre minha contraproposta. Teriam passado horas analisando os riscos, que eram muitos. Joana apenas observava o trabalho duro. Mostrei meu ponto de vista, apontei para o caminho mais seguro, mas Marco logo veio com sua análise mercadológica conservadora colocar água no chop. Simplesmente dissecou todos os riscos sabendo que Túlio iria pular fora após análise.
Em meio à tensão, o garçom aparece com alguns drinks bem elaborados. Joana sorri e diz
- Rapazes, a conversa está muito interessante e bem puxada, vamos dar uma breve pausa e tomar umas bebidinhas?
Seu olhar de donzela e sua doce face tornaram o convite impossível de ser descartado. Marco, o mais seguro, foi o primeiro a concordar. Túlio inicialmente recusou, mas o tom azul da bebida que Joana tinha escolhido pra ele o seduziu. Joana iria fazer a tática da distração somada ao sentimentalismo. Que piranha baixa.
- Túlio, meu esposo sempre fala de você e do seu trabalho, mas nunca sobre você. Como começou com o seu negócio?
Sorrateira, Joana descobriu onde ele nasceu e seu vínculo familiar com a empresa de quatro gerações. Elogiou o Sul, local em que queria muito me inserir e logo notei sua jogada. Prestou atenção a cada nome que saia da boca de Túlio, foram ao menos uns vinte. Fez ele desembuchar nomes como o do primeiro gerente, de executivos que investiram nele. Tudo sem pressa, tirava todas as informações que queria. Marco apenas observava tudo e nem notava onde seu chefe ia acabar se metendo. Eu apenas fiquei no automático vendo aquela boquinha falar e aquele olhar penetrante conduzir tudo. O negócio seria fechado e ela seria minha submissa porque meus pontos não seriam incluídos, a não ser que ela estivesse mexendo alguma outra peça sem ninguém notar.
- Túlio, o senhor é formidável. Queria muito poder conhecer o Ricardo (esposo de Túlio). Com certeza seríamos uma dupla imbatível. Mas não quero atrapalhar os negócios, acho que estou até atrapalhando.
O sorriso desconcertado de Túlio, algo que nunca tinha visto na vida, me fez ficar um pouco preocupado sobre meu acordo com Joana, mas logo voltamos aos papéis enquanto ela ia ao banheiro.
Em cinco minutos, Túlio estava concordando com minha contraproposta que tinha lhe enviado pela manhã junto de seu intermediário. Tinha ganhado na Mega e o Marco, que era a pedra no sapato desde o início, pareceu ter esquecido dos riscos. Ao retornar e notar meu olhar de vitorioso, Joana não perdeu tempo.
- Fecharam o acordo?
Ao passo que todos disseram sim, sorridentes e com o drink na mão, Joana seguiu:
- Que maravilha! Sinal que veremos Túlio mais vezes! Vou amar!
Após mais um desconcerto de Túlio, ela fez o fecho:
- A propósito, vocês incluíram a expansão no Sul do país né?
Marco levantou as sombrancelhas e encarou Túlio que ficou sem entender muito daquilo. Intervi.
- Não amor, não falamos sobre isso. Essa seria uma segunda parte, se tudo dessa primeira funcionar perfeitamente.
- Isso mesmo, acredito que ela confundiu. - disse Túlio.
- Ah gente! Parem com isso, depois dessa tarde tão gostosa, porque não ampliam? A primeira parte não vai funcionar, Marco?
- Existem riscos e...
- Existem riscos em tudo. Porque não fazer que nem seu pai no começo da expansão da marca e dobrar a aposta, Túlio!
Ousada. Ninguém mencionaria nenhum membro da família de Túlio assim. Pelo visto só teria a submissa e iria explora-la bastante por ter me feito perder milhares. Mas Túlio ficou mudo por um instante.
- Você mesmo me falou Túlio, que a alma da sua empresa é a de seu pai. Especialmente pelo fato de ele ir contra as análises. Tenho certeza que ele iria se orgulhar muito. E digo mais, porque não internacionalizar a marca e seguir para o Paraguai, Uruguai e Argentina.
Arregalei os olhos e quase cuspi a bebida. Joana era louca. Para um empresário tão conservador, meia palavra sobre o pai empreendedor após umas biritas funcionariam como eu tentar dar uma banana a uma girafa, seria engraçado pensar, mas não seria efetivo.
- Sabe Joana, ao longo dos meus 40 anos na empresa eu sempre me inspirei no meu pai por ele ser aventureiro. Não foi fácil. Ele perdeu muito, mas passou a ganhar quando se cercou de boas pessoas. Seu esposo é realmente muito bom no que faz, mas em negócio a gente confia até um certo ponto. Mas quando se conquista a admiração, as coisas se transformam. Marco, triplique a aposta, chegou a hora de sair do país.
- Mas...
- Sim, é arriscado. Mas ao longo da minha vida na empresa não fizemos nada revolucionário, não fui nem sombra do que meu pai foi. Chegou a hora.
- Tudo bem, senhor. Vou processar a papelada. - respondeu Marco.
- Está pronto para fundir nossa empresa e mudar de patamar? - perguntou Túlio.
Joana, comemorando como uma bela esposa percebendo que estaria mudando de vida, pegava em minhas mãos enquanto seguia incrédulo com aquilo tudo.
- Claro que sim - falei quase não conseguindo emitir som.
Túlio sorriu para Joana, a abraçou e beijou seu rosto. Marco a cumprimentou e depois me cumprimentaram. Saíram com a promessa que enviariam a documentação final em até cinco dias para analisar os detalhes e dali a dez me queriam na sede de sua empresa para anunciar a novidade. Meu negócio já era grande, mas fundir a empresa com um dos que tempos atrás competia pelo mesmo público era muito mais do que expandir para o Sul.
Os dois saíram como dois jovens após uma noitada irresponsável, mas muito confiantes de que nada pudesse pará-los. Não movia um músculo. O que aquela mulher que tinha acabado de conhecer não fazia nem um dia tinha feito? Era alguma pegadinha? Joana sorria com um olhar sádico para mim enquanto uma coisa não saía da minha cabeça a partir daquele momento: "Não acredito que, pela primeira vez, seria eu a dobrar os joelhos para uma mulher?"
Que xeque-mate foi esse...
- Vamos ao nosso quarto.... meu SERVO...
- S..Si.. Sim, Senhora.
Continua
Um enredo instigante.