Instantes depois saímos para o carro e durante o caminho, meu pai conversou comigo.
– Você está precisando de alguma coisa?
– No momento não, pai. Está tudo em ordem.
– Certeza?
– Certeza!
– E as provas?
– Começam semana que vem.
– Estudando direito?
– Sim – menti. Minha cabeça estava mais nos últimos acontecimentos da minha vida do que nos conteúdos escolares. Principalmente a transa maravilhosa que tive com Bruno ontem.
– Obrigado pela carona, pai – disse assim que chegamos em frente ao colégio.
– Por nada. Eu deveria fazer isso mais vezes.
– O quê? – Perguntei fazendo de desentendido.
– Dar carona para o meu filho. Como nos velhos tempos...
– Quando eu era criança? – Perguntei o interrompendo.
– Isso. Sinto saudades.
Tirei meu cinto e dei um abraço nele.
Ele levou um susto no primeiro instante, mas depois correspondeu ao abraço, e ficamos assim por alguns segundos.
– Bons estudos, filho – disse após o abraço e me deu um beijo em meu rosto.
– Boa reunião para o senhor!
– Obrigado por ter lembrado – ele disse antes de eu sair do carro.
Minutos depois, durante a aula de Química, fiquei pensando em meu pai. Fazia alguns dias que ele andava mais emotivo. Não que ele não fosse, desde que eu me lembre por gente, mas, houve um tempo que ele estava mais sério, mais na dele. E agora, essa postura séria havia passado.
Será que alguma coisa estava acontecendo a ele e eu não sabia? Talvez na ausência da minha mãe ele estivesse mais solto emocionalmente? Ou, na pior das hipóteses, ele desconfia sobre minha mãe e meu irmão e...
– Ricardo você está diferente hoje – observou Miranda. – O que aconteceu?
– Nada demais.
– Me conta vai. O que você aprontou?
Fiquei com meu tio duas vezes, e fiz sexo ontem com o Bruno, deliciosamente – pensei em falar, e imaginei a careta que Miranda faria de espanto e horror misturado com surpresa.
– Ainda não aprontei, mas vou aprontar amanhã.
– O que você vai fazer amanhã?
– Um encontro oficial com o meu chefe.
– Uau! – Exclamou numa altura suficiente que fez com que o professor, Sandro, parasse a explicação da aula que estava ministrando, e perguntasse:
– Miranda poderia conceituar para mim sobre o ponto de fusão?
Todos na sala voltaram o olhar para ela.
– Sim, professor. Refere–se a temperatura na qual a substância passa de um estado para outro. Mantendo–se constante durante o processo.
– Correto. Apenas peço que não atrapalhe minha aula, por gentileza.
– Tudo bem professor. Me desculpe.
Sandro era um cara alto, barba sempre bem-feita, que usa óculos de armação redonda e possui certo charme. E, como os demais professores, casado.
Já fantasiara com ele também em minha cabeça...
– Aquele professor me paga – resmungou Miranda durante o intervalo entre a primeira e a segunda aula.
– Mas você arrasou com aquela resposta – comentei.
– Mesmo assim. Ah se eu pego ele... Até que ele é uma gracinha.
– Você anda muito safada amiga.
– Sempre fui Ricardo. Tá por fora.
Sorri.
– Mais aí. Você acha que vai rolar mais entre você e o bonitão do seu patrão?
– Vai depender dele.
– Se for rolar mesmo, já quero ser a madrinha.
Caí na gargalhada.
– Sério. Pode tratar de segurar aquele advogado gostosão.
– Só porque você quer...
– Você não?
– Não sei. Estou muito novo para pensar em compromisso. Além do mais, teria que me preparar para a avalanche que viria depois que me revelasse gay para minha família.
– Essa para é o de menos. Depois que o Fábio te assumir, vocês podem morar juntos e pronto.
– Você fantasia demais Miranda.
Voltamos para a sala e assim que nos acomodamos em nossas carteiras, entrou um cara muito bonito, com pastas e livros em mãos. Julguei que tivesse uns 25 anos de idade.
– Alguém me abana! – Exclamou Miranda. – Que gato é esse?
– Estou me perguntando a mesma coisa – devolvi.
– Bom dia, turma! – O cara disse após deixar o que estava carregando em cima da mesa dos professores.
– Bom dia! – cumprimentou quase toda a sala, enquanto algumas meninas ainda estavam suspirando por ele.
– Meu nome é Tiago e eu serei o novo professor substituto de vocês na matéria de Física. Alguém tem alguma pergunta?
– Você é solteiro? – Perguntou Carolina, a garota mais assanhada da nossa turma.
Tiago ficou um pouco sem graça com a pergunta.
– O que aconteceu com o nosso professor anterior? – Decidi perguntar, para salva-lo da pergunta constrangedora.
– Ele pediu contas, segundo o diretor de vocês – Tiago respondeu. – Então vamos à aula. O assunto de hoje é sobre capacitores. Quem pode me dizer o que é um capacitor, em física?
– Capacitor ou condensador é um componente que armazena cargas elétricas num campo elétrico, acumulando um desequilíbrio interno de carga elétrica – respondeu Miranda em apenas uma respiração.
– Exato! Seu nome?
– Miranda, professor.
– Se continuar assim, vai tomar o título de nerd para si – cochichei para Miranda.
A aula transcorreu bem divertida até que soou o sinal do intervalo para o lanche.
Miranda recebeu uma ligação de Jorge e foi para fora da sala. Alguns instantes depois levantei da minha carteira e caminhei em direção a saída da sala, mas antes de alcançar a porta, o professor Tiago falou comigo:
– Obrigado por ter me salvo àquela hora.
Ele de perto era bem mais bonito. Pude reparar melhor seus olhos azuis, os lábios praticamente avermelhados e a barba bem aparada lhe conferindo o charme total.
– Por nada.
– Você precisava ver a outra turma que eu entrei, terceiro ano b. Quase não consegui passar o conteúdo, me encheram de perguntas pessoais.
– Acontece – e sorri.
Ele sorriu de volta e disse:
– Vou ficar te devendo essa.
– Vou cobrar – disse de volta e saí da sala.
As duas últimas aulas eram do professor Gabriel. Ele passou por nós – Miranda e eu – na cantina do colégio, parou e disse:
– Bom dia Miranda e Ricardo.
– Bom dia professor – respondi no susto.
Miranda só acenou com a cabeça, estava com a boca ocupada mastigando seu sanduíche.
– Estão preparados para a prova de Literatura na semana que vem? – ele perguntou.
– Preparadíssimos – respondeu Miranda. – Não é mesmo Ricardo?
– Sim – respondi timidamente.
Ele sorriu, porém, pareceu ter sorrido diretamente para mim. Eu enfiei minha cara no copo de suco e olhei para o outro lado, desviando do olhar dele.
– Bom, vou para a sala, não enrolem para entrar.
– Pode deixar professor – disse Miranda.
Após ele se afastar, comentei:
– Tenho que parar de ficar tímido perto dele. Ele é um cara casado e...
– Eu acho que ele dá um mole para você. Deveria aproveitar e pedir uma aula de reforço particular, para ver o que rola...
– Você está louca Miranda?
– Não estou. Apenas sugerindo que ele “corta para os dois lados”.
Ri do gesto que ela fez no ar com as mãos, terminamos nossos lanches e voltamos para a sala.
Horas mais tarde, eu estava focado em meu trabalho, quando Fábio apareceu de repente, e disse:
– O que acha de você e eu irmos tomar um sorvete?
– Agora? – Perguntei após olhar para o relógio de parede e ver que ainda eram 4 horas da tarde.
– Sim. O que me diz?
– Se eu disser que não, você vai insistir até que eu diga sim. Então acho que não tenho escolha.
– Talvez. Mas, se você não quiser ir, tudo bem.
– Eu aceito!
Durante o tempo que ficamos na sorveteria, conversamos sobre alguns assuntos do trabalho, até que Fábio mudou de assunto, dizendo:
– Me fala um pouco mais de você que eu não saiba.
– Eu curto andar de skate com a galera do bairro, e gosto de ouvir músicas antigas nacionais e internacionais.
– Skate? Olha que bacana. Acho que nunca subi em um em toda minha vida até hoje.
– Nunca é tarde para viver novas experiências. Meu pai vive dizendo isso – falei antes de dar uma colherada em meu sorvete de ninho com chocolate.
– Concordo. Quem sabe um dia desses você me ensine a subir em um.
– Pode ser. Sem problemas.
Ele sorriu para mim e eu sorri de volta.
Terminamos nossos sorvetes e voltamos para o escritório. Como ele não tinha mais nada para resolver naquele dia, aguardou eu finalizar meu trabalho e me liberou para ir embora. Mas, antes que eu fosse, ele me conduziu até a sala dele, e lá dentro, me beijou demoradamente, passando suas mãos por debaixo da minha camisa.
Meu trabalho agora tinha benefícios. E eu estava gostando daquela aventura.
– Se eu estiver indo rápido demais pode falar.
– Indo rápido demais com o que? – Perguntei não fazendo a mínima ideia ao que ele se referia.
– Você e eu. Nosso envolvimento. Você acha que estou indo rápido demais? – E colocou a mão dentro da minha calça, em meu pau que àquela altura estava bem duro.
– Acho que estamos na velocidade ideal – disse, e soltei um suspiro de prazer.
Ele olhou diretamente para meus olhos e voltou a me beijar mantendo a mão esquerda dentro da minha calça. Então eu aproveitei e tirei o cinto da calça dele e depois desci o zíper devagar. Em seguida, coloquei minha mão no pau dele que estava bem excitado. Passei a punhetá–lo enquanto ele gemia de prazer.
Alguns minutos depois ele gozou sem avisar. E, a única coisa que fiz foi olhar para o semblante dele se contorcendo de prazer.
Fábio abriu os olhos em seguida e sorriu. Me deu outro beijo e foi até o banheiro se limpar. Acompanhei ele para lavar minhas mãos.
– Já te falei minha idade?
– Acho que não – respondi, surpreso com a pergunta que veio do nada.
– Eu tenho vinte e oito anos.
– E...?
– Pelo que eu me lembro do seu currículo, você tem dezoito anos, correto?
– Isso mesmo. Mas, por que está falando sobre isso?
– É que sou praticamente dez anos mais velho que você.
– E você quer saber se eu me importo com isso?
– Por aí.
– Não me importo – disse pegando em sua cintura e o encarando. – Na verdade, até curto caras mais velhos que eu.
– Ótimo! Vamos então. Vou deixar você na sua casa.
– Vamos!
Quando meu pai chegou do trabalho, eu estava na sala assistindo uma série.
Ele passou por mim, me deu um beijo no rosto e disse:
– Liga para aquela lanchonete e pede sanduíches e suco. Estou muito cansado para fazer comida.
– Tudo bem.
Liguei, fiz os pedidos e em poucos minutos foi entregue.
Coloquei tudo em cima da mesa da cozinha e gritei pelo meu pai, mas não ouvi nenhuma resposta.
Decidi transferir os sucos para copos de vidro e os sanduíches para pratos e nada do meu pai aparecer.
Acabei optando por ir atrás dele.
Quando cheguei à porta do quarto eu ia falando a palavra pai, mas fui interrompido por um gemido que vinha de dentro do quarto.
Na hora pensei que me pai estivesse batendo uma e esse pensamento me deixou excitado.
Aproximei cuidadosamente mais um pouco da porta que estava entreaberta e fiquei vislumbrado com o que vi. O pau do meu pai era enorme, totalmente circuncidado, grosso e a cabeça mais ou menos rosada.
A visão era de tirar o folego, e senti que eu estava completamente excitado.
Faz muito tempo desde a última vez que vi meu pai nu. Agora, ele estava deitado na cama, batendo uma de olhos fechados com a tela do notebook virada para o corpo dele.
Alguns segundos depois ele gozou e eu dei um jeito de sair dali.
Voltei para a cozinha e fiquei um bom tempo parado em frente aos lanches sem reação.
Uma coisa era ter visto meu pai nu aos 8 anos de idade, e agora, 10 anos depois, era totalmente diferente.
Peguei gelo na geladeira e coloquei nos copos, depois coloquei os sanduíches por alguns segundos no micro-ondas.
Tomei meu sanduíche em um prato e o copo com suco de acerola e fui para a sala.
Assim que tomei assento no sofá, meu pai aparece só de bermuda com cara de quem havia acabado de tomar um banho.
– Nem vai esperar por mim? – Ele perguntou.
– Acabaram de chegar – menti. – Eu já ia gritar pelo senhor.
Meu pai foi até a cozinha, pegou o dele e voltou para a sala.
– O que vamos assistir?
– Um filme de terror, pode ser? – Devolvi.
– Ótimo! – E me deu um beijo no alto da minha cabeça antes de se acomodar ao meu lado.
No dia seguinte, durante a primeira aula de educação física, fiquei observando Ramón jogar futebol com os demais. Apesar dos últimos acontecimentos envolvendo meu tio, meu patrão, o Bruno e recentemente meu pai, eu mantinha essa queda por aquele cara ruivo, mesmo sabendo que minha chance de algum dia ficar com ele era quase zero.
– Então você também baba por ele? – Perguntou João, o gay assumido da minha sala.
– Do que você está falando? – Perguntei tentando disfarçar.
– Você olhando para Ramón.
– Nem estava olhando para ele – menti. – Estou observando o jogo.
Ramón estava jogando sem camisa, como sempre. Era quase impossível não ficar olhando para ele, todo suado com aquela pele sardenta, pelos ruivos...
– Está bom. Pode passar despercebido para os outros. Mas, para mim não.
– Eu só não vou discutir com você...
– Porque eu estou certo, mas, não te condeno. Eu também acho ele uma perdição – comentou João, me interrompendo.
Fiquei espantando com a ousadia e a tranquilidade dele conversar comigo. Ainda mais sendo a primeira vez que conversávamos.
– Meu nome é João – ele acrescentou –, mas você sabe disso. Estudamos na mesma sala desde o início do ano.
– Sim.
– Vou deixar você em paz, Ricardo. Desculpa ter incomodado.
Eu ia pedir para ele ficar, mas ele deu as costas e voltou para o outro lado da quadra, para perto do pessoal geek da sala.
A aula seguinte foi do professor Miguel com a matéria de Redação. Era a única aula que eu odiava, pois eu não curtia muito escrever. Então fingi que estava escrevendo alguma coisa e fiquei repassando na minha mente a cena da noite anterior. Meu pai totalmente nu, batendo uma de frente para o notebook dele. E, depois, ele ao meu lado assistindo ao filme de terror comigo. Foi uma noite intrigante, até porque teve um momento do filme que ele se aproximou mais de mim e passou o braço direito nas minhas costas, me fazendo ficar mais próximo dele.
Nesse momento eu fiquei um pouco tenso, mas com o passar dos minutos fui ficando mais relaxado, até chegar ao ponto de encostar minha cabeça em seu peito e quase pegar no sono próximo ao final do filme...
– Você me disse que só está você e o seu pai em casa esses dias – disse Miranda, me trazendo de volta para o presente.
– Sim. Mas, a tarde minha mãe, meu irmão e o meu tio chegam de viagem.
– Contou para seu pai sobre sua mão e seu irmão?
– Nem estava mais lembrando disso, Miranda.
– Se eu fosse você teria contado.
– Miranda e Ricardo deixem a conversa paralela para a hora do intervalo – danou Gabriel conosco.
– Desculpa, professor – disse de volta.
No intervalo, Miranda retomou o assunto:
– Você teve duas noites para falar com seu pai, e não aproveitou.
– Melhor assim – retruquei. – Uma hora ele descobre por ele mesmo.
Miranda revirou os olhos e fomos para a cantina.
As duas últimas aulas eram de História. O professor que ministrava essa matéria tinha idade para ser meu avô, 50 anos, mas aparentava ter menos. Leonardo o nome dele. Alto, cabelos e barba grisalhos, não totalmente, pele clara, e em todas as aulas ele parecia excitado, pois o volume na região genital dele ficava sempre evidente. Talvez fosse excitação em dar aula. Uma paixão por História. Provavelmente fosse isso mesmo, pois ele demonstrava essa paixão ao explanar o conteúdo em cada aula.
A voz dele era suave, acompanhada de uma calma instigante, mas que não causava sono, porque ele tinha didática para prender a atenção da turma.
Eu estava compenetrado na aula até que me entregaram um bilhete. Abri e li: “Gostaria de saber se ficou grilado comigo mais cedo na quadra. By. João”.
Pensei em responder no espaço abaixo e devolver, mas decidi ignorar. Uma coisa era além de Miranda, meu tio, meu patrão e meu amigo Bruno saberem de mim, outra coisa era expor para a sala inteira minha sexualidade. Dobrei o bilhete e enfiei dentro do livro de História.
Cheguei em casa para almoçar e deparei com meu pai na sala assistindo jornal, sem camisa.
– Cadê o pessoal? – Perguntei enquanto largava a mochila no outro sofá.
– Boa tarde para você também.
– Desculpe pai, boa tarde.
– O voo atrasou. Vão chegar mais tarde, por volta das sete da noite.
– Ah, sim.
– Como foi seu dia?
– Foi bom. Nada demais. E o seu?
– Passei a manhã por aqui. Me dei um pouco de folga do trabalho.
– Isso é bom – comentei, achando aquela conversa um tanto formal.
– Tudo bem com você filho?
– Sim, tudo.
Ou não, pensei.
Em minha mente voltou a imagem do meu pai nu e eu fiquei um pouco incomodado com aquilo.
– Vamos almoçar, então. Daqui a pouco você e eu temos que ir trabalhar.
– Sim.
Ele levantou do sofá, veio em minha direção, me deu um abraço bem apertado e um beijo no rosto antes de me soltar.
Eu estava tentando acostumar com esse lado do meu pai que fazia um bom tempo que não via.
– Preparado para o nosso encontro mais tarde? – Perguntou Fábio parado em frente à minha mesa.
– Sim – respondi sorridente.
– Ótimo! Vou te levar para um ótimo lugar. Tenho certeza que você vai gostar.
– Ansioso.
Ele sorriu dando uma mordida no lábio inferior e voltou para a sala dele.
Assim que ele saiu do meu campo de visão eu soltei um suspiro.
Minha vida realmente tinha dado uma grande agitada de uma hora para outra. E nesse ritmo, eu estava empolgado, mas ao mesmo tempo preocupado com as minhas aventuras...