Voltando às origens – Capítulo 12

        Três horas depois quando cheguei ao escritório para trabalhar, levei um susto. Havia uma mulher sentada em minha mesa de trabalho.
        – Boa tarde garoto, posso te ajudar?
        – Eu trabalho aqui – respondi.
        – Você deve ser o Ricardo.
        – Isso mesmo.
        – O senhor Fábio pediu que o avisasse quando você chegasse. Só um instante por gentileza.
        Senhor Fábio? Que arcaico! – Pensei.
        Ela ligou para a mesa dele e depois de falar com ele, me disse:
        – Pode entrar lá, Ricardo.
        Caminhei até a sala dele e abri a porta.
        Fábio estava sentado à sua mesa.
        – Me desculpe ter agido assim – ele foi logo dizendo.
        – Refere–se a funcionária trabalhando no meu lugar? – Retruquei após fechar a porta.
        – Sim.
        A única coisa que eu pensava naquele momento era que minha mãe tivesse falado alguma coisa para ele, para assim causar minha demissão daquela forma.
        Sentei na cadeira frente a dele e esperei que prosseguisse.
        – Não tenho nada contra o trabalho que você prestou aqui, Ricardo. No entanto, eu permiti misturar o profissional com o pessoal. E agora que voltei com o George...
        – Desculpa interrompe–lo. Gostaria apenas que me dissesse o necessário a respeito da minha demissão.
        – Ricardo...
        – Por favor, Fábio. Já que não vai ser necessário meu tempo aqui hoje, gostaria de aproveitá-lo para resolver algumas coisas pessoais em outro lugar.
        – Tudo bem. Você pode vir buscar seus dias trabalhados daqui no máximo dez dias, mas creio que até o final dessa semana esteja disponível, aí te aviso. Caso precise de recomendação para outro emprego em algum lugar, pode entrar em contato comigo.
        – Algo mais?
        – Não. Espero que não leve para o lado pessoal...
        Levantei quase que bruscamente da cadeira, e disse:
        – Obrigado pela oportunidade. Até algum dia Fábio – e dei as costas, saindo da sala dele.


        Andei sem rumo depois que saí do escritório de Fábio.
        As coisas continuavam a ruir a minha volta e eu não estava conseguindo parar os desastres.
        Expulso de casa pelo meu pai, machucado emocionalmente e traído por meu tio, minha mãe e meu irmão e agora sem emprego. Se eu fosse do tipo de pessoa que bebe para esquecer eu iria para a porta de um bar, mesmo sendo três horas da tarde e beberia todas.
        Continuei caminhando até chegar a porta de uma lanchonete. Pedi suco de laranja e pastel. Em seguida fui para uma mesa esperar ficar pronto meu pedido.
        Enquanto aguardava, fechei os olhos e tentei me imaginar em um cenário totalmente diferente. Um onde eu nunca tivesse descoberto o que está rolando entre minha mãe e meu irmão. Assim como também tentei imaginar outro onde eu tivesse contado sobre o incesto que eu vi e quais seriam as consequências disso.
        Contudo, de qualquer forma, era inegável o fato de que não tinha como mudar o que aconteceu.
Assim que meu lanche foi entregue, comi o mais depressa possível e decidi voltar para a casa de Ramón. Continuar na rua andando a esmo não ia adiantar de nada.


        – Ricardo? Tudo bem? – Perguntou Ramón assim que me viu chegar.
        Eu provavelmente estava com um semblante de derrotado para ele reagir daquele jeito tão preocupado.
        – Saí do trabalho mais cedo – respondi.
        – Por que estou sentindo que você não está falando a verdade?
        Ramón estava indo além de me ajudar, no mínimo eu devia ser mais transparente com ele.
        – Para ser sincero, perdi meu emprego hoje – falei.
        – Sério?
        – Sim. Meu patrão me despediu, colocou uma senhora no meu lugar.
        – Cara que droga!
        – Sim. Que droga!
        – Olha não sei o que te dizer. Mas, espero que as coisas melhorem para você.
        – Eu também espero.
        – O que você vai fazer agora? – Ramón me perguntou.
        – Vou tomar um banho e em seguida ficar um pouco no quarto. Preciso estudar para as provas de amanhã.
        – Podemos estudar juntos novamente, se você não se importar.
        – Claro. É até melhor. Um ajuda o outro.
        – Isso aí. Vai lá tomar seu banho. Vou preparar um lanche para comermos enquanto estudamos.
        Fui para o banheiro e tentei afastar todos os pensamentos ruins. O cerco estava ficando mais apertado para mim. Pensei muito em ligar para o meu pai, dizer que estava arrependido de tudo. Mas, estava com medo que ele me rejeitasse por completo. Então, deixei de lado esse pensamento.
        Depois do banho, fui para sala, e entre sanduiches, suco e livros, comemos e estudamos bastante para as provas do dia seguinte. Num certo momento Ramón tirou a camisa que estava vestindo e eu não conseguia parar de olhar para o corpo dele. Tentei ser o máximo possível discreto, mas já viajava na imaginação de estar com ele.
        – Ricardo, minha mente já deu um tremendo nó. Se eu continuar estudando mais, vou pirar!
        – Digo o mesmo, Ramón.
        Fechamos os livros, recolhemos a sujeira que fizermos com o lanche e levamos para a cozinha.
        – Cara eu vou tomar um banho, calor está demais hoje. O que acha de irmos para a piscina depois? – Perguntou Ramón.
        – Você tem uma piscina?
        – Sim. Vou tomar um banho bem rápido e em seguida caímos na piscina para desanuviar um pouco a mente dos estudos.
        – Combinado.
        Quase meia hora depois, estávamos dentro da piscina, encostados a beirada dela.
        – Eu posso pedir aos meus pais para você morar com a gente se as coisas com a sua família não se resolverem – disse Ramón depois de um longo tempo em silêncio.
        – Não sei se é uma boa. Talvez seus pais não gostem da ideia de ter um estranho aqui na casa.
        – Você não é um estranho. É meu colega de classe e meu mais novo amigo.
        – Novo amigo?
        – É. Acabei de pensar nisso. E também, por outro lado, seria como ter um irmão aqui.
        – Você é filho único? – Perguntei.
        – Sim, em parte. Tenho um irmão mais velho por parte de pai que mora na Itália. Ele é filho de outro casamento que meu pai teve antes de conhecer minha mãe. Mas, esse meu meio-irmão não é uma pessoa agradável de se conhecer, ele é muito arrogante. Você tem um irmão também, né?
        – Tenho.
        – O dedo–duro?
        – É.
        – Ei, relaxa. Não precisa ficar tenso. Estou tentando deixar o clima mais agradável – e deu um soco de leve em meu ombro.
        – Falando do meu irmão é impossível o clima ficar mais agradável – retruquei.
        – Foi mal – jogou o corpo para lado e passou a nadar. Eu fiquei ali admirando ele por um momento.
        De fato, ter encontrado a ajuda dele depois do meu pai ter me expulsado de casa, foi a melhor coisa que me aconteceu. Mas, não era minha intenção ficar por ali muito tempo, meu dever era seguir em frente e eu ia fazer de tudo para resolver meus contratempos.
        – Ei, vem nadar também. Saí desse canto aí – disse Ramón.
        Fiz de conta que não escutei.
Ele veio nadando até mim e me puxou, então acabei cedendo e fui nadar.

        Horas depois estava no quarto tentando dormir. Precisava descansar para sair bem nas provas, mas minha mente teimava em me levar para tudo o que meu tio Manoel fizera comigo.
Levantei da cama e fui até a cozinha tomar água. No caminho de volta para o quarto, escutei o que pareceu um gemido vindo do quarto de Ramón.
        Movido pela curiosidade fui até lá.
        Cheguei devagar bem perto da porta e pelo som ele estava batendo uma vendo pornô. Clássico!
Imaginei a cena e rapidamente fiquei excitado. Me deu uma vontade enorme de entrar no quarto e vê com meus próprios olhos. Mas, isso poderia acabar muito mal.
        Voltei para o meu quarto e bati uma pensando nele. Depois que gozei fui me limpar no banheiro e voltei para dormir.


        No dia seguinte acordei primeiro que Ramón. Depois de me arrumar, fui até a cozinha e preparei um café da manhã para nós dois.
        – Que cheiro delicioso! – Disse Ramón entrando na cozinha minutos depois.
        – Sirva-se!
        – Não precisava fazer, mas, obrigado. Estou com fome mesmo.
        Tomamos o café da manhã, e Ramón nos levou de carro para o colégio.
        – Boa sorte para nós nas provas – ele disse para mim antes de se misturar a galera da sala.
        Vi Miranda na carteira de sempre e assim que ela percebeu que eu olhei para ela, desviou o olhar. Não sabia por quanto tempo ficaríamos assim, mas tinha certeza que enquanto ela não viesse me pedir desculpas, eu não puxaria conversa com ela tão cedo.
        Escolhi uma carteira longe da dela e me acomodei. Respirei fundo, a primeira prova era de química, mas estava com receio de me sair muito mal, minha mente estava em parafusos.
        O professor Sandro estava muito gato naquela manhã, e bem cheiroso também.
        Peguei a prova e tentei dar o melhor de mim.

        – Você viu aquela questão envolvendo as ligações iônicas, Ricardo? A mesma que estudamos no livro ontem – disse Ramón para mim no intervalo, após a prova.
        – Verdade. A mesma.
        – Impressão minha ou a Miranda está de cara virada para você? – Perguntou mudando de assunto rapidamente.
        – Ela está.
        – Pelo que aconteceu com você na sua casa?
        – Sim.
        – Que chato isso. Vocês são tão grudados e hoje sentaram distantes um do outro.
        – É a vida.
        Ramón balançou a cabeça e foi para a lanchonete. Eu decidi ir até a quadra de esportes.
Alguns segundos depois, alguém veio falar comigo:
        – Tudo bem com você? – Perguntou João.
        – Sim, estou.
        – Não parece. Mas, eu sei que não é da minha conta.
        – Só um pouco chateado com algumas coisas que aconteceram na minha vida recentemente.
        – Espero que melhore.
        – Obrigado, João.
        – Ohhh, você não é tão turrão quanto parece.
        Sorri.
        – Você não parece ser tão idiota quanto parece – devolvi.
        – Você me acha idiota? – Ele perguntou parecendo ofendido.
        – Achava um pouco.
        – A questão é que eu não confio muito nas pessoas. Entende?
        – Entendo. Se não confia tanto, por que puxa assunto comigo?
        – Você não quer saber o motivo.
        – Eu quero.
        – Não. Se eu te contar teria...
        – Que me matar?
        – Não. Teria que namorar você!
        Franzi o cenho.
        Havia escutado o maior absurdo da parte dele.
        – Não precisa ficar assustado. Só estava enchendo seu saco. Você fica tenso demais Ricardo.
        Por que todo mundo me dizia aquilo – pensei.
        O sinal soou anunciando o início da próxima aula, no caso, da prova de Física.

        A prova não estava nada fácil.
        O professor Tiago caprichara nas questões. Assim como também caprichara na roupa com a qual fora naquela manhã aplicar prova. Uma camiseta em gola V vermelha, uma calça jeans preta e um tênis combinando com a camiseta.
        Fiquei imaginando ele sem aquela roupa toda...
        Demorei um bocado para terminar a prova, fui um dos últimos a finalizar. Assim que entreguei nas mãos do professor, ele me perguntou:
        – Difícil?
        – Um pouco – respondi.
        – Vai dar tudo certo.
        Dei um aceno de cabeça e saí da sala.
        – Demorou pakas lá dentro – disse Ramón assim que me viu sair da sala.
        – Desculpa, cara. Eu queria acertar o maior número possível de questões.
        – Relaxa. Entendo. Só pegando no seu pé mesmo. Quer comer alguma coisa?
        – Não, obrigado.
        – Se for questão de dinheiro, eu pago para você.
        – Não é. Só estou sem fome mesmo.
        – Beleza. Qualquer coisa me procura na lanchonete.
        – Combinado.
        Caminhei pelo corredor até alcançar os fundos da ala A do colégio, direção contrária a quadra de esportes, porém, próxima a sala de professores.
        Estávamos no intervalo maior, então eu tinha um pouco menos de 30 minutos para ficar sozinho comigo mesmo.
        – Olá Ricardo – ouvi alguém dizer, pouco tempo depois de ter sentado na mureta.
        Olhei para ver quem falara comigo, era o professor Tiago.
        – Olá – cumprimentei de volta um tanto tímido.
        – Posso sentar aqui com você?
        – Sim. Fique à vontade.
        – Dei uma olhada na sua prova – falou Tiago sem rodeios.
        – E?
        – Você só acertou uma questão.
        Foda-se! – Pensei.
        – Faz parte. Recupero no próximo bimestre – disse para ele.
        – O que aconteceu com você?
        – Fui despedido do meu emprego ontem – respondi, sem resistência.
        – Que droga! Então você já é maior de idade?
        – Sim, sou – e olhei para os meus sapatos.
        – Pensei que tivesse uns dezesseis anos.
        – Obrigado – e sorri. – Acho que não deve ser difícil arrumar outro emprego.
        – Depende. Você tem algum curso ou outras experiências?
        – Apenas de informática básica.
        – Acho que eu posso te ajudar.
        – Como? – Perguntei voltando o olhar para ele.
        – Professor não é meu único emprego, e nem o que eu ganho mais durante o mês. Existe esse outro trabalho que eu faço e compensa pra caramba. E, como estou te devendo um favor por ter me salvo daquela pergunta constrangedora em sala...
        – Qual é o emprego?
        – Acompanhante de serviços diversos.
        – Como funciona?
        – Você vai acompanhar pessoas de acordo com suas necessidades. Por exemplo, ajudar uma senhora a fazer compras. Passear com o cachorro de alguém. Auxiliar alguém que tenha um deficiente físico em casa e por aí vai.
        – Nossa, parece ser bem interessante.
        – E é, te garanto. Eu recebo quase dois salários por mês fazendo apenas quatro horas por dia.
        – Espera, pagam tão bem assim por serviços tão simples? – Perguntei intrigado.
        – É que acabo fazendo uns extras.
        – Extras?
        – Sim. Como acompanhante de luxo.
        Eu conhecia bem aquele termo. Sabia perfeitamente sobre o que ele estava se referindo. Agora fazia todo sentido ganhar tão bem quanto dissera.
        Miranda tem uma amiga que é acompanhante de luxo e vive apenas disso ganhando muito dinheiro por mês.
        – Entendi.
        – Olha, para você conseguir entrar nessa empresa, tem que ser por indicação – e me entregou um cartão que tirou de sua carteira. – Quando ligar lá basta dizer que foi o Tiago, professor de Física quem te indicou.
        – Obrigado.
        – Por nada. Agora eu preciso ir – e pousou a mão e meu ombro esquerdo. – Boa sorte.
        – Valeu. Até mais.


        Naquela semana teríamos 3 provas com o professor Gabriel.
        Hoje era o dia da prova de Literatura.
        Gabriel entrou em sala bastante sério, de roupa social, cabelo bem penteado e foi logo distribuindo as provas.
        Quando ele entregou a minha, percebi que ainda chateado comigo, pois fechou a cara ao olhar para mim.
        Aquele comportamento me deixou triste, mas eu sabia que a culpa era minha. Resultado de como eu o tratara ontem.
        Olhei para a prova e tentei afastar aquele semblante do professor da minha mente, mas estava difícil. As questões mais difíceis ainda. Nem parecia que eu havia estudado no dia anterior.
        Respondi da melhor forma que pude, entreguei a prova e saí da sala.
        Minutos depois Ramón saiu, e ao me ver disse:
        – Você terminou rápido.
        – Sim. Eu estava com dor de cabeça. Então fiz depressa.
        – Entendi. Vamos embora?
        – Vamos.
        Enquanto voltávamos, pensei em Miranda. Ela não me dissera nada mesmo durante toda a manhã no colégio. E não foi por falta de oportunidade.
        Incrível como as pessoas mudam. Basta um certo estímulo e pode virar as coisas de cabeça para baixo, ou o contrário.
        – Pensando em Miranda? – Perguntou Ramón.
        Assustei um pouco com a intuição dele, mas confirmei dizendo que sim.
        – Realmente chata essa situação – ele comentou.
        – Sim.
        – Saiba que estou torcendo para as coisas melhorarem para você, de verdade.
        – Obrigado Ramón.
        Ramón passou a mão em minha cabeça e depois voltou para o volante.

        Após o almoço fui para a beira da piscina, sentei e coloquei meus pés na água. A tarde estava nublada, mas o calor ainda imperava.
        Tomei meu celular e decidi ligar para o meu pai.
        Eu poderia ligar de outro número, mas eu queria ver se ele atenderia ligando do meu próprio.
        No quinto toque aa ligação foi atendida, e aparentemente, muda do outro lado da linha.
        Tomei coragem e disse:
        – Pai, sou eu. Por favor, não desligue.
        O silêncio prosseguia do outro lado da linha.
        – Pai, eu estou arrependido do que eu fiz e queria muito que você me perdoasse e me aceitasse de volta. Esses dias fora de casa pensei muito sobre tudo e aceito qualquer castigo que me aplique, apenas, por favor, me aceite de volta, eu sinto muito a sua falta – e soltei o restante do ar.
        Enquanto isso uma gargalhada se fez ouvir do outro lado da linha, era da parte do meu irmão.
        – Coitadinho de você – ele disse para mim. – Pena que ele não ouviu todo esse drama. Talvez até teria amolecido o coração dele, porém, não foi desta vez, irmãozinho.
        Senti uma raiva crescendo dentro de mim e por pouco não atirei o celular à piscina.
        – Você vai pagar por tudo! – Disse de volta, irado.
        – Isso é o que vamos ver – e desligou a chamada.
        Levei minha mão aos meus cabelos e passei pelos fios com fúria, quase os arrancando.
        – Estava te procurando – disse Ramón às minhas costas.
        – Me encontrou – falei, enquanto limpava meu rosto de algumas lágrimas que haviam rolado naquele meio tempo.
        – Estou preocupado com você – ele disse, após sentar ao meu lado.
        – Sou grato pela sua preocupação – disse sem olhar para ele.
        – Eu ouvi a ligação, ou pelo menos parte dela.
        Eu estava prestes a chorar mais. Queria ser mais forte, mas estava ficando cada vez mais pesado.
        – Eu... Eu não sei mais o que fazer – disse ainda sem olhar para ele, pois se olhasse, certeza que as lágrimas viriam de uma vez.
        – O que aconteceu na ligação?
        No momento que eu ia responder, ouvimos o portão abrir, alguém do lado de fora o havia acionado.
        – Ué, meus pais voltaram antes do dia que disseram que voltariam? – Perguntou Ramón após virar o olhar para o portão.
        Um carro entrou e de dentro dele desceu um cara alto, ruivo, do lado do passageiro. Logo pensei que fosse o meio-irmão mais velho de Ramón. Porém, depois que o motorista desceu logo em seguida, ele deixou claro o grau de parentesco, ao dizer:
        – E aí sobrinho, meu filho e eu atrapalhamos o clima aí?
        Olhei para Ramón e percebi que ele não estava gostando de nenhum um pouco da visita deles.
        – O que estão fazendo aqui? – Ramón devolveu.
        – Estamos de passagem pela cidade e pedi para meu pai para ver meu primo predileto – respondeu o ruivo. – Será que ganho pelo menos um abraço?
        Ramón levantou e foi para dentro da casa, deixando o primo no vácuo.
        – Tudo bem. Pode ser mais tarde – ele disse enquanto Ramón sumia casa adentro. – E você é o...? – Perguntou dirigindo a palavra a mim.
        – Meu nome é Ricardo – respondi.
        – Bacana. O meu nome é Alex e esse é o meu pai, Wilson. Bom, vou dar uma entrada nessa piscina. Deve estar ótima – e foi tirando a roupa ficando apenas de cueca, e se jogou na piscina em seguida.
        Não pude deixar de notar o corpo dele, antes de pular na piscina. Poucos pelos, não muito magro e um volume considerável dentro da cueca.
        – Esse meu filho não tem jeito. Mal chegou já caí direto na piscina – comentou Wilson. – Você é o que do Ramón? – Ele me perguntou sem rodeios.
        – Colega do colégio – respondi.
        – Legal.
        E ele foi se despindo também.
        – Essa piscina está bem convidativa mesmo. Vou aproveitar um pouco também – disse e tirou a bermuda junto com a cueca revelando um pau meio bomba e grosso.
        Eu fiquei de cara com a tranquilidade dele de tirar a roupa toda diante de um estranho.
        – Ah, pai. Assim não vale.
        – Vale sim. – E pulou para dentro da piscina.


        Instantes depois entrei e procurei por Ramón.
        O encontrei devorando um sanduíche enorme como se não houvesse amanhã.
        – Eles são bem peculiares – comentei.
        – A palavra correta é: folgados – retrucou Ramón. – Não gosto deles.
        – E o que você vai fazer?
        – Nada. Não posso fazer nada. Ele é irmão do meu pai – e deu outra mordida feroz em seu sanduíche.
        Ia saindo da cozinha quando Ramón disse:
        – Onde está indo?
        – Para o quarto, estudar para a prova de História – respondi.
        – Vamos estudar juntos outra vez, pode ser? – Ele propôs.
        – Pode ser.
        – Eu vou tomar banho, assim que eu terminar te procuro.
        – Combinado.
        Ramón foi para o quarto dele e eu resolvi ir para a sala aguarda-lo, mas antes, passei no meu quarto para pegar minha mochila e depois fui para a sala.
        Minutos depois entram pela porta Wilson e Alex, cada um com um toalha enrolada na cintura.
        – Vocês perderam a piscina, estava muito boa – foi dizendo Alex.
        – Estava mesmo – emendou Wilson enquanto se esparramava no sofá ao meu lado. – Espero não ter machucado a virilha.
        – Machucou não, pai – disse Alex sentando ao lado dele.
        – Será?
        E no instante seguinte presenciei a cena que não tinha como não me deixar de pau duro.
        Alex tirou a toalha do pai, se agachou entre as pernas de Wilson e examinou a virilha dele, pegando no pau e o suspendendo para observar em volta, enquanto Wilson fechava os olhos suspirando de prazer.
        Não dava para conter minha ereção com aquele cenário bem diante dos meus olhos e tão perto de mim. Pai e filho se tocando ao vivo pareceu bem surreal.
        Fiquei pensativo se eles tinham tanta intimidade assim para ir um pouco além, mas minha imaginação foi interrompida por Ramón que me chamou do quarto.
        Pedi licença para eles e me dirigi ao quarto de Ramón.
        Uma vez lá, Ramón olhou para mim e disse:
        – Fecha e tranca a porta para eles não nos atrapalhar.
        Enquanto fazia o que Ramón me pedira, ele subia na cama onde os livros e demais materiais já estavam espalhados para estudarmos.
        Em seguida subi na cama e decidi que não comentaria nada sobre o que presenciara na sala.
        A única prova que tínhamos para o dia seguinte era a de História.
        Tirei meu livro da mochila e antes que pudesse perguntar a Ramón qual capítulo estudaríamos, eu vi que ele estava chorando.
        – O que foi, Ramón?
        – Tem uma razão por eu não gostar deles. É algo que eu nunca contei para ninguém. E, agora que eles estão aí, me veio à mente tudo outra vez.
        – O que?
        – Eu... Eu... Me promete que se eu te contar você não vai contar para mais ninguém?
        – Prometo, Ramón.
        Ele inspirou o ar profundamente, soltou devagar e depois disse:
        – Nove anos atrás, quando eu tinha apenas dez anos de idade, fui estuprado pelo meu tio.
        Eu estava esperando algo menos drástico que aquela revelação. Um desentendimento, uma briga, não um estupro.
        – Por que não contou aos seus pais? – Perguntei.
        – Ele me ameaçou, dizendo que se eu contasse, ele me desmentiria e ainda me daria uma surra no próximo final de semana que eu ficasse aos cuidados dele.
        – Nesse caso era só fazer um exame anal com o médico.
        – Na época eu não sabia de nada disso. Eu tinha dez anos recém-completados. Eu só pensava em brincar e jogar vídeo game.
        – Imagino que você sofreu mais de uma vez nas mãos dele.
        – Foi – ele disse e deixou mais lágrimas correrem livremente pelo seu rosto. – Meus pais viajavam muito a trabalho, mais do que hoje. E, meu tio era o único parente que podia ficar comigo. Eu o admirava pra caramba até antes da primeira vez que ele abusou de mim. Foram dois anos de tortura.
        – E o filho dele?
        – Provavelmente ele abusou do filho também. O Alex é um tanto estranho. Tem umas conversas e uns comportamentos esquisitos. Mas, a culpa é do pai.
        – O que você fez para sair das garras do seu tio?
        – Não fiz nada. Meu pai que mudou de emprego e arranjou um que não precisava mais ficar viajando.
        – E hoje em dia, porque não conta aos seus pais?
        – Eles não vão acreditar em mim. Vão dizer que eu estou inventando.
        – Por que me contou então se não tem coragem de contar aos seus pais?
        – Por que eu gostaria que você fosse meu melhor amigo. Já que é o único que agora sabe disso e me prometeu que não vai contar para ninguém.
        – Que inferno que você deve ter vivido – comentei.
        – Sim, foi terrível – e baixou o olhar.
        Eu me aproximei dele e lhe dei um abraço.
        Ramón correspondeu, encostou a cabeça em meu ombro e chorou copiosamente.
        Depois de um tempo ele levantou a cabeça, enxugou o rosto com a camiseta que estava usando, olhou para mim e disse:
        – Obrigado.
        – Vou guardar teu segredo comigo, pode deixar.
        – Agradeço muito. Agora vamos estudar?
        – Vamos!


        À noite Ramón me levou para jantar fora, dizendo que não ficaria em casa para fazer comida para os à toa. Que eles que se virassem.
        O jantar foi delicioso, com direito a sobremesa: pavê de sonho de valsa.
        Voltamos para a casa dele e assim que entramos na sala, deparamos com Alex deitado no peito do pai assistindo filme na TV da sala.
        – Que bom que voltaram. Tem cachorro-quente na cozinha – disse Alex.
        – Obrigado. Já comemos fora – e foi caminhando para o rumo do quarto, me deixando outra vez a sós com aqueles dois.
        – Ricardo isso? – Perguntou Wilson.
        – Sim.
        – Quer assistir filme com a gente? Tem espaço suficiente aqui – e pegou no pau por cima da cueca.
        – Faz isso não pai, se não ele vai ficar excitado outra vez – repreendeu Alex dando um tapa de leve na mão do pai.
        Eu fiquei sem saber como reagir ou o que dizer de volta. Na dúvida, pedi licença e fui para o meu quarto temporário.
        Alguns minutos depois, eu já estava deitado na cama e relembrando a ligação de mais cedo com meu irmão quando ouço meu celular vibrar. Pego ele e vejo que é uma mensagem no WhatsApp da parte de Ramón, pedindo para eu ir para o quarto dele se eu ainda estivesse acordado. E pediu que eu trancasse o meu quarto antes de ir.
        Fui até lá e bati de leve à porta do quarto dele.
        Ramón abriu instantes depois, entrei e em seguida ele trancou.
        Ele estava com a maior cara de choro, além de estar sem camisa e de bermuda.
        – Se importa de passar a noite comigo? Eu não estou bem – ele me disse.
        – Não me importo. Só vou buscar o colchão lá no quarto.
        – Não precisa. Minha cama tem espaço para nós dois, larga de bobeira.
        E realmente tinha, já que a cama dele é de casal.
        Subimos nela e deitamos um lado do outro.
        – Se não fosse você aqui já teria pirado – disse Ramón, quebrando o silêncio.
        – Imagino.
        – Não consigo afastar as lembranças da minha mente. Vou dar um jeito de fazê-los ir embora amanhã.
        – Pode contar comigo – disse tentando anima-lo.
        – Valeu Ricardo. Posso acabar precisando mesmo – disse após virar o corpo para o meu lado.
        – Amigos são para essas coisas – disse volta após virar meu corpo para o lado dele.
        Ele me encarou por alguns segundos e em seguida me deu um beijo na boca, rápido, mas um beijo, que me deixou bastante surpreso.
        – Esse beijo é em agradecimento por você estar sendo essa pessoa bacana comigo – disse Ramón e depois soltou aquele sorriso que só ele sabia dar.


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Olá pessoal!
Conforme prometido, a história começou a esquentar e desculpem a demora para postar, muita correria por aqui. Mas, está aí. Espero que apreciem e aguardo o votos e comentários sobre o que estão achando da história, dos personagens...
Até o próximo capítulo!!!!


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Comentários


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anjogabriel Comentou em 29/07/2018

por isso que é melhor não termos armas dentro de casa. numa hora dessa o sangue quente explode.

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fielleitor Comentou em 08/03/2018

o irmao dele e a vadia da mae tem q pagar muito caro!




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Ficha do conto

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betoson

Nome do conto:
Voltando às origens – Capítulo 12

Codigo do conto:
114165

Categoria:
Incesto

Data da Publicação:
08/03/2018

Quant.de Votos:
3

Quant.de Fotos:
0