Minutos depois, estava em frente ao sobrado onde o professor Gabriel mora. Quando pensei em tocar o interfone, escutei a voz dele, saindo do aparelho:
– Vou abrir Ricardo.
Acima vi a placa: Sorria, você está sendo filmado.
Revirei os olhos e refleti que nem todo mundo sorri quando lê esse tipo de placa, então porque ainda insistem em colocar esses dizeres?
Minutos depois, estava na cozinha de Gabriel. Ele resolveu preparar um lanche para nós dois.
– Eu ia marcar para mais tarde, mas me disseram que você não estava disponível após as sete da noite – disse Gabriel.
– Pois é. Tenho um compromisso hoje.
– Que pena. Eu tinha em mente repetirmos algo parecido como da última vez.
– Por que eu, Gabriel? – Perguntei de uma vez, mudando de assunto.
– Como assim?
– Tem outros rapazes no site, por que eu?
– Você não gosta da minha companhia? – Ele devolveu.
Eu não tinha certeza se estava fazendo o certo ter aquela conversa com ele, mas eu queria muito entender a intenção dele em relação a mim.
– Não disse que não gosto da sua companhia – respondi.
Gabriel montou uma torta com pão de forma, presunto, queijo, maionese, molho de tomate e orégano. Colocou no forno e depois puxou uma cadeira para si e sentou de frente para mim.
– Eu não sei explicar, mas, me sinto bem perto de você – ele me falou olhando nos meus olhos.
Então era isso? Se sentir bem perto de mim?
Olhei para o chão tentando aceitar aquela explicação. No instante seguinte ele levantou meu queixo com sua mão direita, e disse:
– Se você não quiser continuar eu vou entender. Eu sei que mesmo eu pagando, você pode recusar – e recolheu a mão.
Aquela informação era verdade.
Alimentei por um bom tempo uma queda por ele. Em praticamente todas as aulas eu ficava de um jeito ou de outro babando por ele. Cheguei a fantasiar coisas em minha mente. Mas, depois que o tocara, que o beijara, percebi que a realidade era muito diferente de todas as fantasias e imaginações da minha cabeça em relação a Gabriel.
Não foi ruim o que rolou na semana passada entre ele e eu. Porém, aconteceu no mesmo dia em que conheci Vinícius. Acho que por esse motivo, minha reação a Gabriel acabou sendo outra. E mesmo agora com a possibilidade de me afastar de Vinícius mediante os últimos acontecimentos, eu não me conseguia ver cogitando alguma coisa com Gabriel. Para mim, ele estava fragilizado emocionalmente em relação ao término com a ex-mulher.
– Eu não vou embora – disse para ele. – Só não quero que as coisas fiquem estranhas, entre nós dois. Você é meu professor há mais de dois anos e ainda vai continuar sendo até o final desse ano.
– Você está preocupado com isso então...
– Sim.
– Tudo bem. Eu compreendo.
Gabriel levantou, caminhou até a geladeira e tirou uma jarra com água. Na fruteira ele pegou algumas laranjas e depois perguntou:
– O que acha de um suco de laranja?
Sorri e acenei positivamente com a cabeça.
Minutos mais tarde, já havíamos comido a torta e bebido o suco. Saímos da cozinha e fomos para a sala. Peguei meu celular e vi que já haviam passado uma hora. Faltava meia hora do tempo que ele havia pagado.
Naquela meia hora restante, Gabriel falou um pouco mais sobre como se sentia com a questão do divórcio e do quanto lamentava não ter um filho.
Percebi o que seu desabafo era sincero e senti vontade de consolá-lo, mas não o fiz. Não queria que qualquer tentativa de consolo, virasse pretexto para algo mais íntimo.
Assim que o tempo acabou, levantei do sofá. Gabriel levantou em seguida e disse:
– Posso te dar um beijo antes de você ir?
Eu ia dizer não, mas era apenas um beijo, então permiti.
Aquele beijo foi o melhor dele, eu quase não o larguei.
– Tenho que ir – falei após o beijo.
– Claro.
Gabriel ia me soltando, mas eu o segurei e dei um abraço. Ele retribuiu e assim ficamos por um tempo até soltarmos e eu ligar para o táxi me buscar.
No caminho para a casa de Tiago, recebi uma ligação da parte de Bruno. Por um momento pensei não atender, mas mudei de ideia.
– Olá Bruno.
– E aí Ricardo. Está podendo falar agora?
– Sim. É sobre o blog?
– É. Eu sei que você me respondeu que iria dar uma olhada depois. Mas, você já olhou ou não?
– Ainda não.
– Passa aqui em casa mais tarde, estou começando a ficar preocupado com essa história.
– Pode ser amanhã? Acho que hoje não vai dar tempo.
– Tudo bem. Vou ficar no aguardo. Se der tempo hoje você me avisa?
– Sim. Até mais Bruno.
– Até!
Um pouco depois da ligação, o taxista chegou à casa de Tiago. Liguei para o número que Marcos me passara e Tiago me atendeu no segundo toque.
– Alô!
– Oi Tiago, sou eu, o Ricardo. Estou em frente a sua casa.
– Ah sim, estou indo aí. Só um instante – e finalizou a ligação.
Paguei o taxista e no instante que Tiago abriu o portão, eu desci do táxi.
– Boa noite Ricardo, pode entrar.
Entrei e ele trancou o portão em seguida.
– O Marcos te explicou o motivo desse encontro né? – Tiago perguntou enquanto me conduzia casa adentro.
– Explicou um pouco.
– Eu fiquei um pouco surpreso com o pedido dele. Nenhum dos outros garotos teve esse momento que você eu vamos ter.
– Bom pra mim né? – Perguntei.
– Sim. Está um pouco tarde, eu sei. Mas, era o único horário que eu podia fazer isso. Peço que me desculpe.
– Tranquilo.
– Se não se importar gostaria que conversássemos em meu quarto.
– De boa – e o acompanhei.
Entramos no quarto e logo reparei que em cima da cama de casal havia vários papéis espalhados.
– Desculpe a bagunça. Estava organizando o conteúdo da semana que vem. Dando uma adiantada.
Ele retirou todos os papéis, ajeitou o lençol e me convidou a subir na cama após ele.
Tiago passou os minutos seguintes falando a respeito da carteira VIP. Chegou a falar sobre dois clientes em particular que ele atendia, porém sem citar nomes, usando como exemplo para mostrar como funcionava o atendimento com esse tipo de cliente. Deixando bem claro a diferença comportamental deles com os que não eram VIP.
– Os clientes da carteira VIP são exatamente clientes caracterizados com pedido de serviço envolvendo contato intimo até sexo casual – disse Tiago.
– Entendi.
E por curiosidade, eu perguntei:
– Você gosta de fazer isso ou é apenas pelo dinheiro?
– Um pouco dos dois.
– Você também atende mulheres?
– Raramente. A maioria são homens. São os que pagam mais.
– Faz sentido – comentei.
– Outro detalhe importante que eu tenho que te dizer, é que uma vez que você aceita o serviço de um cliente VIP, não pode voltar atrás. Por isso costuma ser mais caro.
– Posso cair fora caso o cliente tente fazer algo fora do combinado?
– Nesse caso sim. Porém, normalmente eles perguntam se rola algo a mais que o combinado e pagam à parte.
– Ah, sim.
– É um tanto novo para você tudo isso né?
– Sim, um pouco – disse concordando.
Mas, na verdade, não era tão novo levando em consideração meu recente histórico sexual envolvendo meu tio Manoel, Bruno, Ramón, Vinícius e o professor Gabriel.
– Ficou com alguma dúvida? – Tiago perguntou.
– Acho que não.
Ele me encarou de um jeito engraçado.
– Acho que se você fosse meu professor no colégio há mais tempo, essa conversa toda teria sido bem constrangedora – comentei.
– Talvez. Eu costumo lidar com as coisas na maior tranquilidade possível. Principalmente essas relacionadas a este trabalho.
Disso não tinha dúvida. Desde o início da conversa ele manteve essa tranquilidade, até mesmo quando falou a respeito de suas experiências na carteira VIP, e que não foram poucas.
Já eu, apesar do meu recente histórico sexual com homens, comecei a pensar que talvez não fosse tão fácil assim lidar com esses clientes. A intimidade que deve ser estabelecida a partir do momento que assume realizar o serviço e ter que ir até o fim...
Combinei comigo mesmo naquele momento que ficaria na carteira VIP até conseguir dinheiro suficiente para os meus objetivos. Assim como Tiago, que usou desse serviço para poder pagar a faculdade, segundo o que ele me contou.
– Se eu precisar de ajuda, apoio, posso contar com você? – Perguntei.
– Claro, com toda certeza. Eu sei que provavelmente você está um tanto inseguro por dentro, mas vai dar certo.
Sorri para ele agradecido.
– Vou te dar uma dica de ouro – Tiago falou.
– Diga.
– Nunca saia do casual, por mais interessante e intenso que seja o contato com o cliente. Isso pode estragar tudo dependendo do que acontecer.
– Você já se envolveu com algum?
– Não, mas quase.
Tiago se aproximou um pouco mais de mim e disse:
– Vai dar tudo certo.
– Acho melhor eu ir então.
– Já?
– Eu acho que você já me disse tudo o que eu precisava saber hoje, não?
– Sim. É que acabei empolgando com a sua companhia, desculpa.
– Tudo bem. Gostei muito da sua companhia também.
– Quer que eu te dê carona?
Olhei as horas no visor do celular, oito horas da noite.
– Você quem sabe. – Respondi.
– Por mim tudo bem. Posso aproveitar a viagem e passar em algum lugar na volta que tenha comida.
– Okay.
Saímos da cama e acompanhei Tiago até a garagem.
A caminho da casa de Bruno, após avisar Bruno por mensagem que eu estava indo para lá. Em seguida, liguei para Vinícius para avisar que chegaria mais tarde.
– O Marcos me atualizou que você ia pegar algumas informações com um dos rapazes a respeito da carteira VIP – disse Vinícius do outro lado da linha.
– Sim. Mas, isso já foi. Estou indo resolver outra coisa com um amigo da turma de skate.
– Ah sim. Não demore muito, Ramón decidiu esperar você chegar para jantarmos juntos.
– Combinado.
Desliguei a chamada e pouco tempo depois chegamos à casa de Bruno.
– Obrigado pela carona.
– Por nada.
Tiago e eu nos encaramos por alguns segundos até eu ficar sem graça.
– O que foi? – Ele perguntou.
– Coisa boba, deixa pra lá.
– Ah, para. Pode falar. Prometo que não vou rir.
– Eu me lembrei da primeira vez que te vi, quando você entrou para dar aula.
– E aí?
– E aí que eu te achei um gato naquele dia. E agora estou sentado do seu lado dentro do seu carro. É isso.
– Você também é um gato Ricardo.
– Obrigado. É melhor eu descer antes que fique constrangedor aqui – falei enquanto tirava o cinto de segurança.
– Acho que teria sido constrangedor se eu tivesse feito a outra parte que o Marcos pediu.
– Qual parte?
– Testar sexo casual contigo.
Eu fiquei chocado com a naturalidade em que ele falou aquilo. Mas, não duvidei que Marcos realmente tivesse pedido isso.
– E você faria? – Perguntei.
– Só se fosse necessário e se você realmente quisesse. Mas, não julguei necessário. Não que eu não tenha ficado tentado com a ideia. Confesso que fiquei.
– Boa noite Tiago.
– Boa noite – e vi um sorriso em seu rosto antes de sair do carro.
Bruno me recebeu com um semblante bastante preocupado. Ainda não havia entrado no blog, mas agora não tinha mais como postergar isso.
– Pelo visto você ainda não leu o novo post né? – Ele perguntou assim que trancou o portão.
– Não.
– Vamos entrar, meu celular está lá dentro, com o texto na tela.
Ele pegou o celular e me entregou. Em seguida passei a ler o post que tinha por título: Um pouco mais sobre Rick:
“Eu sei que muitos ficaram curiosos a respeito do post anterior sobre Rick. Alguns comentaram que eu estava inventando uma história para ganhar visitas ao meu blog, só que não. Não vou responder todas as perguntas que levantei no final do último texto, mas, curti vários comentários que vocês deixaram e algumas teorias da conspiração em torno dessa história. Vou revelar algumas coisas a mais sobre nosso personagem. Primeiro depois que ele foi expulso de casa foi morar com um colega do colégio. Isso mesmo!!! Vocês devem estar curiosos para saber o nome desse colega, né? Vou dar uma dica: cabelo de fogo. Será que o cabelo de fogo é a próxima vitima sexual do nosso querido Rick? Há rumores... Contudo, tem algo mais quente por vir. Nosso querido Rick foi visto em um restaurante muito chique, dias atrás, com um dos professores mais quentes do colégio – segundo a opinião das garotas –, onde Rick estuda. Ele não perde tempo não é? Já sei, querem mais informações sobre o tal professor. Que tal deixarmos esse ar de suspense? Será que nosso Rick vai pegar dois de uma vez? Cabelo de fogo e o professor... Ou ele já pegou? Assim que tiver mais informações a respeito, atualizarei vocês. Por enquanto, é apenas isso pessoal. Até o próximo post!”
Depois que li, cheguei a uma conclusão: havia alguém me vigiando. Alguém que queria ver a destruição da minha imagem social, no mínimo.
– Foi postado ontem à noite! – Informou Bruno.
– Eu vi aqui a data – comentei. – Por enquanto são apenas especulações.
– O que está acontecendo Ricardo?
Suspirei.
Eu ainda não tinha certeza se contava a Bruno ou não sobre certas coisas, pois, ele ser o único a conversar comigo sobre esse blog o colocava como suspeito, por um lado. Por outro lado, não queria envolvê-lo nessa bagunça, caso ele fosse totalmente inocente.
Na minha cabeça, eu pensei que assim que eu me mudasse para o apartamento e ficasse na minha, tudo se resolveria. Talvez até esse blog silenciasse a meu respeito. Se isso me custasse afastar das pessoas, eu correria esse risco.
Porém, eu precisava tomar uma atitude naquele instante. Não dava para simplesmente dar às costas e deixar Bruno a ver navios.
– Algumas coisas são verdades, Bruno – e sentei no sofá. – Meu pai me expulsou de casa depois que descobriu um vídeo de mim transando com meu tio.
Bruno fez uma cara de espanto, e logo tratou de dizer:
– Eu não estou te julgando – e sentou ao meu lado. – Mas aí, foi tipo uma armadilha?
– Sim. Outro momento eu te conto com maiores detalhes, mas tem a ver com dinheiro.
– Então você está na casa daquele mano ruivo que foi com você dois domingos atrás na pista?
Eu não conhecia Bruno tão bem assim fora da pista. E, não porque eu já havia ido para a cama com ele duas vezes, que isso me dava alguma vantagem para saber algo mais sobre o caráter dele. Tanto que eu até tinha um modelo a esse respeito, meu tio.
– Sim. – Respondi a pergunta dele. – Ele me ajudou pra caramba. Mas agora arranjei um apartamento, um emprego e vou conseguir dar a volta por cima.
– Ricardo se antes eu te admirava, agora eu te admiro pra caramba com toda essa garra, essa força.
– Obrigado Bruno.
Ele parecia estar sendo sincero. Decidi abaixar a guarda um pouco.
– Senti sua falta domingo na pista – disse Bruno.
– Estava muito cansado domingo passado, acabei nem indo.
– Por causa do novo trabalho?
– Também, e por causa da semana de provas.
– Sakei. Olha não se afaste de mim, tá bom?
– Não vou me afastar Bruno. Só se você fizer alguma coisa contra mim – disse o encarando seriamente.
– Isso jamais! – E me deu um abraço bem forte.
Bruno estava bem cheiroso.
Ele começou a beijar meu pescoço e disse:
– Estava com saudades do seu cheiro e de outras coisas.
– Eu preciso ir Bruno – falei tentando não agir de forma brusca com o afeto dele a mim.
– Só alguns minutos. Não seja mal.
– Okay. Deixa mandar uma mensagem para uma pessoa antes.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Ramón, pedindo para ele me buscar na localização que eu ia enviar. Em seguida enviei a localização da casa de Bruno.
Ramón visualizou e disse que chegaria em 8 minutos.
– Pronto. Temos sete minutos – disse para Bruno.
Bruno me colocou em seu colo e eu senti o quanto ele estava excitado.
Ele passou a me beijar, e retribui, enquanto retirava a camiseta cavada que ele estava usando, revelando aquele peitoral que faziam algumas garotas da pista babar, só de olhar quando ele andava sem camisa.
Os beijos e os toques foram ficando mais intensos. Saí de cima dele e tirei a sua bermuda, deixando a mostra a sua cueca azul e o volume do seu pau debaixo dela.
– Culpa sua, viu? – Disse Bruno apontando para sua virilha.
– Então deixa aliviar isso – e abaixei a cueca dele, em seguida agarrei seu pau e coloquei em minha boca.
Chupei o pau dele bastante assim como as bolas deixando ele totalmente extasiado.
Levantei minha cabeça e Bruno disse:
– Agora é a minha vez!
Bruno tirou minha calça junto com a minha cueca de uma vez e abocanhou meu pau em seguida. O jeito que ele estava me chupando era delirante, com muita vontade. E foi ficando cada vez mais intenso. Se ele continuasse naquele ritmo, eu acabaria gozando na boca dele.
Ele parou, tornou a sentar no sofá, me colocou de volta em seu colo e tirou a minha camiseta. Voltou a me beijar enquanto sentia seu pau roçar minha bunda.
– O que você quer Bruno? – Perguntei sussurrando em seu ouvido.
– O que eu quero não vai dar tempo agora – ele respondeu sussurrando de volta. – Eu quero sexo!
Eu também queria, mas realmente não ia dar tempo.
– Você tem razão – disse. – Temos que parar agora.
– Sério?
– Sério! Depois marcamos um dia na minha casa, o que acha?
– Fazer o quê? – Ele respondeu após outro beijo.
Colocamos as roupas de volta e assim que terminei de me vestir, ouvimos a buzina do lado de fora.
– Minha carona chegou – falei.
– Por acaso é aquele mano ruivo? – Bruno perguntou.
– Sim, o Ramón.
– Isso, Ramón. Tinha me esquecido do nome dele. Ele parece quente.
– Espera, você gostou dele? – Perguntei curioso.
– Sim, não vou negar – ele respondeu enquanto caminhávamos para fora da casa.
– Vou contar isso para ele – disse o provocando.
– Pode contar – Bruno devolveu enquanto destrancava o portão.
Eu ri e depois o abracei me despedindo. E, antes de atravessar o portão, Bruno me deu um beijo na boca.
No carro com Ramón, instantes depois, ele me perguntou:
– Aquele no portão era o skatista que você me apresentou naquele domingo que fomos à pista?
– Sim.
– Interessante ele.
– Como assim?
– Um cara pinta, sabe. Curti o físico dele, principalmente quando ele tirou a camisa, depois de um tempo andando em cima do skate.
– Hmmm então descobrimos um segundo cara com quem você ficaria.
– Não disse nada disso – Ramón rebateu.
Eu sorri com a defensiva dele, mas também imaginando a possibilidade dos dois nus na mesma cama e um possível sexo a três...
No dia seguinte, após as aulas, eu tinha 3 clientes para atender, mas nenhum era da carteira VIP. Marcos me disse que meu primeiro cliente da carteira VIP seria na quinta-feira.
O primeiro que eu atendi era para sair com os dois cachorros dele para passear em uma praça enquanto ele receberia uma visita em casa: uma mulher com quem ele iria transar. Foi o que ele me disse antes de eu sair com os cachorros, acrescentando que os cachorros atrapalharam da última vez com os latidos incessantes.
O passeio foi divertido e me fez pensar em ter um animal de estimação futuramente.
O segundo cliente era uma mulher. Ela queria um ouvinte totalmente imparcial para ouvir alguns trechos de um livro que ela estava escrevendo. Achei bem interessante a narrativa dela. Uma história no gênero suspense policial, onde a polícia local estava investigando os rastros deixados por um serial killer. As vítimas do assassino eram todas mulheres, loiras dos olhos claros. Achei curioso, a escolha do estereótipo das vítimas, já que a escritora diante de mim era loira dos olhos verdes...
O terceiro cliente, o cadeirante, Saulo.
A mulher dele me recebeu no portão com a mesma simpatia da primeira vez. E, assim que entramos na sala, ela se ocupou apenas em pegar a bolsa, se despedir do marido com um beijo no rosto e sair porta afora.
– É impressão minha ou ela está com pressa hoje? – Perguntei a Saulo para puxar assunto.
– Senta aqui no meu colo – pediu Saulo.
– Como? – Eu fiquei assustado com aquele pedido vindo de repente.
– Sentar no meu colo, minhas pernas aguentam.
– Saulo você é casado – retruquei revirando os olhos.
– Só estou pedindo para você sentar no meu colo. Um pouco de contato humano. Desde que vim parar nessa cadeira as pessoas a minha volta acham que vou quebrar se me tocarem. Não estou pedindo para você transar comigo.
Eu fiquei um tempo tentando processar tudo aquilo.
– Mas o pior não foi parar aqui. – Saulo prosseguiu. – Foi o depois. Os que diziam serem meus amigos mostraram que eram apenas interesseiros. Quem quer a companhia de um inválido? Nem minha mulher me suporta. Arranjou essas reuniões duas vezes por semana para pessoas que tem alguém deficiente físico em casa. Para superar. Desconfio que ela anda me traindo.
Vi o semblante triste estampado em seu rosto. Estava claro que ele não estava bem. Alguma coisa tinha acontecido antes de eu chegar. Então, para não piorar a situação, resolvi atender ao pedido dele.
Aproximei, sentei em seu colo e o abracei.
Ele retribuiu o abraço e ficamos assim por um tempo, até que senti a ereção dele me cutucar embaixo.
– Acho melhor eu ir para o sofá agora – disse assim que desfiz o abraço.
– Por quê? Está se sentindo desconfortável em meu colo?
– Não. É que...
– É por que fiquei excitado?
– Sim. – Respondi sem titubear.
– Você é bem bonito assim de perto, sabia? – Ele comentou.
– Você também. Mas, eu não quero criar uma situação-problema aqui.
– Eu sei que não está no combinado, mas eu vou te pagar à parte em relação ao que rolar aqui. Dois instantes eu tiro o valor da minha carteira e te passo – ele insistiu enquanto acariciava o meu rosto.
– Não é a questão do dinheiro, Saulo.
– Então você não curte homens? Pensei que curtisse por causa daquele momento antes de me dar banho da última vez que esteve aqui.
– Eu curto homens – respondi sem pensar duas vezes.
– Eu também passei a curtir depois que vim parar nessa cadeira de rodas.
– Como assim? – Perguntei ao sair de cima dele sem movimento brusco.
– Foi o fisioterapeuta que contratamos uma semana depois que voltei para casa após o acidente. Minha esposa não queria que contratássemos uma mulher e eu não queria um homem heterossexual. Então, decidimos contratar alguém que fosse assumido gay.
– E o que aconteceu? – Perguntei curioso com a história.
– Comecei a gostar do jeito que ele me dava banho, e, o que parecia inocente no início foi se tornando algo sexual. Numa ocasião eu joguei água da banheira nele. Ele com toda paciência do mundo continuou a me dar banho. Então eu insisti que ele tinha que tirar a roupa antes que pegasse um resfriado.
– Aí ele tirou?
– Não de imediato. Tive que insistir mais um pouco até ele ceder. Quando ele tirou a camiseta eu senti uma sensação diferente. Algo que eu nunca tinha sentido por outro homem. Eu joguei água na bermuda que ele estava usando e depois falei pra ele tirar também. A essa altura ele começou a sacar minha intenção e tirou a bermuda de um jeito provocativo.
– Imagino – comentei, sentindo minha ereção com aquela narrativa.
– Ele ficou só de cueca e estava totalmente excitado. E claro, eu também estava excitado. Então eu puxei ele pela cueca e a tirei. Depois disso só bastou eu mostrar o quanto eu estava excitado com tudo aquilo e ele entrou na banheira. O resto você pode imaginar onde foi parar.
– Por que ele não continuou trabalhando para vocês?
– Ele conheceu alguém. Começou a namorar sério e me disse que não podia continuar fazendo o que fazíamos. Eu fiquei grilado e o despedi.
– Entendi. Então, se você insistir para eu cruzar esse limite com você e eu negar você vai me despedir? – Perguntei sem rodeios.
Saulo me encarou por um instante e depois foi rumo ao quarto me deixando ali sem resposta.
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A história continua...
ta ficando otimo
Caracas, ta muito bom, votado. NAO DEMORA PRA POSTAR