Entrei pelo cano ao julgar as aparências

Entrei pelo cano ao julgar as aparências
Era o meu primeiro emprego desde que me mudara para a capital. Quando enviei o currículo para a empresa não depositei muitas esperanças. Por que eles se dariam ao trabalho de fazer contato com um rapaz do interior, que nunca trabalhou numa grande empresa, se candidatos aptos não deviam faltar em São Paulo? No entanto, algumas semanas depois, recebi um e-mail agendando uma entrevista. Mal pude acreditar que uma chance havia surgido no horizonte. Mesmo sabendo que podia não se concretizar, eu depositei toda minha confiança nessa oportunidade.
A garota que me entrevistou certamente era uma novata. Percebi isso assim que ela me viu sentado na sala de espera com mais outros quatro candidatos. Ela me cumprimentou por último, com um aperto de mãos inseguro e um olhar tão transparente que dava para perceber o quanto eu havia mexido com ela. Depois de nos explicar como seria a dinâmica da seleção, onde se perdeu na explanação por duas vezes, ela iniciou a aplicação daqueles intermináveis e chatíssimos testes que os setores de recursos humanos usam com a ilusão de conseguir obter o perfil do candidato ideal para as vagas. Percebi que ela não tirava aquele olhar cobiçoso de cima de mim. Quando a flagrava ela procurava imediatamente disfarçar o que, diga-se de passagem, fazia muito mal, pois não apenas eu, mas os outros candidatos também perceberam logo.
- Nossas chances são mínimas! – afirmou o mais velho dos candidatos, cujas costeletas bem aparadas e curtas exibiam alguns fios brancos entremeados na cabeleira, para os demais, enquanto fazíamos uma pausa no cafezinho. – O garotão aí botou fogo debaixo das saias da moça. – acrescentou maldoso, fazendo com que todos esboçassem um discreto risinho, e logo concordassem com ele.
Findas as dinâmicas, fui deixado novamente por último, para passar pela entrevista da qual também participava a gerente do setor para o qual estávamos sendo selecionados. Nenhum dos quatro ficou na sala por mais de meia hora. E, ao saírem, era impossível tentar adivinhar como tinham se saído. Ao chegar, finalmente, a minha vez, fui bombardeado de perguntas pelas duas. Parecia que haviam combinado entre si de me confundirem ou de me intimidarem. A entrevista durou intermináveis cento e trinta e cinco minutos. Resolvi não pegar mais a estrada para voltar para casa naquele final de tarde de trânsito tumultuado e, de um céu carregado de nuvens escuras. Mesmo por que, elas ficaram de comunicar a contratação para o dia seguinte. A poucas quadras da empresa havia um hotel da rede Ibis, no qual resolvi pernoitar evitando procuras desnecessárias e gastos exagerados. As instalações do hotel mais pareciam um playground de jardim da infância, tudo exageradamente colorido e de gosto bastante duvidoso. Pensei em desistir e procurar outro, mas os trovões estalando ao longe me desestimularam de vez. O aguaceiro despencou sobre a cidade pouco depois de eu haver me instalado num quarto num dos últimos andares do hotel do qual, felizmente, se tinha uma linda vista de parte da cidade. Fiquei um tempo rememorando cada etapa daquela tarde e vendo as luzes da cidade se acendendo diante dos meus pés. Eu não havia me simpatizado com a gerente que, provavelmente, seria minha chefe, se eu fosse o escolhido. Tentei não pensar nisso, para não atrair forças negativas, uma vez que estava muito interessado naquele emprego e na oportunidade de me mudar para São Paulo. Acabei caindo no sono, enquanto pensamentos mil fervilhavam na minha mente.
Meu celular tocou pouco depois das oito horas da manhã, enquanto eu estava no chuveiro, pois a demora em conciliar o sono me fizera perder a hora.
- Alô! Fabrício? ... Bom dia! Aqui é a Monica, da entrevista de ontem. Tudo bem? – ao telefone a voz da garota parecia ainda mais infantilizada do que pessoalmente. Ela suspirava enquanto falava como se estivesse conversando com seu ídolo preferido.
- Bom dia, Monica! Tudo bem e com você? – devolvi, molhando o chão diante da cama.
- Estou dando o retorno, conforme foi combinado. E, quero parabeniza-lo, pois você foi o escolhido. – ela fez uma pausa esperando pela minha reação.
- Que ótima notícia! Estou muito contente, obrigado. – respondi sincero.
- Pois então, você poderia passar aqui ainda esta manhã para efetivarmos a sua contratação? A Simone também quer dar uma palavrinha com você antes de apresenta-lo oficialmente ao restante da equipe. – continuou ela.
- Claro! Claro! A que horas devo estar aí? – Enquanto conversávamos, fui tirando da valise as roupas que iria vestir. Ela me passou mais algumas instruções antes de eu voltar ao chuveiro para tirar o xampu dos cabelos.
Entrosei-me rapidamente à equipe e aos outros departamentos da empresa ainda durante o período de experiência. Como eu havia previsto desde a entrevista, meu relacionamento com a Simone logo se mostrou muito frio e distante. Havia um respeito mútuo pela capacidade profissional, mas nenhuma empatia que estivesse fora desse âmbito de ambas as partes. Ela era uma quarentona divorciada com uma filha que havia preferido morar com o pai. O fato de estar livre fê-la retroceder à época em que era uma moça solteira, tanto na maneira de se trajar, quanto na procura desesperada para encontrar um homem. As duas premissas acabaram por se mostrar pouco promissoras. A indumentária por si só já afastava qualquer chance de alguém com alguma intenção de futuro se aproximar dela. O fato de ela dar em cima de qualquer par de calças de forma acintosa e pouco discreta era outro fator que depunha contra ela. Aliado a tudo isso, ela estava sempre cheirando a uma mistura de perfumes adocicados e fumaça de cigarro. E, como isso não bastasse, uma maquiagem extremamente carregada sobre a pele perdendo o viço completava um quadro do qual os homens fugiam a qualquer custo. Ela nem perdeu seu tempo comigo, um rapagão jovem e bonito demais para se interessar por ela, o que talvez tenha sido o motivo da falta de empatia entre nós.
Outra razão para ela me enxergar por outro prisma, residia no fato do Márcio, o chefe do departamento jurídico espichar seu lindo par de olhos verdes sobre mim desde a primeira vez em que fomos apresentados. Lembro-me de ter ficado sem jeito na ocasião, pois o cara era o meu tipo de homem. Alto, ombros largos, um rosto anguloso e másculo, cuja barba cerrada conferia um aspecto muito viril e, um par de coxas grossas que preenchiam as calças dos ternos sempre alinhados como se fossem dois troncos de árvore, me fizeram estremecer por dentro. Isso sem mencionar o volume alongado cuja silhueta acompanhava boa parte da coxa esquerda e, que me deixou completamente fascinado por ele. O único defeito daquele macho de tirar o folego era o fato de ele ser casado. Mas, ao que me pareceu, isso não era nenhum impeditivo para ele flertar comigo, mesmo que discretamente, mas com muita insistência. Cada vez que ele precisava de um suporte técnico para embasar as pendências jurídicas da empresa, ele me procurava, passando por cima da autoridade da Simone.
Era certo que ele também havia percebido que mexia comigo, mas minha discrição e timidez emperravam um pouco as coisas. Meu pouco tempo de empresa exigia cautela e uma avaliação mais imparcial da situação, pois ele podia estar só zoando comigo ou querendo apenas confirmar minha tendência sexual. Ficávamos num jogo de gato e rato toda vez que ninguém estava por perto. Nessas ocasiões, eu ficava tão inebriado com aquele corpo escultural que me policiava a cada gesto e palavra.
Desde minha mudança para São Paulo a casa em frente estava vazia e pedindo reparos. Agora, cerca de um ano e meio depois, uma reforma estava modernizando a fachada e, provavelmente, readequando o espaço interno às necessidades dos novos moradores, um casal com mais ou menos a minha idade e, sem filhos. Como eu saía muito, não cruzei com os novos proprietários mais do que duas ou três vezes nos meses que durou a reforma. Ela, uma mulher muito bonita, tinha um sorriso fácil e cumprimentava gentilmente a vizinhança. Ele, um sujeito sem nenhum atrativo, limitava-se a esgarçar os lábios no que deveria ser um sorriso e, só o fazia seletivamente quando não havia como evitar. Eu costumava vê-lo mais aos sábados, pois nas manhãs desse dia ele ficava lavando o carro na rampa de acesso da garagem, num short surrado, sem camisa e nenhum atrativo que despertasse minha curiosidade. Vez ou outra, num dia um pouco mais ensolarado, eu também jogava rapidamente uma água sobre o carro quando a preguiça de leva-lo e ficar esperando no lava-rápido superava minha vontade de encarar a tarefa. Enquanto eu nem chegava a levar meia hora para cumprir a enfadonha limpeza, ele passava a manhã envolvido na lavagem, polimento e sabe-se mais lá o que. Levei um susto quando numa dessas ocasiões, ele cruzou a rua e se aproximou do portão.
- Não é bom colocar xampu na água sob esse sol, vai danificar toda a pintura. – disse ele, repentinamente às minhas costas enquanto eu esfregava distraidamente a lataria.
- Como? Ah! Olá! Não é assim que eles fazem no lava-rápido? – questionei, uma vez que era isso que tinha visto ser feito inúmeras vezes.
- Oi! Sim, mas debaixo de uma cobertura, nunca exposto ao sol direto. – respondeu ele, num tom professoral. - Da maneira como você está fazendo vai manchar a pintura. – emendou.
- Não sou muito ligado nisso, creio que é por isso que sempre acho os carros dos outros mais brilhantes que o meu. – respondi sem graça.
- A propósito, me chamo Thiago. Sem dúvida, a pintura vai ficando opaca e só um polimento pode dar jeito se for feito de início, depois nem isso. – garantiu ele.
- Obrigado pela dica! O jeito é eu não me meter com aquilo que não entendo e, nem gosto de fazer. – devolvi. – Meu nome é Fabrício, muito prazer. – acrescentei, chegando junto ao portão onde ele nem se importou de pegar na minha mão molhada e sacudi-la entre a sua.
- Não há nada de complicado, é só tomar esse cuidado. – retorquiu ele, fazendo-me sentir um completo idiota. Não fui com a cara dele.
Eu já estava me convencendo de que nada iria rolar entre o Márcio e eu. Quase dois anos trabalhando juntos e nada tinha mudado. Eu continuava morrendo de tesão por aquele macho corpulento e ele vivia me abordando com aquele olhar de quem está a fim mas, não se decide a tomar uma atitude mais concreta. Chegamos até a evoluir um pouco nas conversas que tivemos durante algumas happy-hours combinadas longe da empresa e na maior discrição. Ele me confessou que já tinha tido alguns casos esporádicos com outros carinhas. Que essas experiências foram ótimas e que ele era tarado por bundas arredondadas e cheinhas como a minha. Mas, que a vida com esposa e filhos tinha sido um empecilho para a continuidade dos casos. Eu tinha pouco a contar, exceto que continuava tão virgem quanto no dia em que nasci e que, apesar de nunca ter estado com outro homem, me via apenas no papel de 100% passivo. Eu saia dessas conversas iludido e cheio de esperanças, pois nunca tinha a coragem de tomar a iniciativa e coloca-lo contra a parede para marcarmos um encontro mais tórrido. Ele chegou a agendar alguns, que depois foram desmarcados sempre com o pretexto de algum assunto familiar.
Eu não usava o carro para ir ao trabalho. O fato de não gostar de dirigir e o trânsito particularmente complicado que fazia parte do meu trajeto eram motivos suficientes para eu ter optado pelo metrô que ficava a três quadras de casa. Depois de nos encontramos algumas vezes, ou no portão de casa, ou quando eu já estava no trajeto até a estação do metrô, o Thiago resolveu me oferecer carona. Eu a princípio recusei, mas ele parecia esperar o exato momento em que eu saía pelo portão para começar a tirar o carro da garagem. Achei que fosse pura coincidência, no entanto, nem eu adiantando ou atrasando um pouco a minha saída tinham evitado nossos encontros. Acabei cedendo à insistência dele, pois não valia à pena ficar nesse jogo de esconde-esconde. O trajeto era curto e não trocávamos mais do uma dúzia de frases antes de ele me deixar na entrada da estação. Contudo, com o passar do tempo, ele já sabendo meu destino final, começou a me deixar em alguma estação cada vez mais distante da de casa e mais próxima do trabalho. Fui encarando as conversas dele com menos preconceito e menos respostas monossilábicas. Numa delas, ele me disse que o casamento tinha sido uma decepção e que, ao continuar das coisas, eles certamente se separariam. No dia em que fez essa revelação, ele estava especialmente triste. Aquela animação que chegava a ser incomoda todas as manhãs tinha se transformado numa cara de expressão carregada e desolada. Argumentei que talvez fosse uma fase passageira, que casamentos têm altos e baixos, que as relações entre as pessoas são complexas e exigem muita dedicação para prosperarem, isso tudo sem nunca ter vivido uma relação e muito menos um caso. Meus argumentos não passavam de boas intenções para tentar amenizar o que ele estava passando.
- E você? Tem namorada ou noiva? Vejo que você recebe uma galerinha em casa de vez enquanto. Alguma daquelas garotas é sua namorada? – ele arriscou, sem olhar na minha direção, fingindo que o trânsito a sua frente estivesse a lhe exigir a atenção plena.
- Não! Estou solteiro, por enquanto. – respondi, não querendo ter minha vida devassada por aquele sujeito.
- Você é muito boa pinta, um gato como diriam as garotas. Deve haver um bando delas na sua cola.
- Que nada! Impressão sua. – respondi. - maldita hora em que aceitei as caronas desse cara, pensei comigo. Não dá conta da própria vida e vai querer se meter na minha. Desci do carro puto naquela manhã, tanto que até o final daquela semana fugi dele.
Ao entardecer do domingo o Thiago tocou a campainha em casa. Quando o vi pela câmera do porteiro, pensei em não atender, mas ele tinha me visto chegar pouco antes descendo do carro de um amigo.
- Oi! Incomodo? – ele tinha o rosto cansado.
- Não, claro que não! Entre! – respondi, com um sorriso forçado.
- Acabou mesmo. – começou ele, assim que se sentou num canto do sofá, mesmo antes de eu oferecê-lo.
- Não entendi. O que acabou? – eu estava tão chateado com aquela visita que nem imaginava o motivo que o tinha trazido até mim.
- O meu casamento. Acabou. Decidimos terminar antes de nos magoarmos mais. – disse ele, talvez esperando consolo.
- Puxa! Lamento muito. Tem certeza? Às vezes uma conversa franca e desarmada por ambos os lados seja capaz de reverter a decisão. – lá estava eu novamente falando do que não sabia.
- Sem chance! Desta vez não tem mais volta. – afirmou ele.
- Posso te servir alguma coisa? Um café, uma cerveja? – o que fazer quando não se sabe o que dizer?
- Não, obrigado! Eu vou indo. Só queria que você soubesse. Não quero te incomodar mais. – disse ele, levantando-se e caminhando até a porta.
- Imagine, não é nenhum incomodo. Torço para que tudo fique bem com você. – retruquei, sentindo que havia sido seco e um tanto distante. Fechei a porta me culpando por não ter-lhe dado mais atenção, embora não soubesse como.
Fiquei com tanto remorso pela minha atitude que passei a ser mais cordial e atencioso com ele durante as caronas. Sem querer, acabei abrindo caminho para que ele voltasse a me encher de perguntas de foro íntimo. Achei que se dissesse a ele que era gay, ele talvez mudasse de ideia quanto às caronas e se afastasse de mim, o que evitaria aqueles interrogatórios logo pela manhã.
- Eu tinha um leve pressentimento de que você gostava de homens. Não me leve a mal, não que você demonstre qualquer sinal disso, mas é difícil um cara como você estar solteiro e sem ninguém. - afirmou ele.
- De um jeito ou de outro, as pessoas sempre desconfiam. – devolvi encabulado.
- Então deve haver um bocado de marmanjos correndo atrás de você. – continuou ele, sondando mais um pouco.
- De forma alguma!
- Hoje em dia ninguém precisa mais ficar se escondendo. Com certeza você deve gostar de alguém. Por que não ficam juntos? – aonde aquela conversa ia chegar estava me preocupando.
- Não é bem assim! A sociedade continua tão preconceituosa como sempre. Pode ter havido alguns avanços, mas ainda há muita discriminação. – afirmei.
- Você está com alguém? – a ousadia dele não tinha limites.
- Não.
- Nossa! Que não resoluto. – revidou ele. – Aposto que alguém já deve ter mexido com seus sentimentos.
- Sim, mas é complicado. – respondi, falando mais do que queria.
- Ele é casado? – Santo Deus, a estação parecia não chegar nunca.
- É. – confirmei.
- Outra coisa que não é mais um entrave nos dias de hoje. Se existe tesão, não há por que fugir disso.
- Um bom dia para você, e bom trabalho! – eu nunca tinha descido daquele carro com tamanha vontade. Eu tinha municiado o Thiago com um belo arsenal de informações. Talvez fosse me arrepender mais cedo ou mais tarde.
Para completar o meu dia, fui criticado pela Simone durante a apresentação de um projeto para a diretoria, sem nenhuma sutileza da parte dela. E, para dar um gran finale à epopeia daquele dia, o Márcio insistiu em me levar a um motel depois da happy hour. Eu vinha esperando por isso há meses, mas acabei dizendo que não. Seria demais perder a virgindade justamente naquele dia. Resolvi correr o risco de ele nunca mais querer nada comigo, a ter minha primeira experiência naquele estado de tensão emocional.
Com a saída da esposa de casa, o Thiago devia estar se sentindo muito sozinho, pois começou a aparecer lá em casa quase que diariamente. Eu mal chegava do trabalho no final do dia e ele já estava no meu portão, ora com algumas cervejas, ora com um vinho, ora com um combinado de sushis e, ora só com a cara de pau. Era comum eu precisar começar a bocejar para que ele se tocasse e me deixasse em paz, quase sempre tarde da noite. Eu ficava com dó de expulsá-lo, uma vez que atribuía aquelas visitas à solidão que devia estar sentindo.
- Como vão as coisas com o seu pretendente casado? – quis saber, numa dessas visitas.
- Não estão. Para falar a verdade, recusei um convite dele para sairmos, creio que não vai me convidar novamente. – respondi, tentando com isso fazê-lo desistir desse assunto.
- Aposto que vai. Se ele é mesmo como você diz, não vai perder a chance de comer uma bundinha como a sua. – ponderou.
- Eu não estou à procura de alguém que me coma. Estou procurando um relacionamento. – revidei zangado.
- Com um cara casado? Você acha que ele vai abrir mão da família por você? Não seja ingênuo, ele está a fim de sexo. – afirmou categórico.
- Para você tudo se resume a sexo, não é? Por que acha que não pode haver amor entre dois caras? – questionei.
- Você é muito romântico. Parece que está no século passado. O que atrai duas pessoas seja homem com homem, homem com mulher ou mulher com mulher é o sexo. Nesse aspecto somos tão primitivos quanto os animais. São os hormônios que nos atraem com um único objetivo, foder para suprir nossos instintos. – sentenciou.
- Talvez isso seja verdade entre os animais, mas somos seres pensantes. Há inúmeros outros interesses que nos levam a nos relacionarmos com outra pessoa. Você faz tudo parecer muito carnal. – eu não estava acreditando que estava tendo esse tipo de conversa com aquele sujeito.
- É carnal, meu caro. Talvez seja por você estar sonhando romanticamente que vocês dois continuam nesse chove não molha. Seja mais direto, demonstre que você quer que ele te coma. Garanto que no dia seguinte ele está aos seus pés, querendo enfiar a pica no seu rabinho. - disse, ousado.
- Você é um pervertido! Não sou uma puta que sai por aí se oferecendo. – retruquei furioso.
- Só que desse jeito recatado é que não vai conseguir nada. No fundo você tem medo de sentir um cacete no cu. – devolveu ele, com um risinho sarcástico. – Posso te dar umas dicas que vão deixar o cara babando e você vai conseguir realizar seu sonho de dar para ele. – acrescentou.
- Desapareça! Você já tomou cervejas demais, está me irritando com essa conversa. Eu não estou querendo dar para ele e, nem para ninguém, entendeu? Coloque isso na sua cabeça! – explodi, puxando-o pelo braço em direção à porta.
- E você vai ficar esperando o que? O cuzinho ficar encruado? Ninguém mais é virgem aos quase trinta anos! – questionou.
- Isso não é da sua conta! Agora suma! – ordenei enfurecido. Ele me dirigiu um sorriso malicioso, antes de me desejar uma boa noite sonhando com um cacete.
Tive uma noite péssima. Teria ele razão? Eu já tinha sido muito assediado, mas sempre colocava os caras para correr, muito embora sentisse atração por alguns deles. O desgraçado podia estar certo, talvez eu tivesse mesmo medo de me entregar para alguém. Fiquei com mais raiva ainda do Thiago. Esse cara só me aporrinhava. Que dicas seriam essas que ele podia me ensinar?
Quando dei por mim, semanas depois, ele estava me dizendo como conquistar o Márcio, sem sutilezas e salamaleques, apenas mostrando do que eu estava a fim. No começo me senti uma puta, mas o Márcio nunca tinha se mostrado tão disposto como agora. Ele começou a me encoxar toda vez que estávamos nalgum lugar onde não poderíamos ser flagrados. Passava a mão na minha bunda. Sussurrava obscenidades nos meus ouvidos durante o expediente, me desconcentrando todo. Sentava-se sobre a minha mesa de forma acintosa exibindo aquela rola imensa dentro de suas calças, o que me deixava fervendo de tesão.
Eu fui tão tolo que ia colocando o Thiago a par de tudo. A cada evolução que eu contava, ele me dizia como proceder dali em diante. O pior é que eu seguia suas orientações como se seguisse as instruções de um manual. De tão animado que eu estava com a atenção que o Márcio me dedicava, passei a deixar de lado meus receios e temores. Numa noite em que fiquei até bem mais tarde no escritório, ele veio ter comigo. Seguimos até a sala dele onde sem nenhum pudor, o Márcio começou a acariciar aquela jeba diante do meu olhar desejoso. Ele levou minha mão até a pica e me fez acaricia-la. Quando dei por mim, ele havia aberto a braguilha, tirado o cacetão para fora e eu lambia e chupava cada centímetro daquela rola. Ele se contorcia na cadeira giratória enquanto eu me empenhava em um boquete demorado e prazeroso. Fiquei ajoelhado entre as coxonhas grossas dele até ouvirmos o segurança vindo pelo corredor checando sala por sala se tudo estava em ordem. Voltei para casa certo de que o Thiago tinha razão. Seguindo as orientações dele, eu teria o Márcio mais rápido do que nunca.
- Eu não te disse que ia funcionar? Você ficou quase dois sem conseguir nada, agora em poucas semanas já está com a rola dele na boca. Isso só prova que eu tinha razão. – gabou-se o Thiago, diante do meu relato, cujos detalhes picantes ele arrancou de mim como já havia se tornado um hábito. Embora jurasse a mim mesmo que nunca mais iria ser tão explícito nos meus relatos, eu acabava contando tudo, como se estivesse num confessionário.
- Talvez você tenha um pouco de razão. – admiti contrafeito. Ele esboçou aquele risinho malicioso que era sua marca registrada.
Num sábado no início da tarde, o Márcio apareceu em casa. O Thiago ainda estava lavando o carro quando entrei no carro do Márcio. Ele fez questão de acenar em nossa direção, como que dizendo – eu sei o que vocês vão fazer – eu retribuí de forma tímida à piscada capciosa que ele me dirigiu.
- Sujeito estranho! Ele ficou me encarando quando cheguei como se já me conhecesse. Até acenou. – disse o Márcio, assim que colocou o carro em movimento.
- É esquisito mesmo! – concordei, sem mencionar que ele sabia praticamente de tudo o que rolava entre nós.
Eu não queria que a nossa primeira vez fosse lá em casa. Achei que num território neutro, seríamos mais espontâneos. Minhas pernas tremiam e minhas mãos estavam úmidas quando o Márcio parou o carro diante da recepção de um motel. O tesão e a ansiedade estavam me deixando maluco. Eu estava prestes a me entregar a um tremendo garanhão, sonho de consumo de qualquer mulher ou gay. Ia perder a virgindade exatamente como sempre havia sonhado, com um cara másculo e lindo, cheio de experiência. A imagem daquele cacetão que eu chupei na empresa ainda estava nítida em minha memória e atiçava meu cuzinho nesse exato momento.
Eu nunca tinha estado num quarto de motel e, apesar do luxo, achei que a decoração tinha algo de pecaminoso que me remeteu a bordeis baratos de filmes hollywoodianos. O Márcio me pareceu muito à vontade naquele ambiente, como se tudo ali não passasse de um cenário ao qual ele estava acostumado. De repente, senti náuseas daquele excesso de essência de eucalipto e desinfetante que pairava no ar. A água que borbulhava na hidromassagem subitamente me pareceu um ácido no qual minha pele se desintegraria e seu entrasse ali. Fiquei imaginando quanto sêmen não deveria estar impregnado naqueles lençóis, mesmo depois de lavados.
- Você não vai tirar essas roupas? Estou morrendo de tesão imaginando seu corpão todinho nas minhas mãos. – questionou o Márcio, que naquela altura já estava apenas de cueca.
- Sim, claro! – respondi inseguro. Olhei para o cacetão dele para me animar, pois não sei onde tinha ido parar todo aquele tesão que eu tinha sentido no carro.
- Vem cá! Deixe-me ajudar. – propôs, começando a me bolinar enquanto tirava minha calça. Ele quis me levar até a hidromassagem. Eu dei uma desculpa qualquer e fomos parar debaixo do chuveiro.
A benga dele afastou meus temores no mesmo instante em que ele me abraçou por trás. Meu cuzinho piscava sedento e devasso. Ali mesmo eu me ajoelhei diante das coxas peludas dele e comecei a acariciar sua rola pesada. Chupei, lambi e massageei o cacetão e as bolas como tantas vezes tinha imaginado em meus sonhos. Por mais que me empenhasse a ereção, à meia bomba, dele não saia daquilo. Talvez eu fosse um péssimo amante. Provavelmente não sabia como fazer um homem se excitar com meus afagos. Tudo sempre meu pareceu tão fácil e rápido nos filmes, nas sacanagens exibidas nos sites pornográficos. Minha insegurança só aumentava à medida que aquele cacetão não ficava completamente duro. Quase não suportei aquela toalha deslizando pelo meu corpo enquanto ele me enxugava. Por quantas centenas de corpos aquela toalha não deve ter passado?
- O que foi? Até parece que você nunca esteve com outro homem antes! – inquiriu ele, percebendo o quão travado eu estava. Só então percebi que nunca tinha dito a ele que eu era virgem. Ele também nunca demonstrou qualquer interesse por essa condição.
- Nada! Acho que estou um pouco tenso, só isso. – menti.
- Já, já vou fazer você relaxar. – asseverou, inclinando-me sobre a cama e deitando-se sobre a minha nudez. Meu pau voltou a endurecer, assim que senti aquele macho enorme e peludo sobre mim.
Afaguei-o e nossos lábios se tocaram brevemente. Ele chupou meu pescoço, foi descendo lentamente até minhas tetas e as apertou em suas mãos. Meus biquinhos estavam enrijecidos e sensualmente salientes quando a língua dele se moveu ao redor deles. Eu gemi e comecei a movimentar minhas pernas a fim de aplacar aquele calor que queimava no meu cuzinho. De uma mochila que ele havia trazido para o quarto, o Márcio tirou alguns acessórios. Para ser mais preciso, um plugue anal, dois vibradores, um no formato de uma pica e outro um cilindro com anéis na extremidade, um cacetão rígido de silicone imitando a pele negra e rotatório, e outro com o escroto e função vibradora, além de um colar tailandês com quatro bolinhas do tamanho de ovos de galinha. Fiquei espantado com aquele arsenal e me perguntei para que aquilo tudo se o cacetão dele já me bastava. Logo comecei a entender o porquê daqueles acessórios. Pouco depois de chupar e mordiscar meus mamilos, o Márcio foi em direção à minha pica. Agarrou-a numa das mãos e começou a chupá-la. Eu brochei na mesma hora. Eu nunca imaginei aquele machão com uma pica na boca, muito menos a minha que nada tinha de excepcional. Enquanto ele chupava meu pau mole, foi abrindo minhas pernas e tateou pelo meu cuzinho que tinha parado de se contorcer assim que a boca dele se fechou ao redor da minha glande. Ele pegou o colar tailandês e enfiou uma das bolinhas no meu cu, que se contraiu engolindo-a involuntariamente. Após um tempo puxando-a pelo cordão enquanto meu cu procurava retê-la entre as pregas, ele passou a usar o caralhão escuro. Eu estava tão tenso e com a pelve retesada que as inúmeras tentativas de enfiar aquela coisa em mim se frustraram.
- Acho que não estou pronto para os seus brinquedinhos. – ponderei. – Talvez o método mais antigo funcione comigo. – emendei, torcendo para que ele usasse seu próprio cacete para entrar em mim.
- Com o tempo você vai se acostumar. – retrucou.
Eu me virei de bruços e empinei minha bunda, desejoso e quase em súplica. Ele começou a se esfregar em mim e o tesão voltou, meu pau estava duro novamente e minhas pregas eriçadas esperando pelo cacete dele. Com a ajuda de uma das mãos ele pincelou a jeba no meu rego e eu gemia tomado pelo tesão. Quando finalmente senti que meu buraquinho se abriu para dar passagem ao que o cutucava, algo macilento feito uma borracha mole me penetrou o suficiente para se alojar entre meus esfíncteres. Era o caralhão do Márcio debilmente presente no meu cuzinho. Toda vez que ele se movia, a jeba saía do meu rabo e, ele lutava para recoloca-la naquele orifício apertado já sem esperanças de ser desvirginado.
- Enfia no meu cu. – pediu ele, colocando o vibrador no formato de pica na minha mão. Desajeitadamente consegui colocar o acessório para dentro do rabo dele. Ele gemeu e se esfregou em mim como se possuído por um tremor.
Eu olhava para o teto e torcia para aquilo acabar logo. Aquele corpanzil não exercia mais nenhum atrativo sobre mim e eu ansiava por tirar aquele peso de cima do meu corpo comprimido contra o colchão. O urro rouco que saiu de sua boca ecoou no meu ouvido quando eu já estava completamente alheio e frio a qualquer toque dele, apenas senti minha coxa molhada. Ele gozara sobre ela um líquido ralo e aquoso do qual me livrei assim que alcancei uma das toalhas que estava aos pés da cama. Enquanto mijava no banheiro e, se preparava para entrar mais uma vez no chuveiro, eu me vesti num piscar de olhos. Fiquei à sua espera, sentado numa poltrona como se tivesse acabado de perder uma guerra. Ele certamente não se deu ao trabalho de avaliar meu estado de ânimo, apenas propôs que ficássemos mais um tempo juntos, talvez abraçadinhos aqui na cama, como sugeriu. Eu disse que precisava voltar para casa, pois ainda tinha um compromisso. Desapontado, ele colocou as roupas e deixamos o motel. Só ele falou durante o trajeto até minha casa. Eu simplesmente não encontrava as palavras para manter um diálogo. Estava arrasado. Aparentemente, para o Márcio tudo transcorreu na mais completa normalidade, talvez exceto, o fato de eu não ter permanecido mais tempo com ele.
O Thiago acabava de chegar em casa quando o Márcio me deixou diante do portão de casa. Estávamos nos despedindo sem ao menos um selinho, pois eu virei o rosto no momento em que o Márcio tentou me beijar. O Thiago acenou em nossa direção antes de abrir o porta-malas e, ao que me pareceu um pretexto para ganhar tempo, fingiu procurar alguma coisa dentro dele. Ele cruzou a rua antes que eu pudesse entrar em casa.
- Você não me parece contente para quem acaba de ter o cuzinho desvirginado pelo galã dos teus sonhos! – exclamou, com seu risinho debochado.
- Não estou em condições de ouvir suas piadas! Você consegue ser nojento falando de sexo! Se não tem outro assunto para tratar comigo, é bom me deixar em paz. – revidei enfurecido. Afinal, quem ele pensa que é para invadir minha privacidade dessa maneira? Eu tinha dado confiança demais a esse cara, agora estava pagando por isso.
- Para você estar nessa bronca toda, o cara deve ter te machucado com aquela pirocona que você diz que ele tem. Acontece, quando se entrega a virgindade a um cara dotadão. Amanhã você vai estar bem! – continuou debochado.
- Vá tomar no cu, Thiago! Vai cuidar da sua vida. Coisa que, aliás, você deve fazer muito mal, pois até a mulher te deu um pé na bunda. – retruquei, encarando-o zangado. A expressão no rosto dele se transformou imediatamente, o risinho deu lugar à mágoa. Felizmente a chave acabou entrando na fechadura, apesar de eu estar tremendo de raiva e frustração, e eu consegui abrir a porta e batê-la na cara do Thiago.
Desabei sobre o sofá e tive um acesso de choro convulsivo. Não sei se por conta do que aconteceu no motel, ou se foram as palavras irônicas do Thiago, devassando minha intimidade como se fosse um assunto público.
Durante toda a semana seguinte não vi nem sombra do Thiago. Quando saía de casa pela manhã ele já não estava mais. Melhor assim, pensei. Eu tinha feito confidências demais para um sujeito que mal conhecia. Na empresa também procurei evitar o Márcio. Mas, ele acabou me procurando já na segunda-feira perto do final do expediente, uma vez que eu não tinha saído com a galera para o almoço, como de costume. Fiquei sem jeito diante dele, o que nunca tinha acontecido antes. Pela primeira vez a aproximação dele não despertou aquele calor que tomava conta do meu corpo assim que o via. Nem aquela jeba monstruosa e indiscreta colada à perna esquerda dele me causou qualquer interesse. Minhas preguinhas ainda tinham vivas na memória aquela inconsistência flácida que foi introduzida nelas.
- Quando marcamos nosso próximo encontro? Passei o final de semana todo pensando em você e nessa bundinha carnuda. – sussurrou ele, mais atrevido, mesmo na presença de outros colegas do setor nas proximidades.
- Tenho que trabalhar até um pouco mais tarde hoje, podemos conversar depois do expediente? Na sua sala talvez, se não for inconveniente. – respondi formalmente.
- Claro que sim! Vou te esperar ansioso. – respondeu.
Quase não consegui me concentrar no trabalho. Ficava ensaiando em pensamento como dizer a ele que não haveria mais encontros e que não haveria mais nada entre nós. Tudo que vinha à minha mente me soava como mentira e que ele logo ia perceber que eu não tinha gostado do nosso encontro. Eu não queria magoá-lo e, muito menos, criar um desafeto na empresa. Homens não gostam de ser rejeitados. Se for por conta de seu desempenho sexual então, a coisa pode fugir do controle. A última coisa que me faltava era fazer uma inimizade e passar a ser apontado como a bicha que o chefe do jurídico tinha comido.
- Hummm...você me deixou com tesão quando disse que queria me encontrar depois do expediente. – disse ele, acariciando a jeba por cima da calça e caminhando em minha direção procurando me abraçar.
- Espere um pouco, Márcio! A porta da sala está aberta, vamos devagar. – apressei-me a dizer dando dois passos para esquivar-me dele. – Além disso, eu vim apenas conversar. – acrescentei, enquanto ele fechava a porta de sua sala.
- Pensei que você tinha vindo chupar meu cacete intrépido. – retrucou, voltando a se acariciar.
- Aí é que está. Eu estou me sentindo culpado desde aquele dia. Você tem esposa e dois filhos, eu não quero ser a razão de discórdia entre você e sua família. Não me vejo como um destruidor de lares. Me sinto péssimo nesse papel. – despejei.
- Não se preocupe com isso! Você é um cara muito legal, além de delicioso. Deixe que eu lido com a questão da minha esposa. Ela nunca vai saber. – revidou.
- Não se trata de ela saber ou não. Eu sei e você sabe, isso me faz sentir um mau caráter. Não conheço sua esposa, mas não gostaria de ser o motivo da infelicidade de outra pessoa, seja ela quem for. – argumentei, percebendo que minhas palavras começavam a tirar-lhe as esperanças de continuar investindo em mim.
- Eu me aproximei de você justamente por esse seu caráter honesto, por sua total discrição. Podemos até ficar mais afastados aqui dentro da empresa. Lá fora ninguém tem nada haver com nossas vidas. – ele tentava salvar a situação.
- Não consigo ter duas caras, Márcio. Por favor, entenda que, independente do que pensam ou acham os outros, eu não me sinto confortável, mantendo uma relação com um homem casado dentro da empresa em que trabalho. – meus argumentos estavam se esgotando e eu torcia para ele se convencer de que o melhor seria pormos um fim naquilo que nem começara direito.
- Tem outro cara na jogada? Aqui dentro, ou talvez aquele seu vizinho? - questionou.
- Óbvio que não, Márcio! De onde você tirou uma ideia absurda dessas? Não tenho nada com aquele sujeito e, muito menos com qualquer um aqui dentro. – minha resposta foi tão defensiva que ele se arrependeu de levantar a suspeita.
- Desculpe, não quis te ofender. É que tudo estava tão bem no sábado. O que mudou desde então? – inquiriu, agora perdido por não encontrar um motivo plausível.
- Foi como eu disse, estou me sentindo como se estivesse traindo alguém. Isso ficou ainda mais evidente depois do nosso encontro de sábado. Não estou conseguindo lidar com isso. Perdoe-me. – argumentei.
- E como ficamos então? Vamos nos tornar dois estranhos? – a expressão dele me comoveu.
- Vamos continuar sendo amigos. Nada vai mudar. Apenas não vamos continuar com algo errado. Será melhor para todos. – afirmei contente, por ele não contra argumentar mais.
Minhas segundas férias estavam vencendo e eu tinha agendado um mês de folga no departamento de recursos humanos. Desde que me mudara para São Paulo não tinha voltado para casa dos meus pais, e decidi passar um tempo por lá, longe dos problemas que havia criado aqui. Um tempo afastado de tudo iria restabelecer meu equilíbrio e deixar as coisas por aqui esfriarem. Trabalhei mais aquela semana e voltei para o interior.
Confesso que já na primeira semana a calmaria da cidade onde nasci começou a me incomodar. A notícia de que eu estava na cidade logo se espalhou entre os amigos que ainda moravam lá, tudo por conta de um encontro com um deles dentro do supermercado. A todo instante, depois disso, alguém aparecia na casa dos meus pais para me rever. Isso foi o que de melhor podia acontecer naquele momento da minha vida. Saber que eu ainda era estimado por colegas dos tempos de colégio. Dentre esses, o Pedro, que tinha sido desde a infância meu melhor amigo, me convidou para um jantar na casa dele. Foi para o Pedro que eu revelei que era gay, quando percebi que só me interessava por homens. Ele era a única pessoa que sabia disso, até eu ir para São Paulo. No mesmo dia, ele me confessou que também era, com uma única e crucial diferença, ele se descobriu gay mantendo uma relação sexual com um primo. Enquanto eu me mantinha virgem.
- Lembra do Fernando? O filho do doutor Augusto? – perguntou ele, antes de fazer o convite.
- Lembro, claro. Ele não tinha ido para Uberlândia estudar odontologia como o pai? – respondi, recordando-me do garoto gostoso que fazia os corações e as bucetas das meninas estremecerem por ele.
- Foi. Ele voltou no ano passado e desde então estamos juntos. – revelou o Pedro.
- Putz! Que bacana, parabéns! Ele continua tão lindo como nos tempos do colégio? – perguntei, provocando o Pedro.
- Continua, e como continua! Ficou ainda melhor! – brincou o Pedro, abanando-se.
- Fico feliz por vocês dois. Você merece um cara como ele. Sempre o achei muito boa gente, além de um gatão. – afirmei sincero.
- E você? Numa cidade como São Paulo o que não falta é homem bonito. Com quantos você já namorou? – questionou zombeteiro.
- Nem me fale! Um completo desastre. Vamos conversar melhor hoje a noite na sua casa. Não quero tocar nesse assunto aqui em casa, mesmo por que, o papo é cabeludo. – respondi, antes de a minha mãe entrar na sala.
O Pedro e o Fernando tinham ajeitado muito bem o apartamento onde moravam, ambos tinham bom gosto e vinham de famílias com posses. E, ao que me pareceu, o inicio de carreira deles também estava sendo bem sucedido. O Fernando se mostrou muito simpático, acho que o Pedro tinha revelado meu segredo para ele.
- Uau! Você não tinha me dito que o Fabrício estava tão gostoso! – brincou o Fernando, dirigindo-se ao Pedro, assim que os dois me receberam na porta.
- Teu marido virou um belo de um tarado, cuidado! – revidei com um sorriso amistoso, enquanto dava um beijo em cada um deles.
- Sempre foi, esse é o problema! Não posso vacilar nem um segundinho! – devolveu o Pedro, dando uma cutucada nas costelas do Fernando.
- Você é que é ciumento demais! Só tenho olhos para você, amor. Você já devia saber disso. – defendeu-se o Fernando.
- Para mim e para toda bunda gostosa ou par de coxas que passa pela sua frente. – afirmou o Pedro, deixando-se abraçar pelo marido.
Os dois eram muito divertidos. Estavam na fase da paixão tórrida do início dos relacionamentos. Mesmo assim, era nítido o amor que sentiam um pelo outro. Fiquei sensibilizado com a relação carinhosa deles. Como os dois eram ótimos cozinheiros, o jantar foi maravilhoso.
- Mas, vai me contando o que aconteceu em São Paulo que você não pode me contar na sua casa. – disse o Pedro, quando terminamos a sobremesa. E, olhando para o Fernando, me disse que tinha revelado minha condição para ele.
- Fique certo de que seu segredo está bem guardado. – asseverou o Fernando, colocando a mão massuda sobre a minha.
- Não tenho dúvida disso. E obrigado. – respondi com um discreto sorriso para o Fernando. – Conheci um cara na empresa, o chefe do departamento jurídico. Lindo, fortão, peludinho, bem o meu tipo, dono de uma jeba indecentemente enorme que ele nem se dá ao trabalho de disfarçar dentro das calças e, casado com dois filhos. Deu para sentir o drama? – iniciei meu relato ante o silêncio dos dois.
- Até já imagino! – disse o Pedro. – Você acabou se magoando?
- Acho que a palavra não é bem essa. Eu diria, me frustrando. Levou quase dois anos para rolar algo físico entre a gente. Não que tenha havido um envolvimento afetivo, a não ser talvez da minha parte. Eu sonhava com ele, mas na realidade ele nunca se mostrou disposto a um envolvimento afetivo. Contando isso agora para vocês consigo enxergar claramente, incrível!
- Bem, mas e daí? – quis saber o Pedro.
- Em nossas breves, mas inúmeras conversas prévias, eu havia deixado explícito que era 100% passivo. Nem sei por que mencionei isso para ele, mas na época me pareceu oportuno. Foi quando ele me disse que tinha dois filhos com a esposa, como que querendo afirmar que era bem macho. No entanto, ele encheu a boca para acrescentar que era mais versátil do que eu, que só me interessava por homens e fazia questão de ser passivo. Não dei muita importância ao comentário dele, pois aquele corpanzil obnubilava todo meu raciocínio. – afirmei. O Fernando deu uma risadinha.
- Continuando. Quando enfim marcamos algo de concreto num motel. Ah! Preciso contar uma situação antes disso. Em frente de casa mudou-se um casal que acabou se separando e o carinha continuou morando lá. Um intrometido! Acabei contando para ele do meu interesse pelo Márcio, é esse o nome do chefe do jurídico. Também nem sei bem por que fiz isso. Acho que o fato de não ter amigos por lá me levou a abrir o bico com a pessoa errada.
- Errada, por quê? – Perguntou o Fernando.
- Errada por que ele é um sujeito insuportável. Vocês acreditam que ele quis me dar dicas para seduzir o Márcio? E eu, tonto, segui as instruções dele. Por isso a coisa deixou de ficar nas intenções e passou para o campo das ações.
- Então as dicas dele foram boas, não é? – disse o Pedro.
- Pensando que disso resultou marcamos de ir ao motel, pode-se dizer que sim. Mas, não é isso que vem ao caso. O que me frustrou foi o que aconteceu no motel. O Márcio nu realmente é um tipão. Um sonho de consumo. Só que a tal da versatilidade dele me fez brochar na primeira coisa que ele fez comigo.
- Isso está ficando picante! Não me leve a mal, não estou tirando o sarro de você. – disse o Pedro.
- Para começar aquela rola não passava da meia bomba, ou eu é que sou ruim demais e não consegui fazer com que ela ficasse tinindo. O cara estava mais interessado em chupar o meu pau do que, bem vocês sabem do que. Foi quando brochei. Depois, ele trouxe um arsenal de acessórios. Quando o vi tirando aquilo tudo da mochila pensei que ia sair de lá arregaçado. Mas, meus caros, aquilo eram os brinquedinhos dele. O que o pau dele não fazia ele quis suprir com aquilo. E, ainda, me pediu para lamber e enfiar primeiro um dedo e, depois, um daqueles troços no cu dele. Foi demais, para mim tudo que nem tinha começado acabou ali. – revelei, tomando um gole do vinho que estava no meu copo para me acalmar.
- Não fique assim! Para um marinheiro de primeira viagem, até que a coisa não foi tão catastrófica! – afirmou o Pedro. – Entenda que, a quase totalidade desses versáteis está a fim de dar o cu, não de comer. O cara fala isso para se autoafirmar como homem. O negócio deles é virar a fêmea de outro macho, só não admitem isso logo de cara. Quando muito ficam naquele troca-troca. – acrescentou.
- Macho, de verdade, deixa claras suas intenções logo de cara. Pegar no pau de outro ou ser tocado no cu nem pensar. Além do que, o cara parece um garanhão no cio quando vê uma bela bunda, uns seios ajeitadinhos, umas coxas ou uma xana. O negócio dele é botar o pau no primeiro buraco que vacilar diante dele e se saciar nele. – asseverou o Fernando, com propriedade de causa.
- Sinto-me um ridículo! Botei tanta caraminhola na minha cabeça que achei que tinha encontrado meu príncipe encantado. No mínimo ridículo para um cara com vinte e oito anos. – sentenciei.
- Encare isso apenas como um revés. Decepções acontecem. Não se culpe por isso. – consolou-me o Pedro. – Como ficaram as coisas entre vocês depois disso?
- Conversei com ele, e inventei que não conseguiria levar um relacionamento com um cara casado. Disse que não continuaria com aquilo. Não sei se ele engoliu a desculpa, ou se só fingiu entender. – respondi.
- Tem um detalhe nessa história que está meio confuso. Qual é a desse seu vizinho? Esse cara está a fim de você! – afirmou o Pedro.
- Que isso? Não tem nada haver. Não fui com a cara dele desde o início. Nem sei por que dei bola para as conversas nojentas dele. O cara só pensa em sexo! Para ele tudo se resume a enrabar alguém. – garanti.
- Preste atenção no que você acaba de falar. E, lembra-se do que eu te falei há pouco. Pense bem! Sabe por que ele só fala e só pensa em sexo quando está com você? Ele está a fim de você, boto minha mão no fogo! – assegurou o Fernando.
- Que nada! O cara só faz isso para se divertir as minhas custas. Eu caí feito um pato na conversa mole dele. Acabei me dando mal. É isso que dá ser um idiota. – ponderei inconsolado.
- Você está sendo crítico demais consigo mesmo. O Fernando tem razão. Esse cara deve estar a fim de você. – disse o Pedro.
- Então por que ele praticamente me atirou nos braços do Márcio? Se ele estivesse a fim de alguma coisa comigo, ele jamais iria querer que eu fosse a motel com outro. – argumentei confuso.
- Aí é que está! Ele foi dando corda para você se enroscar e perceber que o rival não estava com essa bola toda. Deu certo, ele conseguiu o que queria. Você se decepcionou com o galã. – afirmou o Fernando.
- Se ele fez isso mesmo, estou com mais raiva dele ainda! Que crápula! Me fez de bobo! – eu não podia acreditar que o Thiago tinha armado tudo isso de caso pensado.
- No amor cada um joga com as cartas que têm! – disse o Pedro.
Saí da casa deles atordoado com nossa conversa. Não preguei o olho a noite toda pensando nas palavras do Fernando – esse cara está a fim de você! Eu não queria acreditar nisso. Um sujeito tão sem graça como o Thiago. Eu nunca ia querer nada com ele.
Até o final das minhas férias vira e mexe meus pensamentos se voltavam para a sacanagem que o Thiago tinha aprontado comigo, isso se essa hipótese levantada pelo Fernando fosse mesmo verdade. Por outro lado, também não me saía da mente a rudeza e crueldade com as quais tratei o Thiago no nosso último encontro. Eu não tinha nada que mencionar algo sobre a esposa tê-lo abandonado. Eu não sabia nada dessa história, muito menos quem abandou quem. Falei aquilo num rompante de raiva. Estava com mais raiva de mim mesmo por ter caído numa fria com o Márcio e, com o próprio Márcio por ser uma decepção na cama, do que com o Thiago. Ele só foi infeliz em me abordar naquele momento. Eu devia desculpas a ele, isso era certo. Seria a primeira coisa a fazer quando voltasse para São Paulo.
- Oi! Posso entrar? – perguntei acanhado, quando o Thiago me abriu a porta.
- Oi! Se quiser. – eu nunca tinha ouvido aquele tom seco em sua voz. Estendi a garrafa de vinho que tinha nas mãos na direção dele, junto com uns potes de geleia que minha mãe tinha feito com frutas do nosso sítio nos arredores da cidade onde morava.
- Sei que você gosta de geleia pela manhã. Foi minha mãe quem as fez. – comentei, procurando tirar aquela cara fechada do rosto dele.
- Obrigado! Não sabia que você tinha tirado férias. – murmurou ele, sem me encarar.
- Pois é, decidi meio que às pressas. Já estavam vencendo duas. – respondi embaraçado, pois ele não parecia disposto a me aturar por ali.
- O tempo passa rápido mesmo!
- Thiago, eu vim pedir desculpas a você pelo que eu disse naquele dia. Foi muito cruel eu ter dito aquilo sobre sua mulher. Perdoe-me! Foi uma estupidez da qual estou profundamente arrependido. Não tenho nada haver com o seu passado e, muito menos, tripudiar sobre ele. Desculpe-me, se puder. – pedi de coração aberto, fazendo menção de ir embora.
- Esqueça! Eu não devia ter tirado uma com a sua cara. Também não devia ter usado as palavras que usei para me referir ao que aconteceu entre você e o Márcio. – disse ele, tentando me reter mais um pouco.
- Não aconteceu nada entre o Márcio e eu! Nada! – afirmei categórico.
- Está bem! Não vamos mais falar sobre isso. – amenizou ele.
- Quero que você saiba Thiago, que realmente não aconteceu nada entre nós dois naquele dia. – fiz questão de ressaltar, o que subitamente mudou a expressão do rosto dele.
- Verdade? Como assim? Vem cá, esse vinho precisa ir para a geladeira? Vamos toma-lo e você me conta o que aconteceu. Desculpe, estou sendo intrometido, não é? – ele havia fechado a porta e, me pegou pelo braço levando-me até a cozinha onde começou a abrir a garrafa de vinho.
- Não! Tudo bem. Já te contei tudo sobre essa história mesmo, é bom que fique sabendo como terminou. Nada mais justo. – afirmei, ajudando-o a cortar os queijos que ele havia posto sobre a mesa.
Embora tivesse jurado a mim mesmo que nunca mais seria tão espontâneo com alguém, acabei contando cada detalhe daquele fatídico dia. O Thiago me ouviu em silêncio, pela primeira vez não caçoou enquanto eu narrava o ocorrido. Mas, de alguma forma, ele me pareceu eufórico quando contei que o Márcio não tinha dado conta do recado. Parecia que ele estava vibrando por dentro, embora não o demonstrasse.
- É isso! Bem que dizem que as aparências enganam. Ainda mais, tratando-se de um trouxa, como eu. – afirmei, concluindo meu relato.
- Você está sendo severo demais consigo mesmo. Todos estamos sujeitos a cometer enganos. Se houver sentimentos envolvidos então, a coisa se complica. – procurou minimizar.
- Bem! Não vou tomar mais o seu tempo. Espero sinceramente que você possa me perdoar algum dia e, quem sabe, voltarmos a ser amigos. – disse, preparando-me para deixa-lo.
- Torno a dizer, esqueça isso. Não há o que perdoar. Também não fui a melhor das pessoas naquele dia. Vamos por uma pedra sobre esse assunto. – respondeu, mantendo-se sentado junto à mesa. – Aonde você vai? O vinho ainda não acabou! – questionou, em seguida, ao ver-me levantando para voltar para casa e, apontando para o conteúdo da garrafa.
- Já fiz o que tinha a fazer. Não quis deixar para amanhã. Voltei esta tarde da casa dos meus pais e ainda preciso tomar algumas providências, na segunda-feira volto ao trabalho. – argumentei.
- Fique. Daqui a pouco está na hora do jantar, vou pedir alguma coisa e, você me acompanha, combinado? – pediu, retendo-me pelo braço.
- Só se você permitir que eu faça a janta! – exclamei. Subitamente. Não tive vontade de voltar para casa e encarar aquelas paredes vazias.
- Feito! Veja o que tem na geladeira e faça o que quiser. – respondeu animado.
Ele voltou a ocupar a cadeira na qual estava sentado e a bebericar, depois de me mostrar onde encontrar o que precisava e, colocar mais vinho em nossos copos. Ele ficou me encarando enquanto eu, junto ao balcão, picava uma cebola, tomates e ervas para fazer um molho para uma massa. Só então, reparei que, ao chegar da viagem, tinha tomado uma ducha e, vestido uma calça de moletom e uma camiseta meio surrada e justa que se amoldava ao meu corpo como uma segunda pele. Não pretendia mais sair de casa, pois estávamos em junho num dia frio e chuvoso, mas acabei mudando de ideia quando o vi chegar e achei mais oportuno colocar as coisas às claras naquele mesmo instante. Eu sabia que ele não se ligava nisso, no entanto, queria descobrir o significado daquele olhar petrificado pousado sobre mim.
- Pensei em não sair mais de casa hoje, por isso coloquei essa roupa esgarçada. Se minha mãe estivesse aqui, já tinha dado destino nelas. – brinquei, justificando aqueles andrajos.
- Hã? Ah, ficam bem em você! – balbuciou. O que me fez pensar, por onde estavam seus pensamentos quando me justifiquei?
- Você está de gozação! Já deviam servir como trapos de chão. – revidei. Ele tomou o último gole de vinho que estava em seu copo e caminhou na minha direção.
- Eu falei para pedirmos alguma coisa! Não precisava você se colocar aí para preparar o jantar. – disse ele, espichando a cabeça por cima do meu ombro.
- Não sou nenhum chef, mas consigo preparar algo comível. Está demorando muito? – questionei. Ele estava tão junto de mim que senti o calor do corpo dele.
- Não! Leve o tempo que precisar. Quer ajuda? – ao dizer isso, seu hálito morno, cheirando a tanino, roçou meu rosto de um jeito que me desconcentrou.
- Se quiser, pode continuar picando esses tomates. – respondi gaguejando.
Ele esticou os braços e pegou a faca e o tomate, que eu estava cortando, das minhas mãos, aprisionando-me entre o balcão e o seu corpo. Não me movi e minha respiração começou a acelerar. Segundos depois ele largou a faca e o tomate e enfiou as duas mãos por baixo da minha camiseta. Ele era alguns centímetros mais alto do que eu e, na primeira encoxada, as curvas do meu corpo se encaixaram perfeitamente nas dele.
- Adoro o cheiro da sua pele. – sussurrou em meu ouvido, fazendo-me estremecer.
- Desse jeito a culpa de alguma coisa não sair direito será sua. – balbuciei, sentindo minhas pernas amolecerem com mais uma encoxada vigorosa, que me fez sentir sua ereção através do short.
- Vou correr esse risco! – exclamou, enquanto suas mãos se concentravam nas minhas tetas e ele esmagava meus mamilos entre seus dedos, até me ouvir gemer de dor.
Ele esfregou sua ereção nas minhas nádegas e eu capitulei, inclinando minha cabeça para trás de encontro ao ombro dele. Sua língua úmida deslizou pelo meu pescoço antes de ele mordiscar minha pele, inicialmente com suavidade e, depois, com mais força até marca-la com seus dentes e me fazer soltar outro gemido. Encolhi o ombro e virei meu rosto na direção dele. Nossos lábios mal haviam se tocado quando a língua dele entrou na minha boca, determinada e devassa, explorando-me a seu bel prazer. Meus mamilos estavam inchando de tanto que ele os esmagava entre os dedos. O furor que dominava o corpo dele estava todo canalizado para mim. A calça de moletom e a cueca desceram junto com suas mãos que deslizavam sobre meus glúteos perscrutando minha carne polpuda e quente. Ele me apertou e, descaradamente, explorou minha bunda. Ele arfava quando seus lábios não estavam colados nos meus e, sua saliva entrando na minha boca e se mesclando com a minha. Eu estava tão atordoado que meus dedos espalhavam a cebola e o tomate que eu havia picado por todo o balcão. Ele livrou a jeba do short e a pincelou no meu rego. Meu coração batia descompassado no peito e minha respiração cessou subitamente. À medida que aquela coisa dura e insidiosa percorria meu rego, ele ficava lambuzado e úmido. Numa encoxada abrupta e vigorosa, eu senti minhas pregas se distendendo e se rasgando para que a cabeçorra dele penetrasse no meu cu.
- Aaaiii Thiago! – gani em êxtase e dor.
Obstinado e firme, ele moveu a pelve mais uma vez contra minha bunda, numa encoxada que meteu aquele cacetão rijo além dos meus músculos anais, provocando sua contração imediata e espalhando uma dor difusa por todo meu cuzinho. Gani mais intensamente, minhas pernas tremiam e pareciam não suportar mais o peso do meu corpo.
- Estou te machucando? – gemeu ele. A pergunta foi retórica, uma vez que ele sabia que estava.
Não me atrevi a responder. Sem dúvida estava doendo, mas eu estava sentindo aquele homem inteiro dentro de mim, pulsando e vibrando com todo o seu vigor, e isso estava sendo maravilhosamente prazeroso. O Thiago foi deixando todo o peso de seu corpo cair sobre mim, inclinando-me sobre o balcão o que favorecia o acesso ao meu cuzinho. Seus braços estavam ao redor do meu tronco e me apertavam contra o peito dele. Ele metia em mim num vaivém enérgico e ritmado, sacudindo meu corpo e deixando o ar escapar por entre os dentes cerrados e, vez ou outra, chupando minha nuca com tal volúpia que parecia querer me devorar. Meu pau estava tão duro que chegava a doer. Eu senti meu baixo ventre se retesando, a musculatura se contrair e comecei a gozar. As lágrimas encheram meus olhos e tudo ficou embaçado diante de mim, antes de começarem a rolar pelo meu rosto, mornas e abundantes. A felicidade de sentir aquele homem teso e pujante dentro mim era única e indescritível. Deixei-o me foder resignado e sem oferecer resistência à sua pegada viril. Seus gemidos iam se intensificando na mesma proporção da força com a qual investia impetuosamente contra o meu cu. Sem diminuir a cadência daquele vaivém que estocava minhas entranhas e minha próstata, ele começou a gozar. Os jatos de porra pegajosa iam se espalhando sobre minha mucosa esfolada e inundando meu cuzinho com aquele néctar almiscarado e másculo. Mesmo depois de a ejaculação cessar, ele ainda continuava profundamente engatado em mim metendo a pica naquele casulo que o agasalhava. Ficamos algum tempo ali em silêncio, abraçados e engatados, esperando que aquela onda avassaladora deixasse nossos corpos.
- Não consegui esperar mais. Esse desejo estava me consumindo. – disse o Thiago, puxando lentamente a rola para fora do meu cu e afrouxando os braços que me tolhiam.
- Eu não imaginava que meu dia terminaria assim. Estou perplexo, mas muito feliz! – retruquei, sentindo um vazio enorme nas minhas entranhas enquanto olhava para aquele caralhão, ligeiramente empinado entre as pernas dele, gotejando porra.
Fomos juntos até o chuveiro. Ele deslizava as mãos pesadas pelo meu corpo espalhando aquela água tépida e aconchegante. Fiquei constrangido quando vi minha coxa ensanguentada. Como que se redimindo do que tinha causado, ele voltou a me beijar enfiando a língua na minha boca. Eu retribui ardente e carinhosamente, arranhando delicadamente suas costas.
Quando voltamos para a cozinha a fim de terminar o jantar, eu sentia entre as coxas a porra morna que ele havia ejaculado em mim. Tive vontade chorar. Aquilo que me inundava era a essência daquele macho, eram sementes do seu DNA, era, em suma, tudo o que ele representava. Eu tinha o privilégio de ser o guardião delas e, isso me enterneceu.
- Ficou sensacional! Sem sofisticação, mas delicioso, como eu gosto! – disse ele, devorando as garfadas de massa, e segurando minha mão entre a dele sobre a mesa.
- Exagero seu! Tudo feito de improviso. – retorqui.
- E interrompido por uma enrabada! – exclamou, abrindo um sorriso sacana.
- Para você ver! – exclamei, encarando o olhar doce com o qual ele me fitava.
Subitamente minha vontade de voltar para casa havia desaparecido. Ele me retinha com sua conversa numa sucessão de assuntos que pareciam não ter fim. Eu estava adorando cada segundo que estava ao seu lado. Havíamos nos acomodado no sofá debaixo de um cobertor com as pernas na posição de lótus, e terminamos de sorver mais uma garrafa de vinho. O frio parecia enregelar os ossos e ele acabou deitando a cabeça no meu colo. Enquanto conversávamos, eu deslizava a ponta dos dedos entre a cabeleira dele. De vez em quando, ele colocava uma mão atrás da minha nuca e puxava minha cabeça para junto dele. Nos beijávamos demoradamente antes de ele me soltar. Devia ser bem tarde quando ele me tomou pela cintura e me levou ao seu quarto como se fosse a coisa mais natural e corriqueira desse mundo. Seu rosto tinha uma expressão tranquila, mas decidida, que me dizia que ele ainda tinha muito a fazer comigo.
Os pelos das pernas dele estavam arrepiados de frio, pois ele continuava usando o mesmo short. Não resisti e puxei uns chumaços de pelo, ao que ele protestou com um ai, grave e rouco. Eu sorri e ele apertou meu queixo com uma das mãos. Puxei os pelos mais uma vez, e ele agarrou minha mão colocando-a dentro do short. O chumaço de pentelhos era muito mais denso e recheado, fiz menção de dar-lhe um puxão.
- Você vai se arrepender se tentar fazer isso! – disse ele, encarando-me cheio de tesão.
- Estou sendo tão perverso com você quanto você foi comigo há pouco. – revidei, sem soltar os pentelhos.
- Você ainda não provou da minha perversidade. – retrucou, cínico e ameaçador.
Fui transformando o puxão num deslizar delicado que percorreu sua virilha e acabou se enroscando ao redor de sua rola. Antes mesmo de eu tocar nela estava dura e entalada no tecido. Tirei-a daquela prisão e ela pendeu pesada sobre o cós do short, úmida e gotejando. Sentei-me na beirada da cama e desci o short até os joelhos dele. Ele a chacoalhou masculamente com uma das mãos, espalhando o aroma do seu pré-gozo pelo ar, antes de fazê-la deslizar pelo meu rosto. Ela não era tão grande a do Márcio, mas era mais grossa e a cabeçorra muito maior, tanto que, ao abocanhá-la, só consegui colocar a glande na boca. O melzinho logo se misturou com a minha saliva e eu me apaixonei pelo sabor dele. Lambi e chupei sem me importar com o fluxo que minava daquele orifício sensual.
- Nada me deixa mais ensandecido do que esse seu jeito de chupar minha rola. Adoro que me chupem. – grunhiu ele, contorcendo-se enquanto eu me dedicava carinhosamente a satisfazer sua vontade.
O sacão do Thiago não era tão peludo quanto o do Márcio. Mas, os dois culhões, cujo formato se mostrava perfeitamente delineado sob a pele, eram imensos. Massageei, afaguei e chupei suavemente cada um deles, fazendo o Thiago gemer e me encarar como que suplicando para eu não parar com aquilo. Quando fui me dirigindo com delicadas mordidinhas até a cabeçorra e voltei a chupá-la, ele segurou minha cabeça entre as mãos e gozou na minha boca, num urro liberto e prazeroso. Ergui meu olhar na direção dele e fui engolindo jato após jato daquele esperma espesso e delicioso. Eu sentia tanto prazer em saborear aquele néctar que meu pau e meu cuzinho estavam ouriçados e sensíveis. Quando terminei de engolir tudo aquilo, ele me despiu e mordeu na minha teta direita. Como tinha feito antes, mordeu com tanta força até me ouvir gemer. Eu espalmei minhas mãos no peito dele e tirei sua camiseta pela cabeça. Beijei o peito dele e acariciei seus pelos. Ele me derrubou sobre o colchão e eu caí de bruços, a roupa de cama estava impregnada com o cheiro viril dele. Ele abriu minhas pernas, agarrou meus glúteos e expos meu rego. As preguinhas estavam inchadas e feridas, mesmo assim ele me lambeu como se eu fosse uma cadela no cio. O tesão que se apossou de mim era tão arrebatador que eu comecei a ganir. Ele se lançou sobre mim e meteu o caralhão no meu cuzinho de forma bruta e sedenta. Agarrei um travesseiro e o mordi tentando aplacar a dor. A presença do Thiago ia crescendo dentro das minhas entranhas me fazendo gemer e implorar. Ele abrandava um pouco o vigor das estocadas, mas parecia não ter paciência para uma espera tão longa, e voltava a meter o cacetão grosso de forma animalesca e primitiva no cuzinho do qual se apossava sem rodeios. Eu chorava de felicidade e prazer com a cara enfiada no travesseiro, e me lembrava das palavras do Fernando reverberando no meu ouvido – macho de verdade mete o pau no buraco que vacilar diante dele e só para quando se saciar. Era exatamente isso que o Thiago estava fazendo comigo. Eu já tinha gozado no lençol há algum tempo quando senti meu cu sendo inundado de porra. Meu corpo estava moído, como se eu tivesse sido atropelado por um caminhão.
Adormeci ouvindo a água da chuva, que havia engrossado lá fora, percorrer as calhas do telhado; enquanto minha cabeça, cada vez mais pesada, se movia no mesmo sobe e desce do peito do Thiago. Ao me mover um pouco, senti que o ardor no meu cuzinho se difundia para toda a pelve. Acordei com essa dor entre as coxas. Era dia, embora eu continuasse exausto. Estranhei o travesseiro e esfreguei meus olhos. Quando os abri lembrei-me de que não estava no meu quarto. Ao meu lado, também nu, o Thiago dormia a sono solto. A cabeleira desgrenhada estava quase fora do travesseiro. Seu rosto tinha uma expressão tranquila e doce. Sentei-me apoiado na cabeceira da cama e fiquei a admirá-lo. Suas sobrancelhas eram largas e densas, o queixo anguloso e forte, a barba hirsuta parecia haver crescido bastante, toda a ossatura do tronco era robusta e larga, os pelos do peito emergiam bastante inclinados dos poros da pele morena, resultado dos sábados que passava lavando o carro ao sol com o torso exposto, os músculos deltoides e bíceps eram bem torneados, não exageradamente, mas via-se que era potentes. Passei delicadamente a ponta dos dedos sobre eles para comprovar minha impressão. Eu sou grande, mas ele é maior e, principalmente, mais forte fisicamente. Era estranho ver meu corpo nu tão próximo ao dele, a ponto de eu sentir a quentura que ele irradiava. Inesperadamente, achei o Thiago bonito. Olhando atentamente cada detalhe do corpo dele fui me encantando com suas formas e particularidades. Havia uma cicatriz de uns quatro ou cinco centímetros no flanco esquerdo dele, não resisti e passei o dedo sobre ela. Ele se mexeu e puxou o lençol para cima como se estivesse com frio. Cobri-o até os ombros e ele soltou um suspiro longo e profundo. Nunca senti tanta paz na alma como naquele momento. Lembrei-me que era domingo e, eu podia me dar ao luxo de ficar ali vivenciando plenamente aquele instante de felicidade.
- Vigiando seu novo brinquedinho? – perguntou ele, com a voz rouca e os olhos semicerrados.
- Sim! Estou examinando como é bonito. – respondi, inclinando-me sobre ele e beijando seu peito.
- Fico feliz que esteja gostando! – exclamou, afagando meus cabelos.
- Adorei cada detalhe, adorei tudo e sou capaz de ficar viciado com tudo isso. – balbuciei entre um beijo e outro, que já tinham chegado até a boca dele.
- Estou torcendo para isso acontecer! – ele me puxou para cima dele e enfiou a língua na minha boca.
Afaguei seu rosto e percebi que ele removia o lençol que estava entre nossos corpos. Tão logo o lençol desceu eu senti sua ereção deslizando no meu rego, que ele fazia questão de abrir apartando os glúteos com ambas as mãos. Olhei mansamente dentro de seus olhos e empurrei minhas ancas contra seu falo. Ele me encarava quando dei o primeiro gemido ao sentir minha rosca anal se distendendo e a pica mergulhar no meu cuzinho. Travei os músculos para apertar aquela carne latejante, e rebolei no colo dele. Movia meu quadril freneticamente para frente e para trás, enquanto aquele cacete se debatia na minha ampola retal. Quando já não suportava mais aquela agonia e meu tesão parecia querer me aniquilar, ele me virou e montou em mim, socando a jeba no meu cu até gozarmos praticamente ao mesmo tempo.
- Ai Thiago! – gemi, puxando seu rosto para beijá-lo ternamente.
Na segunda-feira, no escritório, todos me perguntavam sobre aquele brilho do meu rosto que saltava aos olhos. Disse que foram as férias. Quando o Márcio veio ter comigo, ele me pareceu o mais comum dos mortais. Cumprimentei-o gentilmente, mas ele percebeu que algo havia mudado.
Quando tudo havia voltado à rotina, exceto pelo fato do Thiago e eu transarmos quase que diariamente, ele me propôs morarmos juntos. Seus argumentos de que ambos estariam economizando, de que não precisaríamos mais ficar cruzando a rua cedo pela manhã depois de uma noite de amor, de que não tinha cabimento mantermos as duas casas, uma vez que praticamente ocupávamos sequencialmente apenas uma delas, escondiam suas reais intenções.
- É só por isso que você quer que moremos juntos? – perguntei, quando ele elencava seus inúmeros argumentos.
- É mais racional, você não acha? – devolveu.
- Não sei se quero morar na sua casa. Afinal foi para a sua esposa que você a montou. – ponderei.
- Tudo bem! Ficamos na sua então. – propôs imediatamente. – Eu gosto mesmo mais do estilo dela do que da minha.
- Acontece que ela é alugada, e eu não gosto de algumas coisas. Não quis reforma-la por que o senhorio está sempre em duvida se quer ou não vendê-la! – expliquei.
- Vamos compra-la! Você a deixa do jeito que gosta. – suas respostas eram sempre rápidas e, para tudo ele tinha uma solução.
- Pode ser! Vamos ver o que diz o proprietário.
- Ou você não quer morar comigo? Brigamos o tempo todo, não é? – questionou, com a voz triste.
- Prefiro passar meus dias brigando com você do que fazendo amor com qualquer outra pessoa. Eu amo você Thiago! – respondi, tomando seu rosto nas mãos.
- Você não imagina quanto tempo estou esperando para ouvir isso. A única razão para eu ter esperado tanto é que te amo muito, como jamais pensei que fosse amar alguém, especialmente outro homem. – confessou, com os olhos marejados.
- Meu amor, meu homem, meu tudo! – consegui murmurar antes que seu beijo voraz me devorasse.
Foto 1 do Conto erotico: Entrei pelo cano ao julgar as aparências

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Comentários


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lordricharlen Comentou em 29/01/2018

Adora tua descrição na hora do sexo é inebriante, fico num tesão dá porra é poética a tua descrição parabéns, há outra coisa quero continuação naquela outra história.

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alex cueca Comentou em 29/01/2018

Espetacular. Estou vivendo uma situação parecida entre a sua e do Márcio. Pra complicar ele recebeu proposta e está no Interior. Trabalhamos juntos alguns anos. Ele é casado.. Estou para ir visitá-lo . Ainda não rolou. O negócio começou a esquentar tem uns 6 meses. Espero ter mais sorte. Felicidades à vcs.

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chello Comentou em 29/01/2018

Parabéns, seu conto é maravilhoso!!! Fiquei sem fôlego! tem paixão ! Abraços.

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mamador101 Comentou em 28/01/2018

Nossa, curti demais esse conto! Com certeza vou acompanhar os próximos. Muito bem escrito. Votado! Ah, desde o início preferi o Thiago kkkkk




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Ficha do conto

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kherr

Nome do conto:
Entrei pelo cano ao julgar as aparências

Codigo do conto:
112355

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
28/01/2018

Quant.de Votos:
8

Quant.de Fotos:
5