Fisguei meu peixão em alto mar Eram quase duas da madrugada, mesmo com a brisa de cheiro marítimo, fazia calor no verão de final de julho na proa do deque principal do transatlântico a caminho do estreito de Gibraltar, onde estava previsto chegarmos nas primeiras horas após do alvorecer. O ar estagnado é que havia me feito deixar cabine e seguir rumo ao deque, onde fui recepcionado por uma lua cheia, tão intensa, que seu brilho prateado conferia uma luminosidade ímpar às superfícies que atingia; inclusive o mar, onde uma faixa argenta vinha do horizonte até o bombordo do navio formando uma espécie de estrada. Eu havia passado o dia fechado na cabine sem fazer nenhuma das refeições, revivendo minhas dolorosas memórias. Eu já estava arrependido de ter optado pelo regresso ao Brasil a bordo de um navio. Os quase cinco mil turistas a bordo do transatlântico, ensandecidos para usufruir de todas as atividades e regalias, era algo no que eu devia ter me atentado antes de concordar com a sugestão dos pais do Rubens, e recusado a passagem que me deram de presente. Para evitá-los eu permanecia na minha cabine o dia todo, só me atrevendo a circular a procura de um ar menos sufocante, quando a circulação deles já havia diminuído bastante, como agora, em plena madrugada. Mesmo assim, aquela foi apenas a segunda vez que caminhei pelo deque sob um céu estrelado desde que zarpamos do porto de Genova há seis dias. Eu estava debruçado sobre a balaustrada do deque deixando aquela brisa varrer meu corpo. Embora estivesse com o olhar fixo naquela estrada prateada que a lua projetava sobre as águas, não era isso que eu via. O que a minha mente contemplava era a fotografia do Rubens emoldurada sobre sua lápide no pequeno cemitério de Fossano, ao sul de Turim, onde viviam seus pais. Aquele era o terceiro ano consecutivo que eu visitava seu túmulo após o trágico acidente que o tirou de mim. Naquela madrugada, sobre o mar, eu me fazia uma porção de perguntas. Por que apenas o Rubens perdeu a vida no acidente? Por que isso tinha que acontecer justamente conosco, quando nosso amor mal havia se concretizado e nós vivíamos felizes juntos há três anos? Por que eu regressava ano após ano, nessa romaria mórbida para visitar seu túmulo? Por que eu não conseguia superar sua ausência, sabendo que jamais haveria uma maneira de ele estar presente em mim novamente, me impregnando com sua virilidade tépida? Por que eu não conseguia retomar o controle da minha vida, aos 29 anos, quando ainda havia tanto a ser vivido? - É uma bela noite para se apreciar o luar! Emoldurado nesse cenário talvez seja uma oportunidade única. – disse a voz grave e pausada que me tirou repentinamente dos meus questionamentos. - Provavelmente! – respondi, demorando a virar o rosto na direção da voz, pois eu estava chorando. O homem alto e atlético, com cerca de trinta e poucos anos, rosto másculo acentuado por uma barba deixada por fazer, trajando uma bermuda e uma camisa de mangas curtas, abotoada de forma que os botões não estivessem encaixados em suas respectivas casas e, um lado ficasse mais comprido do que o outro, e exibisse seu torso vigoroso donde emergiam pelos máscula e sensualmente atraentes, que estava ao meu lado reparou que eu estava chorando. Mesmo assim, ele abriu um sorriso prudente. - Marksim! – exclamou, estendendo-me a mão grande e forte. - Arnaud! – respondi, encaixando minha mão na dele. - Mal dá para reconhecer esse deque sem aquele tumulto de turistas correndo e gritando por aí. – observou, também apoiando os braços sobre a balaustrada e olhado para o mesmo nada que eu. - Sem dúvida! - Já viajou de navio antes? Esta é a minha primeira vez. Não posso dizer que esteja sendo a melhor viagem da minha vida. – afirmou ele. - Já. – embora disfarçasse, ele continuava a me examinar. - Você está indo até o destino final, ou vai descer nalgum porto do caminho? – perguntou cauteloso. - Até o final. - Lamento pelo que interrompi. Parece que não foram boas recordações, mas mesmo assim espero que me desculpe. Boa noite! – sentenciou, percebendo que minha disposição para travar novos conhecimentos não era das melhores. - Boa noite! – retribuí, sem voltar a olhar para ele, apenas ouvindo seus passos desaparecendo à distância. Assim que voltei a ficar sozinho, as lágrimas voltaram e a imagem sorridente da fotografia na lápide do cemitério voltou a convulsionar meu coração. Só voltei à realidade quando percebi que estava ficando arrepiado de frio e decidi que era hora de voltar para minha cabine. Poucos passos a frente, encontrei o Marksim sentado numa das espreguiçadeiras. Ele havia me observado durante mais de uma hora. Aquilo me deixou um tanto quanto incomodado, especialmente por que aquele homem, apesar do sorriso que havia me dirigido, tinha uma expressão sombria naquele belo par de olhos castanho-claro. Passei por ele fazendo um discreto aceno com a cabeça. - Espero que amanhã estas recordações tristes tenham se desanuviado! – exclamou ele, após a minha passagem. - Boa noite, Marksim! – retruquei. Ele voltou a colocar algo parecido com um sorriso no semblante, talvez por que eu tenha guardado seu nome. Acordei por volta do meio-dia, estava com enjoo. Atribuí o mal-estar ao pouco que havia comido nos últimos dias e resolvi ir a um dos restaurantes para fazer uma refeição mais substancial, após a ducha com a qual pretendia me sentir acordado. Os restaurantes estavam lotados, as pessoas pareciam nunca ter visto comida e se atiravam sobre os bufês como leões sobre as presas. Acabei perdendo a fome. Ou você continua com esse enjoo ou se sujeita a encarar o burburinho dessas pessoas, pensei comigo mesmo. Como o enjoo estava se tornando muito incomodo, resolvi encarar uma mesa no restaurante Ocean Cay, o mais tranquilo deles depois do meu giro de inspeção. Ou estes peixes te levam direto para a enfermaria, ou você se livra do enjoo, argumentei com meus botões. O enjoo passou depois do suave filé de tamboril no vapor servido com legumes que fiz acompanhar de duas taças de vinho. Após a refeição circulei rapidamente pelo átrio de quatro andares e algumas de suas lojas, fazendo com que a tarde passasse quase imperceptível. Fiquei sentado na varanda da minha cabine, observando o pôr-do-sol, até a escuridão me envolver completamente. Quando voltei para dentro e me deixei cair sobre a cama com roupa e tudo, estava chorando novamente. Fiquei puto comigo mesmo, e jurei que aquela era a última vez que eu desperdiçava minhas férias indo visitar o túmulo do Rubens. Eu tinha feito o mesmo juramento nos anos anteriores. Devo ser um masoquista, não havia outra explicação para me auto-infligir uma penitência dessas. No fundo, eu sabia que com isso eu só queria que o Rubens soubesse o quanto eu o amava, e não tive tempo de dizer depois da nossa briga e antes do acidente. Inúmeras vezes eu havia lhe dito – eu te amo – ele nunca teve dúvidas quanto a isso, mas o fato de não ter dito aquela parecia ter deixado um vácuo que minhas lágrimas e meus pedidos de perdão à beira da sepultura não conseguiam superar. Quando voltei a acordar percebi que era tarde, eu havia perdido o jantar e já antevia o resultado desse relapso, mais uma manhã tentando controlar as ânsias. Com uma bermuda e a camisa de mangas enroladas até a altura dos cotovelos, amarfanhada durante o sono, voltei ao deque para tomar ar. - Mais uma noite de insônia? – eu imediatamente reconheci a voz, ela veio pelas minhas costas e, logo o Marksim estava ao meu lado. - Creio que sim. - Eu poderia dormir como uma pedra no embalo desse navio. – afirmou, e eu me perguntei o que fazia então em plena madrugada fora da cama. - Não tenho essa sorte! – algo me disse que ele queria que perguntasse o porquê de ele não estar dormindo, se o embalo do navio lhe provocava sono. - Ainda as recordações? – questionou, com a mesma cautela da noite anterior. - Possivelmente! - Talvez reavaliar a importância delas ajude a torná-las menos dolorosas. – argumentou. Quem você pensa que é para se meter na minha intimidade, pensei comigo mesmo? - Quem sabe? – respondi secamente. - Bem! Vou deixá-lo a sós, mas procure não pensar mais nelas. Seu rosto sob esse luar poderia estar mais lindo se não fossem elas. – afirmou ousado. - Boa noite. Marksim! – sim, eu não estava apenas o dispensando, como também ao seu conselho. Ele entendeu a deixa. - Boa noite, Arnaud! – devolveu, desta vez sem um sorriso. Ainda de madrugada o transatlântico aportou em Santa Cruz de Tenerife. Os turistas começaram a deixar o navio para conhecer a cidade logo após o café da manhã. Eu estava entre eles depois da noite mal dormida. Aquela era a última oportunidade de sentir terra firme sob os pés antes de cruzarmos o oceano durante cinco dias até aportarmos em Salvador, e eu queria me livrar daquele cheiro de maresia que já parecia estar impregnado na minha pele. O calor insuportável me fez desistir de ficar caminhando com o pequeno grupo que contratou um guia para mostrar-lhes as atrações turísticas da cidade. Procurei abrigo sob os toldos de um restaurante na Plaza de España onde me distraí observando o vaivém de transeuntes, um verdadeiro caldeirão de culturas diferentes. Entre o grupo de turistas que estava a bordo do navio que começou a circular pela praça identifiquei o Marksim. Ele estava acompanhado de duas mulheres e um casal e ocuparam uma mesa a pouca distância da minha. Quando notou minha presença ele veio me cumprimentar. Enquanto ele se aproximava da minha mesa não dava para não reparar em suas pernas grossas e peludas saindo da bermuda, nem daquele tronco trapezoidal que a camiseta justa destacava. Confesso que meu olhar também focou noutro ponto daquele homem atraente, o impudico e demarcado volume, rente à sua perna esquerda, que o fazia caminhar com as pernas bem afastadas, o que incrementava sua aparência viril. Esbocei um discreto sorriso ao me dar conta de que havia três anos que eu não olhava atentamente para a virilha de um macho. O sorriso talvez tenha se formado por eu me lembrar subitamente que continuava vivo e saudoso de uma bela rola. No entanto, ele deve ter interpretado aquele sorriso sob outro foco, eu sorria para ele. Nada podia ser mais equivocado. Marksim puxou uma cadeira e sentou-se a minha frente. - Está sozinho? – encarei-o antes de responder o óbvio. – Quero dizer, está viajando desacompanhado? – consertou, percebendo quão tola tinha sido sua pergunta. - Sim. - Se me permite, é um pouco inusitado alguém como você fazer um cruzeiro de dezoito dias passando por tantos lugares maravilhosos, sem companhia. – ele notou que estava sendo invasivo mais uma vez. E, eu fiquei curioso em saber o que ele quis dizer com ‘alguém como você’. - Foi uma opção equivocada. – respondi lacônico. Minha curiosidade persistia. - Como assim? – um garçom se aproximou e perguntou se ele desejava fazer um pedido. Ele o dispensou com um aceno de mão. - Segui uma sugestão sem ter refletido adequadamente sobre ela. - Ah, entendo! – ele não havia entendido nada. Meu sorriso voltou. – Não gostaria de se juntar a nós? – questionou, meio constrangido. - Não! Obrigado. – ele compreendeu que era hora de se levantar. Antes de voltar à mesa onde os outros acabavam de receber seus pedidos, ele deve ter passado no banheiro, pois a gola de sua camiseta estava molhada quando ele se sentou com os demais e chamou pelo garçom. Tão logo trocaram algumas frases entre eles, seus acompanhantes olharam na minha direção. Fiquei imaginando o que ele teria dito a eles a meu respeito. Pedi outra taça de vinho, que o garçom colocou diante de mim com um largo sorriso de satisfação, como se estivesse contente pelo Marksim não estar mais comigo. Eu lhe devolvi o sorriso junto com o ‘muchas gracias!’. - Te gustó la Tenerife? - arriscou, gentil. - Si! Me gustó muchísimo, es admirable y secular. – respondi, o que acentuou seu sorriso. - Debería quedarse más tiempo! Hay lugares increíbles para conocer, pero están um poco alejados. – aquele apoio da mão fechada sobre a mesa, que fez crescer seus bíceps, não foi algo não planejado. - Quizá una próxima vez! – devolvi amável. - Yo tendria el mayor placer en mostrarte la isla! – exclamou ousado. Fazia tempo que eu não ouvia uma cantada, e tão explícita. - No tengo duda que tendría! – ironizei. - Tan placentero como sería para ti! – exclamou confiante. Por duas vezes, enquanto levava a cantada do garçom bem apanhado e safado, vi o Marksim se voltando para na minha direção encarando a cena com o garçom. Ele estava visivelmente incomodado naquela mesa, uma das mulheres e ele haviam tido um breve diálogo que mais me pareceu uma discussão, enquanto o casal e a outra mulher tentavam conter os ânimos dos dois. Eu quis embarcar antes que a leva de passageiros voltasse dos passeios, e pedi a minha conta. Anexo a ela veio uma filipeta do restaurante onde constava o nome Nacho e os números +34 922 28 22 14, logo abaixo, escritos à mão. Ao terminar de passar o cartão de crédito, apanhei a filipeta e em seu lugar coloquei duas notas de €20. - Nacho! Su nombre tiene todo haber com su personalidad. – disse ao me levantar, pois o nome derivava de Ignacio e significa ‘proveniente del fuego”. - Es de ese fuego que me gustaría que usted probara! – revidou ele, colocando as duas cédulas no bolso da minha camisa, e me estendendo sua mão. Eu lhe entreguei a minha e ele a apertou significativamente enquanto me encarava libidinosamente. Eu podia sentir o olhar dele nas minhas costas me acompanhando enquanto me afastava; assim como podia imaginar o que passava por sua mente. Aquele homem me comeu com os olhos como se há muito não tivesse sexo, coisa que eu não acreditava. Eu havia me esquecido de levar o protetor solar e amargava uma leve ardência nos braços, pernas e rosto que ficaram expostos ao sol escaldante de Tenerife, mesmo sob a proteção do toldo do restaurante. Espalhei um hidratante sobre todo o corpo ao sair da ducha e, me deitei nu sobre a cama sem desfazê-la, temendo pegar no sono e perder novamente o jantar. Porém, bastaram alguns minutos e eu adormeci. Faltava pouco para a meia-noite quando acordei, confuso e ardido. Vesti uma bermuda sobre a cueca e uma camisa social da qual arregacei as mangas até os cotovelos, esse era meu visual básico e não achei que valesse a pena mudá-lo só para beliscar alguma coisa, mesmo sabendo que isso me impediria de entrar nos restaurantes mais exclusivos do navio. Fui até o restaurante bufê do oitavo andar onde ainda não estivera e, de cuja promenade se tinha uma bela vista das pequenas ilhas iluminadas que cercavam as Canárias que estávamos deixando para trás. Numa das mesas junto às janelas o Marksim tomava cerveja com o sujeito que vi à tarde em terra, o assunto não me pareceu o de uma conversa descontraída de quem está fazendo um cruzeiro. Ele me viu, mas desta vez não acenou nem fez menção de vir ao meu encontro. Eu levei meu gim-tônica, com o qual havia encerrado meu jantar, até as mesas que começavam a vagar na promenade. Havia um vento forte soprando a boreste que obrigou os tripulantes a recolherem apressadamente o que havia ficado sobre as mesas. Algumas nuvens encobriam o céu, mas deixavam passar a lua entre as aberturas. Ter me deitado depois da chuveirada tirou-me o sono. As pessoas iam desaparecendo à medida que a madrugada avançava e o vento frio ganhava força, e logo me vi sozinho. - O sol foi mais incisivo com você do que eu. Ele ao menos conseguiu deixar sua marca em você. – disse o Marksim, ao tomar acento na cadeira ao meu lado, embora as outras duas que estavam do outro lado da mesa estivessem desocupadas. - Mais uma das minhas imprudências. – retruquei. - Você é dado a cometer muitas? - Não! Mas, as que cometi sempre me cobraram caro. - Me pareceu que você sabe muito bem como não cometê-las. Pelo menos, foi o que deduzi esta tarde. – não havia dúvida de que ele acompanhara todo o jogo de sedução que Nacho havia jogado sobre mim. - Ainda tenho muito a aprimorar! - Então tenho que ser mais ligeiro do que pensava! – ele tomou um gole do meu gim-tônica e fez uma careta. - A pressa é inimiga da perfeição! - Nesse caso creio que não vai interferir muito. Confio no meu taco! - E o que fez dos seus amigos? Lançou-os ao mar? – provoquei. - Se não fosse crime, com certeza o teria feito. Quer dizer, não a todos, mas a uma pessoa em particular. Os outros estão sendo tão vítimas quanto eu e tentando colocar panos quentes onde não há mais nada a ser feito. – embora enigmática, aquela minha impressão de que ele estava discutindo com uma das mulheres na Plaza de España estava se confirmando. - Sempre há algo que possa ser feito, a não ser em relação à morte. – eu não sei por que disse isso. Arrependi-me tão logo ouvi minhas próprias palavras. Mencionando a morte eu podia ter aberto um caminho para ele vasculhar o que eu não estava disposto a conversar com ninguém. - Um pouco trágico para alguém como você! – devolveu ele. Lá estava a mesma afirmação ‘alguém como você’. O que ele estava querendo dizer com isso? - Alguém como eu, em que sentido? – a curiosidade superou minha prudência. - Solitário, discreta e empolgantemente lindo, muito econômico com as palavras, sedutoramente enigmático, eu poderia desenrolar um rol de adjetivos e, ainda assim, não chegaria a descrevê-lo acertadamente. - Surpreendente! - Eu ou minha descrição? - Vou chamar de desenvoltura, para não parecer grosseiro. - Então você está falando do meu atrevimento! Você deu a mesma definição para aquele garçom esta tarde? – seu olhar inquiridor focou no meu. - Ele não foi atrevido! Lançou apenas as sementes esperando que venham a germinar algum dia. – respondi. - Vai ficar mais desiludido do que eu! – exclamou, terminando o último gole do meu gim-tônica. - Este está sendo então o seu cruzeiro da desilusão? – questionei. - Pode ter certeza! - Bem! Está ficando tarde, boa noite, Marksim! – eu não queria ter certeza de nada, só não queria continuar a ter aquela conversa com um estranho em plena madrugada navegando no Atlântico. - Espere! – ele me agarrou pelo braço assim que me levantei. – Fique mais um pouco. O que me diz de apreciarmos o céu do deque principal? - Talvez fosse melhor você ir para a sua cama. Ao alvorecer as desilusões terão passado, como tudo na vida. – eu detestava dar conselhos, não sei o que fez dá-los a um estranho. - Essa é a questão, não tenho cama para onde voltar e onde possa dormir. – isso me pegou de surpresa. - Do que você está falando? E a sua cabine, por certo há uma cama nela. - Não onde eu possa voltar! Minha noiva terminou o noivado assim que subimos a bordo do navio. Não posso dizer que tenha sido uma surpresa, aquilo não tinha mais condições de seguir adiante. - Talvez seja possível a tripulação encontrar outro meio de te alojar. Você já conversou com eles? – eu não queria dar uma de madre Tereza de Calcutá ajudando aquele homem feito a resolver seus problemas, mas já estava metendo os pés pelas mãos. - Não estou preocupado com essa questão! Mais uma noite nas espreguiçadeiras do deque, ou nos sofás do lounge não vão mudar nada. – fiquei ainda mais estarrecido. - Você dormiu nas espreguiçadeiras do deque e nos sofás do lounge? Não acredito que tenha feito isso! - Vamos ver o céu, esqueça essa história. No momento, estou feliz por estar conversando com você. – se era uma artimanha, eu estava caindo feito um patinho na dele. Nunca consegui superar essa mania de me desmanchar em afetos diante de um homem com cara de pidão. Fui com ele ao deque, desta vez nos acomodamos sobre uma mesma espreguiçadeira, o vento no deque de proa soprava mais intenso. Quem nos visse sentados tão próximos naquele isolamento tiraria conclusões pouco ortodoxas, quem sabe recriminativas. Mas ninguém seria maluco o suficiente para passar frio sob aquele céu completamente coberto pelas nuvens. Marksim falava sem olhar diretamente para mim, seu olhar se fixava nalgum ponto do horizonte que o breu não permitia identificar onde ficava. Talvez fosse isso mesmo que ele desejava, saber que estava sendo ouvido; mas poupando-se das expressões de julgamento de seu interlocutor, e o horizonte ilocalizável se prestava a isso. Havia um ano que ele e Marisa, esse era o nome da mulher que vi discutindo com ele na Plaza de España, uma executiva de uma empresa de cosméticos, oficializaram o noivado perante as famílias. Nos últimos meses vinham se desentendendo cada vez mais, descobrindo incompatibilidades, relevando atitudes, até que acharam por bem fazer essa viagem com a irmã dela e um casal de amigos comum, numa tentativa de se reencontrarem enquanto casal, antes de decidirem oficializar o casamento. No entanto, a viagem apenas serviu para acentuar as diferenças de personalidade e, numa discussão mais acirrada durante a estadia na Europa, ele, num rompante, havia questionado sua vontade de continuar o relacionamento. A Marisa acusou-o de tê-la feito perder seu tempo numa relação sem futuro, e acabou com o noivado e rompeu relações com ele, que só não se efetivaram 100% por conta daquele cruzeiro de regresso que os obrigava a um mínimo de contato. Contudo, ela o havia expulso da cabine que dividia com a irmã. Desde então, ou seja, desde que zarpamos de Genova, ele se acomodava em qualquer canto do navio, apenas utilizando o banheiro da cabine quando elas não estavam. - Pronto! Essa é minha história. A partir do meu encontro com um insone que se debruça sobre a balaustrada do deque da proa e fica admirando o luar você já conhece tudo! – gracejou. - Não sou um insone! – esclareci. - Duas e cinquenta e cinco da manhã! Se não é um insone, que adjetivo usaria para qualificar-se? – questionou, dando uma furtiva olhada no relógio de pulso, continuando o gracejo. - Você não pode ficar dormindo por aí como se fosse um indigente! Admira-me que a tripulação não o tenha advertido. – retruquei. - A essa altura é o que menos me importa! Eu deveria ter terminado tudo antes de encarar esta viagem absurda. – afirmou. - Ainda temos 10 dias pela frente até o porto de Santos, você não vai querer ficar todo esse tempo dormindo nos deques ou nos sofás do lounge. Não tem o menor cabimento! - Oito já se passaram! O restante tiro de letra! - Está frio demais aqui, não quero pegar uma pneumonia. - Tem razão! Creio que vamos ter chuva durante a travessia do Atlântico. – disse ele, olhando para o céu nublado. - Anda lá! Vamos para a minha cabine, havemos de dar um jeito de você se acomodar melhor do que por aqui. E, não faça essa cara de cachorro sem dono que, além da saudade que estou sentindo do meu, você não fica bem nesse papel. – ao terminar de falar eu já havia me arrependido de lhe dar abrigo na minha cabine, mas a rapidez com a qual ele me acompanhou não me permitiu dissuadir do convite. Eu ocupava uma das suítes Yacht Club do transatlântico, nos andares mais altos, com banheiro, varanda, quarto e uma pequena saleta que antecedia a varanda. Era uma área generosa para uma cabine de navio, mas com a chegada do Marksim, ela começou a me parecer apertada. Fui me dar conta disso quando ele foi tomar uma ducha, mais precisamente, quando saiu dela, enrolado apenas numa toalha na cintura. Aquele peitoral largo e aqueles pelos me deixaram confuso. A meu pedido, as duas camas de solteiro da suíte foram convertidas numa cama dupla, e nós não conseguimos separá-las manualmente por que foi utilizado um dispositivo aparafusado que impedia sua separação. Após a frustrada tentativa de separá-las, eu me convenci da burrada que havia feito trazendo o Marksim para a cabine. Ela parecia diminuir a cada novo esbarar, a cada passo que dávamos, a cada olhar que trocávamos. Eu me senti tão acuado que me tranquei no banheiro e fiquei sentado sobre o vaso sanitário fechado. No estado de espírito que me encontrava durante toda aquela viagem, eu não estava pronto para ficar tão próximo de um macho feito o Marksim. Minha demora em sair do banheiro fê-lo bater à porta. - Está tudo bem com você? Aconteceu alguma coisa? – perguntou, tentando girar a maçaneta. - Está! Já estou saindo. – respondi. Ele me encarou sem entender nada ao notar que eu não havia usado o banheiro. Estava tarde demais para eu sequer pensar em pedir roupas de cama individualizadas. Quando essa questão me passou pela cabeça tive um calafrio. Eu teria que me deitar ao lado daquele homem nu, numa distância perigosamente excitante, quando estava a mais de três anos sem fazer sexo e, sem ter um corpo como aquele encostando no meu. Eu me despi pudicamente sob o olhar de expectativa do Marksim, ficando apenas de cueca. Nem quando fui desvirginado senti tanta apreensão e timidez. E, tudo o que eu não queria começou a acontecer meia hora depois de eu me deitar ao lado dele. - Obrigado por ter me dado guarida! Você é um cara muito especial, pude constatar isso naquela madrugada no deque. Não sei quem te fez verter aquelas lágrimas, mas eu quebraria a cara dele se pudesse, só para nunca mais ver aquele sofrimento em seu rosto. – Esse sussurrar tão próximo, que me permitiu sentir o calor daquele corpão, o roçar morno de seu hálito e, o tesão que ele procurava controlar, foi o responsável por colocar tudo a perder. - Não será preciso quebrar a cara de ninguém! Ele está há três anos numa sepultura de uma cidadezinha ao sul de Turim. – revelei com a voz embargada. Ele me virou, encarou-me e colou sua boca na minha. Quando voltei a abrir os olhos, ele estava entrando em mim, deslizando um cacete imenso para dentro do meu cuzinho enquanto eu gemia e enlaçava seu pescoço com a ternura dos meus braços, e sua cintura com a firmeza das minhas pernas. Ele foi gentil, carinhoso, potente e predador. Eu o acalentei, agasalhei o caralhão que me esfolava e acolhi seu sêmen viril. Nossos corpos exauridos se beijaram mais uma vez, permaneceram enleados até nossa respiração se transformar num cicio que nos fez adormecer. Fizemos sexo em silêncio, não houve palavras, apenas ganidos, gemidos, urros de dor, tesão e gozo. Não foi um sexo apaixonado de comunhão, foi, antes disso, um sexo de redenção como se ambos procurassem nele um caminho para a solução de seus problemas. Foi um sexo bom. No meio da manhã do dia seguinte, ao voltar do banheiro onde tinha ido mijar e, na penumbra da suíte com as cortinas fechadas, olhei para aquele homem esparramado na cama. Ele parecia dormir, havia se livrado do lençol, sua nudez tinha algo de pecaminoso. Não sei se era devido ao próprio corpo enorme, tão másculo e vigoroso, ou se era devido à ereção daquele cacete indecentemente gigantesco. Obviamente um macho daquele tamanho não teria um pau pequeno, mas aquilo era demais até para o Marksim considerando-se as proporções. Não à toa meu cuzinho estava ardendo tanto, apesar da afabilidade com a qual me possuiu. Fiquei um tempo recostado à parede observando-o em silêncio, daquele jeito ele parecia a mais inocente e frágil das criaturas. Voltei a deitar-me ao seu lado, sem me preocupar em vestir a cueca que estava embolada sobre a cama desde quando ele a tirou para me penetrar. Não sei se foi o movimento de eu entrar na cama, ou se ele havia apenas fingido dormir enquanto eu o observava; mas assim que me acomodei, senti o braço dele circundando minha cintura e ele se encostando no meu corpo e ajustando a virilha nas minhas nádegas. A ereção estava tão presente que eu podia sentir suas pulsações. Um beijo molhado não demorou a se fazer sentir na minha nuca, o safado estava acordado. Tão suave e com tanta delicadeza quanto na madrugada, ele meteu a pica no meu cu. Atolou-a firme e progressivamente até o sacão se alojar no meu rego, eu gemi entrelaçando meus dedos aos dele, naquela mão que apoiou próximo ao meu rosto para se sustentar enquanto consumava a penetração. Novamente aquele silêncio, só os ganidos, gemidos, urros. Eu gozei, ele me encharcou. Meu sono voltou e eu me deixei levar por ele, o dele também o fez cochilar, continuávamos engatados. Foi sonhando que me recriminei por ser tão imprudente. Desde quando um médico faz sexo com um homem do qual nada mais sabe além do primeiro nome e de ter terminado um relacionamento de forma traumática, sem usar nenhuma proteção, deixando-se simplesmente inseminar com sua gala abundante e pegajosa? Qual seria a impressão que esse homem levaria de mim, um viado atraente que viajava sozinho talvez seduzindo e procurando por machos? O Marksim e eu almoçamos em meio à muvuca geral no bufê disputadíssimo. Estranhamente não me senti ameaçado em meu espaço, talvez pela presença dele, talvez por sua umidade entre as minhas coxas me dando um suporte que há muito eu não sentia. Não trocamos uma única palavra sobre o que aconteceu na suíte, toda conversa girou em torno de assuntos triviais. Na mais corriqueira das rotinas de um turista a bordo de um cruzeiro transcorreram os demais dias até aportarmos em Santos. Não havíamos mais feito sexo depois que solicitei a separação das camas para o serviço de manutenção do navio. Também não falamos mais sobre sexo, o desejo ou não de consumá-lo. Despedimo-nos como dois amigos, numa troca de olhares que carregava mais do que a gratidão pela companhia durante aqueles dias. Despedimo-nos quase tão desconhecidos quanto de nosso primeiro encontro. Eu sabia seu primeiro nome, sabia que ele era um empresário do ramo de TI, sabia que a namorada tinha lhe dado o fora, sabia que ele tinha um pau gigantesco. Ele sabia meu primeiro nome, sabia que eu era médico, que tinha visitado o túmulo de um ex que tinha deixado marcas profundas em mim, sabia que eu era acolhedor e tinha um cuzinho apertado e generoso. - Adeus! – foi tudo que dissemos, quase ao mesmo tempo. Eu voltei a minha rotina. Não pensei no Marksim por semanas. Tinha recebido uma ligação dos pais do Rubens perguntando como tinha sido minha viagem de regresso. Eu gostava muito deles, sempre foram compreensivos com meu relacionamento com o filho deles, mas decidi que não continuaria a manter uma relação tão próxima com eles. Eu precisava colocá-los no mesmo passado onde estava o Rubens, se quisesse fazer algo por mim e por aquela tristeza que não me abandonava. Eu havia terminado de atender a minha última consulta do dia quando a secretária da clínica onde eu e outros colegas clinicávamos, anunciou que havia um homem a minha espera. - Um homem? Um paciente? - Não, doutor. Ele disse que é seu amigo. Estranhamente, ele disse que ‘achava’ que era seu amigo quando me disse o nome, senhor Marksim. Não entendi o que ele quis dizer com isso. O senhor o conhece? Posso mandá-lo entrar? - Pode, Claudia, obrigado! Ele entrou com um sorriso largo, braços abertos e me apertou num abraço forte. Eu retribuí, mesmo por que aquele tórax largo logo se mostrou um lugar confortável e aconchegante. - Como me encontrou? – questionei, após os cumprimentos habituais, pois não havíamos trocado nem telefones nem endereços ao nos despedir no porto de Santos. - Foi uma pequena maratona, mas estou vendo que valeu muito a pena! – respondeu ele, desta vez fui eu quem não entendeu a observação. Durante o jantar num restaurante próximo à clinica, ele me explicou como conseguiu meu nome e um contato através da companhia dona do transatlântico, alegando algo tão importante que eles acabaram fornecendo meu nome completo, quebrando algumas regras da companhia. Depois, pesquisou o conselho regional de medicina e chegou até mim. - E a noiva, como está? – perguntei, nem sei por que. - Nunca mais a vi. Foi um rompimento definitivo. Só agora consigo ver quão repressor foi esse relacionamento, eu sempre estava fazendo o que não queria, cedendo e tentando me amoldar a uma situação que só me fazia mal. Mas, não estou aqui para falar disso. – sentenciou ele. - Sobre o que quer falar então? - Sobre nós dois! Não deixei de pensar um minuto sequer em você desde aquela despedida fria e impessoal. Por que fizemos aquilo? - Não sei. Talvez quiséssemos nos poupar de mais sofrimento. - Talvez! Só que estou feliz por ter te encontrado, muito feliz! – eu não soube ou não quis responder, não me sentia pronto para estar ao lado de um homem com o qual havia transado inconsequentemente a bordo de um cruzeiro. Ele notou minha hesitação, mas não me questionou. Foi engraçado como as coisas transcorreram nos meses que se seguiram. Após aquele reencontro no consultório, marcamos um café numa manhã de sábado, um almoço corrido no meio de outra semana, um jantar após uma peça teatral para a qual ele recebera convites e, evento após evento, sem eu perceber, estava saindo com o Marksim com uma regularidade espantosa. Não mais se podia dizer que não nos conhecíamos, a certa altura essa espécie de amizade tinha trazido à tona nossos passados e nos permitido saber com mais segurança quem éramos. Chegamos ao ponto desses eventos, mesmo que constantes, não nos satisfazerem mais. Surgiu então uma necessidade cada vez maior de estarmos juntos, não importava o lugar, e sim, a presença do outro. Começamos a frequentar a casa um do outro. Na primeira vez, no apartamento dele, numa noite gelada de inverno, um filme na TV por assinatura, e uma garrafa de Carménère próxima do fim, uma troca emblemática de olhares levou a um longo e saudoso beijo. Após ir se inclinando gradativamente sobre mim, ali mesmo no sofá, nossas bocas sôfregas não queriam mais se soltar. Não era tão somente o sabor do vinho que estava em nossas salivas, mas também o daquele sentimento que crescia dentro de cada um. Fomos nos despindo aos poucos, um tirava uma peça do outro e ficava acariciando e analisando cada pormenor daquela parte. Os corpos iam se desnudando e o tesão começava a ganhar urgência. Os beijos intercalados eram como gasolina despejada sobre fogo, incendiava nossas almas. Fui o primeiro a ficar completamente nu em seus braços. A boca do Marksim desceu da minha para o pescoço, dele para os mamilos e deles para o ventre, em toques úmidos de uma língua sedenta e hábil, que me provocava espasmos por todo o corpo e um delicioso eriçamento na espinha. Ao concentrar-se em meus mamilos, as lambidas viraram chupadas e estas mordidas, inicialmente sutis, depois vorazes, que me obrigavam a gemer. Suas mãos deslizavam pelas minhas coxas e por entre meus glúteos, beijos me mantinham refém de seu assédio. Debruçado sobre o braço do sofá, ele apartou minhas nádegas, mordeu-as marcando-as com os dentes; a língua úmida passou sobre as pregas anais e me fez arfar, tantas e tão torturantes vezes que meus lábios pronunciaram seu nome no mais puro desejo de senti-lo em mim. Foi um dedo atrevido que sondou meu botãozinho até eu me contorcer de tanto tesão. - Saudades desse botãozinho. – sussurrou ele, com um olhar devasso e um abraço abatedor. Beijei seu pescoço logo abaixo da mandíbula, a barba hirsuta espetou meus lábios. Minhas mãos deslizavam pelo peito largo afagando os pelos como se os quisesse pentear. A cada instante outro beijo ia pousar delicadamente sobre sua pele fazendo arfar e estufar o peito. Quando os beijos percorreram o caminho da felicidade, ele arregalou os olhos onde só via uma esperança crescendo dentro deles. Eu sabia que esperança era aquela, pois bastou que as pontas dos meus dedos deslizassem para dentro dos pelos pubianos, para que ele me apresentasse seu dote a centímetros do meu rosto. A cabeça lustrosa e úmida totalmente desencapada tinha seu cheiro. Eu já não me lembrava mais dele, talvez por que nunca o tive tão próximo das narinas ou talvez por que a maresia da cabine do transatlântico imiscuída nele não me permitisse identifica-lo. Beijei a glande tão suavemente que ele a forçou ligeiramente contra a minha boca para poder sentir toda sua devoção. Ele gemeu. Eu comecei a lamber seu falo, explorando toda sua extensão, grossura e brutalidade. Apesar de imenso, não era ele a concentrar a brutalidade. Esta estava no Marksim, na sua urgência, nas suas necessidades. - Cacete! Isso acaba comigo! – grunhiu ele. Era o momento de começar a chupar. Com a mesma sutileza dei a primeira chupada, aumentei um pouco na segunda, o fluxo de pré-gozo entrou na minha boca e a terceira chupada já sorvia o efeito abundante de sua excitação. Ele gemeu mais alto e contundentemente. Eu gostei do sabor dele. As compatibilidades iam se construindo nos toques e aromas de nossas peles, no sabor de nossas salivas e bocas, no sabor do meu rabo e do cacetão dele e, especialmente na mistura desses cheiros e sabores. Eu trabalhei aquela pica com tanto empenho que ele não conseguiu se controlar. Antes de conseguir sacar a rola da minha boca, ele gozou. Eu engolia e me deliciava com cada jato cremoso de sua masculinidade. Ele apenas urrava e abria as pernas deixando-se mamar até a última gota, sem desgrudar o olhar maravilhado do meu rosto satisfeito. Eu havia lhe pedido um tempo para me lavar preparando-me para ser enrabado, pois era esse o desejo que via estampado em seu semblante, bem como pelo qual meu corpo também ansiava. Não tive mais que alguns minutos de privacidade antes de ele entrar no banheiro atrás de mim. O cacete não havia chegado a amolecer completamente, e seu caminhar com aquelas coxas vigorosas bem abertas denotava a urgência que o impelia a buscar do meu cuzinho. Ele me agarrou sob a água da ducha, numa encoxada firme que prensou a rola no meu rego. Foram inúteis meus pedidos para me deixar terminar a higiene do meu cu, que eu queria aprimorar por receio de um vexame. Por sorte, ele estava mais limpo do que eu supunha quando ele enfiou o membro em mim. Soltei um ganido quando senti que estava sendo rasgado, ele apenas me apertou com mais força em seus braços, como se quisesse evitar uma possível fuga. Se ele soubesse o quanto eu desejava aquilo, não teria sido tão agressivo. As paredes lisas e molhadas do box não me permitiam obter um apoio, um lugar onde me agarrar para suportar aquelas estocadas, até ele perceber que seus braços eram meu único esteio. - Não se aflija! Sei do que você está precisando. Você pode contar com meu amparo para tudo, apenas deixe-se entregar. – grunhiu ele, dando uma última estocada que colocou todo seu dote nas minhas entranhas. Ele não precisou trabalhar muito no meu cuzinho para me ver gozando, enquanto minha pica balouçava ao ritmo das bombadas dele. O Marksim me deu uma chupada tão frenética no pescoço quando me viu gozando que me senti como uma presa de um vampiro. Instantes depois, ele tirou o pau do meu rabo, ficamos frente a frente, ele me beijou enquanto me suspendia pelas nádegas. Eu o envolvi com as minhas pernas e me pendurei em seu pescoço. Minhas costas foram violentamente forçadas contra a parede gelada antes da pica voltar a deslizar para dentro de mim, junto a outro ganido abafado pelo beijo. Comigo pendurado nele, oferecendo meu mamilo para sua boca gulosa, e afagando sua cabeleira, ele me levou para a cama. Com todo o peso dele sobre o meu corpo a rola estocou minha próstata contra o púbis me fazendo gritar. A gentileza e o cuidado do Marksim durante a foda se diluía em sua brutalidade. Não era uma brutalidade premeditada, ela era inerente ao seu tamanho e força. Eu nunca estivera com um homem assim, e sabia que teria que me acostumar a ela se esse sentimento que crescia dentro de mim se transformasse efetivamente na paixão que julgava estar sentindo por ele. No brilho do olhar dele era evidente a satisfação que sentia com aquela sensação de domínio. Ele me bombou por um bom tempo, meu cu ardia, minha pelve se ressentia contraindo a musculatura que parecia ter entrado em tetania. Puxei-o mais próximo para um beijo, um beijo de sedução e entrega. Ele começou a ficar retesado. Primeiro foram os ombros que estava acariciando, depois a pelve e as coxas que começaram a estirar seus músculos, por fim, a pica que se insuflava contra a minha mucosa anal. Um longo e sonoro grunhido emergiu de sua garganta simultaneamente ao primeiro jato de porra. Enquanto os demais grunhidos ganhavam um tom de alívio, ele inundava meu cuzinho com seu esperma copioso. Pensei que ele não fosse tirar a jeba de dentro de mim quando terminou de gozar e se deixou cair sobre mim, exausto e suado, desfrutando dos meus afagos. Ele demorou a fazê-lo, pois a pica continuava rija e ávida pelo acalanto do meu cu. Quando o fez, atirou-se ao meu lado, mãos atrás da nuca, pernas bem abertas, respiração ofegante. Enrosquei-me em seu torso e o cobri de beijos, que ele recebia com um sorriso travesso nos lábios. Embora nenhuma palavra fosse dita, daquele dia em diante, nossa relação entrou noutro patamar. Podia-se dizer que ali começamos a namorar, embora os meses anteriores não divergissem muito do que passou a acontecer depois dessa transa, exceto o fato de nunca termos feito sexo antes. Eu ia muito mais vezes ao apartamento dele para passar a noite do que ele à minha casa. Não foi algo combinado, acontecia espontaneamente. Eu acreditava que ele inconscientemente gostava da sensação de me foder em seu covil, como se isso reforçasse nele a sensação da conquista e do abate. Alguns meses depois, ele começou a aventar a possibilidade de morarmos juntos. Inicialmente usou como argumentos a praticidade, depois foi abrindo o jogo, revelando o desejo de poder me ter ao alcance das mãos toda vez que a pica clamava por sexo. - Vou pensar no seu caso! Antes preciso ver se vou conseguir voltar a morar com alguém nos termos que você quer. – aleguei. - Você me tortura, sabia? Cada vez que penso em você e te preciso ao meu lado e você não está por perto, chego a endoidecer. Não dá para controlar esse sujeito aqui quando ele quer se atocaiar no seu cuzinho. – afirmou, pegando no volume dentro das calças. Eu ri, ele fez cara feia. Havíamos combinado de visitar uma exposição de arte que havia chegado à cidade num domingo pela manhã. Estava tudo certo para ele vir tomar o café da manhã comigo e seguirmos para a exposição. Ele chegou bem mais cedo que o combinado, tirando-me da cama. Num short curto comecei a preparar o café, cercado pelo meu beagle irrequieto e pelas encoxadas do Marksim. Acompanhar-me fazendo uma refeição para ele era um de seus programas favoritos. Segundo ele, era algo que lhe enchia de tesão, talvez por isso eu me desconcentrasse com aqueles chupões na nuca, passadas de mão na bunda, sacanagens e provocações sussurradas no meu ouvido e, encoxadas para sentir sua ereção, levando o dobro do tempo para concluir a tarefa. Naquele domingo não foi diferente. Não havíamos passado a noite juntos por que eu tive uma comemoração familiar e achei precipitado levá-lo junto comigo, pois sabia que seria bombardeado por perguntas capciosas. Eu fazia a omelete fofa e recheada de queijo e ervas que ele tanto gostava, enquanto a mão dele vasculhava meu rego debaixo do short, quando o Guilherme entrou na cozinha numa daquelas bermudas folgadas de jogador de futebol com o pau em plena rigidez matinal. - Cheguei na hora certa! Senti o cheiro do seu café lá de cima! Mas estou vendo que hoje teremos um café da manhã no capricho! – exclamou ele, ainda sonolento, se espreguiçando e coçando os olhos. - Ah! Marksim, este é o Guilherme. Guilherme, Marksim! – apresentei-os, sentindo o susto que o Marksim levou com aquela voz rouca repentinamente às suas costas e, tirando apressadamente a mão da minha bunda que, tenho certeza, o Guilherme não deixou de notar. - Hã! Ah! Olá! – cumprimentou o Marksim. - Oi! Então você é o famoso Marksim? – devolveu o Guilherme, sentando-se à mesa mesmo tendo percebido que ela estava posta apenas para dois. Logo percebi o retraimento do Marksim, coisa que não fazia parte de sua personalidade. O Guilherme tagarelava aparentemente sem se dar conta de que estava sobrando naquela cozinha. - O Guilherme foi meu primeiro namorado. Num passado distante, não é Guilherme? E está passando uma temporada aqui em casa. – esclareci, pois o semblante do Marksim não se desanuviava. - Contingências momentâneas! – disse o Guilherme. Ao Marksim parecia pouco importar de que natureza seriam essas contingências. Trocamos frases truncadas que, nem de longe, podiam ser consideradas uma conversa informal, até eu terminar tudo e a mesa estar pronta para tomarmos o café. - Lembrei-me de um compromisso! Lamento, Arnaud, mas te ligo mais tarde para combinarmos um horário para ir até a exposição. – disse repentinamente o Marksim. - Como assim? Não estava combinado para agora de manhã? – questionei. - É que só agora me lembrei desse compromisso, é coisa rápida, logo entro em contato. – respondeu ele, saindo sem se despedir de mim como de costume. Acompanhei-o até a garagem tentando entender aquela súbita mudança de atitude. Ele desconversou e foi embora. Ao regressar à cozinha, o Guilherme me preveniu. - Deu merda! Vá atrás dele que o cara não gostou de me ver aqui. - Como assim? A caminho da exposição eu ia explicar tudo para ele. - Você é mesmo um ingênuo! Como você queria que um macho que estava passando a mão na sua bunda, já sonhando com o momento de botar a pica no seu rabo, fosse reagir ao ser interrompido por outro macho descendo do quarto numa intimidade desconcertante com a casa e você? - Eu não expliquei quem você era, e que estava aqui de passagem? - Ah, meu tolinho tesudo! Quando tirei seu cabaço foi essa sua ingenuidade que facilitou tudo, sabia? – ironizou ele. - Não fale assim! Até parece que não passo de um idiota quando você fala assim comigo. – bronqueei. - Escreve o que estou dizendo! Deu merda! Se eu fosse você não esperaria ligação alguma, pois ela não virá, e ia atrás do gravatinha. Ele ficou puto! – advertiu. - Ele me conhece! Sabe que não sou nenhum aventureiro. Não tem por que duvidar de mim ou das explicações que pretendo dar a ele. - Pretende, mas não deu! Você mencionou que mora com seu ex? - Eu não moro com meu ex! Eu estou te dando uma força num momento ruim pelo qual está passando. São coisas muito diferentes! – argumentei. - Ele sabe disso? O que ele viu foi um homem recém-acordado chegando à cozinha na maior intimidade quando ele estava a um passo de botar o bagulho no teu cuzinho. - Pare de falar essas coisas! Até parece que eu sou um cara que fica dando sem parar! Depois, quem manda você andar por aí desse jeito, pelado e com esse troço duro balançando aí dentro. – retruquei zangado. - Foi mal! Juro que não foi intencional, você sabe que eu ando por aí só de bermuda ou short nesse calor, nunca reclamou! Vai me dizer que o gravatinha anda de calça e paletó pela casa em pleno domingão? - Vá se catar! Não quero mais falar desse assunto! Perdi a fome! E pare de chamá-lo de gravatinha! – protestei. - Ele é o que então, se não é um gravatinha? Bem do jeito que você gosta. Sério, responsável, envolvido com o trabalho, um cara que pensa em grana antes de pensar em diversão, um cara que pode fazer um cruzeiro de meio mês pela Europa, a sua cara! – despejou. - E é isso que está te incomodando, não é? Eu desisto de tentar enfiar alguma coisa nessa sua cabeça oca. - Vou te confessar uma coisa. Eu sei por que te perdi, e me arrependo amargamente. Só um babaca feito eu para perder uma bundinha tesuda como a sua. Foram inúmeras as vezes que pensei e me redimir só para poder voltar a enfiar meu pau nesse buraquinho carinhoso. Mas, acabo me convencendo que nunca vou conseguir ser quem você quer que eu seja. Por isso, corre atrás do gravatinha, vocês foram feitos um para o outro. Escreve o que estou dizendo! – sentenciou. - Professor Guilherme, fala do alto de sua sabedoria o filósofo pelado de pau duro que melou meu dia! – ele caiu na risada. Liguei para o Marksim, mas a ligação entrou na caixa postal. O Guilherme estava certo, ele devia estar possesso comigo. Mas, eu nunca imaginei que eles fossem se conhecer nessas circunstâncias, bem como não achei importante falar que estava ajudando um ex. - Ele não responde, não é? – questionou o Guilherme. - Não! Mesmo que tenha ficado bolado com a história, não justifica ele não me atender. – argumentei. - O cara está puto! Qualquer macho no lugar dele ficaria. É natural! - Natural? Está bem, ele te encontrou aqui com essa indecência armada na bermuda, mas daí a começar a tirar conclusões, sem ouvir minhas explicações, não tem nada de natural. - O cara está todo entusiasmado brincando com seu cuzinho, o cacete já está babando, daí surge outro macho no pedaço, o que você espera que aconteça? Coloque dois galos no mesmo galinheiro com umas franguinhas gostosas, deixe dois garanhões no mesmo piquete com umas eguinhas no cio, vai dar merda! Foi exatamente isso que aconteceu nessa cozinha. Você não vê? – ponderou. - Para início de conversa eu não sou nenhuma franguinha ou égua! Todos aqui são seres racionais. - É como se fosse! Não faz diferença se você é uma franguinha, uma égua no cio ou um viado tesudo da bunda gostosa. Não existe racionalidade quando se trata disso. Você pode até fazer suas escolhas sob um verniz civilizatório, mas no fundo, você escolhe seus machos da mesma maneira que elas. Aí não tem essa de ser bicho ou bicha. Você se guia pelos ferrormônios do macho, vocês têm essa capacidade. São os ferrormônios do macho que vão te sinalizar quem vai te foder melhor, quem tem a porra mais compatível com você e, se você fosse mulher, quem é o que melhor vai te inseminar e te dar os melhores filhos. É a natureza! – sentenciou ele. - Você fala como se eu fosse mesmo um animal que se deixa levar pelo instinto ao invés da razão. Eu sou médico, tenho um mínimo de capacidade intelectual para entender como as coisas funcionam. E você é um maluco que está tentando me embaralhar a cabeça. – ele riu. - Como médico você deveria saber que eu estou certo! Agora trate de esquecer as suas justificativas românticas e vai atrás do cara. Você sabe muito bem como levar um macho no papo quando está precisando se redimir e não consegue pedir desculpas. – afirmou, por experiência própria. - Eu me pergunto o que foi que eu vi em você para cair na tolice de um dia me apaixonar por você. – revidei. - Ferrormônios e isso aqui! – caçoou ele, pegando na pica. O Guilherme era um desajustado. Aos trinta e poucos anos tinha o cérebro de um adolescente, o que vivia colocando-o em apertos. Não conseguia manter um emprego fixo, todos tinham que ser tão maleáveis a ponto de ele não se sentir preso. Seus casos amorosos também não davam muito certo e duravam o tempo suficiente para que os parceiros percebessem como ele era. Foi o meu caso. Conheci-o nos últimos anos da faculdade, na época ele trabalha numa empresa e tinha um bom cargo e salário. Durou pouco. Logo pediu demissão por que achava que não conseguia viver preso dentro de um escritório o dia todo. A galera com quem jogava futebol de salão era outra ameaça a qualquer intenção de seriedade. Os que não dependiam dos pais eram como ele, eternos garotos brincando com a vida. Nosso relacionamento acabou por conta disso, embora eu sempre tenha gostado de seu jeito carinhoso e do amor verdadeiro que tinha para comigo. Como eu tinha as chaves do apartamento do Marksim fui até lá para ver se conseguia conversar com ele e esclarecer a confusão. Encontrei-o sentado sobre um móvel junto à janela num dos quartos que ele havia transformado em seu escritório. Ele estava sem camisa e com um calção folgado. Um dos pés estava sobre o móvel, o outro no chão. Ele estava encostado no batente da janela e olhava para algum ponto do horizonte, mas eu percebi que ele não via nada além dos pensamentos que tumultuavam a sua mente. Ele não se moveu quando notou minha presença. - É esse o compromisso do qual você se lembrou repentinamente? – questionei. Ele não respondeu. Fiquei um tempo parado na entrada do escritório esperando alguma resposta. – Também não vai falar comigo? – questionei. Novo silêncio. – Até onde você vai continuar a bancar o garotinho emburrado? – não obtive resposta. Aproximei-me dele. Fiz cafuné na nuca dele, o que costumava excitá-lo. Ele não se opôs, até o momento em que percebeu que ia ter uma ereção. Afastou minha mão, mas sem rispidez. Voltei a tocá-lo, desta vez apenas sobre o bíceps, deslizando suavemente as pontas dos dedos. Ele não se moveu. - Você vai me ouvir, ou vai continuar a interpretar um cavalo xucro? – perguntei, dando um beijo no ombro dele. Ele bufou. – Bufando já está, vai querer me dar coices também? – continuei, levando minha mão até seu rosto e tentando fazer com que ele me encarasse. Abri um sorriso doce quando ele olhou para mim. - O que foi aquilo? – perguntou zangado. - Aquilo, o quê? - Não banque o espertinho! Estou puto com você, não me provoque! – devolveu bufando. - Vai me bater, ou prefere me ouvir? - Vontade não falta! – revidou. - Você acha que mereço apanhar, por que não te contei que estava ajudando um amigo, deixando-o morar por uns tempos lá em casa? - Um amigo não! Seu ex! Você se esqueceu de me contar uma coisinha tão sem importância, não é? Daí, num belo dia, eu sou surpreendido com um sujeito descendo pelado de pau duro do seu quarto, você me apresenta como sendo seu ex, ele me encara com a petulância de quem tem autoridade para afirmar – essa bundinha com a qual você está brincando já foi minha – e você me pergunta se merece apanhar? - Faz alguns meses que eu o deixei morar lá em casa, pois ele não tinha para onde ir. Nós ainda estávamos nos conhecendo. Ele foi meu primeiro namorado, depois conheci o Rubens moramos juntos e toda história que você já conhece. O Guilherme é passado e nunca mais tive qualquer contato físico com ele depois que terminamos. Por ser algo passageiro, insignificante, sem nenhuma relação com nós dois, eu nunca me preocupei em te contar que ele estava morando lá em casa, mesmo por que vou conversar com ele a respeito dentro em breve. Só preciso checar se ele tem condições de se virar sozinho. – relatei. - Quanta preocupação com um ex que não significa mais nada! Chego a ficar comovido! – ironizou. – Você ouviu o que acaba de me contar? Precisa checar se ele pode se virar sozinho. O cara é um marmanjo com o que, uns trinta e lá vai, talvez quarenta? Não me parece o tipo de pessoa que não pode viver sem o apoio do ex. Bem! Depende do tipo de apoio, talvez eu esteja pensando num tipo de apoio e seja algo totalmente diferente, pelo jeito que aquela pica estava quando ele desceu, deve ter trabalhado bastante. – insinuou. - Você está sendo grosseiro e me ofendendo! Você sabe como eu sou, que nunca seria leviano a esse ponto. A única ajuda que estou dando ao Guilherme é hospedá-lo temporariamente, nada mais! Não sei lutar contra meu instinto de ajudar as pessoas. – devolvi, numa voz suave e conciliadora. - As pessoas eu não sei, para os machos você tem uma tendência inata! – retrucou. - Você sabe disso por que foi exatamente isso que fiz com você, não é? Só que eu não fico me oferecendo por aí como você está querendo insinuar. – respondi com firmeza. Eu notei quando ele se lembrou de quão carinhosamente eu o havia acolhido em minha cabine no navio e, que de repente, suas convicções tinham caído por terra. - Você pode até ser, mas quem me garante que o malandro não está aproveitando a estadia para tirar uma casquinha? – questionou, só para ter o que recriminar. - Eu garanto! – exclamei, deslizando minha mão pela perna dele que estava sobre o móvel, até ela entrar debaixo do calção, onde peguei delicadamente no pau dele. Ele não me impediu. Eu voltei a sorrir para ele. – Posso dar um beijo nessa cara mal humorada e ranzinza sem correr o risco de apanhar? – questionei. Ele disfarçou o sorriso. Toquei suavemente meus lábios nos dele, chacoalhei a pica pesada e dei um leve apertão no saco dele. Ele reagiu instintivamente como se seus bagos estivessem correndo perigo, e apertou meu braço. Quando percebeu que eu apenas o acariciava mais contundentemente, agarrou meu tronco e me puxou para junto dele. Nossos lábios agora se procuravam num afã frenético e voraz, lambemo-nos prolongadamente. - Você é meu! – grunhiu, enquanto nos beijávamos e ele apertava minha bunda com força. Aos poucos fui puxando o calção dele até libertar seus enormes genitais. Com o saco e cacetão livres, comecei a chupá-lo, ele agarrou minha cabeça e acariciou meus cabelos. Eu adorei ouvir seus grunhidos parcimoniosos, até sendo mamado ele procurava manter a compostura. Não consegui deixar de achar graça do apelido que o Guilherme colocou nele – gravatinha – ele era mesmo um gravatinha. Chupei suas bolas peludas, único momento em que ficou a um triz de perder o controle. Ter os bagos chupados e ao mesmo tempo massageados pela minha língua deixava-o explodindo de tesão. Quando notei que começava a retesar o períneo, tornei a colocar a pica na boca. Não levou mais que alguns segundos para ele gozar nela. Jato após jato eu os engolia com um prazer lúdico no olhar que o encarava. - Ainda querendo me bater? – questionei, ao terminar de limpar o cacetão com a língua. - Você me deixa doido em todos os sentidos! É tão encantador que mesmo puto com você não penso noutra coisa senão te proteger. Mas vou te rachar ao meio daqui a pouco, pode se preparar! – exclamou, era sua maneira de ter a última palavra numa espécie de quem manda aqui sou eu. - Então você nunca reparou em mim direito, eu já sou rachado ao meio. – sussurrei no ouvido dele. - Safado! São essas duas metades e o botãozinho que se esconde entre elas que me deixam maluco, maluco por você! – rosnou, agarrando-me com força para um novo beijo. – Tire as roupas e senta aqui! – ordenou. Eu me despi lentamente, como se fosse um stripper fazendo uma performance. Ele ria sem tirar os olhos do meu corpo. Sentei-me entre suas coxas e reclinei o tronco até minhas costas estarem apoiadas em seu peito e a cabeça em seu ombro. Ele puxou meu rosto de lado para poder alcançar minha boca e tornar a me beijar, antes de me envolver em seus braços. Ficamos olhando para a paisagem que se descortinava da janela, entremeados por longos silêncios. Um sol tímido banhava nossos corpos e nos aquecia. Minhas coxas grossas e lisinhas contrastavam com as dele, vigorosas e peludas. Enquanto ele brincava com um dos meus mamilos, acariciando e apertando o biquinho saliente, eu rodopiava os dedos suavemente sobre seu joelho. A cada respiração dele meu tronco se movia para frente e para trás. - Vamos morar juntos! – exclamou ele, subitamente. Não era uma pergunta, nem uma mera afirmação que surge depois de um acordo. Era mais uma ordem, embora ela não soasse como tal. – Dentro de uma semana, na sua casa. Ou aqui, se você preferir, e se aquele seu monstrengo de quatro patas se acostumar num espaço menor. – emendou, referindo-se ao meu beagle que rosnava para ele toda vez que ele entrava na minha cama para me enrabar. Esse era um dos motivos pelos quais geralmente era eu quem vinha passar as noites no apartamento dele. - Ele não é um monstrengo, coitado do meu fofinho! – protestei. – Dentro de uma semana? Vou conversar com o Guilherme, está na hora de ele conseguir guarida noutro lugar, mas não posso jogá-lo na rua dentro de uma semana. – argumentei. - Ele vai estar fora de lá nesse tempo! – afirmou convicto. - Marksim, por favor, não vamos brigar outra vez! Eu falo com ele hoje mesmo e peço para ele se apressar, OK? Mas não me peça para despejá-lo de uma hora para a outra. – ponderei. - Ele vai sair! Foi ele mesmo quem me garantiu! - Como assim? Quando foi que você discutiu com ele? Faz pouco mais de duas horas que você o conheceu. – eu não estava entendendo nada. - Ele me ligou antes de você chegar. Contou-me que você estava vindo para cá por que estava angustiado e aflito com a possibilidade de me perder, pois já não conseguia mais viver sem mim. – notei o tom irônico em sua voz. - Não me diga! E, de onde ele tirou essa informação? Se eu nunca me desesperei por homem algum, nem mesmo ele, como ele muito bem sabe. – afirmei. - Ele me disse que você se debulhou em lágrimas após a minha partida! – o próprio Marksim já não conseguia segurar o riso. - Ele sabe que não sou chegado a dramalhões mexicanos. Deixe de inventar estórias! Se vocês dois ficaram de repente tão íntimos, ele deve ter te contado também que foi ele quem me mandou correr atrás de você. - Você não viria atrás de mim, por livre e espontânea vontade? - Não foi isso que eu disse! Eu estava ponderando aquela sua reação irracional antes de me decidir se vinha te procurar, quando ele insistiu que eu viesse imediatamente. – respondi. - Quer dizer que devo a ele o fato de você estar aqui? - Não! Isso você deve a si mesmo. Se você não fosse tão turrão, eu não precisaria sair correndo atrás de você. – esclareci. – Mas, conte de uma vez o que foi que vocês conversaram? - Ele me disse que minha reação foi infantil, que você o acolheu num momento difícil, mas que ele já tinha como se virar. No entanto, estava embromando por que tinha dificuldade de ficar sem o seu jeitinho doce e acolhedor de ser. Nem preciso dizer que tive vontade de mandá-lo à merda. Mas prometeu se mudar esta semana. Também me precaveu de não cometer a mesma besteira que ele, perdendo você para sempre. – sentenciou. - E foi então que você resolveu se mudar lá para casa? Com medo de me perder? – agora fui eu quem ironizou. - Pensei bem, e achei que não era bom dar chance para o azar. Digamos que foi isso! – respondeu. Eu ri. - Claro! Certamente foi isso! Quando é que você ia admitir que já não consegue viver sem mim? - Não consigo! Essa é a questão! Quando vi aquele sujeito vindo todo folgado, numa intimidade para lá de indecente, você há de concordar comigo, como se não houvesse formalidades entre vocês, eu percebi que você podia me escapar por entre os dedos com a mesma facilidade que um punhado de areia. – afirmou. – Aquela cena foi tão íntima, tão carregada de cumplicidade que eu perdi a cabeça. Sou eu quem quer acordar ao seu lado todos os dias, de pau duro como você sabe que acontece, sabendo que tive uma noite de prazer em seus braços. Sou eu quem quer chegar na cozinha e ver você preparando aquelas delicias que você estava fazendo esta manhã, só para mim. Sou eu quem quer te beijar e encoxar pela manhã, já saudoso desse seu cuzinho quente, e saber que você vai se entregar para mim por que me deseja e me ama. – emendou. - Se você sabe que eu te amo, por que duvida desse amor? Eu não sou uma pessoa volúvel. Não sou como aqueles viadinhos que estão com um até conseguirem outro com uma pica maior. Eu sempre fui de um só homem. Posso ser seletivo demais nas minhas escolhas, mas é esse escolhido que vai me bastar para todo o sempre. Isso se eu não perceber que essa pessoa é um galinha imaturo, ou se o destino não o tirar de mim num acidente trágico. – afirmei. - Eu não duvido do seu amor! Você faz ideia, Arnaud, de como é um privilégio conhecer alguém como você, doce, meigo, sensível, acolhedor? A simples ideia de te perder, ou de outro conquistar teu coração é angustiante! – disse ele. - Eu amo você mais do que tudo nessa vida! Quero viver o resto dos meus dias ao seu lado! Não duvide disso nunca! – exclamei, girando meu tronco e pegando seu rosto entre as mãos. Ele me beijou e me levou até o quarto. Fizemos amor até ficarmos extenuados. Ele cumpriu a promessa de me rachar ao meio, pois foi assim que eu me senti ao me levantar e mal conseguir caminhar. O que me acalentava era aquela umidade pegajosa que inundara meu cuzinho, e que estava tão presente em mim quanto qualquer outra parte do meu corpo, como se fizesse parte dele. O Marksim se mudou para minha casa no final de semana seguinte, e desde então ocupa cada segundo da minha vida e os enche de amor e dedicação.
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Uma boa historia.Bem desenvolvido com um enredo romantico, apesar de nao ser muito romantico,mas aprecio.O final é um pouquinho cliche.Mas é isto, se precisa disto.Lido, votado com louvor.
PS: As cenas iniciais a bordo foram de 10.