A Mentira - Parte II - Sensações inusitadas

A mentira – Parte II – Sensações inusitadas
Eu estava imerso numa imensidão branca como se estivesse num dos polos terrestres, cercado por uma paisagem gelada. Apesar de estar acordado, não havia nenhum som a minha volta, o silêncio era total. Embora eu pudesse sentir o meu corpo, o meu eu parecia dissociado dele, como se fossemos duas identidades independentes. Eu não saberia explicar como vim parar nesse lugar, sei que tudo aconteceu numa fração de segundos. Eu pairava sobre essa vastidão branca sem que meus pés a tocasse. Era como se eu fosse uma pipa flutuando no ar, mas ligada por um tênue fio a alguma coisa que me mantinha ali e não me deixava ser carregado pelo vento. Em algumas ocasiões essa ligação se fortalecia, e eu conseguia perceber nitidamente que ela vinha de uma conexão quente a aconchegante a partir da minha mão, que se agarrava a minha formando uma concha delicada e envolvente que se aprisionava na minha, subindo pelo meu braço até chegar ao meu corpo trazendo um conforto inexplicável, que me fazia mergulhar uma paz jamais experimentada antes. Esse calor prazeroso que se encaixava na minha mão parecia trazer a energia que me mantinha vivo e consciente dessa situação. Tudo ficava mais triste e terrivelmente frio quando ele se apartava de mim. Eu estava completamente perdido nesse lugar, não havia nada que pudesse servir com um marco de referência, não se tinha a percepção de tempo, meu corpo não sentia nenhuma daquelas necessidades fisiológicas que nos fazem perceber que está na hora de providenciar alguma carência corporal.
Com a mesma singularidade com a qual eu havia mergulhado naquele limbo silencioso e etéreo, uma luminosidade dolorida atingiu meus olhos, ruídos começaram a entrar nos meus ouvidos fazendo-os doer terrivelmente e reverberar dentro do meu cérebro. Bipes intercalados soavam numa frequência cadenciada nas proximidades, vozes vinham de todos os lados, embora eu não conseguisse identificar o que diziam. Meu corpo agora parecia ter me sido devolvido e eu sentia um enorme desconforto, não havia nenhum milímetro dele que não sentisse uma dor difusa que eu não saberia precisar de onde vinha. A única coisa que me trazia alívio era novamente aquele calor que nascia na minha mão antes de ganhar o restante do corpo. Eu me agarrei a ele, apertando com a minha mão aquela fonte benfazeja. Pela primeira vez percebi que ela me correspondeu, acolhendo-me numa carícia ímpar. Quando meus olhos formaram a primeira imagem, havia um rosto coberto de lágrimas sorrindo docemente para mim. Levei um tempo para reconhecê-lo, era o rosto do André, irmão do Bernardo meu companheiro de aventuras radicais. Era estranho que ele estivesse ali, tão próximo, quando eu pouco sabia a respeito desse irmão do meu amigo, exceto de que tinha o mais delicioso par de coxas e a mais incrível e tesuda bunda que eu já tinha visto num homem. Nunca havia comentado com o Bernardo como me sentia a respeito dessa bunda, achando que isso fosse abalar nossa amizade que ainda estava sendo construída, mas a vontade de colocar minha pica dentro dela era algo que não me saía da cabeça.
O que ele estaria fazendo aqui, segurando minha mão entre as suas, chorando emocionado e me dando esse sorriso cheio de candura? Afinal, eu o vira pessoalmente, no máximo, umas duas ou três vezes, quando o Bernardo o apresentou a galera, referindo-se a ele como Andrezinho, numa ligação fraternal que me pareceu muito intensa. Não sei quanto tempo levei para me dar conta de que estava num leito hospitalar, talvez apenas por me encontrar repentinamente cercado por enfermeiras e um médico que começou a examinar minhas pupilas e testar meus reflexos. Algo terrível devia ter acontecido comigo para que toda essa parafernália de equipamentos estivesse ligada ao meu corpo. Por falar nele, não me sentia confortável dentro dele. Não era apenas a minha cabeça que doía muito, era todo o meu corpo. Eu mal conseguia colocar o ar para dentro dos pulmões, não fosse um tubo que fazia cócegas no meu nariz a impulsionar o ar para dentro de mim, talvez fosse sufocar. Nenhum dos meus músculos, pelos quais eu tinha verdadeira admiração e não me furtava de exibir, parecia querer obedecer ao meu comando. Um reles mover de dedos só acontecia depois de muito esforço. Minha boca estava ressecada quando questionei o que fazia naquele lugar. Foi o Andrezinho quem me deu a resposta, com uma voz embargada e, nitidamente emocionada. Eu sobrevivi à queda de um avião. O que eu fazia num avião? Para onde estava indo? Quem estava comigo? Eu não tinha respostas para essas questões. Aliás, junto com uma dor insuportável, havia um grande vazio na minha cabeça. Era como se a minha memória se recordasse de coisas antigas e, de repente, se abrisse um grande vácuo que chegava até o momento atual. Nada podia ser mais desalentador do que essa falta de recordações. Para onde teriam ido os fatos que deveriam preencher esse vácuo? Percebi que as minhas memórias remontavam a um passado um quanto distante. Depois disso não há nada, apenas um abismo que nenhum exercício da minha mente estava sendo capaz de penetrar. Quanto às memorias antigas, eu comecei a me questionar se eram realmente minhas ou, se eu estaria recordando detalhes da minha própria experiência ou de relatos que me foram contatos. A única certeza que eu tinha, naquele momento, é que tudo se embaralhava numa grande confusão e, quanto mais eu tentava compreender a situação, mais a minha cabeça doía.
- Quem bom que você acordou! Você não faz ideia de quão ansioso eu estava para isso acontecer! É um alívio. – disse o André, passando suavemente a mão pelo meu rosto, que estava incrivelmente barbado.
- O que estou fazendo aqui? – consegui perguntar, sentindo a garganta arder.
- Você sofreu um acidente de avião. Você, meu irmão e mais dois amigos. Vou deixar o médico te examinar, depois conto todos os detalhes. – respondeu ele. Tive a impressão de que um peso enorme tinha saído de cima dele. Seu semblante parecia aliviado. Mas, o que eu tinha haver com isso?
Depois que o médico me examinou, foi conversar com o André a uma certa distância e não consegui ouvir o que falavam. Enquanto isso, as enfermeiras praticamente me viraram do avesso. O bom, foi que me livraram de alguns tubos e cânulas. O Andrezinho segurava o braço do médico com uma intimidade assustadora e ele retribuía com um sorriso generoso aquele toque que devia ser tão acolhedor quanto o toque de sua mão em meu rosto.
- Andrezinho! – chamei, pois não queria vê-lo tão íntimo daquele estranho. E também, por que eu queria sentir aquela mão me tocando mais uma vez.
- O que foi Roberto? Está sentindo alguma coisa? Está com falta de ar? – questionou ele, voltando a ter a testa franzida de preocupação.
- Não! Só queria sentir sua mão no meu rosto! – todos ao redor deram uma risadinha, cujo significado deixei de compreender, afinal eu não tinha feito nenhuma piada. Mas, o Andrezinho me atendeu, pousando no meu rosto aquela mão leve, com dedos longos e ligeiramente afeminados trazendo uma quentura que despertava tesão.
Mais uma vez me senti um cafajeste com o Bernardo, sentindo tesão por seu irmão caçula, de quem ele tanto falava e se orgulhava. No entanto, mesmo sem forças, era isso que sua mão estava despertando em mim, tesão. Quando me transferiram para um quarto do hospital foi que percebi como estava sem forças. Uma simples ida ao banheiro tinha o mesmo efeito sobre o meu corpo que uma maratona, com o agravante de precisar de ajuda para isso. À medida que os dias passavam todas as minhas expectativas se concentravam no horário em que o Andrezinho vinha me visitar, era o apogeu dos meus dias. Ele vinha com um sorriso e sempre tinha algo nas mãos, ora uma guloseima, ora uma leitura que, segundo ele, era para amenizar a minha espera. Contudo, a única coisa que apaziguava a minha ansiedade era a sua presença ao meu lado. Também tive tempo para refletir sobre a nossa situação. Eu me perguntava quando foi que surgiu essa minha decisão de me unir a ele. Eu não sabia que tinha essa inclinação para tornar efetiva uma ligação mais séria com outro homem. Até onde minha parca memória me levava, só sabia que era chegado numa bunda carnuda, fosse ela de um homem ou de uma mulher. Na adolescência tinha tido minha única experiência homossexual com um vizinho que também frequentava o mesmo colégio. Foi durante as aulas de educação física que seu rabão roliço despertou minha atenção. Notando meu interesse por sua bunda, ele não colocou nenhum empecilho para que eu me apoderasse dela. Assim, enquanto seus pais estavam no trabalho, eu passava algumas tardes na casa dele e invariavelmente com o cacete enfiado naquelas nádegas receptivas. A coisa não prosperou, pelo que me recordo, por que ele havia se envolvido com outro carinha. Desde então, apenas me contentei em admirar alguns rabões de homem e, um deles foi o do Andrezinho que, a bem da verdade, voltou a atiçar meu desejo de ter a pica agasalhada por aquela protuberância sensualmente esculpida. Mas, havia o Bernardo e sua amizade, e eu não sou nenhum santo, porém não sou um traira. Como explicar então, o fato de todos até agora se referirem a ele como meu esposo, cônjuge, parceiro, pois eram essas as palavras que usavam para defini-lo? Minha cabeça começava a latejar quando me concentrava nesses pensamentos e, logo eu deixava a questão para lá. Haveria uma explicação lógica para isso, e eu teria as respostas de que precisava a seu devido tempo. O importante era que o Andrezinho estava ao meu lado, dia após dia, e isso me deixava feliz.
Minha paciência tinha chegado ao seu limite depois de mais quatro semanas preso aquele quarto de hospital, quando o ortopedista me deu alta. Com ela vieram também inúmeras recomendações que incluíam desde um rigoroso programa de fisioterapia, até abster-me de sair caminhando por aí e fazendo estripulias. Quis manda-lo à merda quando pronunciou a palavra estripulias com um risinho cínico na cara, pois a depleção na qual me encontrava mal me permitia dar uns passos sem sentir que meu corpo ia se desfazer. O Andrezinho ouviu-o com atenção e, se não me engano, com um olhar de admiração e gratidão por ter me recuperado, prometendo que cuidaria para que eu seguisse todas as suas orientações à risca. Para quem não tinha planos de se casar tão cedo e, muito menos com outro homem, eu tinha que admitir que sentia ciúmes do Andrezinho toda vez que aquele médico todo solícito se aproximava dele. Afinal, eu era o marido dele, e o sujeito parecia não se dar conta disso.
- Eu já estive aqui alguma vez? – perguntei, quando o Andrezinho destrancou a porta do apartamento e me apoiando com seu braço me guiou até o sofá da pequena e charmosamente decorada sala.
- É claro! – respondeu ele, num sussurro e sem se voltar para mim, apenas preocupado em arranjar as almofadas de um jeito que me pusesse confortável.
Era estranho, mas eu percebia que algumas das minhas perguntas, especialmente as que se referiam à nossa união, deixavam o Andrezinho atrapalhado e, muitas vezes, desconfortável. Será que não vínhamos nos dando bem nos últimos tempos e o acidente o obrigasse a se mostrar responsável e cuidadoso comigo? Não havia dúvida de que ele escondia alguma coisa de mim. Eu só não sabia qual era a minha responsabilidade naquilo que ele me omitia. Se eu tinha feito algo de errado, ele devia estar em fase de me perdoar ou, até já o tinha feito, pois a maneira como se preocupava e cuidava de mim era a de alguém bastante apaixonado. Meus sentimentos não me enganariam a esse ponto, disso eu estava convicto.
Não demorei a perceber que não havia nada no apartamento que me pertencia, nem mesmo roupas. Ao questionar o Andrezinho ele apenas se limitou a me dizer que eu tinha me mudado há pouco e, por isso, ainda não tinha trazido as minhas coisas e, ainda, que o pouco que tinha trazido havia se perdido no incêndio do avião. Eu não tinha porque duvidar dele, mas sua resposta não me convenceu. Somavam-se a isso uns insites que perpassaram minha mente como flashes, nos quais eu tinha plena certeza de que morava noutro lugar e trabalhava numa oficina mecânica, eu dava ordens por lá. Porém, tão subitamente quanto se materializavam, essas impressões sumiam como a fumaça de um cigarro se desfazendo no ar. Restava-me confiar nas palavras do meu esposo. Era engraçado e, ao mesmo tempo, gostoso pensar no Andrezinho nesses termos. Ele era meu, e isso era muito bom.
- Amanhã vamos sair para comprar algumas roupas para você. Por hoje terá que se contentar com um dos meus pijamas, se é que você vai caber dentro dele. – afirmou o Andrezinho. Confesso que torci para que nada dele me servisse ao ver a cama na qual íamos passar a noite. Eu estava louco para sentir o corpo dele colado ao meu e, se estivesse nu a satisfação seria plena.
- Está bem! Estou na sua dependência. Lamento que seja assim, você não deveria ter todo esse trabalho comigo. – retruquei, lastimando não ser eu a lhe dar apoio, a cuidar de suas necessidades, a protegê-lo em meus braços.
- Não é trabalho algum! Estou feliz em poder fazer isso por você e, estou feliz por você estar aqui comigo. – respondeu ele. “Mas, onde eu deveria estar se não ao lado dele, se somos casados?”
- É que não me sinto confortável dependendo dos outros! – retorqui.
- Você não está dependendo dos outros! Eu estou cuidando de você temporariamente, até que você se restabeleça. A partir daí, você assumirá novamente o controle da sua vida. – afirmou ele, com aquele seu sorriso doce. – Ademais, eu estou adorando que você seja meu paciente e esteja dependendo dos meus cuidados. – emendou, abraçando-me com uma ternura que me deixou as nuvens.
- Então vou abusar dos teus cuidados! Faz pelo menos uma semana que aquelas enfermeiras não fizeram a minha barba e, com esse cabelo desgrenhado e essa barba estou parecendo um Neandertal, o próprio homem das cavernas.
- Isso é fácil! Vamos dar um jeito nessa barba agora mesmo. O corte de cabelo fica para amanhã quando sairmos para comprar suas roupas. – prontificou-se ele.
- E você já fez barba alguma vez na sua vida? Com essa carinha lisinha a sua tenho certeza que nunca precisou fazer! Só fico me perguntando com quem aprendeu a fazer barba, ou vai me usar de cobaia? – questionei brincando. Aquele rostinho liso ficou ainda mais sensual quando corou ao me ouvir mencionar que não tinha barba para fazer.
- Engraçadinho! – exclamou ele, deliciosamente encabulado.
Fiquei com um puta tesão enquanto o Andrezinho deslizava com todo carinho e com os movimentos mais suaves que já experimentava, o barbeador sobre a espuma espalhada no meu rosto. Eu mesmo tinha dificuldade de fazer minha barba cerrada e acabava por ficar com a pele toda irritada por não ter paciência para me barbear. O Andrezinho a fazia tão delicadamente que eu mal sentia as lâminas cortando os pelos. Só sentia que meu pau se movia a cada vez que sua mão leve guiava o barbeador. Pensei na ironia da situação. De que me valia ter uma ereção ali, ao lado dele, sentindo o calor e o perfume de sua pele, tão próximos, quando mal tinha forças para ficar em pé. Procurei disfarça-la. Ele, ou fingiu não tê-la notado, ou não se interessou por ela, o que não deixava de ser frustrante. No entanto, eu me recordo de tê-lo visto admirando meu dote no hospital, nas vezes em que me ajudava a ajeitar o lençol que o cobria ou, quando me apoiava em seu ombro para conseguir chegar até o banheiro e mijar. Eu podia jurar que algumas vezes passara por seus pensamentos a possibilidade de segurar meu cacete enquanto eu me aliviava. Mas, eu não estava em condições de confiar na minha mente, entre o que era realidade e apenas uma suposição parecia não haver grande diferença.
- Você já fez a minha barba antes? – questionei.
- Não! É a primeira vez! E, ao que parece, me saí muito bem. O que acha? – perguntou ele, girando a banqueta na qual eu estava sentado para que eu pudesse me ver no espelho do banheiro.
- Nunca consegui fazê-la tão bem feita! Prometa-me que vai fazê-la todas as vezes, de agora em diante. – intimei. Subitamente vi os olhos do Andrezinho marejando e, me arrependi do pedido. – Não quero obriga-lo a nada. Não quero jogar nenhuma tarefa nas suas costas. – acrescentei ligeiro.
- Eu gostaria de fazer a sua barba pelo resto da minha vida! Aconteça o que acontecer, nunca duvide de que você é a pessoa mais importante da minha vida. – balbuciou ele, emocionado e tentando segurar o choro.
- E você é a minha pessoa mais importante da vida! – afirmei, sabendo que meu coração é que fazia essa revelação.
A droga da recuperação andava mais lenta do que uma tartaruga, pelo menos, era assim que eu me sentia. Meu corpo ainda carecia de suas forças, e tudo me cansava. Isso tornava difícil conciliar o tesão crescente que eu sentia pelo Andrezinho com a minha condição física. Ele agia de modo muito discreto e, talvez por isso, eu me sentia cada vez mais atraído por seu corpo escultural. Ele quase nunca se vestia diante de mim, procurando uma brecha enquanto eu não o observava. Mesmo assim, eu bisbilhotava quando ele entrava debaixo da ducha, fingia estar dormindo quando ele se vestia para ir trabalhar ou se deitar à noite, tudo na intenção egoísta e libidinosa de ver os contornos daquela bunda carnuda, daqueles músculos definidos não como os de um cara sarado, mas apenas suficientes para despertarem a libido de quem os admirasse. Acostumado a dormir sozinho naquela cama, ele se espalhava me confinando a um espaço reduzido, que era totalmente compensado quando seu corpo perfumado e suas nádegas se encaixavam em mim. Minha vontade era de fazer deslizar meu cacete sempre duro suavemente para dentro aquele cuzinho enquanto puxava seu tronco para junto do meu e, talvez, ouvir seu gemidinho de satisfação ao sentir minha verga mergulhando nele. Boa parte das noites era assim que eu ficava por horas, imaginando uma transa com ele. Afinal, éramos um casal, embora eu não soubesse como isso tenha ocorrido, e nada mais natural do que fazer sexo com seu parceiro. No entanto, eu temia não conseguir satisfazer o Andrezinho como ele merecia, uma vez que minha energia podia me deixar na mão no momento em que eu mais precisava dela.
Todo o tempo em que não estava no trabalho, o Andrezinho dedicava a mim, à minha recuperação. Zelava pela correta tomada das medicações que, felizmente, já estavam quase terminando, se preocupava e acompanhava os exercícios que o fisioterapeuta vinha me impor todos os dias, e insistia para que eu me alimentasse bem e de forma saudável, mesmo que isso, às vezes, significasse engolir algo que eu sabia ser saudável, mas que não fazia parte da minha alimentação desregrada. A consequência positiva disso é que eu me via melhorando e recobrando minhas forças a cada dia. E, na minha cabeça, isso significava que em pouco tempo eu estaria apto a tomar o Andrezinho nos meus braços e me apossar daquele corpo tesudo. Ele elogiava minha recuperação, disfarçava ao ver minhas ereções cada vez mais frequentes, mas algo me dizia que estava tão satisfeito quanto eu de uma conjunção carnal estar cada vez mais próxima.
Algumas semanas depois eu já conseguia seguir para a fisioterapia por conta própria, dispensando a ida do fisioterapeuta até em casa. Esse ganho de autonomia, que também se estendeu a outras coisas, só tinha um inconveniente, o Andrezinho já não precisava me ajudar no banho, nem a me amparar durante algum deslocamento. Aquela mão deslizando suavemente pelas minhas costas enquanto me ensaboava, ou aquela pele com um cheiro único e tentador, não mais tão próxima ao me amparar, estava me fazendo muita falta. Havia chegado o momento de eu mesmo procurar por elas, às custas do meu próprio esforço.
A minha falta de memória me deixava pisando em ovos quanto à maneira pela qual rolava a nossa intimidade. Nos primeiros dias após me recuperar do coma, ainda no hospital, a nossa troca de carícias se limitava aos suaves pousos das mãos do Andrezinho sobre a minha, ou sobre o meu braço e rosto. Atribuí esse comedimento ao fato de estarmos na presença de estranhos e num ambiente nada propício à troca de carinhos explícitos. Quando o Andrezinho me trouxe para casa esse constrangimento praticamente se manteve, só sendo acrescido de uns beijinhos na minha testa ou nas minhas bochechas quando íamos dormir. Confesso que tenho minha parcela de culpa nisso, pois não estou acostumado a trocar carícias com outro homem, aliás, nunca o fiz. O lance com meu vizinho durante a adolescência se resumia às fodas, rápidas e sem muito envolvimento emocional. Será que eu continuava tão frio e distante com o Andrezinho como fazia com meu vizinho? Se a resposta fosse afirmativa, qual seria o tipo de relacionamento que estávamos vivendo? Por que me unir a ele se tudo não passava de sexo? Minha cabeça queria explodir quando havia tantas perguntas sem respostas. Mas, por que eu sentia tanto tesão pelo Andrezinho se mal trocávamos carícias como um casal, e eu queria isso numa intensidade sufocante?
- No que está pensando? Sabe, às vezes eu o observo e vejo que seus pensamentos estão distantes. Você se recordou de mais alguma coisa? – perguntou ele, vendo-me perdido com minhas dúvidas.
- Não, infelizmente não me lembrei de mais nada. Eu queria encontrar respostas para uma porção de questões. – respondi.
- Que tipo de questões? – retrucou ele, um tanto abalado, como sempre, quando tocávamos no assunto das minhas recordações. Eu tinha a impressão de que essas lembranças tinham algo que o deixava preocupado.
- Sobre nós dois. Como era o nosso relacionamento sexual, enquanto casal? – questionei. Ele engoliu em seco e corou.
- “Nunca tivemos um relacionamento sexual, não tínhamos relacionamento algum antes do acidente, essa é a verdade”. - Ora, normal! – respondeu apressado, sem me encarar.
- Normal? O que é normal? – insisti.
- Normal, normal. Como é o sexo normal? Então, era assim que nos relacionávamos. – respondeu atrapalhado.
- E por que não estávamos fazendo e sexo normal, então? – eu o estava encurralando, isso era evidente.
- Ora, porque você sofreu um acidente e está se recuperando. – respondeu.
- Eu quero transar com você hoje! – exclamei de súbito. Ele se apavorou.
- Como assim? Você não deve fazer estripulias, lembra-se da recomendação do médico? – retrucou ele.
- Você sabe que estou precisando transar. Não adianta disfarçar, pois eu sei que você já reparou nas minhas inúmeras ereções, assim que você se aproxima de mim e eu sinto o calor do seu corpo próximo a mim. – afirmei.
- Não diga bobagens! Eu não reparei nada e você trate de se comportar até estar recuperado. – retorquiu, tentando fugir da situação.
- Então por que você fica tão abalado quando vê meu pau duro, ansiando por você, por suas carícias, por seu acolhimento?
- “Porque sonhei a vida toda com o que estávamos vivendo, e estou louco para senti-lo dentro de mim”. Você só pode estar delirando! Eu não fico abalado, de onde tirou isso? – revidou.
O Andrezinho ainda estava muito próximo de mim, o perfume de sua pele chegava às minhas narinas como uma brisa instigando meu tesão. Puxei-o para junto de mim, talvez um pouco bruto demais, mas queria que ele sentisse que havia recuperado as minhas forças. Sem lhe dar tempo para protestar, colei minha boca à sua, com ímpeto e determinação. Ele se entregou, retribuiu meu beijo afoito e se abriu para que minha língua o penetrasse e saboreasse aquela boca deliciosamente sensual. Eu sabia que deveria prosseguir mais cautelosamente, pois aquela era a primeira vez que eu me apossava dele, pelo menos a primeira da qual eu tinha consciência. Mas, ele não protestou, nem demonstrou nenhuma restrição à maneira com a qual eu me apoderava de seu corpo. Apertar aquelas nádegas carnudas e quentes com as minhas mãos era um desejo antigo, por isso logo tratei de arriar as cuecas dele e expô-las, a fim de sentir sua pele rija e lisinha. O Andrezinho arfou discretamente, porém dava para perceber que aquilo o excitava tanto quanto a mim. Despi-o lentamente e, a cada parte de seu corpo nua eu me permitia admirar daquela perfeição. Ele é bem estruturado, nem magro demais, nem gordo, as ancas largas, as coxas grossas sem pelos, o peito definido e igualmente lisinho, donde sobressaem os contornos perfeitos dos peitinhos ligeiramente salientes, onde os mamilos acastanhados deixam emergir os biquinhos intumescidos pelo tesão, tudo tão deliciosamente perfeito que não há como não despertar o desejo em qualquer um. Enquanto eu o observava de pau cada vez mais duro, ele me sorria com aquele sorriso cativante que, desde o primeiro dia em que acordei naquela UTI tinha a capacidade de aquecer meu coração. Algo que até agora não sei explicar, mas que nunca me ocorreu com outra pessoa antes. Beijei-o muitas vezes, ora com mais determinação, ora tão mansamente que mal nossos lábios se tocavam. Ele me devolvia cada um deles de forma tão meiga e terna que eu poderia passar o dia beijando-o enlaçado em meus braços. No entanto, meu cacete queria mais, chegou a doer de tão duro. Logo após recliná-lo sobre a cama, percebi que ele não desviava o olhar do meu falo. Apesar de estar babando feito uma besta tarada, pincelei-o ao redor de sua boca, lambuzando-o com meu pré-gozo. Ele abriu a boca o suficiente para que seus lábios se amoldassem à minha chapeleta e, depois, chupou-a delicada e carinhosamente, sem se importar com toda aquela baba pegajosa e cheirando a sexo. Eu quase enlouqueci quando senti aquela boquinha se movendo ágil e gulosa ao redor da minha rola. Ele a lambia, mordiscava, chupava e sorvia meu sumo, enquanto eu gemia de tesão. Por duas vezes precisei tirar apressadamente minha pica de sua boca, pois acabaria gozando nela. Para não correr esse risco, girei seu corpo colocando-o de bruços na cama. Abri aquelas coxas roliças, não sem antes acaricia-las de cima abaixo. Ao abrir seu rego profundo, surgiu o cuzinho rosado dele, nada mais do que uma ínfima reentrância que piscava cheia de desejo. Lambi-o e enfiei minha língua no buraquinho, sentindo-o contrair-se como se estivesse a se proteger de um dano. Como manter um mínimo de racionalidade diante de um desejo tão primitivo e selvagem como aquele que eu estava sentindo? Impossível. Eu queria foder aquele cuzinho até o Andrezinho pedir arrego ou se deixar arregaçar pela minha pica.
- Põe o cuzinho para fora, põe! – ordenei, sem me preocupar se estava sendo gentil ou autoritário, afinal era minha parte animalesca que estava determinando tudo. Ele me obedeceu e, a rosquinha emergiu, rosada no contorno externo e mais avermelhada na mucosa úmida e brilhante que se projetou para fora.
Encostei meu caralho no cuzinho dele e mandei-o colocar o cu para fora mais algumas vezes, ele obedecia, ao mesmo tempo em que o esforço muscular de sua pelve para expor o cu o fazia arfar mais intensamente. Assim que imprimi mais força contra o buraquinho, ele se travou abruptamente.
- Abre esse cuzinho para mim, abre meu amor! – ordenei. Ele abriu, e eu atolei quase a metade do cacete naquela maciez tépida e úmida. O Andrezinho gritou. Um grito deliciosamente agoniado que me fez sentir todo o poder da minha masculinidade.
Os esfíncteres dele se fecharam com tanta força que meu pau estava encurralado no rabo dele. Eu forcei, mas ele soltou um ganido de dor que me demoveu de machuca-lo, além do necessário. Não sei de onde tirei a paciência de esperar que ele relaxasse os músculos anais e, me permitisse continuar a meter o caralho em seu cu. Ele foi mais uma vez de uma gentileza e desapego surpreendentes, entregando-se à minha volúpia e atendendo aos meus anseios e necessidades primais. Fodi-o com cuidado, mas com firmeza. Ele gania baixinho, me deixando ainda mais excitado. Só parei de colocar o pinto para dentro daquele casulo acolhedor, quando minhas estocadas já não faziam mais do que comprimir meu saco de encontro ao reguinho aberto dele. Eu estava abraçado ao tronco dele, que ele elevava enquanto sentia minhas estocadas contundentes no fundo do cu, virando-se ligeiramente na minha direção, oportunidade que eu aproveitava para procurar sua boca com a minha. Parecia que meus beijos amortizavam sua dor, pois ele se tornava mais receptivo e caloroso ao meu caralho, chegando mesmo a mordê-lo com a contração dos músculos anais. Todo esse esforço, mais o desejo de me acalentar em suas entranhas, fizeram-no gozar. Precisei, mais uma vez, procurar forças para não gozar na sequência, tamanho foi o tesão que me causou vê-lo esporrando. Saquei abruptamente o pau do cu dele. O Andrezinho deu um gritinho quando a chapeleta passou pelos esfíncteres. Virei-o de costas e coloquei suas pernas sobre meus ombros antes de enfiar a pica novamente no cu dele. Outro gritinho agoniado. Em três ou quatro estocadas recoloquei o pau nas profundezas dele. Ele me puxou sobre si e, me encarando com um olhar doce, acariciou meu rosto, balbuciou um – eu te amo – num sussurro tão leve e surdo que só o ouvi por estar com o rosto praticamente colado ao dele. Ele me beijou e eu enfiei minha língua em sua boca. Bastou senti-lo chupando-a para que meu baixo ventre se contraísse e eu começasse a gozar feito um touro. Coloquei tanta porra naquele cuzinho esfolado que me censurei por ser tão animalesco. No entanto, o Andrezinho me apertou com tanta força e carinho ao sentir meu gozo encharcando seu cuzinho que eu me senti o mais realizado dos homens. Fui um crápula, um pervertido sem escrúpulos? Não sei. Só sei que nunca tinha terminado uma transa antes me sentindo tão completo e tão viril. Sem tirar a rola do cuzinho dele, girei-o sobre mim quando me atirei para o lado sobre o colchão que afundou sob nosso peso. Ele me cobriu de beijos e afagos. Parecia estar tão feliz quanto eu por estar com o cu todo galado.
Eu me regozijei com a recuperação das minhas forças. Elas haviam realmente retornado. Não procurei poupá-las, estava há tempo demais sem dar uma boa foda. Assim como, também não poupei o cuzinho do Andrezinho. Arregacei-o mais duas vezes naquela noite sem que ele manifestasse qualquer oposição aos meus desejos, apenas gemendo mais sentidamente nas últimas duas devido ao fato de estar com a mucosa anal toda esfolada e até sangrando, em gotículas rubras que afloravam das preguinhas rotas. Eu as sequei com uma toalha enquanto ele me sorria cheio de afeto. Ao encará-lo, sabia que estava tão apaixonado por ele que seria capaz de mover o mundo, só para ter aquele sorriso todinho para mim.

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Ficha do conto

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Nome do conto:
A Mentira - Parte II - Sensações inusitadas

Codigo do conto:
141820

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/07/2019

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