Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Parte II Os finais de semana em Angra dos Reis passaram a fazer parte de uma rotina quinzenal, só interrompida quando assuntos de negócio da empresa obrigavam o Jamil, e eu, a viajar para outros destinos. Vez ou outra, também passamos a voar até o Mato Grosso, onde o ramo de agronegócio da holding mantinha três fazendas produzindo basicamente grãos e carne para exportação. Os deslocamentos até a fazenda que servia como base de hospedagem, e tinha uma bela casa cercada por flamboiãs, ipês e bougainvilleas, eram feitos no Beechcraft King Air 350 da holding, que também era usado de forma privada pelos membros da família do Jamil. Na primeira vez que acompanhei o Jamil até a fazenda, a Amirah fez questão de acompanhá-lo. A fazenda, como na verdade todos os negócios do marido, a entediavam. A semana que passamos por lá, inspecionando cada uma das fazendas que não distavam mais do que cento e poucos quilômetros uma da outra, serviu para que ela destilasse todo seu fel e, para tornar a vida dos empregados que trabalhavam junto à sede um verdadeiro calvário. Fazia parte de sua personalidade encarar qualquer serviçal como um mero escravo à sua disposição, ignorando completamente o ser humano que estava por trás de cada um e, julgando-se no direito de humilhá-los como bem lhe aprouvesse. Eu mesmo já havia sentido por diversas vezes esse seu desprezo ignóbil, a partir do momento em que minha frequência à casa do Jamil se tornara mais constante. Lembro-me do Jamil ter ficado extremamente aborrecido com a decisão dela; de terem chegado a ter uma discussão por conta disso, de ele tentar demovê-la, até praticamente a impedir de nos acompanhar. Mas, apesar de tudo ela estava a postos no salão da viação executiva do aeroporto de Congonhas, com toneladas de malas no horário aprazado para a partida. À tiracolo, levou a Soraia, sua parceira e discípula quando o assunto era infernizar a vida do marido. Nos dois primeiros dias, fiquei me questionando o que a tinha levado a se enfurnar entre aqueles vastos pastos e milhares de cabeças de gado se tudo aquilo não lhe causava nada além de asco. A resposta veio na manhã do terceiro dia. Eu tive uma noite um pouco agitada, o ar-condicionado pareceu não dar conta do calor, ou talvez fossem fogachos de inquietude do meu próprio corpo e não da noite abafada e úmida. Acabei por sair da cama pouco antes do alvorecer, apesar da casa estar imersa num silêncio conventual. A disposição em ‘U’ da construção, com um pequeno jardim interno, me permitiu ver o piloto se esgueirando para fora do quarto da Amirah, trajando nada mais que uma bermuda sobre aquele corpão atlético e másculo. O que já havia ouvido à boca-pequena entre a criadagem, sobre o comportamento adultero da Amirah acabava de se confirmar. Aos poucos, também conseguia compreender as atitudes do Jamil, um homem solitário apesar de tudo que o cercava. Uma esposa inescrupulosa e perdulária, filhas que o viam como uma conta bancária que servia para custear suas extravagâncias e, nenhum amor verdadeiro. A saída daquele piloto da alcova lupanar me trouxe outra perspectiva sobre o Jamil, ele crescera ainda mais no meu conceito. - Bom dia, Gerson! – cumprimentei-o, camuflado por uma coluna, quando passou por mim apressado em direção a seu quarto. - Bom dia, Lucas! – ele teve um sobressalto tão inesperado que achei que fosse ter uma síncope ali mesmo no corredor. Fiz questão de encará-lo, pois sabia que dar ciência do flagrante seria a primeira coisa que faria assim que se encontrasse novamente com a amante. E, era ela que eu queria ter nas mãos. Não que ela fosse se importar muito com isso, mas eu teria o prazer de olhar para ela sem me sentir alguém que só merecia seu desprezo. - Você está pensativo hoje. Está aborrecido com alguma coisa? – questionou-me o Jamil, quando estávamos a caminho da fazenda onde acontecia a colheita da soja. - Não, não estou! Dormi mal essa noite, e acho que esse calor também não está me fazendo muito bem. – respondi. - É pouco para te deixar assim abatido. Diga, o que o aflige? – a capacidade do Jamil compreender o ser humano era algo que eu admirava nele. Mas, agora, preferiria que não fosse tão sagaz. - Não é nada! Não se preocupe, está tudo bem comigo. - Por acaso você viu o que não gostaria de ter visto, e agora tem pena de mim? – encarei-o surpreso. - Como sabe? - Não há nada do que a Amirah faz que eu não saiba. Você não precisa ter pena de mim, não sou o marido traído e último a saber que você imagina. - Não? Fiquei chocado, acho que foi isso. – devolvi. - Não fique! Não ocupe sua cabeça com essas bobagens. Eu já lhe disse como funciona meu casamento, e que finalidade ele tem para mim. A Amirah nunca deixou de ser a cadela imunda que eu resgatei da miséria e, que um dia pensei se tornar uma pessoa íntegra e justa. Foi meu maior erro na vida, cometido na juventude é certo, mas um erro que mudou tudo na minha vida. Seu gosto por serviçais marombados transbordando testosterona, quanto mais cafajestes forem são seu playground favorito. A inferioridade social deles é que lhe dá a sensação de poder, de mando, de manipulá-los como suas marionetes e, de descartá-los assim que encontra coisa melhor. Ela já está fazendo escola, pois a Soraia tem se mostrado uma discípula empenhada em seguir os passos da mãe, valendo-se do primeiro pinto que lhe cai nas redes. Portanto, não tenha pena de mim! – revelou - Não tenho pena de você! Sei que é capaz de lidar com essa situação sem que isso o abale. Eu me sinto inconformado com a injustiça que ela pratica contra você. Quem em sã consciência não sonharia em ter o seu amor? Ao passo que ela não dá nenhum valor ao que você sente. – retruquei. - Os anos vão lhe ensinar como é a vida. Não se pode ter tudo. - Essa lição eu já aprendi! Lembra-se de onde eu venho? Qual é minha história? – indaguei, pois saber que a vida não é fácil tinha sido minha especialidade desde que me conheci por gente. - Perdão! Não foi isso que eu quis dizer. Sei bem como sua vida foi difícil. Mas, eu farei de tudo para mudá-la, acredite em mim. – ele colocou a mão sobre a minha coxa enquanto dirigia a camionete pela estrada empoeirada, e me deu um sorriso conciliador. - Não me peça perdão! Você nunca vai precisar dele. Sou eu quem tenho uma dívida eterna com você. – asseverei, inclinando-me em sua direção e beijando seu rosto. Se a Amirah nunca tinha simpatizado comigo, agora ela me odiava, por eu ter descoberto sua prevaricação com o piloto galã. Durante uma festa em comemoração ao aniversário da Aisha na casa do Jamil, poucas semanas depois, ela veio questionar a minha presença. - Você tem algum assunto de trabalho a resolver com meu marido? – começou empertigada. - Não, não senhora, não tenho! – respondi, sem baixar o olhar. - Então o que faz aqui? Esta é uma comemoração familiar com amigos e parentes e, não me consta que você seja um deles. Eu quero aproveitar que estamos tendo essa conversa, para lhe pedir que evite vir até a minha casa. Pessoas como você não são benvindas! – sacramentou - Estou aqui atendendo a um pedido do Dr. Jamil. – respondi - Talvez seja difícil para você compreender, por isso vou repetir, atenda a esses pedidos apenas quando o assunto que tiver a tratar esteja relacionado ao seu trabalho como empregado. – enfatizou, ao ser surpreendida pela presença do Jamil às suas costas. - Algum problema por aqui, Amirah? – questionou o Jamil. - Eu estava explicando ao seu funcionário que essa é uma comemoração familiar e, que ele não deveria perturbá-lo com assuntos da empresa nas suas horas de folga. – respondeu ela, já insegura. - Ele não veio tratar de assuntos da empresa! O Lucas tem livre acesso a essa casa quando bem entender e, quando for de sua vontade, que isso fique bem claro para você Amirah. E, todas as vezes em que ele estiver aqui, eu exijo que você se esforce para mostrar apenas o seu lado gentil. Sei que será trabalhoso, mas tente, você só tem a ganhar. – o cinismo imperava na voz do Jamil. - Pense nos convidados Jamil, não pega bem um criado misturado ao nosso mundo. É apenas essa a minha preocupação. – retrucou ela, tentando manter a pose diante de mim. - Essa preocupação você deveria ter ao se esfregar com os serviçais pelos cantos da casa, não com a presença do Lucas. – revidou o Jamil. - Então é essa a questão! Se ele já está a par desse nível de intimidade com a sua vida, eu posso imaginar a razão dele estar frequentando a nossa casa constantemente. – disse ela. - Se a discrição deixou de fazer parte da sua infidelidade há muito tempo, o que te leva a crer que eu deva lhe prestar contas do que faço ou deixo de fazer? Esse assunto se encerra por aqui! Apenas cuide para não complicar sua vida, Amirah, pois creio que você terá dificuldade de se acostumar novamente com sua antiga vida. – ameaçou ele. Ela se viu derrotada e, deixou-nos possessa e frustrada com sua tentativa fracassada. Creio que o Jamil teve essa reação nem tanto para me defender, mas para deixar claro que ele também a traía e, para deixar tudo mais bizarro e ofensivo, com um homem. Ser trocada por um homem é o que de mais degradante pode haver para uma mulher, e era isso que ele queria que ela sentisse. Na empresa, todos já haviam se habituado a mim. Talvez houvessem comentários maldosos pelas minhas costas, devido aquela proximidade exclusiva com o presidente, mas a grande maioria me via como um facilitador para qualquer questão que dependesse de um sinal positivo por parte do Jamil. Eu trabalhava na minha monografia de conclusão de curso, cujo foco era a gestão de recursos humanos, um tema que o Jamil havia me proposto quando lhe apresentei minhas dúvidas. Era nele e na maneira como comandava todo aquele exército de pessoas que eu me espelhava e retirava os subsídios para a monografia. As pessoas trabalhavam para ele por prazer de fazer parte de seu time, era algo que transcendia a questão de salários e bônus, algo que se materializava no dia-a-dia e, que eu, sempre ao seu lado, absorvia com entusiasmo e interesse. Ele era um líder, alguém que geria o destino das pessoas sem que elas o questionassem, pois sabiam que estavam fazendo o seu melhor. - Não vejo a hora de você concluir a faculdade. Estou louco para te levar aos compromissos fora do país, quero que conheça o mundo. – disse o Jamil, quando passávamos um feriado prolongado na casa de praia, às vésperas de ele partir por duas semanas rumo a Londres. - Vou adorar que você me mostre outros países. Por hora, só fico sentindo saudades suas quando fica tanto tempo longe. – confessei. - Passe essas semanas aqui! Terá bastante tempo para se dedicar à sua monografia. – sugeriu. - Não! Prefiro meter a cara no trabalho, a espera pelo seu retorno fica menos angustiante. - Sente mesmo a minha falta? – indagou. - Sinto! – e era a mais pura verdade. Do que julguei, a princípio, ser uma relação pai e filho, pois nunca tive um, e o Jamil agia como se fosse; até quando ele me enrabou e eu acreditei que aquilo não passava de uma forma de ele se divertir e realizar suas fantasias sexuais; ao estágio atual, onde ele chegou a atirar nosso caso libidinoso na cara a esposa, eu me via perdido num papel cuja atuação ainda não estava bem clara. Eu era o filho homem que ele não teve? Eu era o pupilo que ele havia escolhido para encaminhar na vida e, assim, redimir parte de seus pecados? Ou, eu era seu teúdo e manteúdo, onde podia injetar seu esperma e satisfazer a libido ainda muito profícua que a idade não lhe havia minorado? A singularidade dessa questão residia no fato de, qualquer que fosse a verdade, eu me sentir contente com ela. - Só não te levo comigo porque não quero que se prejudique na faculdade. Suas prioridades por enquanto são outras. – ele podia falar com propriedade, mas não era o que sentia em seu íntimo. Eu já não me importava que o cacetão grosso dele me rasgasse a cada coito. No fundo, eu sabia que ele gostava disso, fazia-o sentir-se mais macho, algo que muitos homens questionavam com aquela idade. As marcas que ele deixava no meu corpo passaram a ter um valor inestimável, e eu não me ressentia delas. Foi tomado desse tesão insano que eu o seduzi na última noite antes da viagem. Ele havia saído do banho, eu ajudei a enxugá-lo, coisa que ele adorava, quando vestiu a cueca para irmos para a cama. Ele ficava muito atraente nelas, geralmente brancas, o que proporcionava um belo contraste com suas pernas e abdômen peludos. Também ficava irresistivelmente sedutor quando todo aquele volume de caralhão e saco encontravam sua posição confortável dentro delas. Ele ia ajeitar a cueca, pois um dos testículos havia ficado de fora quando ele a vestiu. Antes que o fizesse, deslizei minha mão para dentro da virilha dele. Ele olhou para mim e abriu um sorriso, sabia o que eu estava querendo. O Jamil tirou a toalha da minha mão e a atirou sobre a cama, afastou ligeiramente as pernas e me puxou para junto dele. Beijei o rosto dele, passei a língua ao longo da borda da mandíbula sentindo a barba me pinicando, lambi seu pescoço, chupei seu ombro, enquanto minha mão acariciava todo aquele volume contido na cueca. Ele se sentou num dos cantos da cama, eu me ajoelhei entre suas pernas. Encarei-o e lambi meus lábios, antes de fazer o mesmo com aquele volume. Ao mesmo tempo em que o lambia sob a cueca, eu ia cheirando e fungando aquela região de onde emanava um perfume viril e quente. O testículo que ele pretendia guardar permanecia de fora, peludo e do tamanho de uma bola de golfe, tão saboroso quanto excitante de chupar com todos aqueles pentelhos que o revestiam. Ele gemeu quando eu o coloquei na boca e, durante todo o tempo em que o chupei. Dentro da cueca, o caralhão ganhava vida própria, a cabeçorra não demorou a emergir pelo cós, já molhada e cheirosa. Concentrei-me nela, no sumo que ela vertia, lambendo e sorvendo-o. A verga ficou tão impulsiva que não parava de se mexer, presa debaixo da cueca. Eu a puxei para baixo e libertei o bichão pesado que caiu sobre uma de suas coxas. Capturei-o perto da base, com a boca, prendendo-o entre os lábios e tentando levantá-lo, mas seu peso fazia com que escapasse dos meus lábios. Passei a mordiscá-lo, na mesma região, e consegui avançar devagarinho em direção à chapeleta que continuava minando seu sumo másculo. Por fim, abocanhei a piroca fazendo com que ela terminasse de endurecer na minha boca. Chupei-a movimentando meus lábios em círculo ao redor de seu diâmetro descomunal. O Jamil gemia e arfava, prendendo minha cabeça entre ambas as mãos e socando aquela jeba na minha garganta até me deixar sem respirar. Enquanto ele fodia minha boca, eu massageava seus culhões, agora soltos e ingurgitados, balançando na minha mão carinhosa. - Olha para mim! – ordenou, enquanto me fodia. – Quer meu leite? – eu apenas gemi com aquele mastro entalado na goela. Senti uma última socada, ele puxando meus cabelos com força, e a porra quente entrando na minha boca em jatos abundantes e cremosos. Engoli-os um a um, sem desviar meus olhos agradecidos de sua face realizada. Quando me deitei em seus braços, depois de ele ter me despejado toda aquela porra, deixei-o brincar com meu orifício anal lanhado da noite anterior. Ele sentia prazer em manipular com seus dedos devassos aquela grutinha macia e úmida, e me deixava louco de tesão. Assim que notei seu falo enrijecendo, levei minha mão até ele e o acariciei até a ereção se completar. Fiquei de quatro, demonstrando meu desejo incontrolável de ser possuído, mas ele apenas apartou minhas nádegas e começou a lamber a rosquinha onde há pouco seu dedo havia se esbaldado. Barba e bigode espetaram a pele lisinha do meu reguinho, a língua se movia depravada sobre as preguinhas, eu gemia excitado à espera da cópula. Quando suas mãos me pegaram pela cintura e me puxaram até o extremo da cama, onde ele, em pé, me aguardava com o pau empinado feito uma coluna, eu comecei a ganir feito uma cadela. A estocada foi muito mais bruta do que eu esperava, gritei. Meu corpo começou a tremer, ele o sentia em suas mãos. Esperou até minha musculatura relaxar e se adaptar ao seu membro, algo que sempre levava uns minutos, nos quais eu convivia com uma dor lancinante e profunda, que já não mais dependia das vezes em que ele havia me penetrado, mas da disparidade entre a espessura daquele caralho e da minha inelasticidade anal. Era eu quem sinalizava quando estava pronto para continuar a levar a pica no cu, empinando minha bunda e a comprimindo contra sua virilha. Ele então a fazia deslizar para dentro do buraquinho guloso, enquanto eu gemia tomado pela luxúria. Como ele havia me leitado há pouco, demorou até ele gozar. Nesse tempo, eu acabei gozando duas vezes. Minha porra voava para todo lado com o cacete balançando à medida que levava as estocadas no cu. Virei-me na direção do Jamil engatado no meu rabo e ele estava sorrindo. Excitava-o e dava-lhe prazer me ver gozando, era sua forma de saber que eu gostava do que ele fazia comigo. Meia dúzia de socadas profundas depois, ele ejaculou seu sêmen pegajoso em mim, que eu guardaria com todo carinho nas minhas entranhas como havia feito com todos os outros. Algo que também não se alterou desde nossa primeira transa, foi ele conferir o machucado imposto ao meu cuzinho por seu cacetão e, deliciar-se com aquela minha fragilidade anatômica. Naquela noite, quando regressamos à São Paulo, ele não me deixou ir para casa a partir do aeroporto; levou-me até uma cobertura fazendo mistério sobre nosso destino, embora eu insistisse para que revelasse onde estava me levando. - É aqui que você passa a morar a partir de hoje! – disse ao me introduzir no vestíbulo do apartamento. – Não quero mais depender de finais de semana, arranjos de última hora em hotéis, improvisações no escritório depois do final do expediente para poder te possuir. Esse é meu covil onde pretendo fazer de você meu amásio, e ser seu macho. - Mas Jamil, não faz sentido eu morar num lugar como esse, estou habituado a lugares muito mais simples. – retruquei. - Há algo que você até agora não assimilou. Me obedeça quando determino as coisas! Não me importa ao que você está habituado. A partir de agora você trate de usufruir a vida que estou lhe proporcionando. Você é meu, consegue compreender a extensão disso? Se eu quero ter você em tempo integral junto a mim, não me questione! Sou dominador, sou! Sou possessivo, sou! Sou mandão, sou! Acho que a partir daí seu papel fica claro, não fica? – indagou, usando um tom de voz autoritário. - Tem momentos em que você me assusta, sabia? - É porque você tem o poder de me deixar furioso, às vezes! Eu quero fazer de você um homem seguro, que sabe tomar suas próprias decisões sem depender da opinião dos outros. Quero que seja instruído, culto, refinado, pois é isso que vai abrir as portas do sucesso para você. E, o que é que você faz? Me questiona, me deixa puto ao mesmo tempo em que me enche de tesão. Portanto, não conte com uma benevolência constante. Se preciso, vou te disciplinar. Não será com um açoite, mas com isso aqui, que você muito bem sabe pode fazer um belo estrago no mesmo lugar no qual um pai aplica um castigo ao filho. – sentenciou, pegando na pica quanto me ameaçou. - Depois você reclama quando te chamam de turcão bruto! Olha aí a prova! – devolvi. - Turcão é o caralho! Você sabe que sou sírio e não turco. Só sou bruto quando a situação assim o exige, você também sabe disso! Agora vem cá! Não quero brigar com você quando viajo amanhã e fico quinze dias sem você. – ordenou. Eu me aproximei dele e o beijei. Ele meteu a mão na minha bunda e a apertou. Ainda úmido, sentindo o leite que ele havia inoculado em mim em Angra, fui me deitar nu ao lado dele. Excitei-o propositalmente, seduzindo-o com uma mamada demorada na pica dele. - Não precisa fazer isso! Não estou zangado com você! – disse ele, quando me sentei em seu colo tentando colocar a jeba empinada no cuzinho. – Você já está machucado o suficiente! - Não estou fazendo isso achando que está zangado comigo! Estou fazendo isso porque quero que sinta saudades de mim, que não olhe para outro na minha ausência, que saiba que estarei aqui esperando ansiosamente a sua volta. Aiiiiiii! – afirmei, soltando um gritinho quando a cabeçorra deslizou para dentro do meu cuzinho ferido. - Você sabe que vou sentir saudades, sabe que vou sentir sua falta, sabe que vou guardar toda a minha gala para quando voltar, seu putinho safado! Só não pense que vai me dobrar com essa bundinha dura e gostosa, tenho convicções mais rígidas do que você supõe. – afirmou, mas forçava o cacetão para dentro de mim. - Tem convicções rígidas, é? Tudo que eu tento certeza que está rígido é isso aqui. – sussurrei no ouvido, travando o esfíncter e mordendo o pau dele. Só se ouviu meu gemido quando ele numa única socada, meteu todo caralhão até o talo em mim, e soltou um urro de prazer. Beijei-o para que não me contestasse mais, aguentando com galhardia a dor que seu falo grosso impunha à minha mucosa anal, antes dele me encharcar de porra. O Jamil passou pelo escritório na manhã seguinte antes de embarcar rumo à Inglaterra. Não quis que eu o acompanhasse até o aeroporto e, me deixou incumbido de uma porção de coisas durante sua ausência, bem mais do que seria possível realizar nesse curto intervalo de tempo. Ele estava me testando, isso era certo. No final da tarde passei na casa do meu tio, peguei minhas coisas e anunciei que estava me mudando. Não quiseram deixar transparecer, mas que isso causou um alívio neles ficou evidente. O Jamil havia me dado dois cheques polpudos para que deixasse com eles por terem cuidado de mim todos esses anos. - Obrigado por tudo que fizeram por mim. Sei que nunca vou poder quitar minha dívida com vocês, mas isso deve ajudar a amenizar o prejuízo, tio! – disse ao lhe entregar o cheque. – Este é para o tio, Marcos, se o senhor puder fazer o favor de entregar quando ele passar por aqui, eu ficaria tremendamente grato. – disse, ao lhe entregar o outro. - Não era preciso nada disso, Lucas. Você sabe que fizemos isso de coração! – respondeu, mas arregalou os olhos quando viu a cifra com a qual o cheques foram preenchidos. Em parte, não duvido que houvesse alguma sinceridade em suas palavras, mas também sempre ficou claro para mim que eu era uma carga extra que precisavam carregar. - Eu sei tio! Mesmo assim, muito obrigado! - Posso saber para onde está se mudando? – eu temia essa pergunta. Tinha ensaiado algumas respostas para ela, mas todas me pareceram mentirosas, e eu não era afeito a mentiras. - A empresa me disponibilizou um apartamento. Fazem isso com alguns executivos, e meu chefe já me considera um deles. – respondi. Eles não precisavam saber que meu chefe era o presidente e dono das empresas, nem que eu era seu amásio, nem que ele estava me bancando. - Que bom para você, não é Lucas? - Muito, tio! Agradeço todos os dias por ter conseguido uma vaga na empresa, está me ajudando muito. – devolvi. Para resolver uma das questões que o Jamil tinha deixado para eu solucionar durante sua ausência, recorri ao Eduardo, marido da Soraia. Até então eu tinha tido pouco contato com ele na empresa. Víamo-nos nos corredores, cumprimentávamo-nos e era tudo. Meu contato com ele tinha sido mais frequente quando dos eventos familiares na casa do Jamil, pois ambos parecíamos dois peixes fora d’água naquela casa onde não éramos benvindos. Eu muitas vezes tinha me perguntado o porquê de ele não ter se separado da Soraia depois que virou pessoa non grata após ela constatar que não gerava filhos não por culpa dele, como sempre o havia acusado, mas por incapacidade dela. Ele tolerava pacientemente, as agressões verbais que ela lhe dirigia, as humilhações que o fazia passar, o descaso que fazia para com os problemas dele. Sem mencionar a prevaricação que ela impetrava com o piscineiro bombado em academia do condomínio onde residiam, de um primo em segundo grau que toda vez que vinha à São Paulo, circulava com ela para cima e para baixo e, ninguém me tira da cabeça, dentro do leito conjugal. Como cópia fiel da mãe, sua aleivosia era fruto da mesma árvore. Tudo isso me fazia enxergar o Eduardo como um molengão, um cara sem brios, um capacho que preferia a boa vida à própria honra. - Olá Eduardo! Recebi essas planilhas da matriz da financeira e, ao analisá-las me pareceu haver uma inconsistência de dados; como esse é seu departamento, não vejo ninguém mais apto a me orientar com elas. Você se importaria? – indaguei, ao procurá-lo num departamento obscuro no qual estava alocado. Isso era outra coisa que eu me questionava, como o genro do presidente ocupava um cargo tão abaixo de seu potencial, num departamento sem muita relevância. - Claro! Vamos ver do que se trata. – respondeu solícito e afável. - Sou inexperiente em muitos assuntos ainda, e não gostaria de deixar passar algo que o Dr. Jamil possa vir a contestar depois. – afirmei, enquanto ele analisava a papelada que lhe entreguei. - Você tem razão! Esses dados aqui não batem! Venha comigo, vamos resgatá-los no banco de dados e você vai ver que estão errados. – a segurança e exatidão de sua atitude não deixava dúvidas de que ele conhecia muito bem todos os meandros da holding. – Veja, aqui estão os dados reais! Como vê, ou foram transcritos de forma incorreta, ou foram adulterados propositalmente. – afirmou. - E qual é a sua opinião sincera? – questionei. - Peça ao diretor da financeira que reveja os dados, sem mencionar que você encontrou a inconsistência, se ele lhe devolver com as devidas correções, provavelmente foi um erro de transcrição, mas caso contrário, houve má fé. Talvez estejam tentando puxar o seu tapete, imaginando que seu pouco tempo de casa não lhe permita ter pleno controle de tudo. – a sinceridade dele me comoveu. - Obrigado, Eduardo! Não sei o que faria sem sua ajuda. Valeu! - Não se esqueça que você descobriu a inconsistência, eu só te ajudei a descobrir uma maneira de fazer a checagem. Na próxima vez você sabe onde procurar. – devolveu, como que minorando sua ajuda. Assim que as planilhas chegaram às mãos do diretor da financeira, recebi uma ligação dele. Empertigado, alegou não haver nada de errado com os dados. Foi jocoso ao menosprezar minha capacidade e, deu a entender que eu não passava de um garoto inexperiente tentando encontrar pelo em casca de ovo. Na chamada de vídeo com o Jamil naquele dia, expus o caso, e pedi sua ajuda. - O que você acha que deve ser feito com pessoas das quais você perdeu a confiança? – foi sua resposta. - Não sei, talvez lhes mostrar que sei que estão erradas. – arrisquei. - Não! Uma empresa é como um relógio, cada peça precisa estar no seu devido lugar, bem ajustada, pronta a dar sua contribuição no momento exato em que é solicitada. Um único parafusinho, por menor que seja, fora do lugar, fará o relógio todo dar defeito. Ele só volta a assinalar o horário correto quando a peça for substituída. – explicou. - Entendi! Então vou esperar a sua volta para te mostrar o caso todo. – afirmei. - Não senhor! O que foi que eu mandei você fazer na minha ausência? Resolver as questões, não foi? Pois faça o que é preciso! – ele ficou sério ao me impor sua resolução. - Ah, Jamil! Você sabe que não levo jeito para isso. - Pois trate de levar! Lucas, eu quero que você se posicione, não que se acovarde diante dos problemas. – ele continuava sério, e eu arriscaria, bravo. Antes do final do expediente, pedi à Beatriz que redigisse e enviasse a carta de demissão do diretor da financeira. A repercussão dessa carta abalou as estruturas da holding por quase uma semana. Ficou claro para todos que meu poder já não se limitava a substituir impressoras com defeito para ajudar uma amiga com os problemas de seu setor. Ao retornar e saber da minha atitude, o Jamil trancou a porta do escritório e me enrabou em pleno expediente, me deixando tão assado que mal pude caminhar depois disso. - Meu tesãozinho está aprendendo rápido, não é? – rosnou ele na minha nuca, enquanto sua rola arregaçava meu cuzinho. Fiquei duplamente feliz, uma por ele me elogiar, outra por receber seu leite cremoso no rabinho. O que eu sentia pelo Jamil era algo que parecia nunca estar devidamente elucidado para mim. Os primeiros dois anos foram de gratidão, afinal ele havia aberto um mundo de oportunidades para mim; me dando o cargo de seu assessor, me apresentando a coisas com as quais eu nunca havia sonhado, bancado meus estudos e, me iniciando sexualmente. Depois, veio o período de afirmação, no qual ele me fez descobrir do que eu era capaz, do que poderia vir a me tornar um dia e, de consolidar o nosso relacionamento, que deixava de ser de patrão e empregado, para uma cumplicidade sentimental e sexual. Ultimamente, eu tinha entrado numa fase de questionamentos, não que não os houvesse antes; mas, de uns tempos para cá, havia surgido em mim uma necessidade de ser amado, de ouvir de sua boca que me amava, e não que gostava de mim. Gostar a gente gosta de um tipo de comida, de um lugar, de um filme, de uma obra de arte, de um corpo sensual. Muitas vezes enquanto eu gemia debaixo do corpo dele ao transarmos, e sua pica entrar e sair do meu cuzinho como um bate estaca perfurando o solo, eu gania seu nome, dizia que o amava, dizia que ele era meu homem e meu macho. Enfim, me declarava aberta e sinceramente, entregando-lhe não apenas afeto, carinho, mas o mais sublime amor que meu coração podia sentir. Isso, apesar de deixá-lo visivelmente feliz e satisfeito, nunca o fez afirmar que também me amava. Pensei, inicialmente, que seu casamento fracassado o havia blindado contra esse sentimento. No entanto, eu percebia em cada gesto seu que ele nutria algo profundo por mim. Eu apenas temia que fosse apenas uma atração sexual pelo meu corpo e pelo que fazíamos durante o sexo; ou que fosse um sentimento semelhante ao que Pigmaleão, o rei da ilha de Chipre, segundo a mitologia grega, tinha em relação à estátua de Galatéa que ele havia esculpido, por não encontrar em toda a ilha uma mulher que satisfizesse seu ideal feminino de doçura e castidade, e pela qual se apaixonou, e que, mais tarde Afrodite transformou numa mulher de carne e osso com a qual Pigmaleão se casou. Ou seja, eu temia que o Jamil também pudesse estar tão empolgado com a sua obra, no caso eu transformado segundo seus desejos e expectativas, como ocorrera com o rei. - Você me ama Jamil? – tive a coragem de perguntar depois de uma longa performance na cama, onde eu o fizera gozar duas vezes, enquanto ele brincava com seu dedo impudico no meu cuzinho lanhado. - Por que me pergunta isso? O que acabamos de fazer não responde a sua pergunta? – devolveu ele. - Em parte! Você nunca me disse as três palavrinhas mágicas – EU TE AMO – e quando estou me entregando para você de corpo e alma, eu sonho ouvi-las de sua boca. - Você não acha que seria piegas um homem na minha idade estar afeito a esses ímpetos de paixões juvenis? – retrucou. - Não, não acho! É certo que você não se empolga com paixões juvenis, mas a paixão não tem idade, ela vem quando se está com quem se gosta, com quem significa muito para nós, com quem nos dá alegrias e prazer. – argumentei. - Pois você acaba de enumerar tudo o que sinto por você! Você é importante na minha vida, gosto de você, você me dá alegrias e prazer, então onde residem suas dúvidas? Em palavras que qualquer um pode pronunciar a qualquer momento, banalizando seu sentido? – devolveu ele. - É que tem vezes que acho que você é como Pigmaleão, gosta de mim porque sou fruto do que você mesmo produziu. Ou, outras vezes ainda, me sinto como a Julia Roberts no filme Pretty woman, a prostituta que o Richard Gere transformou numa senhora da sociedade, ensinando-a a se comportar, dando-lhe presentes caros, tudo para que pudesse estar à altura das necessidades dele. – afirmei. - Você se sente assim, uma puta? - Não, porque não sou mulher. Mas, me sinto como se fosse algo parecido. Um garotão jovem de corpo atraente, pobre, que tem muito a aprender na vida, pelo qual um homem maduro e rico se sente atraído, e o transforma em seu pupilo e seu amante. Não foi isso que você fez comigo? – questionei. - Eu não pensei que você se sentisse assim! Acho que já te demonstrei diversas vezes o que você significa para mim. – respondeu. - É que eu amo você Jamil! Amo com todas as minhas forças e de todo o coração! Não é gratidão, reconhecimento ou fidelidade que sinto por você, embora também nutra esses sentimentos em relação a você. O que sinto é amor mesmo, amor verdadeiro, amor que não conhece limites. – confessei. - E o que você acha que sinto por você? – indagou. - Não sei! Sinceramente não sei. - Isso só prova que o amor nos cega! Vê como você mesmo não sabe reconhecer o que existe entre nós. Não fique assim, é uma pequena crise de identidade, logo, logo você se reencontra e, todas essas bobagens somem dessa cabecinha linda. – asseverou. Não era o que eu queria ouvir naquele momento, em que seu esperma morno ainda formigava nas minhas entranhas, e que ele era tudo que eu mais amava no mundo. Desde que passei a acompanhá-lo nas viagens à negócios internacionais, um novo mundo se abriu para mim. A cada contrato celebrado, a cada associação com outras empresas no estrangeiro, eu me tornava um executivo mais completo e confiante. Ao completar 30 anos eu era o mais respeitado e jovem executivo da empresa. Toda segurança que eu construí na minha vida profissional, desmoronava assim que eu abria minhas pernas para levar aquela verga potente e sedenta no cuzinho. Quando estava com o Jamil, acariciando seu peito, beijando sua boca, chupando seu caralhão, lambendo seus culhões, eu voltava a ser aquele molecão recém-contratado no primeiro emprego, cheio de questionamentos, que idolatrava seu chefe; e via nele o macho no qual ele mesmo se transformou perante mim, ao usar meu cuzinho como bem lhe aprouvesse para saciar suas taras. Eu vivia um período tranquilo comigo mesmo. Muitos dos meus questionamentos tinham ficado no passado ou, eu simplesmente os tinha colocado de escanteio, vivendo apenas o momento atual e, torcendo para ele se perpetuasse no futuro. Ocorre que nada se perpetua. E, eu não demorei a sentir isso na pele. A Amirah estava em Miami, onde, há alguns anos atrás, não deu sossego até que o Jamil comprasse um apartamento duplex no Oceana Bal Harbour, um condomínio de luxo a 20 quilômetros das principais praias de Miami. Eu só conheci o apartamento no último revellion, pois foi onde a família se reuniu para festejar o novo ano. Era algo bem típico do gosto duvidoso da Amirah, decorado de forma espalhafatosa como bem gostava a grande maioria de latinos endinheirados que residia no condomínio. A Amirah sempre foi avessa a Europa, dizia que eram países onde se respirava mofo e velharias, pois seu intelecto nunca conseguiu compreender a importância e valor das relíquias seculares daquele continente. O dinheiro nunca lhe acrescentou cultura, apenas deslumbramento e futilidade. Esse era o motivo que a levava a passar temporadas ali, longe do marido, com um novo affair a cada estação, esbanjando à rodo um dinheiro a que julgava ter o direito de gastar. Esse foi o motivo que levou o Jamil a se descontrolar e ligar para ela, não obtendo resposta durante todo o dia. Estávamos apenas ele, eu e a Beatriz no ainda no escritório quando ela retornou as ligações dele. Tiveram uma discussão feia ao telefone, com direito a gritos de ya kalba sharmoota, yaqta’ ‘omrak mara, e por aí vai, que fizeram as veias do pescoço do Jamil saltarem de tanta raiva, ao receber os extratos dos cartões de crédito que a Amirah usara sem nenhuma parcimônia, totalizando US$ 86.000, num único mês. E, que ele tinha como certo, foram usados para bancar presentes para algum cafajeste latino com o qual ela estava se deitando. A Beatriz e eu o observávamos a certa distância, embora eu estivesse morrendo de vontade de chegar junto dele e pedir que não se exaltasse tanto, que isso poderia lhe fazer algum mal. Mas o lugar e as circunstâncias não eram as mais propícias para eu demonstrar minha preocupação e meus sentimentos íntimos para com ele. Só o fiz quando ele bateu o telefone ameaçando a Amirah de cortar sua cota nos cartões. Ele respirava com dificuldade. Levou um tempo até me ouvir e, quando o fez, erguendo seu rosto na minha direção, notei que havia algo errado naquela expressão desconectada da realidade. - Jamil! Jamil! – berrei assustado. – Dr. Jamil! Está me ouvindo, Dr. Jamil! – corrigi, quando me lembrei que não estava a sós com ele. – Beatriz! Por favor me ajude aqui, o Dr. Jamil não está bem. – berrei, cada vez mais preocupado. - Dr. Jamil! Dr. Jamil, o senhor pode nos ouvir? – tentou ela, aflita. - Peça a um dos seguranças que venha me ajudar a colocá-lo no carro, precisamos levá-lo a um pronto socorro com urgência! – ordenei. Ela e o segurança me acompanharam até o hospital, durante o trajeto ela tentou diversas vezes que ele desse alguma resposta, mas foi em vão. Assim que o retiraram do carro e o colocaram na maca o Jamil teve uma parada cardíaca. Não fosse a necessidade de responder às perguntas que o médico me fazia eu teria desmaiado ali mesmo, pois minhas pernas não queriam suportar meu corpo. Eu despejei tudo o que sabia sobre as condições de saúde do Jamil, os stents que havia implantado, as duas pontes de safena que foram feitas há quase uma década, a falta de ar da qual vinha se queixando ultimamente, mormente depois de deixar meu cuzinho galado até as tampas, a hipertensão que necessitou um ajuste recente na dose da medicação, e tudo que julguei ser útil naquele momento. Passei horas numa sala de espera aguardando notícias. Já havia dispensado a Beatriz e o segurança, pois estiveram comigo até muito além de seu horário de expediente. Ela se recusou, mas depois de um tempo também a convenci a ir para casa, com o argumento de que sua presença no escritório no dia seguinte seria de vital importância. Quando permitiram meu acesso a UTI, o Jamil estava inconsciente, segundo o médico, para o controle de seu estado de ansiedade. O quadro que ele me apresentou não podia ser pior. O enfarte havia se alastrado sobre áreas já mal irrigadas do coração, comprometendo em muito a funcionalidade do órgão. - Ele vai precisar de mais stents, de outras pontes de safena? – indaguei, como se coubesse a mim decidir o que seria o adequado para ele. - Temo que não! Estamos tentando estabilizá-lo para que possa suportar um transplante, se encontrarmos um coração disponível nesse período. – as palavras dele não eram nada animadoras. - Isso, um transplante! Não é mais nenhum mistério fazer essas cirurgias hoje em dia. Isso vai recuperá-lo! – eu continuava falando sem nenhum conhecimento de causa, apenas movido pela necessidade daquele homem, meu homem, não me abandonar. No quarto dia tiraram a sedação do Jamil. Ele me encarou e sorriu quando notou que eu segurava sua mão. Tentou falar alguma coisa, mas a língua parecia um pedaço de chumbo em sua boca. - Não faça nenhum esforço! Vou chamar o médico e dizer que você acordou. – avisei. Ele prendeu minha mão com força e não me deixou ir. Nos três dias seguintes ele parecia melhorar a olhos vistos. Eu já não estava com aquela cara lúgubre do dia da internação. Ele também já conseguia se expressar melhor e, dava para entender o que dizia com algum esforço. Eram minhas conversas com o médico no final do dia que me deixavam cada vez mais angustiado, pois o que ele me relatava não era nada bom. Eu havia avisado a Amirah e as filhas e, embora cientes da gravidade da situação, nenhuma delas apareceu no hospital, onde eu passava o dia ao lado do leito do Jamil. O único que veio ver como ele estava foi o Eduardo, que também se prontificou a me prestar qualquer tipo de ajuda que eu necessitasse. - Sabe o que eu estranho nessa família, Eduardo, é o desamor que reina entre eles. Da Amirah não se espera muito mesmo, mas da Aisha e da Soraia, um mínimo de compaixão pelo pai seria de se esperar. – afirmei. - As duas só veem no pai uma fonte de renda, um banco que financia suas extravagâncias. Minhas primeiras desavenças com a Soraia começaram justamente por ela ser tão insensível em relação ao pai que lhe deu de tudo. – revelou ele. Era madrugada quando o Jamil balbuciou meu nome. Eu estava quase cochilando ao lado dele. - Oi amor! Precisa de alguma coisa? – perguntei, quando ele fixou seus olhos bem abertos em mim e sorriu. - Só de você! Como você está aqui, tenho tudo de que preciso. – disse ele, apertando minha mão. - Conversei com seu médico hoje e ele me disse que já estão à procura de um coração novinho em folha para você! – exclamei, tentando animá-lo. - Chegou a hora de você caminhar com as suas próprias pernas. Como eu sei que fiz um bom trabalho, também sei que não vai ter dificuldade nenhuma para fazer isso. – sentenciou. - Não diga isso, Jamil! Você vai ficar bom e vamos retomar a nossa vida. - Não crie expectativas, Lucas! Sou um motor que chegou à quilometragem máxima, não há mais o que retificar. – afirmou - Você não pode falar assim, cadê o homem que ergueu um império e nunca se deixou abalar com detalhes? – indaguei, sentindo que o nó que estava na minha garganta ia sair a qualquer momento. - É sua vez de se mostrar firme! Tire esse choro da cara e preocupe-se em tocar a sua vida. Eu não passei doze anos te ensinando a ser um homem de fibra para você ficar aí chorando feito um garotinho. Há muito o que fazer e eu conto com você, não me decepcione! – sua voz era quase inaudível, ele arfava e parecia ter corrido uma maratona. - Pare de falar! Poupe as energias! E não fale como se fosse me abandonar! – retruquei rude. - Ah, seu tolinho sentimentalóide! Eu devia ter te dado muito mais surras de pica para você não virar esse chorão. – disse, com o olhar cada vez mais embaçado. - Então dá quando formos para casa! – exclamei. Ele voltou a ficar em silêncio, essas poucas frases o haviam exaurido. Gostei que parasse de falar, pois essa falta de esperança tinha me arrasado. - Eu te amo, Lucas! – exclamou, de súbito. Eu comecei a chorar convulsivamente. Havia esperado anos para ouvir isso dele. Mas, tentei não o encarar para que ele não me visse chorando como um garotinho, como ele acabara de afirmar. – Eu me apaixonei por você naquele dia chuvoso em que suas roupas colaram no seu corpo e eu tive a mais deliciosa das ereções. Desde então te amo cada dia com mais paixão e loucura. – confessou. Inclinei-me para beijar sua testa, um sorriso se abriu na minha direção, como o sol que pesponta num alvorecer de verão. A mão que apertava a minha perdeu repentinamente o tônus, seu olhar se fixou em mim, mas já não me via. Eu quis gritar, mas nada saiu da minha boca. Os equipamentos ao redor do leito começaram a bipar, uma enfermeira me afastou do lado dele. E eu chorei a mais não poder. Se não estivesse sentindo tanta dor, eu teria classificado o sepultamento como uma cena patética. Amirah, com uma filha de cada lado, todas em sóbrios e sofisticados vestidos pretos, óculos escuros, apesar do dia nublado, encenavam o papel de viúva e filhas inconsoláveis e desamparadas, numa atuação que beirava a comicidade. Recebiam as condolências com uma discrição fingida, cabisbaixas, como se um dia o Jamil tivesse tido alguma importância em suas vidas que não a de pródigo provedor. Sem sombra de dúvida, eu era o único ali que estava verdadeira e profundamente mortificado, que me questionava como seria a minha vida sem ele a partir de então, que sentia como se me houvessem arrancado a própria alma. Em nenhum momento deixei que o olhar recriminatório da Amirah me intimidasse, e fiquei tão próximo ao esquife quanto queria estar. - Como você está? – indagou-me o Eduardo, num breve momento em que se aproximou de mim. - Desolado, perdido, solitário. – respondi. - É natural que se sinta assim, mas dê tempo ao tempo, ele amenizará seu sofrimento. E, não se sinta solitário, pois não está e nunca estará. – reconfortou-me. Pelo lado racional eu sabia que ele tinha razão, mas nesse momento eu não era um cara racional, apenas um amante destroçado. Dois dias após o sepultamento, numa aparição surpresa e inusitada à empresa, a Amirah e as filhas vieram a ter comigo no escritório do Jamil. - Basta que o gato se afaste para que os ratos tomem conta de tudo, não é? – indagou, invadindo a sala antes que a Beatriz as anunciasse e detivesse, deixando a pessoa que eu estava atendendo abismada e desconcertada. - Falo com vocês em instantes! Estamos quase terminando aqui e logo as recebo. – disse educadamente, controlando o sangue que me fervia nas veias. – Sra. Beatriz, por favor acomode a Sra. Amirah e as filhas na sala de reuniões e ofereça-lhes o que quiserem. – emendei, dirigindo-me à Beatriz, que me encarava um tanto assustada. - Quem você pensa que é, seu moleque depravado, concubino aproveitador! Eu não preciso ser recebida nessa empresa porque ela é minha, eu entro e saio daqui na hora que bem entender e, é você quem precisa ser anunciado antes de chegar à minha presença. Saia imediatamente dessa cadeira, não é porque você se deitava com o meu marido que lhe foi conferido o direito de sentar-se nela. – despejou irada, deixando meu interlocutor perplexo com tamanha baixaria. - Sra. Beatriz! Por favor, peça aos seguranças que retirem essa senhora daqui o quanto antes, ou não respondo por mim. – a Beatriz partiu em disparada e retornou com dois seguranças, pois sabia que o Jamil havia deixado um grande legado em mim e, que eu não titubearia em tomar a mesma atitude que ele tomaria nessa situação. - Você não pode fazer isso, seu pederasta enrustido, cafajeste, moxannas bint kalb! – vociferou a megera, enquanto a enxotavam do escritório. Só eu sei o que me custou manter o autocontrole, pois eu a teria esganado até a morte se as condições fossem outras. - Lamento que tenha precisado presenciar uma cena tão deplorável! Ela é a viúva do Dr. Jamil e ainda está sob o impacto de sua morte. – afirmei ao meu interlocutor, para minorar aquela desfaçatez. Ele me devolveu um sorriso amarelo e constrangido. E eu, tratei de encerrar o mais breve possível nosso assunto para ir ter com a Amirah. - Não sei se você já foi informada, mas existe um testamento deixado pelo Jamil e, que o advogado agendou para a sexta-feira para ser aberto e lido diante das pessoas contempladas por ele. – afirmei ao ter com ela. O Eduardo estava na sala e tentava inutilmente tirar a Soraia dali, recebendo como resposta uma saraivada de ofensas. - É exatamente por isso que estamos aqui! O Jamil não tinha que deixar testamento algum, tudo o que era dele nos pertence por direito. Eu já contratei um advogado para resolver essa questão. Só me faltava eu me submeter a uma das loucuras do Jamil depois de morto. Eu não vou aceitar mais nenhuma de suas desfeitas. – berrava ela. - Pois faça isso! No entanto, seu advogado já deve tê-la orientado que o testamento é soberano sobre qualquer uma das suas vontades. É a do Jamil que importa, e é essa que será seguida! Enquanto você não for a dona das empresas, retire-se daqui! Não vou permitir que você blasfeme contra o Jamil na minha presença! Ele a odiava, você bem sabe! Não banque a viúva desolada, que esse papel não lhe cabe. – asseverei. A abertura e a leitura do testamento não poderia ter sido mais surprendente. A Amirah fora deserdada por danos materiais e morais pelo Jamil, tendo ele mencionado e anexado provas ao testamento, coube-lhe apenas uma pensão irrisória a título de benevolência por ter lhe dado duas filhas. Os 50% dos bens destinados aos herdeiros necessários, a Aisha e a Soraia, foram transformadas em ações ordinárias de duas empresas, cabendo-lhes apenas a retirada dos dividendos ou, em caso de venda, essa ocorrer apenas para a holding. O controle das ações não lhes dava direito a voto ou cadeira no conselho consultivo das empresas que faziam parte da holding. Os outros 50% de seu patrimônio foram doados respectivamente, a mim, 30%, ao Eduardo, 10%, e a um grupo de funcionários em proporções menores os demais 10%. O leitor do testamento precisou esperar que os ânimos da esposa e filhas se acalmasse para continuar a leitura. Ficaram comigo também a casa de Angra, a cobertura e uma das fazendas que haviam sido colocadas em meu nome cerca de cinco anos antes de sua morte e, portanto, já não faziam mais parte de seu patrimônio. - Esse desgraçado viado filho da puta explorou meu marido esses anos todos e vai ficar com quase toda sua fortuna! Eu não vou aceitar isso! Dr. Saulo, diga a esse sodomita miserável que vamos lhe arrancar até o último centavo do que me pertence por direito! Fui eu quem aguentei aquele traste durante mais de trinta anos e não vou sair com uma mão na frente e outra atrás depois disso tudo! – berrava ela, sem perceber que estava municiando o escritório de advocacia que havia redigido o testamento com subsídios suficientes para contra argumentar sua petição. - Acalme-se Sra. Amirah, a princípio não há o que contestar. O Dr. Jamil deixou explícitas as razões pelas quais não lhe deixou nada. É muito difícil rebater as provas que ele deixou registradas. – aconselhou o advogado dela. - O senhor é um incompetente! Está do meu lado ou do lado desse bint kalb? Eu vou arrancar tudo dele, nem que tenha que matá-lo para isso! – berrava encolerizada. - A senhora está se incriminando, é melhor se controlar! – aconselhou mais uma vez o advogado. - Controlar o zib, é isso que vou fazer! – retrucou exasperada. – Espere só, você ainda vai ouvir falar muito de mim, seu miserável! – gritou em minha direção, antes de ser praticamente arrastada pelo advogado que já deixava visível seu desencantamento com aquele caso perdido. Afastei-me de tudo e todos por uma semana. Precisava encontrar equilíbrio para levar a vida adiante e, em meio a tantas atribulações e problemas seria impossível encontrar paz. Ao entrar no carro não tinha um destino predeterminado na mente, apenas pus o carro em movimento e saí. Cerca de duas horas depois estava seguindo rumo a Angra, mais por inércia do que por ter escolhido esse destino. - Olá, Sr. Lucas! Lamentamos pelo Dr. Jamil. O senhor deve estar arrasado, e com razão. – disse o Otávio ao vir ao meu encontro prontificando-se a pegar minha bagagem. - Olá Otávio, tudo bem por aqui? Agora, mais do que nunca, não me chame de senhor, apenas Lucas é o suficiente. – respondi. - Desculpe, é o hábito! Almocei com eles na cozinha, o que a Zulmira achou um sacrilégio. - Se a dona Amirah nos visse aqui estaríamos na rua no mesmo instante. – disse ela, inconformada com minha postura. - Pois ela não está, e nunca mais vai estar! – afirmei, relatando-lhes superficialmente os últimos acontecimentos. - Então o senhor é nosso novo patrão! – exclamou o Otávio. O Dr. Jamil deixou um ótimo pé de meia para a Zulmira e para mim. Ele explicou tudo numa carta que chegou há poucos dias. É o suficiente para nos aposentarmos, mas se o senhor, digo, se você não se importar gostaríamos de continuar trabalhando na casa. – revelou. - Eu agradeço! Não sei ainda o que vou fazer da vida, mas com essa casa, apesar de suntuosa demais para o meu gosto, eu gostaria de ficar. Passei bons, senão os melhores momentos da minha vida aqui. – confessei. Ambos foram discretos, mas sabiam do que eu estava falando. Talvez não soubessem que eu tinha perdido a virgindade ali, mas que eu e o Jamil mantivemos muitas vezes relações sexuais no andar de cima, não era nenhuma novidade. A Beatriz, durante aquela semana, se encarregou de manter todos afastados de mim, poupou-me de questões menores e protelou as mais importantes com a mesma eficiência que tinha para com o Jamil. - Já de volta, Lucas! Contei que fosse se ausentar por mais uma semana, por isso não agendei nada importante para esta. – avisou-me, quando me encontrou sentado no escritório olhando absorto para a paisagem da cidade. - Fez bem Beatriz, muito obrigado! Preciso retomar as coisas, não podemos nos dar ao luxo de ficar estagnados. – respondi. - Teria lhe feito bem ficar mais uns dias afastado. Você precisa viver esse luto antes de retomar sua vida. Ele te daria uma bronca se estivesse aqui! – afirmou ela. Outra que provavelmente sabia muito mais sobre a minha relação com o Jamil do que deixava transparecer. - Ele daria mesmo, não é? Até posso ouvi-lo .... – antes de conseguir continuar comecei a chorar. - Viu por que deveria ficar afastado? Ninguém gostou tanto do Dr. Jamil quanto você. Olha que tenho anos de casa, conheço a família dele outro tanto e, posso afirmar sem receio de errar, que você foi quem mais gostou dele. Ele sempre soube disso. – afirmou ela. - Eu o amei, Beatriz, eu o amei! – as palavras saíram da minha sem controle. Eu não tinha do que me envergonhar, e ela por certo não trairia nossa amizade por saber disso. - Ele também te amou! Como você acaba de fazer agora, ele deixou escapar seu sentimento por você no dia em que me mandou comprar aquele carro com o qual te presenteou. – revelou ela. - Tantos anos atrás? Ele só me disse que me amava naquele leito de UTI, quando já era tarde demais. – revelei. - Era o jeito dele! Ninguém nunca soube o que se passava no coração daquele homem. Talvez nem ele mesmo. – conjecturou. Naquela noite também recebi a visita do Eduardo. Eu já estava de pijama, pretendia me deitar cedo para ver se conseguia me livrar de uma dor de cabeça incapacitante quando o interfone tocou. - Oi, Lucas! Como foi o retiro? Você está melhor? – questionou. - Não foi o suficiente para acabar com esse vazio que sinto aqui dentro. – afirmei, tocando a mão no peito. - É natural que não! Isso leva tempo, vocês eram muito unidos. Conte comigo se precisar. – asseverou. - Obrigado! Mas, o que o traz aqui? Há alguma pendência a ser resolvida na empresa? – indaguei. - Não! Não tem nada a ver com a empresa. No dia da leitura do testamento entrei com o pedido de divórcio da Soraia. Já não morávamos mais juntos há alguns meses, não sei se você sabia. Eu voltei a morar cm meus pais provisoriamente. Porém, o que me traz aqui é essa carta. Ela me foi entregue pelo leitor do testamento naquele dia. – disse ele, entregando-me um envelope que já havia sido aberto e era endereçado a ele. Ao começar a ler a carta logo me vieram as lágrimas. O texto era tão objetivo e decidido como seria a própria fala do Jamil. Nele, ele agradecia o Eduardo por ter mantido o casamento com a Soraia atendendo a um pedido dele, apesar da incompatibilidade e da infidelidade com a qual sua filha retribuía o obséquio do Eduardo. Mencionava o distúrbio psiquiátrico da filha após descobrir que não podia gerar filhos e, o pedido que ele lhe havia feito para não a abandonar quando deixou a clínica de reabilitação, temendo por um agravamento da crise e um potencial suicídio. Também explicava o motivo de ter lhe deixado 10% da fortuna e, pedia que ele me apoiasse na diretoria da holding, dando-lhe o cargo de vice-presidente. Eu li e reli o texto em silêncio, enxugando vez ou outra as lágrimas, antes de lhe devolver o papel com as mãos trêmulas. - Nem sei o que dizer! Você se sacrificou esses anos todos para atender a um pedido dele? A impressão que sempre tive é que aquele cargo que você ocupava era uma espécie de castigo, uma punição que ele lhe havia imposto, por isso jamais discuti o fato com ele, embora tenha mencionado sua capacidade muito acima da função. - O cargo foi uma imposição da Soraia, para me humilhar! No entanto, o Jamil me compensava regiamente para ficar naquela posição e não deixar a empresa. Ajudou meus pais e minha família como forma de se redimir por não ir contra a vontade da filha. Mas, eu preciso dar um basta em tudo isso. Se a Soraia optar por um caminho sem volta o problema é dela. Eu não me admiraria se ela e a Amirah caírem em desgraça em pouco tempo, ambas sempre detestaram o Jamil. A Aisha o marido ainda controla e, acredito que agora sem o Jamil, ele a faça sofrer ainda mais, pois como o Jamil especificou no testamento, ele não terá acesso as ações da companhia. Por fim, se você permitir e assim o desejar, eu assumo a vice-presidência. Confesso que não é algo que eu almeje ou com o que tenha sonhado, mas ao seu lado creio que formaremos uma boa dupla. – afiançou. - Claro! Sem sombra de dúvida! Não sei por que ele não te deixou a presidência, você é muito mais apto do que eu, conhece as empresas há muito mais tempo. Eu não sei se estou à altura de tocar aquilo sem o Jamil do meu lado. Nunca pensei que permaneceria nas empresas no dia em que ele não estivesse mais à frente dos negócios. Você conhece minha história, sabe que sou uma pessoa simples, que não me vejo controlando todo aquele império que ele construiu. – sentenciei. - É o que ele queria! Ele te preparou por doze anos para que você desse continuidade ao que ele construiu. O Jamil confiava em você e fez de você o executivo capaz que se tornou. Ele tinha visão de futuro, e preparou tudo para que você possa seguir em frente. - Foram mais ou menos essas as palavras que ele usou para me convencer quando estava no leito da UTI. – revelei. – Fique comigo, Eduardo! Sozinho não consigo. – pedi. - Estarei com você para o que for preciso! Não se deixe abater, vamos fazer isso juntos, ok? – ele tomou minha mão entre as dele e, pela primeira vez eu senti que não estava mais só.
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