Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Final

Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Final

Segunda-feira, sol tímido de inverno pespontando entre um nevoeiro em rápida consumição, eu atrasado por conta da noite mal dormida, acabei concluindo que seria mais proveitoso tomar meu café na cafeteria anexa ao supermercado perto de casa do que prepará-lo eu mesmo e, correr o risco de me atrasar para o compromisso agendado para o início da manhã. Peguei minhas chaves, pasta e a gravata que não tive paciência para fazer o nó, e saí em disparada. Não notei as duas motocicletas que me seguiam uma dezena de metros atrás. Elas emparelharam comigo na vaga do estacionamento e, ao descer do carro, fui imediatamente rendido por três sujeitos que me cercaram por todos os lados.
- Nada de gracinhas! Nem pense em chamar a atenção se quiser continuar vivo! – ameaçou um deles, levando-me até a traseira do carro onde o porta-malas já se encontrava aberto.
- Entre aí, rápido, rápido! – ordenou outro, que cutucava a ponta da arma nas minhas costelas.
- Podem ficar com a carteira e os cartões! – exclamei, temendo entrar naquele porta-malas e ficar talvez horas sob sequestro.
- Pode enfiá-los en el culo! Não nos servem de nada sem você e as senhas! – vociferou o mais agressivo, com sotaque castelhano, e que aparentemente comandava a operação.
Segui as orientações sem resistência. Pouco antes da tampa do porta-malas se fechar, vi que uma mulher a certa distância presenciara o sequestro e começava a fazer uma ligação no celular. Sacolejei em posição fetal por cerca de três quartos de hora, ora batendo a cabeça na dobradiça da tampa, ora dando joelhadas contra o metal da estrutura, à medida que o carro fazia curvas em alta velocidade. Subitamente, devíamos ter entrado numa rua não asfaltada ou em precárias condições, pois os sacolejos aumentaram e eu já não ouvia o barulho de trânsito à nossa volta. O carro parou e duas portas bateram, o sujeito do sotaque disse algo que não consegui distinguir. A tampa do porta-malas se abriu e eu fui arrancado dele com brutalidade. As duas motocicletas estavam a menos de dez metros do carro e seus ocupantes se aproximaram a passos largos. Estávamos numa rua deserta, com um muro alto e longo de um lado, que acompanhava a curva da rua e, um matagal denso no terreno abandonado do outro.
- Debruce sobre o capô! – ordenou o piloto de uma das motocicletas. Suas mãos me apalparam, tateando pelo tronco e descendo até a cintura e coxas.
- Ande logo com isso! Não temos o dia todo! – exclamou o do sotaque.
Meu cinto foi desafivelado, duas mãos agarraram o cós da minha calça e, num puxão abrupto e violento, minha calça desceu até os joelhos, expondo minha bunda. Um chute numa das minhas pernas me obrigou a apartá-las.
- O que vão fazer comigo? Por favor, não façam isso! Eu já disse que podem ficar com os cartões e o dinheiro, mas deixem-me ir. – supliquei.
- Não me interessam esses trocados! Quero outra coisa de você! Quero te dar uma lição que nunca mais vai esquecer. – vociferou o estrangeiro, ao mesmo tempo em que o vi se aproximando empunhando um pedaço de cabo de vassoura na mão. Pensei em gritar, mas o revólver, cujos projéteis eu conseguia ver através dos orifícios do tambor, à centímetros da minha testa me desencorajaram de tal iniciativa.
Ao mesmo tempo em que a mão do sujeito alojada no final da minha coluna me pressionava contra o capô quente do carro, ele se posicionava para me empalar com aquele pedaço roliço de madeira. A ponta dele deslizou no meu reguinho tentando encontrar a portinha do meu cu. Eu segurei a respiração e me preparava para gritar mesmo que um balaço me estourasse os miolos ali mesmo. Nisso, duas viaturas da polícia entraram à toda velocidade na rua, levantando uma nuvem de poeira atrás de si. O que apontava a arma para a minha cabeça, se virou e disparou contra os policiais. No revide, dois disparos atingiram seu peito e ele despencou sobre o capô. Outro que tentou sacar uma arma também foi alvejado e gritava segurando ambas as mãos sobre o ventre, de onde o sangue vertia manchando sua camiseta. Outro foi alcançado e mobilizado por dois policiais antes de conseguir chegar à motocicleta para empreender uma fuga. O estrangeiro ergueu os braços, deixando cair o cabo de vassoura entre as minhas pernas, e se rendeu. Eu tremia abalado, observando cada detalhe da cena que me cercava, e ainda via em câmara lenta tudo sendo reprisado na minha mente. Continuava imóvel debruçado sobre o capô, esquecendo por completo que minha bunda estava toda nua e exposta.
- O senhor está bem? – questionou o policial que se aproximou de mim e, segurando meu braço, me ajudava a ficar de pé.
- Sim, sim, acho que estou! – balbuciei, apressando-me a puxar a calça para cima sob os olhares impudicos dos policiais.
- Lamento por só o encontrar agora. Perdemos o carro de vista a algumas centenas de metros atrás, enquanto os seguíamos e, não vimos quando embicaram nessa rua. Tem certeza de que está bem, senhor? – informou o policial. – O senhor teve muita sorte, recebemos uma ligação denunciando o sequestro e, as câmeras do estacionamento do supermercado ajudaram a identificar o carro que passamos a perseguir. – acrescentou.
Realmente, em questão de minutos, chegaram ao local mais três viaturas, que participavam da busca. Na delegacia, enquanto se lavrava o flagrante, o delegado me informou que uma busca nos registros dava conta de o estrangeiro ser um colombiano procurado pela Interpol por tráfego de drogas e fuga do território americano.
- Amirah! – exclamei. No mesmo instante o estrangeiro me encarou.
- O que o senhor disse? – indagou o delegado.
- Esse sujeito está a mando de uma mulher chamada Amirah, ex-esposa do meu ex...., ex-esposa do meu ex-patrão. – revelei.
- O senhor o conhece?
- Não, não o conheço, mas ele certamente pode lhe dar as informações de quem o contratou para me sequestrar. – informei.
- O senhor então conhece quem mandou fazer isso?
- Não posso afirmar com toda certeza, mas ela me ameaçou há uns meses atrás durante a leitura do testamento do marido e jurou se vingar, por isso minhas suspeitas me levam a crer que foi ela quem mandou me sequestrar. – contei.
- Você sabe do que ele está falando? É melhor colaborar, pois temos outros meios de arrancar a verdade de você, seu gringo filho da puta! – ameaçou delegado
- Não sei de nada! Quero meu advogado! – disse o gringo.
- Meu amigo, você está no Brasil, é um gringo de merda e só vai ver um advogado depois de dar todo o serviço. Aqui não é os Estados Unidos onde é só pedir um advogado e tudo é feito nos conformes. Eu vou arrancar a verdade de você nem que precise arrancar seu couro antes, está me entendendo, gringo de merda? – berrou o delegado. Nos primeiros socos que levou na cara caindo ali mesmo, o gringo começou a dar o serviço. A Amirah estava se deitando com ele e o convenceu a me empalar para se vingar de mim.
Ela berrava que tinha direitos e não podia ser tratada daquela maneira por duas cadelas negras que não deveriam tocar nela para que não fossem esmagadas como ratazanas por seus advogados, conforme ameaçava, a plenos pulmões, as duas policiais que a traziam algemada e à força para dentro da sala do delegado. Toda empáfia e intimidação cessaram quando ela me viu e ao seu amante de cara deformada pelos socos que levou.
- Seu idiota imprestável e incompetente! Não é à toa que metade da polícia mundial está no seu encalço. – xingou ela, ao perceber que a casa caíra e, que agora ela também precisava prestar contas do crime que cometeu.
- Fico feliz que o Jamil não tenha sido obrigado a ver esse absurdo! A que ponto você caiu, Amirah! De uma empertigada socialite à uma vagabunda que se alia a um gringo cafajeste e traficante. Suas filhas hão de sentir orgulho da mãe que tem! – exclamei, encarando-a sem piedade ou comiseração.
- Moxannas bint kalb! Naak, ibn il-‘aHba! – gritou encolerizada na minha direção.
Pouco antes do delegado me liberar, o Eduardo e dois advogados do departamento jurídico adentraram à delegacia.
- Como você está? Foi a Beatriz quem me avisou quando você ligou dizendo que não compareceria ao compromisso agendado por que havia sido sequestrado. – disse o Eduardo.
Os advogados se apresentaram rapidamente ao delegado e ele os tranquilizou de que minha presença não seria mais necessária, que o flagrante havia sido registrado e que agora só dependia da justiça a continuidade do processo.
- Agora estou bem, obrigado! Vamos sair daqui e seguir direto para a empresa, meu dia ainda será cheio. – respondi.
- Não faça isso com você, Lucas! Vá para casa, dê-se um tempo! Não será agindo assim que seus problemas vão se resolver. – ponderou o Eduardo.
- Os meus, com certeza, não, mas os demais não vão se transformar em mais um peso. – retruquei.
- Cabeça-dura! O Jamil não era o mais paciente dos homens, não sei como ele te aturou. Ou melhor, eu sei, foi por te amar demais. – sentenciou.
- Bem! Agora que você chegou às suas conclusões, vamos indo. – revidei. Ao mesmo tempo em que ele me encarava carrancudo, esboçou um sorriso amistoso.
Por formação de quadrilha, sequestro a mão armada, envolvimento com traficante internacional, a Amirah foi condenada a cinco anos de prisão. Um antecedente que eu desconhecia, receptação de joias roubadas nos primeiros anos de casada com o Jamil, a levaram a ter que cumprir a pena em regime fechado. Daquela vez, o dinheiro do Jamil a salvou da pena, mas agora ela foi decisiva para sua condenação.
Há dois anos minha vida passou a se resumir entre a casa e o trabalho, com ocasionais fins de semana em Angra. Quando a morte do Jamil completou um ano fui levar flores ao túmulo, fiquei arrasado por uma semana. No segundo ano, voltei a chorar ao lado da sepultura e, penei dessolado por outra porção de dias. Tudo a minha volta parecia ter perdido o encanto.
- Você precisa se libertar dessa tristeza, Lucas! Isso está te fazendo muito mal. Há dois anos não vejo um sorriso de alegria em seu rosto. Não se vive sem sorrir. E, esses sorrisos forçados que você tem aqui no trabalho não contam, pois não trazem nenhum benefício para a sua dor. – era novamente a Beatriz, preocupada com a minha soturnidade.
- Obrigado, minha amiga! Um dia tudo passa, só preciso ter paciência. – retroqui.
- Já passou do tempo, pois você é jovem e precisa refazer a sua vida. Não espere mais! – aconselhou ela. Dei-lhe um beijo na testa, mas ela sabia que eu não faria nada para mudar meu fado.
- Faz tempo que você não aparece! – observou a Zulmira quando fui tomar meu café naquela manhã de sábado em sua cozinha em Angra.
- Estou um tanto quanto atarefado e fico com preguiça de vir dirigindo até aqui. – respondi. – Depois, não é a mesma coisa de antes. Essa casa me traz muitas lembranças. – emendei.
- Posso imaginar! Por que não traz uns amigos? Com pessoas a sua volta as lembranças vão se apagando. – sugeriu ela.
- Sabe de uma coisa, Zulmira. Eu fiz poucas amizades durante o tempo em que convivi com o Jamil. De uma certa forma, nós nos bastávamos. – confessei.
- Mas não pode continuar assim! Você é tão moço, é tão lindo, precisa encontrar novas amizades. – ela se portava como uma mãe tentando animar o filho, eu a amava por isso. – Hoje vou fazer aquela zarzuela que você tanto gosta para o almoço, ou outra coisa se você preferir. – emendou
- Você é um anjo! A zarzuela vai me deixar feliz pela semana toda. Ainda me recordo daquela massa com frutos de mar que você preparou da primeira vez que estive aqui, uma maravilha! Você poderia comandar a cozinha de um hotel cinco estrelas em qualquer arte do mundo, seus pratos são fantásticos! – elogiei.
- Obrigada! A dona Amirah dizia que minha comida não prestava nem para servir a presidiários. Nossa! Nem me lembro de quantas vezes ela repetiu isso na frente de convidados quando a casa estava cheia deles, não foi Otávio? – revelou.
- Talvez seja por isso que hoje ela esteja comendo lavagem na prisão! Tenho certeza de que daria até a alma para ter um dos teus pratos como refeição. – retruquei.
Ao entardecer fui até o trapiche. Não ventava e o sol já havia amainado, a maré batendo nas pilastras de modo cadenciado levou meus pensamentos para longe. Levei um tempo até notar a sensação de que estava sendo observado. Ao me virar contra os raios oblíquos do sol se pondo, distingui a figura do Eduardo, parado a alguns metros, em silêncio, me observando com um discreto sorriso.
- Te assustei? Juro que não foi minha intenção. – disse, ao ser notado.
- Não! Você aqui! Só estou surpreso. – respondi.
- Estava entediado, a semana foi dura no escritório, precisava arejar. – afirmou.
- Devia ter dito que queria vir descansar, poderíamos ter vindo juntos. – devolvi.
- Só tomei a decisão de vir para cá no fim da manhã. Espero não estar atrapalhando sua tranquilidade. – disse, ao sentar-se junto a mim na beira do trapiche.
- De forma alguma! Você é muito bem-vindo! – algo me dizia que a mão da Beatriz estava por trás dessa aparição repentina.
- Vou te confessar uma coisa. Fui ao seu apartamento na noite passada. Pensei em convidá-lo para jantar. Dei com os burros na água! – ele sorriu tímido novamente.
- Você não disse nada no escritório, senão poderíamos ter combinado.
- Lá é difícil falar dessas coisas.
- Tem razão, estamos sempre tão atarefados que, ao nos darmos conta o dia já acabou. – ponderei.
- Também! Mas é difícil de falar sobre outras coisas. Pensei que no seu apartamento ou aqui fosse ser mais fácil, no entanto, estou aqui sem saber o que dizer. – afirmou. Eu não estava entendendo nada.
- Está com algum problema? Posso ajudar de alguma maneira?
- Estou! ... Não vai ser moleza, mas vamos lá! Meu problema está em te dizer que estou gostando de você. ... Ruim, não é nada disso! ... O que quero dizer é que ... estou apaixonado por você, que sinto um tesão enorme por você, que está complicado me controlar quando estou ao seu lado. – verteu numa torrente de palavras.
- Eduardo! Como assim? – agora eu é quem perdi o rebolado.
- Como eu não sei! Isso vem crescendo aqui dentro há meses. Quando tive certeza dos meus sentimentos, fiquei com receio de você me interpretar mal, de achar que por eu saber como era seu relacionamento com o Jamil estivesse querendo me aproveitar de você. É confuso! Hoje resolvi tomar coragem e colocar para fora. – revelou
- Nem sei o que dizer! Estou realmente surpreso! – respondi.
- Ficou aborrecido?
- Não! Claro que não! Fiquei lisonjeado e pasmo, só isso!
- É um bom começo.
- Começo?
- Sim! Não me mandou à merda! Não ficou indignado! Até agora não me expulsou. – disse colocando um sorriso malicioso na cara barbada.
- Você sabe que eu seria incapaz de te tratar dessa maneira.
- Estou brincando! Já que não vai me botar para correr, talvez eu possa até me atrever e beijar essa boca. Sonho com esses lábios vermelhos e brilhantes faz tempo. E, olhe que são sonhos censurados para menores! – exclamou, tocando seu pé no meu.
- Sonhos censurados para menores com você devem mesmo preencher o imaginário de muita gente! – ele era um tremendo de um macho corpulento, atraente e sensual. Quando souberam do divórcio, não faltou quem não suspirasse por ele na empresa.
- A mim só me importa que preencham o seu! – atreveu-se, mais confiante e encorajado por eu estar aceitando a conversa numa boa.
- Faz tanto tempo que não levo uma cantada que estou fora de forma!
- Você está se saindo bem, acredite! Ficaria melhor se aceitasse o beijo. – asseverou, aproximando-se de mim e passando seu braço em volta do meu tronco.
O beijo veio lentamente, após os lábios dele tocarem delicadamente os meus, avançarem até prender meu lábio inferior, continuarem até nossas bocas se selarem e sua língua me penetrar. Completamente envolvido em seus dois braços, que me trouxeram para junto dele, o beijo avançou para um estágio devasso, carnal. Sua saliva se mesclava com a minha e aquela língua me lambia libidinosamente. Uma das minhas mãos se apoiava em seu ombro; a outra, espalmada sobre o peito, foi sendo levada pela dele em direção a sua pica, encontrando-a presa numa ereção debaixo da bermuda. Eu a sentia latejando vigorosa e tomada de um ímpeto predatório. A mesma sensação começou a dominar o beijo. Eu retribuía a impetuosidade dele me entregando a sua devassidão. Porém, não fiz mais do que me entregar. Havia tanto tempo que eu não sentia uma boca selada à minha, que aquela reação não podia ser diferente. Quando ele me soltou e voltou a se aprumar, reinou um silêncio perturbador e demorado. Seria eu a ter que dar uma resposta? A que pergunta? Era ele que precisava continuar a me galantear? Já não bastavam as declarações que acabara de fazer? Tudo isso ficou no ar, naquele silêncio. Ficou como uma barreira entre nós, apesar dos nossos ombros estarem se roçando ao menor movimento que fazíamos. Mas, ambos continuavam a admirar aquele pôr-do-sol, aquelas águas tranquilas mudando de cor à medida que o crepúsculo avançava, um ou outro veleiro com as velas enfurnadas voltando dos passeios, com as pessoas acenando em nossa direção à medida que passavam por nós.
O Eduardo ficou para o jantar, ficou de pernoitar para me fazer companhia. Tal como eu tinha feito, ele elogiou o prato que a Zulmira preparara, arrancando um sorriso de felicidade dela e do marido. O Eduardo sempre foi gentil, agora me dei conta disso. Foi o primeiro a vir falar comigo quando o Jamil me levou à sua casa pela primeira vez. Eu era um potro xucro, um peixe fora d’água naquela mansão intimidadora, mas ele não se importou com isso, fez o que pode para que eu me sentisse bem. Ultimamente, quando estava a argumentar com algum cliente na empresa, eu tinha reparado em como ele transmitia confiança e segurança através daquele sorriso simpático que o caracterizava. Tinha reparado também como eram potentes as suas mãos, havia nelas algo de muito viril, sem que eu pudesse especificar exatamente o quê. Foi a mesma impressão que tive naquela tarde no trapiche, quando ele veio se encontrar comigo apenas de bermuda, deixando aquele torso largo e másculo exposto ao sol e, aquelas coxas musculosas e peludas muito próximas das minhas. O Eduardo é um macho tesudo. Estava chegando a essa conclusão devido às minhas carências afetivas, ou ele era mesmo um macho tão gostoso quanto minha imaginação queria me fazer crer? Ele mexia com as mulheres no escritório, fazia-as suspirar, fazia-as acompanhá-lo com um olhar de cobiça e, provavelmente fazia-as ficarem com as bucetas molhadas. Eu devia levar isso em consideração ao não depositar exclusivamente na minha maneira de enxergá-lo, o homem interessante que ele é. Será que eu era realmente gay? Não teria sido levado a crer que sim quando o Jamil me possuiu pela primeira vez, tirando meu cabaço? Em doze anos ao lado dele eu nunca tinha olhado para outro homem da maneira que um homossexual deveria fazer. Será que eu confundi todos esses anos o amor que sentia pelo Jamil como um amor erótico e, não como um amor fraternal de filho protegido para pai zeloso e incestuoso? Não, eu não teria cometido um erro tão primário. Depois, ainda havia a se considerar que nunca tinha me interessado por uma garota, e que eu gostei, desde a primeira vez, daquela verga imensa e grossa entrando no meu cuzinho. Portanto, eu era gay. Acho que tudo isso tinha feito com que naquela tarde no trapiche as coisas não tenham evoluído para além daquele beijo. O Eduardo quis uma resposta e, eu não soube dar.
Ao nos desejarmos boa noite antes de subirmos para os quartos, o Eduardo parecia ainda esperar por algum sinal meu que o fizesse avançar em sua investida. Eu o decepcionei com um – DURMA BEM – e um sorriso amigo, não um sorriso apaixonado. Não fui imediatamente para a cama, fiquei sentado apenas de cueca, após o banho, diante da varanda do quarto olhando para as estrelas e pensando em todas essas coisas. Será que vou conseguir me apaixonar por alguém novamente? Era essa a pergunta que não encontrava resposta. O Eduardo, talvez? Ele foi genro do Jamil, era meu sócio na empresa, será que misturar as coisas não nos fará sofrer algum dia? A Beatriz, e não só ela, mas outros amigos, já tinham me dito que eu racionalizava demais as coisas, que não me atirava do abismo e deixava as coisas simplesmente acontecerem como deveriam acontecer, sem querer controlar tudo.
Bati tão suavemente na porta do quarto do Eduardo que praticamente nem eu consegui ouvir. Era ainda o mecanismo de defesa atuando, se ele não pudesse me ouvir eu regressaria para o meu quarto e deixaria tudo como está. Porém, ele ouviu, e me mandou entrar. Não sei porque foi tão difícil dar aqueles poucos passos até me encontrar no meio do quarto. Ele estava reclinado na cabeceira da cama, tinha um livro nas mãos e tirava lentamente os óculos. Eu nunca o tinha visto usando óculos. Ele ficava lindo com eles, intelectualizado, competente, charmoso. Usava apenas uma cueca branca bem amoldada ao seu corpão, tão sexy que podia estar na capa de uma revista ou num outdoor. A maneira como olhou para mim me fez sentir nu, em meu íntimo agradeci por ter jogado o robe sobre os ombros antes de iniciar aquela aventura.
- Atrapalho? – indaguei com a voz falhando. Ridículo, eu estava cheio de pudores.
- Claro que não! Estava me distraindo até o sono chegar. E você, também está sem sono?
- Um pouco! Estive pensando em hoje à tarde. – era bom ir soltando tudo logo antes de me arrepender e deixar tudo parado como estava.
- Nem a comida deliciosa da Zulmira conseguiu tirar o sabor do teu beijo da minha boca. – devolveu ele.
- Então ... é sobre ele que eu queria falar .... – titubeei como um garoto se declarando pela primeira vez.
- Não continue se for me dizer que eu não devia ter feito aquilo, que não gostou do meu beijo, ou que eu passei dos limites do apropriado para um sócio. – disse ele, interrompendo minha fala.
- Não! Não é isso. Eu gostei, e muito! Por isso estou confuso. Não queria que qualquer engano quanto ao que eu sinto venha a atrapalhar nossa amizade e nossa sociedade. – esclareci.
- Entendo! ... Quer dizer que você gostou? – a pergunta veio com um sorriso largo, cheio de esperanças, ladino, sensual. Tive a impressão que foi a única coisa que ele ouviu do que eu disse.
- Gostei! – respondi, mais uma vez tão tolamente embaraçado.
- Podia vir me dar outro, então, o que acha? – livro e óculos foram imediatamente para a mesa de cabeceira, suas pernas se abriram como que para dar espaço para seu membro se expandir, se eu viesse a ter em seus braços. Eu fui.
- Acho que seria maravilhoso, especialmente se vier acompanhado daquele abraço que me envolveu essa tarde, tão acolhedor e quente. – afirmei. Ele puxou o cinto do robe e o tirou dos meus ombros, deixando a seda escorregar sobre a minha pele.
- Não sabe como isso me deixa feliz! – retrucou.
Ao mesmo tempo em que me encaixava em seu peito e seus braços, beijei-o cheio de tesão. Suas mãos deslizavam pelo meu corpo, tão ávidas, que mal sabiam o que tocar primeiro. A cobiça e o tesão estavam estampados em seu olhar. No calor da empolgação ele meteu a língua na minha boca, e eu a suguei com carinho, mas de um jeito safado e permissivo. Ele puxou minha cueca para baixo e acariciou minha bunda, dando voltas sobre cada uma das nádegas, separando-as com puxões devassos, deslizando o polegar ao longo do meu rego. Eu comecei a tremer em seus braços, tomado pelo frenesi do desejo sexual latente que começava a despertar de uma longa hibernação. Ele sorriu ao perceber que estava conseguindo atiçar minha libido reprimida. Puxou-me com mais força para junto dele e rodopiou o dedo sobre as minhas preguinhas. Eu soltei um gemido libertador, um gemido entalado há mais de dois anos, um gemido que assinalava que eu estava pronto para receber sua volúpia e seu sexo. Meu corpo, preparado pelo tesão, exibia a pele arrepiada, os biquinhos dos mamilos enrijecidos, o pau ficando duro, o cuzinho piscando como fosse um farol a indicar o caminho para o meu buraquinho e para o prazer. Ele ficava cada vez mais louco com aqueles sinais indicando que estava sendo desejado. A cabeçorra arroxeada e melada da rola dele saiu pela parte de cima da cueca, de tão duro que o cacetão dele estava. Tirando minha cueca de vez, ele me puxou com a bunda nua para cima de sua ereção, moveu-se de um lado para o outro, para que eu sentisse sua verga roçando meus glúteos e meu rego. Cada vez que ele dava uma enfiadinha de dedo na porta do meu cuzinho eu tinha vontade de gritar, de implorar para ele me possuir, de lhe pedir para ser meu macho. No entanto, eu só conseguia beijar aquele rosto hirsuto, aqueles lábios úmidos e libertinos, e chupar sua língua e seus sabores. Ele se demorava me dedando, como se quisesse me ver explodindo de tesão. E eu estava prestes a fazê-lo, pois queria aquela jeba latejante dentro das minhas entranhas me fazendo sua fêmea, sua cadela, sua égua, só para ter seu esperma em mim.
Eu precisava fazer alguma coisa antes de ensandecer de vez. Os beijos na boca foram descendo pelo pescoço dele, viraram lambidas ao chegar em seu tórax cabeludo, percorreram o trajeto até o umbigo sobre tapete sensual de pelos que se atiçava quando minha boca se detinha por mais de alguns segundos num único lugar. Ele começava a arfar, sentindo que minha boca gulosa se dirigia à sua virilha e a seu sexo impaciente.
- Ah, Lucas! Bota logo a minha pica na tua boca que assim você me mata de tesão, caralho! – gemeu ansioso.
Ele urrou quanto meus lábios se fecharam ao redor da chapeleta. Eu lambi e chupei o melzinho saboroso e másculo dele, à medida que ele brotava da uretra. A rola ainda continuava presa dentro da cueca, e isso estava deixando o Eduardo doido. Eu o encarei sorrindo quando posicionei minhas mãos no cós e comecei a puxar lentamente a cueca para baixo. O caralhão estava finalmente livre, lindo, reto, muito grosso, veiúdo, tão grande que um palmo meu não daria conta de medi-lo. Também liberei o sacão, colocando minha mão embaixo dele e chacoalhando-o delicadamente para que os imensos bagos escorregassem soltos de um lado para o outro dentro dele.
- Você é enorme Eduardo! Vou te pedir para ter paciência comigo, pode ser? – balbuciei temeroso, pois sabia que aquela verga ia me estraçalhar.
- Não precisa temer! Vou ser bem cuidadoso. Quero te lacear aos poucos, tentando não te machucar. – a entonação em sua voz grave era a mesma que usava nos negócios deixando seu interlocutor confiante. Confesso que não me fiei em suas palavras, pois o que estava diante dos meus olhos tornava sua fala inócua.
Mas eu estava com tanto tesão e tão carente que fosse lá o que ele fosse fazer comigo, seria recebido com todo carinho e afeto. Foi nisso que o Jamil me transformou, num homem não-homem, num homem que sentia prazer e se realizava em satisfazer outro macho, num homem que não se importava com rótulos e que apenas se sentia feliz quando conseguia dedicar todos os sentimentos positivos, todo amor, toda paixão que cabia em meu coração a outro macho merecedor desses sentimentos.
O Eduardo até tentou, pobre macho, iludido de que conseguia controlar seu tesão e conquistar o terreno aos poucos. Creio que a maioria pensa assim, mas acabam se perdendo na própria volúpia, na gana ensandecida, no açodamento que a testosterona impõe a seus corpos. Portanto, a sutileza e a maneira cuidadosa com a qual começou a lamber meus mamilos, enquanto eu afagava sua cabeleira, apenas me deixaram mais alerta, mais receptivo. Eu tinha os biquinhos e as aréolas dos mamilos bem salientes, tão impudicos quanto um peitinho de menina moça. Houve um tempo em que me envergonhava deles, mas o Jamil me ensinou a aceitá-los daquele jeito, lindos, provocantes, sensuais como ele dizia antes de devorá-los. O Eduardo não foi diferente. Ao sentir sua consistência rija, a lisura fresca da pele que os circundava, a maciez quente com a qual preenchia sua boca, a vontade de chupá-los e mordê-los ganhava uma impetuosidade desenfreada. A pressão que ele exercia ao chupá-los criou dois montículos no meu peito liso, algo que sua voracidade não deixou escapar. Ele os mordeu com força, tracionou-os me fazendo gemer, e imprimiu a marca de seus dentes ao redor deles. Amanhã seriam hematomas arroxeados a atestar sua sanha, mas isso seria amanhã, quando ele já tivesse me deixado como lembrança um prazer sem igual. Aos poucos, ele foi beijando meu ventre, até pensei que fosse chegar até meu pinto duro, mas ele o contornou para minha felicidade, e foi beijar minhas coxas, abrindo-as e expondo minha bunda. Mordiscadas próximas à dobra entre as coxas e a bunda carnuda, também deixavam marcas avermelhadas na pele alva, como se ele estivesse cravando sua marca no território do qual estava se apossando. Aquela proximidade de seu rosto e do ar morno de sua respiração numa região tão íntima estava me deixando maluco, minha respiração entrecortada era o testemunho de que ele estava conseguindo seu intento, me deixar tão excitado que só ia querer levar rola no cu sem pensar as consequências. Na primeira linguada sobre as preguinhas, eu gani o nome dele, e segurei sua cabeça entre as minhas pernas abertas. Espasmos perpassavam meu corpo à medida que aquela língua safada lambia minha rosquinha me fazendo gemer descontroladamente.
- Quero você olhando nos meus olhos! – exclamou, quando me puxou até a beira da cama, colocou minhas pernas em seus ombros e apontou a cabeçorra no meu buraquinho.
Mesmo morrendo de tesão, com uma vontade imensa de sentir aquela jeba dentro de mim, a gana predatória em seu olhar me assustou, meu esfíncter anal travou e, por mais que eu quisesse, ele não se abria. O Eduardo forçou a pica rija como aço contra a rosquinha, eu soltei um gemido. Era de ânsia pelo prazer, e dor pela distensão. A segunda forçada foi mais implacável, e ele conseguiu meter seu membro em mim. Eu gritei, a dor foi mais intensa e lacerante do que eu previ. Devia ser por conta dos mais de dois anos que nada entrava por aquele orifício. Ele me encarou com doçura, estava onde queria estar, alojado na minha carne receptiva. O travamento dos músculos anais ao redor de seu falo só lhe acrescentou prazer; talvez nem ele podia imaginar que o cuzinho de um cara de trinta anos ainda pudesse estar tão apertado. Isso o levou a forçar com mais cautela, fazendo com que a verga apenas deslizasse suavemente para dentro daquela fenda. Eu gemia, o prazer ainda não tinha vindo, era tão somente a dor de ser rasgado. Minhas mãos tinham se agarrado ao lençol como se isso me ajudasse a dissipar a dor da penetração, cada vez mais profunda, cada vez mais invasiva e avassaladora.
- Olha para mim! – exigiu novamente. Eu obedeci. Era isso que eu sabia fazer com um macho, obedecê-lo, e não me envergonhava disso, sentia uma satisfação enorme.
A ordem dele veio porque queria contemplar minhas feições ao receber aquela vara gigantesca, acompanhar as contrações faciais, a formação de um tímido sorriso, o temor cedendo progressivamente lugar ao prazer, enquanto a cadência do vaivém que ele imprimia ao meu ânus ganhava potência. Foi com isso que ele sonhou, foder meu cu, foder forte, foder com paixão e tesão, foder até eu o aceitar como meu novo macho. As estocadas me faziam ganir, devastavam minhas entranhas e eu não podia estar mais feliz. Tão feliz e realizado que ejaculei sobre a minha barriga. O Eduardo riu quando me viu esporrando, era a prova de que precisava para saber que eu sentia prazer com seu coito. Entre os gemidos e ganidos eu balbuciava seu nome, quase como um sopro que me escapava da alma em júbilo.
- Agora eu sei porque o Jamil não largava o osso! Tu é gostoso para caralho! Teu cuzinho é o próprio antro da perdição! – rosnou ele, ainda bombando feito um touro ensandecido.
Eu já começava a sentir um segundo orgasmo se formando com aquele sacão batendo no meu rego, só de imaginar a quantidade de porra que os culhões que eu chupara há pouco estavam produzindo. Quando ele suspendeu a respiração, arfou profundamente, deu uma estocada bruta e urrou, o esperma veio como uma torrente represada que se abriu deixando sua virilidade escoar em jatos potentes e cremosos. Em segundos meu cuzinho estava todo esporrado. Ele se inclinou sobre mim e nos beijamos, tão carinhosa e demoradamente que o mundo podia acabar ali.
- Obrigado por ter sido tão gentil e carinhoso! – sussurrei em seu ouvido, enquanto meus dedos percorriam suas costas.
- Não me agradeça! Diga apenas que vai me dar todo esse prazer outras vezes. – retrucou ele.
- Juro que vou! Juro que vou, Eduardo! – asseverei. Naquele momento, com sua rola ainda enfiada no meu cuzinho, eu podia dizer que me apaixonaria por ele. Mas, eu não queria fazer juramentos vãos, promessas que não sabia se seria capaz de cumprir. Então apenas o beijei. Beijei muito, beijei com devoção, beijei com um carinho especial.
- O Jamil foi seu dono, como se você fosse o cachorrinho dele, obediente, servil, pronto para descobrir os prazeres sexuais; e ele soube te conduzir e te recompensar por tudo que fez por ele. Mas eu vou ser diferente. Vou ser seu companheiro, vou ser seu macho, vamos ser um só mesmo sendo dois. – eu só vim a compreender a exata dimensão daquela afirmação algum tempo depois. E, constatei que ele tinha razão. Eu amei o Jamil, sem dúvida, mas foi um amor servil como ele disse; pois, no fundo, apesar de o Jamil também me amar, a seu jeito, ele nunca se desvinculou do casamento fracassado e da família que constituiu. Eu fui seu amante, a sua válvula de escape para tudo que não tinha dado certo em sua vida, a última oportunidade de ser feliz em meio ao turbilhão de problemas que o atormentavam.
Ele não estava na cama na manhã seguinte quando abri os olhos com o sol batendo no meu rosto. Chamei por ele duas vezes, pois pensei que estivesse no banheiro; mas, não obtive resposta. Espreguicei-me e imediatamente sua presença se fez sentir, tanto na contração dolorida dos esfíncteres, quanto na umidade aderida à mucosa anal. Sorri sozinho feito um tolo, era esplendido sentir outra vez o rabo dilacerado e o sêmen de um macho. De alguma forma, me senti mais completo.
- Meu belo adormecido já acordou? – indagou sorridente quando entrou no quarto com a bandeja do café da manhã nas mãos. – É meu modo singelo de dizer que a noite de ontem não podia ter sido mais maravilhosa. – acrescentou, quando veio me beijar.
- Vou ficar mal-acostumado! Mas vou gostar mesmo assim! – devolvi, ao mesmo tempo em que o puxava para cima de mim e o cobria com beijos lascivos e úmidos.
- Está me deixando de pau duro! – murmurou, agarrando e apertando meus glúteos em suas mãos.
- É que eu pensei que o leitinho fazia parte da refeição! – sussurrei excitado com seu corpo quente.
- Não brinca com fogo! Eu vou te foder outra vez! – ele já rosnava com o tesão exacerbado.
- Vai mesmo? Vou contar um segredo – mal consigo esperar por isso! – o que meu cuzinho piscando não era capaz de expressar deixei que a boca fizesse.
Quase desmontamos a bandeja quando ele girou meu corpo, me pôs de bruços e meteu o pauzão no meu rabo esfolado. Enquanto fodia feito um garanhão, eu me inclinava oferecendo meu pescoço que ele logo chupou, minha boca que ele não perdeu tempo em cobrir com a dele e, minha bunda que eu empinava contra a virilha dele favorecendo suas estocadas imergindo a rola até o talo. Foi maravilhoso gozar logo cedo, eu precisava disso. O fato de ele ter me machucado, tanto na noite anterior quanto agora, não tinha a menor importância. Eu era muito mais feliz com o rabo arregaçado e dolorido do que sem poder me entregar a um macho.
- Você é de enlouquecer! Por que está deixando eu te machucar? Não foi intencional, mas acabou acontecendo, e você não se opôs. – questionou, quando as evidências estavam no lençol.
- Porque gosto de você! Sei que não fez de propósito, e isso é ainda mais gratificante. Foi porque você é um homem maravilhoso, deliciosamente viril. – respondi.
- Sou um fodedor, é bom que você saiba! Para nós homens, digo, homens machos, não há nada mais gostoso do que dominar outro homem, submetê-lo ao nosso tesão, fodê-lo como se o estivéssemos hierarquizando, fazer dele algo como uma espécie de fêmea, mesmo ele não o sendo, como é o seu caso. Escreva o que vou te dizer agora. Eu vou fazer de você o meu passivo submisso. Você pode determinar tudo lá na empresa, dar ordens, se impor, mandar e desmandar; mas entre quatro paredes e em nossa casa juntos você será minha fêmea obediente, meu passivinho carente de pica, de segurança, de proteção de um macho. E, eu serei esse macho! O teu macho! – asseverou.
- Quer dizer que vamos ter uma casa juntos? Quem te deu essa certeza? – questionei.
- Eu mesmo! Sei que ainda não me ama como eu quero, mas eu vou te conquistar. Você vai me amar como nunca amou alguém na vida! E vai ser meu, da mesma forma e certeza que eu sou seu. – afirmou convicto.
- Está me comovendo, sabia? – era tudo o que eu tinha a dizer àquele homem incrivelmente sedutor e maravilhoso naquele momento. Aquele calor afável, que vicejava em meu peito, já era a semente desse amor, que ele soube existir em mim até antes do que eu mesmo.
O bom do Eduardo é que ele, apesar de determinado, não era invasivo. Ele esperou partir da minha boca o pedido para morarmos juntos. O risinho petulante que ele me deu quando fiz o convite me pareceu a convicção dele saber que eu estava me apaixonando por ele.
- Sei que você viveu uma história nesse apartamento que o Jamil te deu, mas eu quero construir a nossa história fora daqui. Quero eu comprar nosso novo lar, quero ser eu a te instalar nele. – disse, após algumas semanas morando juntos.
- Isso não é nenhuma necessidade de autoafirmação, é? – indaguei.
- Certamente não é! Chame como quiser o fato de eu querer te bancar, mesmo sabendo que não precisa disso e, inclusive, tem mais posses do que eu. Mas, é assim que eu quero que funcione! – afirmou.
- Macho dominador! É assim que eu chamo essa imposição.
- Então é isso, sou um macho dominador! Está bom para você?
- Muito bom! Aceito!
- Eu não digo sempre que é por isso que nós nos damos tão bem! Você é um anjo!
- Pensei que fosse seu passivinho! – retruquei, seduzindo-o.
- Você gosta de ser meu passivinho, não gosta? Gosta da rola potente do teu macho garanhão, não gosta? Seu safado! Quando você me encara com esses olhos reluzentes, essa boca úmida e esse jeito de putinha eu fico sem chão. Minha cabeça só pensa em te foder, as duas. – afiançou rindo.
- Eu sou seu passivinho, e vou te provar! – exclamei, enleando meus braços em seu pescoço e começando a beijar seu rosto, sua boca, seu peito, ventre e cacetão, onde trabalhei gulosamente até ele encher minha boca com seu leite denso cheiroso.
O Eduardo estava irreconhecível. Eu mesmo mal podia acreditar que aquele homem apagado num departamento secundário da empresa pudesse ser o cara pujante, firme e decidido que morava comigo. Ele comprou uma casa como havia prometido. Eu quis dividir com ele a aquisição e a reforma que ele empreendeu para que se adequasse ao meu gosto, mas ele não permitiu e, a bronca que me deu foi nossa primeira briga. Nada muito sério, uns dias de cara emburrada, uns dias dando respostas curtas e irritadas que, quando decidi que já estavam ultrapassando os limites do bom senso e da irrelevância da causa, coloquei um fim. Nem foi difícil, bastou sair do banho nu, fingir displicentemente que procurava a bermuda de um pijama na gaveta da cômoda do quarto, enquanto ele se ocupava com a leitura de um livro pouco antes de irmos dormir; colocar umas gotas de perfume atrás das orelhas antes de vestir a bermuda, quando já conseguia sentir seu olhar fixo nas curvas da minha bunda e, quase certo de que uma ereção já estava se consumando entre suas coxas; desejar-lhe um – BOA NOITE – num tom seco e formal, semelhante ao que ele vinha usando comigo nos últimos dias, ajeitar-me ao travesseiro virando a bunda em sua direção, para que o livro fosse colocado sobre a mesinha, junto com os óculos, a luz do abajur apagada, fazendo com que o quarto ficasse na penumbra e, uma encoxada sutil e cautelosa, com a verga dura como eu havia suposto, roçando minhas nádegas. A respiração dele fazia o ar morno que exalava acofiar a pele da minha nuca, tão próximo ele estava de mim, sedento por inalar o perfume que eu acabara de aplicar. Como a primeira encoxada não obteve a resposta que ele esperava, veio a segunda, determinada e com parte da rola já fora da cueca.
- Zangado? – questionou, todo dengoso.
- Você provavelmente, porque eu não! – devolvi, fingindo não demonstrar interesse por aquele caralhão do qual já estava com saudades.
- Fico puto quando você me questiona em nosso relacionamento. Eu já te disse que na empresa você faz como quiser, mas aqui sou eu quem manda. – sussurrou, mal conseguindo controlar o tesão que minha bunda quente estava provocando em sua virilha.
- Eu apenas queria dividir as despesas com você, como dividimos nosso amor, nossa cumplicidade, nossa vida comum. – devolvi, simulando me ajeitar mais uma vez na cama só para empinar ainda mais a bunda em sua direção.
- Eu fodo, eu banco! Estamos combinados?
- Sim, senhor! – mesmo não vendo seu rosto, sabia que havia um sorriso nele. Um braço me envolveu e me puxou para junto dele, ao mesmo tempo em que outra encoxada funcionou como um convite ao armistício. Bastou eu pegar sua mão, beijá-la carinhosamente, e começar a chupar seu polegar libidinosamente como costumava chupar seu cacetão, para ele arriar afobadamente meu pijama e metê-lo todo lambuzado no meu cuzinho.
Faltava pouco menos de um mês para as obras da reforma serem concluídas quando o Eduardo jogou um envelope recheado sobre a minha mesa no escritório. Já era tarde, tinha sido um dia exaustivo, e eu estava louco para ir para casa.
- O que é isso? Mais problemas? O dia hoje não foi fácil. – indaguei.
- Abra! – ele tinha uma expressão ladina e exultante que tentava disfarçar.
- Passagens? Reservas em hotéis? Mapas turísticos? Roteiros? E, o que significa isso? – questionei ao retirar o último item do envelope, uma aliança com nossos nomes gravados em seu interior. Ao voltar a encará-lo, duas lágrimas já rolavam pela minha face.
- Não era bem essa a reação que eu esperava! – disse ele, aproximando-se de mim e me tomando em seus braços.
- Desculpe! Fiquei sem chão! Isso é um pedido de casamento, seu bobo? – balbuciei choroso.
- É só para formalizar o que estamos vivendo! Aceita? – ele quando me olhava com aquele olhar pidão, transbordando de amor para dar, fazia minhas pernas bambearem, meu coração disparar e meu corpo desejá-lo como o próprio ar que precisava para viver.
- Amo você, Eduardo! Amo muito, seu safado! – murmurei, beijando-o longa e amorosamente. Foi a primeira vez que declarei meu amor. Conforme prometera, ele havia conseguido fazer com que eu me apaixonasse por ele, que o amasse com todas as minhas forças.
- Como é? Não ouvi direito. – ele sorria feito uma criança que acaba de ganhar um presente.
- Amo você, seu convencido!- repeti.
- O negócio é o seguinte, o expediente já acabou, estamos aqui só nós dois, e eu vou te foder! – exclamou, começando a me desnudar como se disso dependesse sua sobrevivência. Em minutos eu estava debruçado sobre minha mesa, com as pernas abertas, o caralhão dele me estocando tão afoitamente o cuzinho que eu tinha a impressão de que, a qualquer momento, a cabeçorra ia aflorar na minha boca, perpassando todo meu corpo. Gemi feito uma cadela sendo arrombada até ouvir seu brado gutural assinalando que estava gozando e encharcando meu cuzinho com seu esperma.
Na surdina, tendo ele deixado tudo preparado nos diversos departamentos da empresa para que pudéssemos nos ausentar por três meses, partimos para uma viagem que marcou definitivamente o início da nossa união.
- Nosso casamento começa oficialmente hoje. – disse ele, ainda no avião, quando tomou minha mão entre as dele. – Vamos pedalar pelos campos da toscana cheirando a alecrim, dirigir com a capota aberta pelas estradas rurais da Provença sentindo o perfume dos campos de lavanda, tomar um café sentados numa praça de Viena enquanto uma orquestra toca Mozart no festival de verão, acordar num chalé a beira de um lago nos alpes suíços, percorrer a pé as ruelas medievais de uma cidadezinha no interior da Inglaterra, caminhar por uma praia de areia fofa na costa mediterrânea da Espanha e tudo o mais que nosso desejo e vontade estejam a fim de fazer. Só te previno de uma coisa, todo o tempo você vai estar com esse cuzinho todo assado e arregaçado, sentindo minha porra umedecendo suas entranhas, só para não se esquecer jamais de que sou seu marido, seu macho. Porque eu vou meter em você toda noite, todo o dia, e a todo momento que esse teu corpo me seduzir.
- Estou tão feliz, Eduardo! Tão feliz como nunca me senti! – exclamei, com os olhos marejados, ao encostar minha cabeça em seu ombro.
- Eu também nunca estive tão feliz como agora! Nós merecemos essa felicidade, por que a conquistamos à custa de muita abnegação, trabalho e desventura. – declarou.
E foi com a janela do hotel aberta para o lago Genebra em Zurique, naquele final de tarde, que gemi o primeiro – EU TE AMO – daquela viagem, enquanto ele fazia aquele cacetão deslizar num vaivém potente no meu cuzinho distendido, e eu fincava as pontas dos meus dedos em suas costas. Só o ouvi rosnar outro – EU TE AMO – em resposta, enquanto ejaculava sua masculinidade espessa e morna em mim.

ya kalba sharmoota = sua cadela prostituta
yaqta’ ‘omrak mara = que deus te mate puta
moxannas bint kalb = bicha filho da puta
zib = caralho
Naak, ibn il-‘aHba = foda-se, filho da puta

Foto 1 do Conto erotico: Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Final

Foto 2 do Conto erotico: Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Final

Foto 3 do Conto erotico: Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Final

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Comentários


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lordricharlen Comentou em 12/07/2020

Gostei que aquelas vadias se deram mal, também pelo fato de ele fica com Eduardo parabéns pela história

foto perfil usuario coroaaventura

coroaaventura Comentou em 04/07/2020

NÃO É UM CONTO. É UMA HISTÓRIA DE AMOR EM LIVRO. VOCÊ FOI INCRÍVEL. ADOREI. DIFÍCIL SERÁ ENCONTRAR ALGO PARA LER QUE SUPERE ESTE CONTO. PARABÉNS.




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Pigmaleão, lenda grega ressuscitada - Final

Codigo do conto:
159345

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
01/07/2020

Quant.de Votos:
12

Quant.de Fotos:
4