Paixão em meio à pandemia Havia um tempo já em que as coisas não iam nada bem. Eu me sentia amarrado ao mesmo tempo em que não sentia mais absolutamente nada em relação ao Paulo. Depois de três anos, dois morando juntos, fui descobrindo que aquele homem por quem meu coração inexperiente se apaixonara perdidamente, não era nem de longe o príncipe encantado dos meus sonhos. Como todo marinheiro de primeira viagem, deixei que sua experiência, sua conversa envolvente e, seu cacete indômito me envolvessem em sua trama demoníaca para ascender sobre meu cuzinho inocente e virgem. Todo o glamour de ter sido preferido por um macho pouco mais velho do que eu, aparentemente senhor da situação, me deixou tão estupidamente cego que acabei embarcando numa canoa furada achando que tinha descoberto o caminho das Índias. O convívio, no entanto, foi me mostrando o lado obscuro da minha escolha; especialmente, depois de irmos morar juntos. O que eu julguei ser uma forma de consolidar nossa união, não passou de um mero arranjo para ele conseguir pagar suas contas com menos esforço, uma vez que dividíamos todos os custos da casa geminada de vila que encontramos casualmente num passeio de bicicleta pelas ruas tranquilas de um bairro residencial. Ainda obcecado pelo que sentia por ele, e satisfeito com aquela pica que me deixava seu néctar másculo impregnado no rabo, ignorei os primeiros sinais de sua vicissitude; completando ao final do mês o que faltava para cobrir as despesas primárias, arcando com a conta nos lugares onde íamos nos divertir com a galera de amigos e, quase sempre, vendo desaparecer o dinheiro que deixava numa gaveta da cozinha, para eventuais pequenas compras, que a faxineira semanal precisava para buscar algo de última hora. O sinal vermelho só foi acender quando, depois de um desentendimento inconsequente, no qual ele me reprimiu como se eu fosse um adolescente levando um esporro do pai, o flagrei dando em cima de um carinha que uma amiga da galera vinha sempre trazendo junto aos encontros. Assumido e acostumado a tirar dos machos tudo o que podia, o sujeitinho viu no Paulo tudo aquilo que um gay espera de um macho; ou seja, um corpo atlético, um papo envolvente, um interesse por seus predicados e, uma necessidade de foder qualquer buraco que visse pela frente. O pior foi constatar, no dia do flagrante, que o sujeitinho usava uma camisa que o Paulo havia adquirido num shopping depois de vê-la exposta na vitrine e, me pedir emprestada a grana para comprá-la. Eu havia notado que ele não a tinha usado mesmo decorridos dois meses da compra, mas não tive curiosidade para questioná-lo. - O amiguinho da Claudia deve ter um papo muito interessante para você ter tanto o que conversar com ele, não é? – questionei-o, na noite do flagrante, quando ele dirigia para casa e eu me remoía de raiva. - Tem! – respondeu petulante. – Você devia se mostrar menos arredio para com ele. – completou. - E que motivo eu teria para me aproximar daquele cara insosso, depravado e mau caráter? – indaguei, com voz ferina. - Para quem mal o conhece, você é pródigo nos adjetivos para denegri-lo. Eu não tive essa impressão. – afirmou - Deve ser porque os mesmos adjetivos se aplicam a você! – retruquei furioso. - Uma crise de ciúmes a essa hora da madrugada, tenha santa paciência! Deixe de ser um moleque mimado e enfadonho! – revidou exasperado. - Não! Engano seu, não é uma crise de ciúmes. Ciúmes a gente tem quando se sente alguma coisa profunda por outra pessoa. E, esse, eu te garanto, não é o caso! - Então é apenas mais um de seus caprichos ridículos! - Capricho ridículo foi o que você fez ao presentear aquele idiota com uma camisa pela qual não tinha como pagar! Isso é um capricho ridículo! Tão ridículo quanto um cara se arvorar de macho sem ter condições de bancar o rabo de quem fode. – devolvi, no limite do tolerável. - Vai jogar na minha cara a mixaria que me emprestou? - Vou, vou jogar na sua cara não a mixaria, mas a complementação dos custos lá de casa, a gasolina do seu carro, as contas das baladas e tudo aquilo que você não consegue arcar, inclusive os mimos para seu novo casinho, pois nunca vejo o retorno desses “empréstimos”, entre aspas. – despejei irado. - Você está insuportável! – revidou, não tendo mais o que contestar. - E tem mais! Chegando em casa, pegue suas coisas e vá se alojar com o sujeitinho. – ordenei. - Você pirou? Amanhã seu faniquito passa e você vai implorar pela minha rola. Para onde eu vou a essa hora da madrugada? - Você vai à merda, à puta que pariu! Na casa que eu estou bancando quase integralmente é que você não fica mais. – respondi resoluto. Ele socava as roupas nas valises enquanto resmungava e, ao mesmo tempo, tentava ainda desesperadamente, conseguir meu aval para ficar. À medida que eu o via tirando suas coisas do armário, que haviam convivido junto às minhas, eu me controlava para não começar a chorar diante dele. Os nichos vazios, as gavetas desocupadas, seus apetrechos de barba não mais dispostos na bancada do banheiro, eram o reflexo de como eu me sentia por dentro. - As chaves! – exclamei, quando começava a amanhecer e ele havia enfiado suas coisas no porta-malas do carro. - Você ainda vai se arrepender, viado! – revidou, arrancando as chaves do chaveiro e atirando-as na minha mão. - Tenho certeza que vou! No entanto, não como você imagina, mas por ter perdido meu tempo com quem nunca me mereceu. – devolvi. Ao retornar ao quarto e ver todos aqueles nichos vazios, desabei num choro convulsivo. Estava só. Minha primeira paixão esmaeceu como fumaça no ar. Aquela segurança que um macho é capaz de transmitir tinha sido um idílio sonhado apenas por mim. Nunca me senti tão fracassado e arrasado como naquele momento. O diploma de engenheiro que eu havia colocado nas mãos do meu pai cinco anos antes, veio acompanhado de um sermão e de uma bronca como nunca tinha levado antes. Meu pai, um engenheiro que amava incondicionalmente a profissão, queria que os três filhos o seguissem. Os dois mais velhos se comportaram segundo seus desejos; mas eu, desde o final do curso secundário, dava mostras de não me identificar com a profissão. Fotografia, minha paixão desde que meu avô me presenteou com uma câmera de última geração e, uma de suas relíquias guardadas durante anos, era meu ideal de vida. - Absurdo! Quem é que vive de fotografia? Isso pode ser um hobby, até aí nada de mal; mas achar que isso é uma profissão, é coisa de desocupado. – argumentava meu pai, quando disse que preferia fazer fotografia ao curso de engenharia. Por isso, ele se viu ultrajado quando lhe entreguei o canudo com o diploma, assim que concluí a faculdade de engenharia e, afirmei que dali em diante seguiria naquilo que me dava prazer. Meus primeiros trabalhos como freelancer logo foram objeto de elogios por parte de algumas agências de publicidade. Passei a fazer alguns trabalhos sem vínculo empregatício, até que uma agência resolveu me admitir com um salário fixo, em troca de trabalhos pontuais junto aos seus clientes e, me permitiu continuar com trabalhos paralelos, contanto que não interferissem em suas demandas. Era desse trabalho que eu tirava a minha grana; nada de muito extravagante, mas que me permitia ter uma vida simples, mas confortável e, ainda, fazer um pé de meia. Um dos meus trabalhos, sobre moda, foi parar numa revista especializada e caiu nas mãos de um executivo de uma agência de publicidade nos Estados Unidos. Desde então, eu recebia com certa regularidade, solicitações de trabalhos para ilustrar suas publicações. Foi um desses trabalhos que me levou até Milão no início de dezembro de 2019. Com as passagens pagas, a reserva no Indigo Milan, na Corso Monforte, um 4 estrelas, feita e, custos de diárias pessoais iniciais no valor de US$ 250, cada, depositados em conta, embarquei num voo de São Paulo para Roma e, da estação ferroviária de Termini até a Centrale em Milão, o Frecciarossa 1000 levou pouco mais de três horas para cobrir o restante do trajeto. O hotel foi decepcionante; a decoração de gosto duvidoso começava na recepção e seguia assim até os detalhes na suíte, nem a vista para a rua do balcão do último andar quebrou essa impressão. Mas, eu estava ali para trabalhar e não para desfrutar de amenidades do hotel. Por conta disso, logo na manhã seguinte, acordei cedo e desci para o café da manhã, pois pretendia estar no estúdio alocado para as tomadas fotográficas já à primeira hora. Devido ao horário, havia poucos hóspedes no salão tomando café, basicamente executivos também à trabalho na cidade. Alguns deles, verdadeiros colírios para os olhos. Não fosse descabido e fora de propósito, gostaria de ter captado com minhas lentes alguns daqueles rostos viris e corpos sarados enfiados em ternos bem ajustados, particularmente os mais novos; embora houvesse dois maduros, já levemente grisalhos, na mesa ao lado da minha, que justificavam um clique e suspiros de encantamento. - Alô! – respondi ao atender a ligação no meu celular com o código de área precedido do número que me chamava visível na tela; esquecendo-me completamente de que não se dizia – ALÔ! –, mas, - PRONTO! – ao atender uma ligação. Foi isso que talvez fez a voz feminina do outro lado titubear uns segundos antes de continuar – Signor Roberto! Buongiorno! - de tudo que consegui compreender, na velocidade com que ela despejou o recado, apenas captei que o estúdio só estaria disponível a partir das onze horas. Fiquei contrariado por ter acordado tão cedo, mesmo ainda estando cansado da viagem e com sono. E, só notei que duas mesas depois da minha, um cara incrivelmente lindo me observava com um sorriso contido por eu ter me perdido ao atender o telefone e, balbuciado a resposta num italiano para lá de sofrível. Não sabia se ficava zangado por ele estar debochando de mim ou se lhe devolvia o sorriso sem nenhuma pretensão. Optei pela segunda opção. Ele também tomava café sozinho, estava mais adiantado do que eu, praticamente terminando a refeição, pela maneira com que o garçom começou a tirar alguns itens da mesa. Pouco depois ele se levantou, vestiu o paletó sobre aqueles ombros largos que estava no espaldar da cadeira, pegou uma mochila e passou por mim, com outro sorriso estampado na cara. - Buongiorno! – cumprimentou ao passar por mim. Eu quase me atrapalhei todo ao tentar responder, com o gole de café quente que estava na minha boca. As sessões de fotos começaram naquele dia e se estendiam quase todos os dias até tarde da noite. Ao regressar ao hotel eu selecionava as melhores e, aos poucos, ia enviando o resultado do meu trabalho para Nova Iorque, sede da agência que me contratara. Próximo ao Natal e, já quase terminando o trabalho, recebi um e-mail solicitando que fizesse outro trabalho, totalmente diverso do que eu estava fazendo e, mais relacionado com paisagens e pessoas comuns por diversas regiões da Itália, uma vez que já me encontrava por lá. O valor proposto por eles não me permitia recusar e, aceitei de bom grado a nova empreitada, que deveria se iniciar logo após os festejos de final de ano. Embora tivesse que passar longe da família, num hotel, a recompensa profissional e financeira falaram mais alto. Durante todas as semanas que trabalhei em Milão, encontrei o bonitão que me cumprimentou por mais duas vezes. Uma no café da manhã, quando mal tive tempo de tomar o meu por estar atrasado e, quando respondi ao seu buongiorno tão apressadamente que até me pareceu mal-educado; e outra, no Filippo La Mantia, na Piazza Risorgimento onde ele jantava cercado por outros três homens, aparentemente, também executivos. Eu estava novamente às voltas com meu limitado italiano, tentando decifrar o que o garçom explicava sobre um prato que eu havia apontado no cardápio, quando ele se aproximou e me explicou, em inglês, a composição do prato. LA SCALOPPINA DI ROMBO AL LIMONE CON LA SPUMA SOFFICE DI PATATE, pois até então, eu deduzira que se tratava de escalopes de algum peixe ao limão com espuma de batata e, me questionava que espuma poderia ser essa. - São filés de rodovalho acompanhados por um purê de batatas mais fluido com creme de leite que foi inserido numa daquelas garrafas pressurizadas com gás, o que gera a espuma. – explicou o bonitão que viera me acudir, num inglês macarrônico. - Oh! Grato pela ajuda! Estava com receio de pedir algo estranho e me arrepender depois. – retruquei com um sorriso largo. Ele mesmo fez o pedido ao garçom, juntamente com uma salada e um vinho branco, tão rapidamente, que nem me dei conta. – Nem sei como te agradecer, ainda mais tendo deixado seus amigos esperando. – reiterei. - Não por isso! Foi um prazer! Gianluca Cattaneo, molto piacere! – exclamou, fixando seu olhar penetrante no meu e, estendendo-me uma mão enorme e quente, que envolveu completamente a minha quando se fechou. - Roberto Leitner, ugualmente! – retribuí. Ele riu ante meu esforço para falar seu idioma, antes de voltar a se juntar aos amigos. Numa mesa bem próxima à minha, dois carinhas também tinham assistido a minha batalha com o cardápio. Estavam me encarando desde que o maître me apontou a mesa. Não eram bonitos, especialmente o careca, mas tinham uma aparência máscula e viril, típica da península, embora não deixassem de parecer grotescos. Percebi que havia chamado a atenção deles, que fizeram alguns comentários acerca do meu corpo e, que procuravam obter uma brecha no meu olhar para se aproximarem. Por não ter me simpatizado com nenhum deles e, até sentido um pouco de aversão, evitei olhar naquela direção, e torci para que não fossem daqueles italianos convencidos que costumam abordar as mulheres sem nem um pouco de sutileza. Mas eram, e eu me preparara para dispensá-los se ousassem me abordar, fechando o cenho. Funcionou, pelo menos até eu completar minha refeição em paz. Ao pedir a conta, o garçom me informou que ela já havia sido paga e, apontou em direção à mesa do bonitão, que também se preparava, junto com os amigos, para deixar o restaurante. Tentei lançar um sorriso de agradecimento em direção a eles, mas estavam tão entretidos na despedida que não me notaram. À porta do restaurante, meus dois vizinhos de mesa finalmente criaram coragem e me abordaram. Fingi não entender o que diziam para ver se me livrava da enrascada. Foi inútil, pois um deles se valeu do inglês para contornar a situação. - Nice bubble butt in a gorgeous guy, all what my dick loves! – exclamou atrevido, acariciando a pica. Ignorei-o, ambos riram. Subitamente fiquei inseguro em fazer caminhada de cerca de 800 metros até o hotel àquela hora; nem tanto pelo trajeto, mas devido aos dois que estavam visivelmente procurando encrenca. - Mi dà il piacere di accompagnarti? – ouvi, às minhas costas. Era o Gianluca. - What a relief! – suspirei, num sorriso recatado. O que parecia se transformar num grande transtorno, acabou virando um agradável passeio noturno pelas ruas centrais de Milão, apesar da garoa gelada e do frio que fazia; particularmente por que o Gianluca enveredou não pelo caminho mais curto, mas optou por passar atrás do monumento a San Francesco D’Assisi, seguir dois quarteirões ao largo da Corso Indipendenza até a Fontana a Pinocchio antes de retornar pela Corso Concordia rumo ao hotel acrescentando alguns minutos à nossa caminhada. Tempo suficiente para deixar sua personalidade marcante gravada na minha memória. Não tenho dúvida de que foi essa sua intenção; pois, embora mais sutil e cavalheiro, seu interesse por mim era flagrante. Minha última semana foi tão atribulada, pois tive que refazer algumas fotografias, às pressas, a pedido do cliente da agência, que só tive tempo de ir do hotel ao estúdio e do estúdio ao hotel para cair feito um saco de batatas na cama de tão exausto. Numa noite quando regressei ao hotel, a recepcionista me entregou um envelope do próprio hotel com um bilhete do Gianluca dentro. – BUON NATALE E FELICE CAPODANNO PER TE, Gianluca – minha ideia de convidá-lo para um drinque quando meu trabalho estivesse concluído, a fim de retribuir a gentileza de ter me livrado daqueles caçadores de encrenca e, me deixar seduzir por mais algum tempo por aquele par de olhos verdes acabava de ir por água abaixo. Paciência, Roberto, encontros apaixonados só acontecem em filmes, pensei comigo mesmo, e enfiei o bilhete na minha mochila. Eu tinha toda a semana que precedia o Natal livre para fazer o que me desse na telha. Estava enjoado e cansado daquele colorido nas paredes e da suíte apertada e visualmente opressora do hotel. Voltar para o Brasil e passar as festas com a família seria cansativo demais. Durante uma caminhada até a Galeria Vittorio Emanuele II na manhã da segunda-feira, onde pretendia passar o dia fotografando o intenso movimento pré-natalino, as diversas facetas do edifício construído entre 1865 e 1877 com sua extraordinária abóboda de ferro e vidro e, alguns flagrantes que sempre se apresentam nesses lugares; me deparei com um outdoor da Trenitalia exibindo um Frecciarossa clicado na estação Stura em Turim. É para lá que eu vou, decidi de imediato. Eu não conhecia Turim e, com certeza, haveria algo de interessante a fotografar por lá; se não, o que eu não acreditava, pois, seu histórico como antiga capital da Itália, deveria preservar muita arquitetura secular; eu me esbaldaria nos cafés, restaurantes e lojas, fuçando tudo com o mesmo empenho de um cão procurando trufas. Parti na terça-feira pela manhã e me hospedei no Hotel Urbani no centro da cidade. Ao me apresentar as acomodações na recepção precisei rir da recepcionista quando ela mencionou a camera matrimoniale de uso singolo, era o próprio reflexo da minha atual situação. Ela não compreendeu meu riso, e fechou a cara, o que a deixou ainda mais feia do que já era. Por pouco não ri de novo. - Credo che rimarrò con questa suite! – exclamei, apontando a tal camera matrimoniale de uso singolo no folder que ela me apresentou. Ela colocou novamente um sorriso no rosto maquiado, continuava tão feia quanto. A singularidade de seus traços me deu vontade de fotografá-la atrás daquele balcão, mas ela certamente chamaria os carabinieri ou a polizia se eu o fizesse. Acabei passando o Natal e o Ano Novo em Turim, só voltando a Milão no início do ano. De imediato, despachei as imagens que havia clicado na viagem, para que a agência se posicionasse quanto ao resultado e, para verificar se era isso que esperavam. Um e-mail com a resposta voltou no dia seguinte, era exatamente o queriam, talvez algo até mais distante dos grandes centros, mencionou o texto. Onde é que eu vou me enfiar para captar algo longe de grandes centros, pensei. Eu não conheço porra nenhuma desse país. Passei os três dias seguintes enfurnado no hotel em frente ao computador procurando por cidades pitorescas, paisagens campestres e algo no gênero. As imagens mais impressionantes vinham da Toscana, da costa Malfitana, do colorido mar Mediterrâneo na região da Puglia e, das montanhas que desciam em direção ao mar com cidadezinhas penduradas em penhascos na Ligúria, portanto, lugares já exaustivamente documentados. Minha procura incessante já estava a me desanimar, por isso, levei meu notebook até o salão onde era servido o café da manhã do hotel, para perguntar aos próprios italianos onde poderia encontrar lugares pitorescos para fotografar. Se isso não desse o resultado esperado, sairia atrás de agências de viagens naquele mesmo dia. - Buongiorno! Non mi aspettavo più di incontrati qui. – disse a voz grave atrás de mim, quando estava com a cara na tela do notebook, enquanto esperava por mais uma xícara de café. Estremeci da cabeça aos pés. O destino me dera outra chance. Ao erguer o olhar, o Gianluca me sorria com sua simpatia viril. - Gianluca! Che gioia incontrarti di nuovo, pensavo qui non ti avrei mai più visto. – exclamei tão efusivamente que acabei dando bandeira do interesse que ele havia despertado em mim. - Può? – questionou - Chiaro, per favore! – respondi, apenas por formalidade, pois ele já havia puxado a cadeira e se acomodado. Corei feito um adolescente bobo quando aqueles olhos verdes me examinaram com minúcia, como se estivessem procurando por alguma mudança após nosso último encontro. Ele voltou a sorrir quando notou meu constrangimento, porém, foi gentil e me perguntou se estava em Milão desde aquele tempo, onde tinha passado o final de ano, o que ainda fazia na cidade e tudo que o atualizasse sobre mim. Depois do meu breve relatório, parte em italiano, parte em inglês, o que o fazia sorrir de uma maneira deliciosa e, de fazer basicamente as mesmas perguntas a ele, acabei expondo meu problema atual. O Gianluca me explicou que estava em Milão a serviço, como eu, que em dois ou três dias estaria livre do compromisso e, que gostaria de me levar a lugares que provavelmente serviriam aos meus propósitos. Para disfarçar a alegria que isso me causou, asseverei que não gostaria de intervir em seu trabalho e suas obrigações. Tomei a insistência em me acompanhar, alegando que em nada eu o atrapalharia, se aceitasse sua proposta, como um interesse recíproco por parte dele. Ele seguiu para seus compromissos, me fazendo prometer que à noite estaria disponível para jantarmos juntos. Eu ainda tinha o sorriso abobado e a cabeça nas nuvens quando o garçom se aproximou perguntando se eu já havia terminado o café e se podia tirar a mesa. Uns dias ao lado daquele italiano tesudo, mesmo que nada rolasse entre nós, seria como viver no paraíso. Assim que o Gianluca voltava do trabalho no final da tarde, ia ter comigo no meu quarto. Sua alegação, começarmos a esboçar uma rota para a nossa viagem. Tomei-a como verdadeira no primeiro dia em que bateu à minha porta, mas logo percebi que estava mais interessado em ficar a sós ali comigo do que traçar o roteiro da viagem. Isso ficou claro quando a maioria de suas perguntas tinha como propósito ir sondando a minha vida. Como se dera a saída da casa dos meus pais? Qual a razão? Esse morar junto com alguém era masculino? Era apenas dividir despesas ou também outras coisas? O fulaninho tinha sido mesmo um canalha, mas não sobrou nada dessa relação? Foi só ele, ou teve mais algum sortudo? Não sente saudades de uma companhia tão próxima? Essa era a natureza das perguntas. Quando voltava a questioná-lo sobre algum detalhe da viagem, ele primeiro respondia com um – HÃ! – pois, precisava voltar ao planejamento e deixar as conjecturas sobre as minhas respostas de lado. Ele ficava comigo até o anoitecer, decidia onde jantaríamos, fazia a reserva se o lugar fosse muito disputado, e ficava me admirando praticamente em silêncio, apenas ouvindo as minhas perguntas, respondendo-as sem pressa, observando cada movimento que eu fazia, abrindo um sorriso de tempos em tempos tendo eu dito algo engraçado, me atrapalhado com o idioma, ou simplesmente por estar encantado comigo. - Sono lieto di essere qui con te e innamorato dei tuoi occhi blu! – exclamou do nada. - Stai prestando attenzione a quello que dico o stai flertando con me? – indaguei - Tutti e due! – respondeu suspirando. – Sono eccitato, veramente eccitato! – emendou. Devolvi o sorriso que ele me dirigia. - Buffone! – Ele continuava me encarando com aquela cara de safado, e eu nem precisava olhar por baixo da mesa para saber que ele estava com o pau duro. Durante toda a caminhada de volta ao hotel, ele pegou na minha mão, e a soltava quando cruzávamos com alguém. Divertia-se com essa safadeza como um garotinho encantado com seu novo brinquedo. Era algo tão tolo, tão ingênuo, mas foi me excitando à medida que chegávamos perto do hotel. Eu fui ficando com uma vontade cada vez mais maior de ter a pica daquele macho brincalhão no meu cuzinho. Ele veio direto comigo até o meu quarto. Fechou a porta assim que entramos e, antes que eu conseguisse dar mais um passo, ele me puxou para junto dele e colou avidamente sua boca na minha. Suas mãos se fecharam sobre as minhas nádegas, as havia cobiçado com seu olhar arguto desde o primeiro instante em que colocou os olhos em mim. Eu não deveria estar espantado, minha bunda empinada e carnuda nunca passou despercebida em lugar algum. Contudo, eu ainda ficava ressabiado quando a escrutinavam, especialmente quando eram homens que o faziam; uma vez que sempre o faziam com a sensualidade à flor da pele e do pinto. O beijo do Gianluca era bom, quente, úmido, sexy. Se bem que tive apenas alguns segundos para usufruí-lo antes de ele invadir minha boca com sua língua inescrupulosa. Quanto mais eu retribuía sua investida, com mais gana e força ele apertava minhas nádegas. O vestíbulo do quarto era estreito, e ele me prensou contra a parede com seu corpão para ter mais domínio sobre mim. O calor que vinha do corpo dele já estava fazendo meu cuzinho piscar feito um alucinado. Comecei a desabotoar sua camisa e a enfiar minhas mãos no peito dele, acariciando e tateando sobre os pelos que o revestiam. O pau dele ficou tão duro que eu o sentia resvalando nas minhas coxas, apesar dos dois estarem vestidos. Subitamente, um euzinho lá no fundo, minha consciência, começou a pôr em xeque a minha atitude. Você vai mesmo deixar esse cara te enrabar, porque é isso que ele quer e, é isso que ele vai fazer daqui a pouco? Você sabe que ele vai te foder algumas vezes, quantas forem possíveis pelo tempo em que vão estar juntos; e depois, adeus, cada um para o seu lado, você está pronto para lidar com isso? Que hora você foi escolher para me aporrinhar, não podia ter esperado mais um pouco? Pensei com meus botões – eu ainda os tinha. Olha só como você deixou esse macho! O bichão está babando de tanto tesão, jogar um balde de água fria nesse momento seria um desperdício muito grande, para não dizer uma crueldade sem tamanho. Foi mais uma vez a boca dele procurando pelos meus lábios que decidiu a questão. Deixa ele te enrabar. Eu deixei. Ele me despiu em segundos. Girou meu corpo para apreciá-lo por todos os ângulos. Voltou a me agarrar, a bunda carnuda, lisinha, onde as duas nádegas eram divididas por uma linha de tão exuberantes que eram os glúteos, e não por uma depressão como normalmente se vê. As bandas da bunda eram tão fechadas que dava para enfiar um lápis ou até uma folha de papel entre elas que ficavam presas, era o que o estava deixando maluco. O olhar de cobiça também mirou os mamilos acastanhados, a pele ao seu redor estava arrepiada, deliciosamente arrepiada e, os biquinhos no centro deles, rosados e volumosos, tinham ficado durinhos. Que vou devorar esse putinho gostoso não se discute e, o melhor jeito de começar, é nesses mamilos, só para que ele não pense que estou matando cachorro a grito, partindo logo de cara para cima do rabo dele, devia estar pensando, pois era isso que eu conseguia ver através de seu olhar penetrante. Diante disso tudo, quem é que consegue ficar impassível, quem é que não fica com um tesão da porra? Era assim que eu estava, por isso, me entregava a suas investidas, fazendo-o sentir que ganhava terreno. Mais do que isso, eu o estava encorajando e, sendo tão carinhoso e sedutor quanto sabia. - Por onde você andou? Era exatamente disso que eu precisava. – sussurrou ele, voltando a deslizar as mãos espalmadas sobre o meu corpo. - Esperando por você! – exclamei, num sussurro mais suave que o dele. Depois dessa declaração, ele não conseguiu ficar mais com a ereção dentro da calça. Enquanto ele desafivelava o cinto e abria a calça, eu terminava de tirar de sua camisa, percorrendo com as mãos espalmadas seus ombros largos, seus bíceps torneados e, seu abdômen rijo. Ele sorriu quando notou que aquilo tudo me fascinava. Eu o beijei carinhosamente. Ele mordeu meu lábio e o segurou entre os dentes. Minha mão foi até seu rosto e o afagou, foi como passar a mão numa lixa, de tão áspera que era sua barba hirsuta. Quando ele tirou a calça, uma rodela molhada na cueca, bem visível onde estava a cabeçorra do caralhão, denunciava seu tesão. Meu olhar preso naquela região anatômica, era tudo o que ele queria, pois assinalava não apenas a minha curiosidade, mas atiçava o meu desejo em me submeter a ela. Pus as mãos sobre seus mamilos, afaguei-os delicadamente, como se estivesse penteando os pelos em redemoinho ao redor deles, e coloquei um beijo suave sobre o peito. Um segundo, pouco mais abaixo, umedeceu a pele bem em cima do coração, que pulsava com força. Mais outro, igualmente carinhoso e demorado, pousou quente ainda um pouco mais abaixo. Ergui meu olhar e o encarei, como quem pergunta, sabe onde estou indo? Ele sabia, tinha certeza que era o perfume almiscarado que emanava de sua virilha que estava me atraindo e, ele me levaria até lá, enfiando os dedos nos meus cabelos macios e, deixando-os escorrer por entre eles. Mordiscadas discretas prendiam a cueca entre meus dentes, roçando a verga dura que estava por baixo. Além de não desgrudar os olhos da minha boca, o Gianluca respirava com mais intensidade. Quando puxei a cueca até os joelhos dele, o caralhão caiu pesado para a frente e, a glande lambuzada resvalou a pele do meu rosto. Ele soltou um gemido. Por que esse tesão com cara de anjo não pega essa porra desse meu caralho de uma vez na boca? Devia estar pensando. Se eu não estivesse tão ávido para lamber aquele fio translúcido e viscoso do melzinho que saía de sua uretra, eu teria respondido que era para ter tempo de cheirar a virilidade de seu sexo. Ao fechar os lábios ao redor apenas da ponta da chapeleta, o Gianluca soltou um bramido rouco. Eu sorvi aquele fluido morno, levemente salgado, o que o fez babar com mais intensidade. Ele agarrou minha cabeça com as duas mãos e meteu o cacetão para dentro da minha boca, precisei forçar as mãos contra suas coxas peludas para voltar a respirar. Estou me arrebentando de tanto tesão, se esse putinho não se apressar mamando minha caceta, vou acabar gozando na boca dele, estava escrito naquele olhar arregalado que me encarava. O que ele tinha entre as pernas era tão lindo, tão perfeito em sua forma, tão imenso em seu potencial que eu queria desvendar cada milímetro daquela obra-prima, queria sentir nas pontas dos dedos o turgor daquela pele, queria lamber as veias saltadas que pulsavam, queria abocanhar as pelotonas que estavam dentro do sacão, queria fungar naquele períneo quente e cheiroso e, para isso, eu me dava todo o tempo do mundo, pois era meu momento de descobrir e brincar com aquilo tudo. O Gianluca era um macho generoso, controlou sua gana e me deixou explorar seu sexo prodigioso, pois sabia que, quanto mais afinidade eu tivesse com ele, mais eu o deixaria me consumir. Por duas vezes, pensei que ele fosse ejacular na minha boca; uma vez que seu ventre se retesou, ele tirou a rola rapidamente da minha boca, gemeu antes de respirar fundo e, só então, me devolveu meu brinquedo. Nem meu olhar meigo fitando sua voracidade implacável, fez com que gozasse na minha boca. Ele queria aquela bunda que continuava ali, tão próxima, intocada, pronta para ser explorada e devorada. Não demorou muito e ele perdeu o controle. Se não partisse imediatamente para cima da minha bunda, ia acabar gozando a qualquer instante. Tomou-me nos braços, caminhou até a cama e se inclinou sobre mim. Enlacei seu tronco e o beijei, nesse curto espaço de tempo, eu já percebera que meus beijos tinham o poder de abalar as estruturas daquele macho. Ele meteu mais uma vez a língua na minha boca, estava tão excitado que qualquer coisa que metesse em mim representava um alívio para sua sanha predatória. O diabo é que eu me mexia debaixo do peso do seu corpo, gingando sensualmente enquanto sua língua me devorava, isso o permitia sentir não só a minha pele lisinha como também o calor e o frenesi do qual meu corpo estava tomado. Ele chegou ao seu limite. Abocanhou um dos meus mamilos, chupou-o com força, lambeu o biquinho rijo e o tracionou entre os dentes, eu gemi e, contorci provocantemente o corpo, mais tesão, mais urgência. Dava para ler isso no olhar dele. Eu não precisava ser nenhum vidente para também conseguir interpretar aquela expressão no rosto do Gianluca – esse putinho está pedindo pica, ainda por cima lambe esses lábios vermelhos me querendo, vai ter o que merece – era a sensação mais maravilhosa que se podia sentir, um macho incendiado pelo fascínio. Eu queria me entregar a ele, queria que ele soubesse disso, e me virei de lado, abri ligeiramente uma das pernas, a bunda empinou e ele a agarrou feito um tarado. Abriu meu rego, e só lá no fundo, camuflada e protegida, encontrou o que queria, uma rosquinha rosada que piscava na mesma intensidade da minha respiração excitada. Numa voracidade selvagem e animalesca ele começou a lambê-la. Eu gani, o tesão e os espasmos que meu corpo sentia estavam acabando comigo. A língua dele me molhava, se insinuava entre as preguinhas, sondava impudicamente o buraquinho agora exposto e indefeso. Mordidas nos glúteos musculosos só serviam para desviar a minha atenção, marcar minha pele com suas dentadas, assinalar que ele se apossara de mim. Ele enfiou o dedo indicador grosso no meu cuzinho. Eu gemi, Gianluca, Gianluca, pois era ele quem eu queria em mim naquele instante. O safado sorria quando me virei para encará-lo; sorria de maneira tão lúdica, tão desejosa, que minha única vontade era me submeter a seus arroubos. O dedo dele fazia movimentos circulares dentro do meu cu, testando a elasticidade, sentindo as contrações úmidas e quentes, pedindo por ele. Ele voltou a escorregar para cima de mim, abraçou meu tórax, mordiscou minha nuca, pincelou a jeba babona no meu rego, mandou que eu empinasse o rabo, e forçou a portinha com a chapeleta gigantesca completamente estufada. Eu segurei a respiração, esperei pela penetração, dei outro gemido permissivo e, gritei quando ele meteu o caralhão em mim. Em meio a uma dor lancinante senti minha carne se rasgando, agarrei-me à cama com tanta força que meus dedos ficaram isquêmicos. Ouvi apenas um – SSHSSHSSHSHH – saindo por entre seus dentes cerrados, junto com o ar morno de sua respiração roçando minha nuca. Eu estava longe de saber o que era levar uma pica de macho no rabo. Estava descobrindo isso agora, quando o Gianluca não parava de enfiar seu mastro enorme no meu cuzinho, adentrando e detonando recônditos tão profundos do meu corpo que nem eu sabia existirem. Devido a minha bunda proeminente, um caralho de tamanho médio, como era o do Paulo, não conseguia penetrar naquelas profundezas, onde o Gianluca estava agora. Embora estivesse feliz como nunca, não posso dizer que sentia prazer com aquela pica me explorando tão abissalmente. O que predominava era aquela dor excruciante, aflitiva que só me fazia ganir seu nome, o que o enchia de prazer. Para que meus ganidos não ecoassem pelo quarto, chamassem a atenção das suítes vizinhas, se transformassem num escândalo dentro do hotel, o Gianluca enfiou dois dedos na minha boca e eu os chupei enquanto gemia, amainando seu alarido. Ele metia, estocava, socava o cacetão num ritmo lento e num vaivém contínuos, saboreando cada minuto naquele cuzinho quente, que havia encapado sua rola tão apertadamente, como jamais havia sentido sua pica ser agasalhada. Aquela tora maçuda friccionando meus esfíncteres, mesmo em meio a tamanha dor, me fez gozar. Era impossível aguentar aquilo por muito tempo, sem que meu pinto duro sentisse a iminência da porra chegando. Nem precisei tocar nele, a simples fricção dele, contra os lençóis, me fez ejacular, tão deliciosamente como jamais pensei conseguir gozar. Virei o rosto na direção do Gianluca, meu olhar doce o fez estremecer, ele tirou os dedos da minha boca e me beijou; quando comecei a chupar sua língua, uma estocada bruta socou minha próstata me obrigando a ganir. O períneo dele se retesou, a pica perdeu ligeiramente a rigidez com que me lanhava, ele urrou e começou a gozar, me esporrando todo com seu esperma viscoso. Estávamos exaustos, nossas energias haviam sido consumidas naquele coito sem precedentes, tanto para mim quanto para ele. O que acabara de acontecer naquele quarto de hotel tinha sido mágico, singular. A química que aquele coito ensejou havia modificado por completo a percepção dos nossos corpos; foi como se dois metais incandescentes e líquidos se fundissem numa siderúrgica, formando uma liga inseparável; foi como o leite se mesclando ao café numa mistura indissolúvel. Eu não queria pensar muito naquilo, pois sabia que apesar de tudo que havia sentido em comunhão com o Gianluca, não passava de uma aventura, que nossas vidas não se abalariam e nem se modificariam por conta daquela transa, que tudo não passava de mera atração sexual. Dormimos juntos naquela e, nas noites seguintes; que rolasse enquanto nos fosse permitido, enquanto não chegasse o dia de dizer adeus para sempre. Foi assim também durante as duas semanas em que passamos viajando de carro para que eu pudesse fazer as minhas fotos. A neve dava um espetáculo à parte tanto à paisagem, quanto às cidadezinhas e vilas pelas quais passamos. Voltamos à Milão no final de janeiro, se aproximava o dia da despedida. Eu evitava pensar nela, pois o Gianluca começava a deixar de ser uma transa maravilhosa, para se tornar um cara com espírito alegre, personalidade forte, índole generosa, tremendo companheiro, portanto, perigosamente inclinado a causar danos ao meu coração. No dia seguinte à nossa chegada a Milão, o governo italiano suspendeu os voos de e para a China, pois dois turistas chineses que haviam passado pelo aeroporto de Malpensa no dia 23, tinham apresentado os sintomas da Covid-19 em Roma. O Gianluca voltou para Treviso no Vêneto, onde ficava a sede da empresa para a qual trabalhava. Havia prometido se encontrar comigo dentro de mais ou menos três semanas, se eu ainda estivesse em Milão. Mas, havíamos nos despedido como se fosse a última vez que nos encontrávamos, pois eu pretendia deixar a Itália antes disso. Outro trabalho surgiu depois que ele partiu, não em Milão, mas em Modena. A agência de publicidade americana estava em tratativas com a Maseratti para que modelos fossem fotografadas ao lado de seus carros; enquanto isso, eu deveria aguardar em Milão até que uma data fosse agendada com a empresa e as minhas reservas num hotel confirmadas. Um e-mail com dois dias agendados só veio em 21 de fevereiro. Parti rumo a Modena um dia antes de iniciar os trabalhos, o que me permitiu encontrar o Gianluca rapidamente mais uma vez, pois ele chegara a Milão na véspera, transferindo seu compromisso para o dia seguinte com o único intento de me enrabar uma última vez. Esperei por mais de uma semana pelo Ok do cliente da agência, dando-se por satisfeito com as imagens clicadas. Estava pronto para voltar ao Brasil. Ao tentar agendar um voo de volta, me deparei sem nenhum disponível antes de 14 de março, mesmo este me obrigando a embarcar em Roma e não em Milão. Adquiri a passagem e me pus a esperar a data do embarque. Nesse meio tempo, aproveitei para fazer outras fotografias nos arredores de Milão, fazendo pequenas incursões até Monza, Novara, Vigevano, Como, Bérgamo e Busto Arsizio, o que me proporcionou um amplo material para ser explorado no futuro. Meu encontro com o Gianluca foi casual, na recepção do hotel, dois dias depois de ele ter voltado a cidade novamente a negócios. - Que surpresa! Pensei que já estivesse no Brasil e se esquecido de mim. – disse ao se aproximar, enquanto eu pedia informações na recepção. - Oi! O que faz aqui? – foi um tanto quanto ridícula a minha pergunta, uma vez que ele já havia me explicado que vinha com regularidade à cidade à trabalho. Mas, foi o que surgiu na minha mente quando o vi dentro daquele terno que se amoldava a sua musculatura e, daquela pica gigantesca delineada debaixo da calça. O Gianluca tinha o poder de me desconcertar, especialmente depois de ter deixado meu cuzinho arregaçado. Acabamos jantando no próprio hotel naquela noite, pois chovia bastante e fazia um frio medonho. O que serviu de pretexto para irmos para a cama juntos, mais uma vez. Na manhã seguinte, 9 de março, quando descemos para o café, já um pouco passado da hora, fomos informados pelo recepcionista que deveríamos deixar o hotel imediatamente. O governo, sob pressão por ter demorado a adotar medidas de controle para a pandemia, havia decretado outra quarenta, mais restritiva do que a do dia anterior e, tudo deveria ser fechado para evitar aglomerações e as pessoas só poderiam sair de casa e circular em espaços públicos mediante uma autorização que se obtinha via Internet justificando a necessidade do deslocamento. - Mas eu não tenho para onde ir! Meu voo para o Brasil só parte no dia 14 de Roma, e até lá não posso ficar na rua. – argumentei com o gerente, depois da confusão que se formou na recepção com os hóspedes reclamando. - Non posso fare niente signore! – repetia o gerente, impassível ante meus apelos. Assim, com a costumeira educação asinina e, típica sutileza paquidérmica dos italianos, fomos expulsos do hotel pouco depois do meio-dia. Acreditando que a situação não podia ser mais catastrófica, ao entrar em contato com a companhia aérea para ver se conseguia antecipar o meu voo, ou conseguir outro para qualquer outro país, fui informado que todos os voos estavam cancelados por prazo indeterminado. - Venha comigo até Treviso, lá você terá tempo para encontrar uma solução. – disse o Gianluca. A viagem, que normalmente dura cerca de três horas de carro, levou quase oito. Fomos barrados em alguns bloqueios, mesmo com a justificativa da viagem em mãos, pois a polícia estava mais perdida do que cego em tiroteio. Ordens mal definidas, pressão da mídia e, pessoal incapacitado tornaram a vida no país um verdadeiro caos. Mal havíamos chegado ao apartamento do Gianluca em Treviso quando ele abriu sua caixa de e-mails e constatou que estava sendo dispensado do trabalho e, deveria seguir trabalhando em home-office até segunda ordem. Ocorre que suas funções estavam diretamente ligadas à negociações e contratos, portanto, inviáveis de serem consumadas à distância. - Então vamos até a casa dos meus pais em Bressanone, será melhor do que ficarmos enfurnados nesse pequeno apartamento. – afirmou o Gianluca. - Por mim o apartamento está ótimo, não quero ser um inconveniente para seus pais. – retruquei. Na verdade, eu tinha adorado o espaço exíguo, a cama ampla em frente à janela com balcão e o clima intimista do apartamento. O lugar ideal para acolher aquele macho insaciável entre os braços e as coxas. - Há espaço suficiente na casa dos meus pais, tão privativo e mais confortável do que este, se é que você entende o que quero dizer. – ele pareceu ler meus pensamentos, ou talvez, fosse apenas aquele seu tesão que não tinha limites. Assim, com mais uma licença em mãos, enfrentamos outra viagem de mais de três horas, embora menos exaustiva que a anterior, até chegarmos à casa de seus pais. - Sarei lieta se accettaste di essere nostro ospite por queste poche settimane. Il poveretto non può tornare a casa sua con questa danata quarentena, é stato bello que tu l’abbia portato qui. – disse a mãe do Gianluca assim que veio nos receber em meio ao seu jardim coberto de neve, segurando constrangedoramente meu rosto em suas mãos, como se me conhecesse desde a infância. O Gianluca riu, e piscou na minha direção. – Che cos’è, mascalzone, farabutto! – emendou, dirigindo-se ao filho que tinha um sorriso travesso na cara. - Non ho fatto niente! – exclamou o Gianluca, jocoso. - Sarei duvoto nascere ieri per non conoscerti, impiastro! – devolveu ela, fazendo-se zangada. – Giovanni, guarda che faccia d’angelo ha questo ragazzo! Bellissimo! – exclamou, quando o marido veio ao nosso encontro. - Stai piacendo a tutti! – murmurou o Gianluca para mim, que já não sabia onde enfiar a cara. - No fare il cattivo! – devolvi. Ele riu. A casa assobradada era um pouco afastada do centro de Bressanone, ficava no alto de uma encosta no final da San Maurizio; da varanda que se debruçava sobre o vale, avistava-se a Statale 12 encravada nele e, do outro lado, colinas cobertas de neve permeadas por uma ou outra casa solitária. A região tinha mais cara de fazer parte da Áustria, cuja divisa ficava a poucos quilômetros, terra dos meus avôs, do que da Itália. Os pais dele faziam parte dos pouco mais de 25% da população que fala o idioma italiano. Em poucas horas de convívio, me senti como se estivesse na minha própria casa. Não fosse o Gianluca me encarar e piscar por qualquer observação ou elogio que seus pais me faziam, teria sido como estivesse com a minha família. - Pare com essas gracinhas! Está me deixando encabulado! – exclamei, certa hora, quando ele não parava de se divertir às minhas custas. - Se eu disser que vou me casar com você é capaz que façam uma festa hoje mesmo. – devolveu ele, zombando. – Você já é o bambino deles. – emendou, sarcástico. - Isso me leva a acreditar que já deve ter havido algum precedente, por isso não reagiriam como qualquer bom italiano, berrando palavrões e quase pondo a casa abaixo. Teve? – indaguei, encarando-o com seriedade. - Eu estava brincando! – exclamou apressado. - Brincando que ia me pedir em casamento, ou tentando fugir da minha pergunta? – insisti. - Não é hora de falar sobre isso! – cortou apressado. - Mas vai haver uma hora, porque vou cobrar! – retruquei. De repente, eu estava com ciúmes. Um ciúme ridículo de alguém que eu nem sabia quem era, um ciúme de que o coração do Gianluca já tinha pertencido a outrem. Tudo o que as tais transas descompromissadas não deveriam ter feito, fizeram. Eu estava me apaixonando por ele, o que eu devia ter sacado logo de cara, ia acabar acontecendo; pois ele era um sujeito doce, encantador, incrível e maravilhoso. Eu podia ficar enumerando zilhões de adjetivos para qualificá-lo e, ainda, ficaria por dever. Enquanto em Bressanone os dias não podiam ser mais maravilhosos, a Itália e, especialmente, a região da Lombardia, viviam semanas de horror. A pandemia se alastrava como fogo na relva seca, e fazia cada dia mais vítimas fatais. Eu não conseguia deixar de expressar a minha mais profunda gratidão pela família do Gianluca estar me abrigando tão calorosamente nesse período conturbado. As poucas vezes em que me pus a pesquisar na Internet uma maneira de regressar ao Brasil, fui enfaticamente persuadido a não fazê-lo. - Non te piace mostra compagnia? Guarda questo ragazzo Donatella, vuole andarsene! – indignou-se o Sr. Giovanni quando me viu procurando alternativas de voos diante do computador. - Non è questo, per Dio! Adoro estare qui così tanto, siete tutti meravigliosi. Posso solo ringraziarti dal profondo del mio cuore! Ma non posso abusare della tua ospitalità! - respondi - È quindi vietato parlare di andarsene! Lo lasceremo andare solo quando tutta questa pandemia sarà finita. E non ne parlamo più, capito? – revidou ele. Eu assenti, pois nesse interim a mãe do Gianluca veio da cozinha para se juntar ao marido na batalha para me fazer ficar e, como ela costumava ser muito mais persuasiva do que ele, resolvi não comprar a briga. - Ok, mi arrendo! – exclamei. Sorrisos se formaram em seus rostos e a Donatella me desalinhou os cabelos antes de me dar um beijo na testa. - Bravo ragazzo! – exclamou ela, quando viu que não precisava entrar na luta. A uma certa distância, o Gianluca tinha assistido a tudo sem se manifestar. Deixou que eu me virasse, tanto com o idioma, quanto com a capacidade de convencimento de seus pais. Ao encará-lo, ele estava rindo. - Você podia ter me ajudado um pouco! Fiquei sem argumentos quando me colocaram contra a parede. – disse a ele, quando fomos dar nossa caminhada diária pelas redondezas. - E perder a chance de ficar com você! Só se eu fosse um kamikaze! Como você vê, tenho bons aliados! – retrucou ele. - Não brinque com algo tão sério! Em primeiro lugar, não posso abusar da hospitalidade de sua família e, em segundo lugar, bem em segundo lugar não posso ficar aqui por muito mais tempo. – na verdade, minha maior preocupação era com o sentimento que se instalara em meu peito e, cuja evolução, eu não queria alimentar para não sofrer depois. - Você não está abusando de nada! Esqueça essa bobagem! Eu quero que você fique! – ele parou de caminhar e ficou frente a frente comigo quando disse a última frase, tomando minha mão entre as dele e a beijando, ali mesmo, em plena estrada cortando os campos cobertos de neve, embora não houvesse ninguém para presenciar a cena. - É disso que estou falando! Estou com medo, Gianluca, muito medo! – afiancei. - Tem medo de se apaixonar por mim? – indagou objetivo. - Mais do que já estou? Isso sim é ser um suicida! - Não vejo porquê? - Por que vamos seguir nossas vidas quando isso tudo acabar, e eu vou ficar arrasado, eu me conheço. - Você pode me dar uma única razão para nossas vidas não seguirem juntas? Ou você acha que eu não estou apaixonado por você? Que meu maior temor é ver você partir me deixando na saudade. – questionou. Eu tive vontade de voar no pescoço dele, me pendurar nele e cobri-lo de beijos. - Você está apaixonado por mim? – gaguejei ao fazer a pergunta. - Não deu para notar? Ou você acha que meu interesse por você se limita a foder esse cuzinho apertado e delicioso? – indagou. - Tive receio que sim! - Pode ter sido essa a intenção inicialmente, mas nosso convívio mudou tudo. Acho que você também interpretou as primeiras trepadas como uma maneira de nos divertirmos. - Confesso que sim! Só que, de repente, tudo começou a mudar. Você não era mais apenas uma boa foda. Você foi se transformando no homem que eu sempre quis ao meu lado. – afirmei. - Pois eu estou aqui, ao seu lado, e você fala em partir. - Eu não sabia o que você estava sentindo por mim, me perdoe. - Posso até te perdoar! Se você confirmar que continuo sendo uma boa foda. – retrucou sorrindo. - Apesar de me machucar com essa estrovenga, a melhor da minha vida. – asseverei, beijando-o. - Que culpa eu tenho de você ser tão apertadinho? - Safado! – ele me apertou com mais força em seus braços e enfiou a língua na minha boca, nem o carro que passou por nós na estrada e buzinou fez com ele me soltasse. Num domingo, quando a irmã do Gianluca veio com o marido e os dois filhos almoçar com os pais, descobri constrangido que minha condição naquela casa não era a de um hóspede contingenciado pelas circunstâncias adversas, mas o de mais novo membro da família, na condição de namorado do filho mais novo. Quem deixou escapar, sem querer, o grau de intimidade da nossa relação foi o cunhado do Gianluca, ao dar como certa a oficialização de nossa união tão logo fosse possível tratar desse assunto junto a amministrazione di Bressanone, valendo-se da lei Cirinnà, que reconhece a união homossexual civil na Itália. Ao ser cutucado pela esposa e, se dar conta de que tinha falado demais, ele me encarou como se tivesse acabado de cometer um pecado. - Entschuldigung! Mi scuci! – exclamou constrangido pela bola fora, em alemão e italiano; pois ele era austríaco e, em meio às suas falas, sempre acabava por usar os dois idiomas. - Doveva essere una sorpresa! – exclamou o Gianluca, quando o encarei espantado. Precisei me controlar para não chorar diante de todos na mesa do almoço. Mas, meu olhar marejado não passou despercebido pela Donatella, que afagou meu ombro sem dizer nada. - Questo boquiroto che non sa controlarsi! – esbravejou a irmã do Gianluca, dando um safanão no braço musculoso do marido. - Non importa! Ciò che conta è che Roberto ora che sai che lo voglio sposare! – afirmou o Gianluca. Para desfazer o clima, o Giovanni tratou de erguer rapidamente um brinde. - Al matrimonio di questi due ragazzi! – exclamou festivo. Todos o acompanhamos. Eu queria chorar de tanta felicidade, de não ter minha família ali comigo, daquele homem estar se aboletando no meu coração sem a menor cerimônia ou permissão. Através das vidraças e das cortinas parcialmente abertas do quarto que dava para o vale e, de onde se avistava o facho de um ou outro farol dos caminhões que trafegavam pela Statale 12 àquela hora, via-se os flocos de neve caindo abundantemente de um céu limpo. Eu havia acabado de tomar uma ducha, e terminava de enxugar meus cabelos diante do olhar atento do Gianluca, esparramado quase nu sobre a cama. Tinha sido um dia intenso em todos os sentidos. A correria para aprontar o almoço, no qual me pus a ajudar a Donatella, depois de ela começar a me ensinar a cozinhar; a chegada barulhenta dos netos que viam naquela casa o lugar onde podiam dar vazão as suas traquinagens sem serem muito admoestados; aquela sensação sempre estressante de quando se conhece novas pessoas, no caso mais membros da família do Gianluca e; finalmente, a notícia bombástica de que se estava a providenciar, em segredo, a minha união com o Gianluca. Essa maneira de ele agir me deixava um pouco inseguro, como se eu sempre pegasse o bonde já andando. - O que foi? Por que está me olhando assim? – perguntei, quando vi que ele começava a esboçar um risinho contido. - Não me canso de admirar seu corpo! Da primeira vez que o vi no hotel, fiquei imaginando como seria se você estivesse nu. Criei dezenas de imagens em minha mente naquele dia pensando nisso. Quando te socorri na interpretação do cardápio, somou-se o seu perfume ao meu imaginário. Tive uma ereção que foi foda controlar. - Bem! Agora não precisa imaginar mais nada. Já me viu e me possuiu e sabe como é. - Sempre que te examino descubro algum detalhe que me escapou, o que não muda é o tesão que sinto. - Está me cantando? Esse puta frio, você sobre as cobertas só de cueca, fazendo questão que eu repare no cacetão dentro dela enquanto fica me elogiando, só pode ser uma cantada. - Adesso ti foterrò, ti scoperò da tutti gli angoli! Tu sei la mia fottuta puttana! – exclamou depravado, como se eu fosse realmente sua putinha. - Cosa sono queste parole, bocca sporca? – indaguei ofendido. - Vieni tra le braccia del tuo maschio, mio picolo dolce angelo. – redimiu-se sem desfazer a cara safada e me estendendo os braços. Eu já não sabia mais se me rebelava contra seu palavreado chulo usado para me dominar, ou se ia em direção àqueles braços onde me sentia seguro. Eu nunca tinha conhecido um homem como o Gianluca, possessivo, dominador, ao mesmo tempo em que tão carinhoso, protetor e companheiro. Era como se duas pessoas distintas habitassem aquele corpão musculoso. Meu mal foi ter olhado para aquela rola começando a endurecer entre suas pernas. O cuzinho teve seu primeiro espasmo, e eu fui na direção dos braços dele. Engatinhei até alcançar sua boca, onde um beijo tórrido me aguardava cheio de desejo. Ele me abraçou me fazendo deitar sobre seu corpo, estava tão quente que parecia estar com febre, mas não era nada além da testosterona fervilhando em suas veias. Eu não cheguei a me vestir, ainda estava com a toalha de banho enrolada na cintura. Ele a arrancou e meteu as mãos espalmadas sobre a minha bunda, apertando-a com força. Deslizei as pontas dos dedos no contorno de seu rosto, ele era tão lindo, tão viril, que não havia como não se apaixonar por ele. Enquanto o Gianluca continuava a falar sacanagens no meu ouvido, amassando minhas nádegas, eu cobria seu rosto de beijos curtos espalhados sobre a barba espinhenta. - Isso é que é foda em você! Esse jeito de dar carinho, de me fazer sentir o melhor e mais potente dos machos, é de alucinar! – sussurrou em êxtase. - Para mim você é o mais potente dos machos! – devolvi, quase gemendo. Eu me virei, ficando de costas para ele. Tirei sua cueca e abocanhei o cazzo grosso e voluntarioso. A nova posição permitiu que ele tivesse acesso ao meu cuzinho, uma vez que eu estava com as pernas abertas com as dele entre as minhas. Com ele me pegando todos os dias, minha rosquinha estava constantemente um pouco intumescida, vermelha e brilhante como a vulva de uma cadela no cio, o que parecia deixá-lo num tesão incontrolável. Muitas vezes, depois que ele terminava de me foder e eu me reclinava sobre seu peito, eu ficava meditando como ainda somos primitivos na questão sexual. Não deixamos de ser animais, despertados e movidos por ferômonios e hormônios que grassam por nossos corpos e fazem do nosso cérebro um mero coadjuvante. Que outra explicação poderia haver para que aquele homem se transformasse num bicho ao ver minhas preguinhas piscando, ou eu, num animal devasso diante daquela pica suculenta. O simples toque da minha mão em sua rola fez com que ele contraísse a musculatura do períneo e sua respiração se tornasse acelerada e superficial. Puxei delicadamente o prepúcio que cobria um pouco a chapeleta enorme para trás e terminei de expô-la. Eu estava completamente fascinado pela pica dele, desde a primeira vez a vi e a toquei. Ela tinha algo de grotesco, bruto, ao mesmo tempo em que cada detalhe dela parecia delicado, até frágil. Era assim com as ondulações da pele, sob as quais corriam as calibrosas veias que davam rigidez ao caralhão. Também se percebia essa precisão quase artística no formato da cabeçorra, que lembrava um cogumelo que encimava da tora carnuda como se tivesse sido acoplada a ela, formando uma saliência proeminente na junção das partes. De tão exuberante e colossal, era tudo o que eu conseguia colocar na boca quando me punha a fazer um boquete. A pentelhada de onde brotava aquele tronco de carne era de uma beleza cativante; pois, de tão densa e encaracolada, parecia uma forração macia feita para aquecer aquele par de bagos dentro do sacão. Ele enchia toda a minha mão quando eu pegava nele, e as bolas pareciam ser de chumbo de tão pesadas. Eu não sentia o tempo passar quando me distraia brincando e afagando aquilo tudo, e o Gianluca se entregava embevecido às minhas carícias como se quisesse me ver eternamente entranhado em seu sexo. - Sei così affettuoso! – ronronava ele quando meus dedos longos e finos cofiavam delicadamente sua virilha máscula. - Tu sei il mio maschio, il mio maschio bello e virile! – eu sussurrava, sem interromper os beijos que lhe dava. Ao sentir seu sumo aquoso e frutado se mesclando a minha saliva, despejado a cada minuto com mais abundância devido ao tesão crescente dele, eu não pensava em nada além de satisfazer aquela ânsia primal que se instalava no meu cuzinho. Era ela que movia meus lábios ao redor do falo, que me fazia mordiscá-lo delicadamente, que me induzia a colocar um daqueles culhões gigantescos na boca e sugá-lo enquanto a língua o massageava. O Gianluca apenas grunhia de pernas abertas, afagando meus cabelos, e me deixando trabalhar sua pica com a minha boca gulosa. Ao pressentir que ia gozar, levantou meu rosto para me encarar e, sem perder um segundo do espetáculo, ejaculou na minha boca divertindo-se com a minha agonia para engolir toda aquela porra esbranquiçada que saía em jatos fartos da uretra calibrosa. Ao terminar, meus lábios pareciam os de uma criança que acabara de se lambuzar de sorvete, só que no meu caso eles estavam melecados com o esperma cremoso dele. À medida que eu os lambia, assim como o pau dele para degustar até a última gota, ele ronronou satisfeito. - Ti è piaciuto il mio fottuto, vitellino affamato? Aprendi a identificar a linha tênue que separava o tesão que ele sentia com as preliminares e, necessidade urgente para copular. Ele me encarava com o olhar quase petrificado, era o brilho desse olhar que determinava o momento exato em que ele passava a agir, a vir para cima de mim, a me subjugar para a monta, e a enfiar sua jeba no meu cuzinho. Esses eram alguns segundos de apreensão para mim; pois, às vezes, ele vinha com uma meiguice angelical e outras com uma sanha febril e predatória para cima de mim, o que diferenciava se o coito começava com um gemido sutil e languido ou se, com um grito cruciante. Naquela noite fui eu quem me antecipei a ele. Antes que me agarrasse, eu me sentei em seu colo, sorri libidinosamente para ele, lambi meus lábios, beijei-o abaixo da mandíbula, rebolei sobre sua virilha até sentir o cacetão roçando meu rego. - Ti amo tanto! – ciciei, sibilando lascivamente. O Gianluca apartou minhas nádegas, instalou o cacete no meu rego e as soltou. Elas aprisionaram a jeba quente que pulsava indômita, enquanto meu cuzinho se contorcia num frenesi doentio. Eu é quem a fazia deslizar sobre a grutinha, erguendo-me e sentando-me intercaladamente sobre as coxas dele, enquanto tomava sua cabeça em minhas mãos e a prendia junto ao peito. Ele se aproveitou da proximidade dos meus mamilos para abocanhar um deles e começou a mastigá-lo. Eu gemi. Levantei mais uma vez minha pelve e, ao rebolar com cuidado sobre a verga completamente dura, encaixei a cabeçorra na portinha do cu. Ele imediatamente se travou, o que fez o Gianluca interromper a investida nos meus mamilos e me encarar com um sorriso ladino. Levou um tempo até que meus músculos anais respondessem ao meu mando e se abrissem por breves segundos, tempo suficiente para eu sentar na pica e senti-la penetrando minha carne vigorosamente. Gani e me agarrei aos ombros dele, enquanto suas mãos se fechavam ao redor da minha cintura. Ele esperou um tempo antes de erguer a pelve metendo a rola mais para dentro do meu cuzinho. Foi meu gemido que o fez ser mais cuidadoso. Eu tornei a me erguer e a sentar intercaladamente na vara, travando os esfíncteres mordendo-a assanhadamente. Só vez ou outra ele dava uma estocada no mesmo instante em que eu sentava na rola, me obrigando a gemer. Suas mãos na minha cintura é que determinavam o quão distante minha bunda podia se afastar da sua pica sem que ela saísse do meu cu. Eu o cavalguei, beijei e desalinhei seus cabelos ao reter sua cabeça junto ao peito. Percebendo que eu estava completamente possuído pelo tesão, ele se virou sobre mim, sem soltar meu tronco e sem tirar a pica do meu cuzinho e começou a bombar meu rabo numa sanha incontrolável. Eu fechei as pernas ao redor da cintura dele, me agarrei aos seus bíceps e deixei que me fodesse na intensidade de sua indigência carnal. Depois de algumas socadas dolorosas da minha próstata contra o púbis, eu comecei a gozar. A porra fluindo parecia um bálsamo para a minha agonia, e eu gemi desafogadamente. O peso do corpo do Gianluca me prensava contra o colchão, a pica parecia um bate-estacas socando meu rabo, meus gemidos ele abafava com a boca voraz. Ao fechar os olhos eu tentava sublimar a dor, e só me concentrar no prazer que aquele macho me proporcionava. Esse prazer foi tão intenso e pleno como das outras vezes, quando eu senti os jatos de porra encharcando meu cuzinho, ele soltando um urro gutural e lentamente largar seu peso sobre o meu corpo, como se estivesse procurando abrigo num seio acolhedor. - Ti amo così tanto! Sii per sempre mio! – balbuciu ele, arfando como um touro. Apertei-o em meus braços, enquanto meus dedos acariciavam suavemente sua nuca. Sabíamos que éramos as mais felizes criaturas do universo. Subitamente, ainda sexualmente engatados e, sentindo o coração do Gianluca batendo praticamente no mesmo ritmo que o meu, percebi que lágrimas rolavam pelo meu rosto. Questionei-me quanto a origem delas. De onde estaria vindo toda essa sensibilidade, o que estava me conduzindo a esse estado tão emotivo que vinha me acompanhando nos últimos dias, que forças estavam conspirando contra mim cada vez que eu olhava para o rosto dele e um calor abrasador se instalava em meu peito? Seria possível amar tanto uma pessoa a ponto de esses sentimentos causarem todo esse turbilhão de emoções? O que estava me levando a pensar tanto na minha família, agora tão distante? Seriam as respostas a essas perguntas a origem dessas lágrimas? - Cosa ti sta succedendo? Ti ho spanatto molto il culo? Perdonami, non intendevo ferirti così tanto! – questionou ele, sensibilizado com aquelas lágrimas que enxugava com o polegar, ao mesmo tempo em que acariciava meu rosto. - Ti amo così tanto, amore mio! Sono un po ‘troppo sensibile in questi giorni! Sciocco mia! – respondi, entregando meu rosto aos seus afagos. Mesmo já estando flácido, ele tirou o caralhão do meu cuzinho, achando que essa era a causa daquele pranto. – No lasciarmi ora, Gianluca! – supliquei, quando comecei a sentir a pica deslizando para fora do meu cu. Tudo o que eu não queria naquele momento era sentir o enorme vazio que sua rola deixava em mim quando ele a sacava. Ele saiu de cima de mim, mas não se afastou. Abraçou-me em conchinha, enfiou cuidadosamente a cabeçorra no meu rabo, e beijou meu ombro. Foi ele quem, depois do almoço, insistiu para que eu fizesse uma vídeo-chamada para meus pais contando sobre a oficialização da nossa união. Fiquei um pouco inseguro, não sabia como iam reagir a essa notícia. Tudo estava acontecendo tão rápido e, ainda mais, em meio a essa pandemia que já assolava praticamente todos os países nos cinco continentes e, que naquele momento, colocava a Itália nas manchetes de todos os noticiários por conta da crise que se instalara no sistema de saúde e no caos para sepultar a grande quantidade de mortos. Fiquei imaginando como minha família devia estar preocupada comigo no centro daquele inferno sem condições de retornar e, jogando uma bomba dessas para cima deles. Eles não se espantariam por conta de eu me unir a outro homem, já conheciam bem essa minha inclinação e já a tinham assimilado quando fui morar com o Paulo. No entanto, agora a questão era outra, me ver são e salvo e longe daquele caos. Tendo o Giovanni como seu aliado no meu convencimento, acabei por fazer a ligação. Como eu supunha, assim que o rosto da minha mãe apareceu na tela, pude ver toda a sua aflição estampada no rosto consternado. Em segundos se juntou a ela o do meu pai, igualmente preocupado, mas com aquele autocontrole que costumava se impor diante de situações complicadas. Quando mencionei a palavra ‘casar’ ficaram tão abismados que, tenho certeza, se eu estivesse perto deles, levaria mais que uma bronca, provavelmente um safanão para dizer o mínimo. - Você não tem jeito, Roberto! – exclamou meu pai. – Você acha que agora é o momento certo para fazer uma coisa dessas? E depois, tão longe da gente? Eu pensei que a essas alturas você já tivesse mais juízo! – desabafou. Antes que eu pudesse argumentar, o Gialuca se juntou a mim e os cumprimentou após se apresentar. Pouco depois, também vieram o Giovanni e a Donatella e, em inglês acabaram por atenuar as preocupações dos meus pais, mostrando como eu estava protegido e bem cuidado na casa e na família deles. O rosto da minha mãe se desanuviou quando a Donatella acariciou meu rosto e o tomou em seus braços, tecendo elogios a minha pessoa e demonstrando o quão felizes estavam por me ter ao lado deles. Meu pai continuou um pouco reticente, mas era seu jeito de demonstrar que tinha sido contrariado. - E quando vai acontecer essa loucura? – questionou meu pai - Assim que a documentação ficar pronta. Tenho que acertar algumas coisas antes do prefeito de Bressanone celebrar a união civil. Resolvemos fazer isso aqui, ao invés de Treviso onde devemos morar depois que a pandemia acabar ou, quando o Gianluca tiver que regressar ao trabalho, pois o pai dele tem uma amizade antiga com o atual prefeito, e isso tem feito a documentação correr mais rápido. - E qual é o motivo dessa pressa toda? Se você fosse mulher eu ainda podia achar que estava grávida, mas não é o caso. Portanto, que correria desatada é essa? Não dá para esperar até que o mundo volte ao normal para oficializar essa união? – questionou meu pai. - Quero justamente aproveitar que estamos aqui com meus pais para fazer isso e, só lamentamos que vocês também não possam estar presentes, nós gostaríamos muito. Em Treviso o Roberto e eu estaremos sozinhos e não queríamos celebrar algo tão importante sem as nossas famílias. – argumentou o Gianluca. - Tenha juízo, pelo amor de Deus, Roberto! – exclamou minha mãe, após me desejar felicidades. - Eu tenho, mãe! – respondi, sabendo que ela duvidava disso. Fiquei um pouco menos angustiado depois da ligação. Se nem tudo estava na paz que eu desejava, ao menos as famílias já se conheciam, um pouco do gelo pode ser quebrado e, eu esperava que, com o tempo, minha família se acostumasse com a ideia. A cerimônia no início de maio, poucos dias antes do Gianluca precisar regressar ao trabalho, foi bastante discreta e simples, mesmo porque, consistiu somente de assinarmos uns papeis junto ao oficial civil, uma vez que não se oficia casamentos homossexuais na Itália. Houve algumas breves palavras do prefeito, amigo do Giovanni por pura deferência a essa amizade antiga. O almoço na casa dos pais dele reuniu um pouco mais pessoas, além da irmã e do cunhado, vieram alguns tios e tias, bem como primos mais próximos. O cunhado dele filmou a assinatura da papelada e foi o que enviei para os meus pais, a fim de eles não ficarem totalmente de fora daquele momento tão importante da minha vida. Chegamos a Treviso na véspera da reabertura do comércio não essencial, no dia 17. Depois dessa temporada na casa dos pais dele, o apartamento me pareceu menor do que da primeira vez em que entrei nele. - Vamos procurar um lugar um pouco maior, não quero que se sinta confinado num lugar tão pequeno. – disse o Gianluca, vindo me abraçar quando abri as portas para o balcão de ferro fundido para deixar entrar fresco depois dele permanecer tanto tempo fechado. - É suficiente para nós dois, com alguma organização. Vou tratar de procurar algum tipo de trabalho o quanto antes então não precisaremos de um lugar maior. – ponderei. - Para ser sincero, eu gostaria que você ficasse em casa, que não trabalhasse mais fora. Lembra, você casou com um italiano, não somos como os povos do norte europeu, abertos a essas liberalidades. Você agora é meu. Pode me chamar de homem das cavernas, mas só de me lembrar como os machos olhavam para você em Milão, meu sangue ferve. – eu o ouvia com um sorrisinho no rosto, mas ele estava falando sério mesmo, e não achou graça da minha cara bonachona. - Você só pode estar brincando! Imagine se eu vou aceitar que outro homem me sustente, não tem o menor cabimento. Eu te amo, seu carcamano! Você já teve tempo suficiente para ver como me comporto diante de insolências. Agora que tenho meu homem, hei de rechaçar qualquer gracejo atrevido com muito mais ênfase. – argumentei. Ele se deixou acariciar no rosto, mas não colocou nenhum sorriso nele. - Por que não tenta contato com aquele pessoal que minha irmã mencionou? Me pareceu que eles ficaram maravilhados com as tuas fotos, segundo minha irmã confirmou. Ao menos você não precisaria ficar viajando tanto. Teria tempo para cuidar de mim! – tive que rir de sua última exclamação. - Já entendi tudo! Você deveria ter se casado com uma gueixa então, e não com um homem habituado à liberdade. - Solo tu puoi gestire le esigenze del mio cazzo! – sussurrou ele na minha orelha com os lábios úmidos. - Mi prenderò cura di questi cazzo per tutta la vitta! – devolvi, num gemido sensual ao mergulhar a mão dentro de sua braguilha. Em questão de segundos, eu estava debruçado sobre o espaldar do sofá ganindo com a jeba dele completamente atolada no meu cu. O Gianluca precisou viajar ainda naquela semana até Milão. Eu fiquei, pois recebi a primeira proposta de trabalho daquele contato que a irmã dele me deu. Ainda não era nada fixo, mas a grana era boa e trabalho relativamente fácil, não demandando mais esforço do que aquele que eu já estava acostumado a fazer. Ele me ligava duas, até três vezes ao dia, bem como quando já estava prestes a ir dormir no quarto do hotel. Abaixava a cueca e me mostrava o cacetão pesado, caído sobre sua coxa peluda, e me perguntava se eu estava sentindo saudades. Nem a distância, nem a precariedade da imagem captada pela câmera em movimento do celular deixavam de contorcer minhas pregas anais. - Volevo averti qui ora bagnando il mio culo con tuo seme. – exclamei. - Non riuscirò a dormire senza masturbarmi! – devolveu ele, começando a se punhetar. Tive uma noite insone. Depois de tanto tempo levando diariamente aquela pica no cu, era como se me faltasse uma parte do meu próprio corpo. Levei uns dias para perceber que não era do caralho exclusivamente que eu sentia falta. Era o Gianluca que me faltava, eram seus braços musculosos me envolvendo, era seu peito peludo roçando minhas costas, era sua perna enfiada entre as minhas, era seu hálito morno resvalando como uma brisa no meu cangote, era o ressonar tranquilo de sua respiração embalando meu sono. Ao regressar, ele me relatou algo muito parecido para explicar o porquê de ele sentir dificuldade de conciliar o sono, mesmo estando exausto. Não eram apenas os corpos que se ressentiam da falta do outro, nossas almas já não se completavam sozinhas. Isso só o amor conseguia explicar, e ele era tão imenso a despeito do pouco tempo que nos conhecíamos que nos parecia já termos vivido esse amor em outros tempos. Estávamos apenas dando continuidade a ele.
Faca o seu login para poder votar neste conto.
Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.
Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.
Denunciar esse conto
Utilize o formulario abaixo para DENUNCIAR ao administrador do contoseroticos.com se esse conto contem conteúdo ilegal.
Importante:Seus dados não serão fornecidos para o autor do conto denunciado.