Durante a noite, um visitante astral , com um gesto de magia, fez com que as marcas de chicote na bunda de Regina desaparecessem por completo. Ainda, a pele dela ficou lisinha, perfeita! Um mistério que seria difícil esclarecer, uma vez que a pessoa em questão usava vestes rituais desconhecidas, e não era ninguém que eu tivesse visto antes.
Na manhã seguinte, fomos ao refeitório tomar café. Regina resolveu ir pelada mesmo.
“- Esse negócio de ficar colocando e tirando roupa é muito chato.”
Só que os homens repararam que as marcas das chicotadas haviam sumido totalmente. Regina cobriu o rosto com as mãos.
“- Ih, Regina, o que foi?”
“- Agora ‘ele’ ( Jones) vai achar que foi a porra dele na minha bunda que fez sarar.”
“- Putz, é mesmo. Ninguém vai acreditar que foi um ‘visitante astral’...”
Ela sentou logo. Leon se aproximou de nós.
“- Notei que sua linda bunda sarou totalmente”
“- Pois é, passamos aquele preparado várias vezes”
“- Hmm, mas ouvi dizer que não foi só o preparado...”
“- Aiii Leon, deixa de ser safado, foram só umas gotinhas”
Aí, Jones interferiu: “- Gotinhas não, foi muita coisa, eu estava no atraso há...”
“- Aí, tava atrasadão, cara!” Nero riu.
“- O importante é que melhorou. Agora, vamos tomar café.”
Depois do café, como de costume, Regina foi tomar sol. Mas Leon, sendo membro de uma Ordem, voltou a falar conosco. Como de costume, admirando a beleza da mulher nua ali deitada.
“- Olha, desculpem a piada de ontem. Mas o que aconteceu mesmo?”
Então contei sobre o visitante astral, descrevendo os trajes dele.
“- Muito estranho! Também não conheço essas roupas. Deve ser algum viajante astral que sentiu as energias dela, viu as marcas e resolveu ajudar.”
“- Pode ser... um viajante astral que sai atrás de bundas sofredoras...” Nós três rimos.
Leon, que era o que conhecia os caminhos da região, informou que finalmente estávamos bem perto da Ilha oculta. Realmente, era difícil chegar lá, várias outras ilhas menores tinham que ser contornadas, como se fosse um labirinto marítimo. Não admira que os espanhóis nunca tivessem passado por ali.
O Capitão Nero pilotava, muito atento. Como havia um convite para nosso grupo, podíamos parar em um ancoradouro , sem ter que esconder a embarcação.
Após contornar uma ilha com vegetação densa, vimos o tal ancoradouro. Não parecia nada acolhedor. Talvez fosse assim mesmo, para desencorajar eventuais curiosos.
“-Tem certeza que é aqui?” Perguntou Nero.
“- Tenho.” Respondeu Leon.
Também batia com os mapas que eu e Regina havíamos recebido.
“- Será que tem muito bicho venenoso por aqui?” Regina perguntou, meio assustada.
“- Toda floresta tem bichos. Por aqui, você pode encontrar o morcego-pescador, mas esse come camarões, principalmente.”
“- Curioso.”
“- Bom... tem as cobras que caçam em bando...”
“- Ah não....odeio cobras! E essas andam em bando?” Reclamou Jones.
“- Tem aranhas?” Regina perguntou, já alarmada.
“ – Tem, mas não são venenosas. Mas tem o Solenodon, que parece um ratão, e é muito venenoso...e sapos, estes com veneno mortal.”
“- E os jacarés.”
“ – Tem o crocodilo cubano e o caiman... melhor não chegar perto.”
De qualquer forma, já estávamos lá e não havia como voltar.
Minha esposa, pela primeira vez em muitos dias, finalmente ia se vestir. A contragosto, colocou uma camisa de manga comprida, uma calça jeans, e botas de couro com sola de borracha, como eu. Jones e Leon, suas roupas estilo safari.
Nós descemos no ancoradouro, e caminhamos por uma passarela de madeira. Aguardamos por um bom tempo, deveria haver alguém para nos receber. O Capitão Nero estava apenas aguardando que fôssemos recepcionados, depois partiria e ficaria ancorado em outra ilha, a uma distância segura daquele lugar, e em contato com a Agência, caso houvesse algum contratempo.
Percebi algum movimento no meio das árvores. Mas poderia ter sido apenas um bicho...
Então, se não tivéssemos sido alertados antes, teríamos levado um susto enorme.
Dois homens altos e fortes, com o corpo tatuado e com máscaras de crocodilo, com lanças nas mãos, pareciam realmente assustadores. Estavam quase totalmente nus, exceto pelas máscaras e um tipo de adorno protetor no pênis, que mais parecia um caralhão colorido. Regina, mesmo sabendo das máscaras, deu um pulo quando viu os dois. Certamente, as máscaras eram para assustar os curiosos que aparecessem por ali.
Leon se adiantou e cumprimentou os homens com gestos rituais. Se fossem ligados a alguma Ordem , entenderiam. Um deles, então, assoviou, e logo em seguida, outro homem, este com uma túnica estilo grego, apareceu.
Ele se aproximou, Leon e eu o cumprimentamos com os apertos de mão secretos. Ele se apresentou, então, verbalmente.
“- Sejam bem-vindos, meu nome é Crítias.”
Fomos nos apresentando, um a um. Ele notou a impressionante beleza de Regina.
“- Vejo que sua Irmandade enviou a mais bela de todas as mulheres para conhecer nosso Templo! Agora podemos ir”
Leon fez um sinal, e o iate começou a se afastar.
Ele entrou na mata, e seguimos por uma trilha. Os dois homens iam à frente. Notei que havia algumas árvores com marcas, indicando o caminho. Andamos por uns três quilômetros. Sem um guia, seria impossível se localizar por ali, a mata era espessa e tudo parecia igual.
Então, vimos um morro, com uma cachoeira. Teríamos que subir . Crítias nos falou para termos cuidado, pois as pedras poderiam estar escorregadias por causa da água.
Chegando mais perto, pudemos ver uma caverna que estava atrás da cachoeira, oculta pela água e névoa que se formava. Com cuidado, um a um, entramos na caverna. Lá dentro, vimos que era um longo túnel escuro. Os homens acenderam archotes que estavam em suportes nas paredes de pedra. Seguimos adiante. O túnel era sinuoso, e fazia curvas, quase em ângulo reto. Fiquei imaginando qual seria o motivo.
A certa altura, subimos uma escada de pedra, que dava em um corredor mais curto, com uma porta de madeira à frente. Crítias colocou a mão em um buraco ao lado da porta, movendo uma alavanca. A porta foi se abrindo. O cenário a seguir era impressionante:
Era uma planície, escondida dentro da ilha, ensolarada e com uma pequena cidade com edificações que lembravam a Grécia antiga! Estátuas, colunas...lembrei do Altar de Pérgamo, construído para Zeus na Grécia e que está no Museu Pergamon, em Berlim.
A diferença é que havia uma pirâmide de cristal acima do Templo principal, e pirâmides também em vários outros lugares.
Crítias disse então:
“- A partir daqui, vocês não podem usar essas roupas. Temos vestimentas para vocês. Menos para ela” – e apontou para minha esposa.
“-Ela usará apenas os adornos rituais de sua Irmandade. “
Ele queria dizer que Regina ficaria completamente nua, apenas com a coleira e tornozeleira. Apressei-me em, antes de tudo, colocar eu mesmo a corrente na coleira dela, e segurar na minha mão. Crítias olhou com um sorriso.
“- Um gesto cauteloso. Entendo”
Trocamos nossas roupas pelas túnicas gregas. Regina, por último, foi tirando lentamente as peças de roupa. Um strip-tease inesperado.
“- Já que vou ter que tirar mesmo...”
Ela foi tirando a camisa bem devagar, com gestos graciosos, depois, as botas . A seguir, o soutien e, por último, a calcinha fio dental. Ela estava nua novamente.
Crítias olhou admirado para a beleza dela.
“- Você herdou a beleza das Deusas... e vejo que as marcas desapareceram totalmente! “
Leon e Jones se olharam, estupefatos. Como ele sabia?
“ – Então foi você que esteve em nosso quarto!”
“- Sim. Eu precisava saber como vocês eram, não podemos permitir invasores, vocês entendem.E, quando percebi aquelas marcas e a sensação de dor , decidi por essa dádiva.”
“- Ah, muito obrigada! Nem sei como agradecer!”
“- Não é necessário agradecimento. A sua presença aqui já é o suficiente!”
A cidade era impressionante. Havia três círculos externos, concêntricos, com água entre eles, e o Templo, bem grande, ficava bem no centro, com aquela pirâmide de cristal . Nos círculos, havia casas. Era realmente algo inusitado.Mas não seria difícil que fosse avistada por um avião. Estaria, então, em outro plano? E o túnel seria uma passagem entre dimensões?
CONTINUA